Discurso durante a 146ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Destaque para a falta de água no Estado de Sergipe.

Autor
Kaká Andrade (PDT - Partido Democrático Trabalhista/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Porto de Andrade
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DE SERGIPE (SE), GOVERNO ESTADUAL, POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Destaque para a falta de água no Estado de Sergipe.
Publicação
Publicação no DSF de 17/10/2014 - Página 604
Assunto
Outros > ESTADO DE SERGIPE (SE), GOVERNO ESTADUAL, POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • APREENSÃO, FALTA, AGUA, LOCAL, ESTADO DE SERGIPE (SE), LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, PUBLICAÇÃO, INTERNET, ASSUNTO, DISCUSSÃO, MUDANÇA CLIMATICA, CRITICA, MINISTERIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, MOTIVO, TESTE, TRANSPOSIÇÃO, RIO SÃO FRANCISCO, DEFESA, NECESSIDADE, MELHORAMENTO, GESTÃO, MEIO AMBIENTE, BRASIL.

            O SR. KAKÁ ANDRADE (Bloco Apoio Governo/PDT - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna na tarde de hoje para manifestar, mais uma vez, a nossa preocupação com o problema que o Brasil atravessa, notadamente com relação à falta de água e suas consequências.

            Vou ler uma matéria publicada hoje no portal G1, da afiliada da Rede Globo no Estado de Sergipe, sobre essa questão das mudanças climáticas.

A variação de clima em Sergipe está cada vez mais constante e a preservação dos ecossistemas cada vez menor. Com isso, problemas ambientais estão ocorrendo e segundo o Dr. Ph.D. em Ecologia, Genebaldo Freire Dias, esses fatores climáticos estão ligados às ações humanas.

“Isso ocorre porque normalmente as pessoas acham que a questão do clima está muito longe delas. As pessoas estão reclamando do preço dos alimentos e o pescador reclamando que o tempo muda muito rápido. São efeitos da mudança do clima que através de secas e inundações é o maior vetor que pressiona o aumento da inflação no mundo, isso acontece por conta de frustrações de safras”, diz.

O aquecimento do Planeta está ligado a diversos fatores que contribuem com surtos de insetos, doenças que não eram ameaças, a exemplo do ebola, e que estão voltando rapidamente.

“Não é só uma questão de economizar água, plantar árvore, mas exige mudanças de hábitos que o ser humano nunca tentou”, elenca Genebaldo.

A preocupação com os problemas sociais ganhou força com as mudanças climática do País, fator que revela e traça os caminhos do cuidado com o ambiente e seus ecossistemas.

“O Brasil está hoje entre os melhores países do mundo na área ambiental, isso se deve às boas universidades que dispomos, os centros de pesquisas e um grande campo de cientistas. As entidades particulares, a imprensa e toda a sociedade devem participar ativamente das questões ambientais e contribuir com as melhorias”, salienta o Doutor.

Os recursos limitados da esfera estão cada vez mais evidentes [entendido esfera como o Globo Terrestre] e, segundo Genebaldo, o processo de adaptação deve ser algo compreensível.

[Abre aspas] “Nós queremos que o Planeta se adapte a nós, mas não é possível. Nós temos que nos adaptar ao que o Planeta tem condição de sustentar e nós temos feito o contrário disso.

Cerca de 42 países enfrentam graves problemas ambientais e, na comparação com muitos, temos uma posição privilegiada por termos muita terra produtiva e água, mas não diz que estamos fora dos riscos.

O que precisamos fazer é a gestão ambiental e isso é possível”, conceitua o Ph.D. [Genebaldo].

            Falar sobre gestão ambiental, falta de água, mudanças climáticas que estão ocorrendo e crise de falta de água que todo o Brasil enfrenta, e, quando se falava em falta de água, em seca, antigamente, associava-se unicamente ao Nordeste... Hoje nós vemos na Região Sudeste problemas seriíssimos no abastecimento de água, e esses problemas têm-se espalhado por todo o País, naturalmente à exceção da Região Norte. Sudeste, Centro-Oeste, Sul - até a Região Sul também já começa a enfrentar problemas.

            O Rio São Francisco - com a sua nascente, neste início de mês tendo sido constatado que a nascente secou -, o Rio São Francisco, que agoniza em todos os seus trechos (Alto, Médio, Submédio e Baixo), as populações ribeirinhas sofrendo as consequências do assoreamento do rio, da falta de condições de navegabilidade do rio, da fuga dos peixes. Os peixes estão se extinguindo no rio; peixes antes que eram fartura, como o surubim, o niquim, o piau, o mandim, como o pitu, o camarão, hoje estão sendo raridades. O pescador hoje já não vive mais, já não consegue mais sobreviver como pescador do Rio São Francisco e vive à espera do defeso, dos cinco meses do Seguro Defeso que recebe.

            Aí vem a obra da transposição, que eu sempre tive uma posição firmada sobre essa questão. Na minha opinião, a transposição é uma obra extemporânea, ela veio antes do momento em que deveria vir. Primeiro, o Rio São Francisco deveria sofrer as intervenções necessárias para que ele entrasse num processo de revitalização. Então, está lá um rio agonizando e a tentativa de ainda mais sangrá-lo.

            Não que o volume de água a ser sangrado tenha uma significação para condená-lo à morte, mas a gente está vendo hoje os diversos reservatórios - e eu vou fazer um pronunciamento na semana que vem sobre o desenvolvimento sustentável e sobre esse problema que nós estamos enfrentando -, Três Marias, o reservatório de Três Marias está com um percentual baixíssimo, já com restrições à produção de energia elétrica; o reservatório de Sobradinho, baixíssimo; o reservatório de Itaparica, também.

            E aí o Governo, o Ministério da Integração resolve fazer, esta semana, um teste, um teste na transposição. E o Jornal do Commercio, de Pernambuco, publicou, agora no último dia 11: “Mau momento para teste da transposição”.

            A população de Petrolândia - um projeto agrícola que há em Petrolândia -, já sofre restrições, recebendo água em dias alternados, por conta da falta de água. O Prefeito de Petrolândia protestou, reclamou, mas não foi atendido. O projeto já sofre restrições e, agora, num momento como esse, faz-se um teste que, segundo dados, retirará algo em torno de 1% da água do reservatório de Itaparica, que está com apenas 17,23% de sua capacidade total.

            Sem que se consigam melhores informações, melhores condições, o Governo faz um teste agora, que me cheira ser feito por conta do momento político pelo qual estamos atravessando. Parece-me que o Prefeito já previa que o teste tinha, efetivamente, o objetivo político e eleitoreiro de que a obra estava andando. O teste sofreu problemas no bombeamento. Mas, o que eu quero colocar aqui é a questão da retirada de 1% - e aí essas pessoas imaginam que é pouco -, mas é 1% dos 17,23%. Levar 16,23% para, simplesmente, fazer um teste. Acho que a questão da transposição poderia esperar o momento em que o rio estivesse em suas reais condições.

            Então, levo aqui que o problema ambiental no Brasil é um problema de gestão, e devemos começar a gestão ambiental cuidando de nossos rios, gerenciando melhor os nossos reservatórios, não levando em consideração que o clima vai continuar em uma situação normal, mas levando-se em consideração, acima de tudo, os eventos críticos.

            O que a gente espera é que povo e Governo se unam, porque os problemas ambientais se avolumam e as consequências sofreremos todos nós.

            Era isso que tinha, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/10/2014 - Página 604