Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro do transcurso de 10 anos do homicídio da missionária Dorothy Stang, no Pará; e outros assuntos.

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Autor
Telmário Mota (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Registro do transcurso de 10 anos do homicídio da missionária Dorothy Stang, no Pará; e outros assuntos.
ATIVIDADE POLITICA:
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DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
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Publicação
Publicação no DSF de 13/02/2015 - Página 53
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ANIVERSARIO DE MORTE, REPRESENTANTE, RELIGIÃO, LOCAL, ESTADO DO PARA (PA), VITIMA, HOMICIDIO, COMENTARIO, VIDA PUBLICA, APOIO, COMUNIDADE.
  • REGISTRO, PEDIDO, FORMAÇÃO, FRENTE DE TRABALHO, COLIGAÇÃO PARTIDARIA, OBJETIVO, PROPOSTA, SUGESTÃO, ORIENTAÇÃO, SAIDA, BRASIL, CRISE, ECONOMIA, POLITICA.
  • REGISTRO, RECEBIMENTO, MANIFESTO, COMUNIDADE INDIGENA, RORAIMA (RR), ASSUNTO, SOLICITAÇÃO, CRIAÇÃO, HOSPITAL, DESTINAÇÃO, INDIO, CONSTRUÇÃO, PONTE, RIO, OBJETIVO, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO AGRICOLA, CRITICA, CARENCIA, APOIO, FUNDAÇÃO NACIONAL DO INDIO (FUNAI), SECRETARIA ESPECIAL, ENTE FEDERADO, BENEFICIO, RESERVA INDIGENA.

            O SR. TELMÁRIO MOTA (PDT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado.

            Sr. Presidente, diante da crise que hoje assola o nosso País, aqui já muito bem colocado por diversos Senadores e Senadoras, e ouvindo a proposta da Presidenta Dilma, na presença aqui do nosso Líder do PSDB, Senador por quem temos todo o respeito, que vem da Paraíba, Senador Tasso, quero propor que criemos uma frente parlamentar multipartidária para tirarmos o Brasil da crise. Essa frente parlamentar tem por objetivo sugerir, orientar e propor ações para tirar o Brasil da crise em que atualmente está envolvido. Crise institucional, política, moral. Temos aí a crise da Petrobras, através da Operação Lava Jato; temos a crise hídrica nos Estados do Sudeste, Centro-Oeste, com grande consequência energética; a crise econômica, financeira, alta do dólar, provável alta da inflação.

            Então, viemos a esta tribuna pedir que se monte uma força em conjunto para buscarmos as soluções democráticas e, mais do que isso, emergenciais para o nosso País.

            Também, Sr. Presidente, viemos hoje a esta tribuna registrar e lembrar um momento triste da nossa história. Hoje faz 10 anos que assassinaram a missionária Dorothy Stang, no Pará, 10 anos.

            Eu pergunto como é que você vai, com 6 tiros, e tira a vida de uma pessoa que só realiza o aconselhamento às pessoas, pauta o amor, a solidariedade, a misericórdia, o respeito, a ética, a moral, a essência humana e promove a paz? Como você tira a vida de uma pessoa que realiza ação social junto com as comunidades, a fim de praticar o exercício da vida contemplativa, meditativa e preservar a ética e a moral cristã, auxiliando a gerações das pessoas? Como tirar a vida de um ser humano que só desempenha tarefas similares às que realizam os ministros religiosos de igrejas e templos espirituais? Como tirar a vida de uma pessoa que fomenta o amor ao próximo, baseado na essência humana, reforçando os conceitos do perdão, da solidariedade, da paz, do respeito e oferece apoio espiritual a todas as pessoas que assim o desejarem e necessitarem? Como tirar a vida de uma pessoa que luta pela igualdade social? Como e por que tirar a vida de uma pessoa que só pratica o bem?

            Dez anos se passaram e o quadro nada melhorou. Só para terem uma ideia, desde quando a missionária foi assassinada, mais 118 pessoas, só no Pará, tiveram suas vidas cerceadas. E, nesse período de dez anos, mais 334 assassinatos no campo; 118 homicídios no campo, 428 casos de assassinatos, 22 pessoas ameaçadas de morte, cinco delas ali, em Marabá.

            O que ficou de lição? Será que a gente ainda está naquela época, Sr. Presidente, em que se resolve tudo através da força, da violência? Será que as pessoas mais humildes, que querem apenas ter dignidade de vida, Sr. Presidente, Srs. Senadores, não podem e não têm o direito de lutar por essa conquista? E alguém não tem o direito nem o dever de ajudá-los?

            Isso nos causa espécie e preocupação. O Brasil precisa estar atento a essas barbaridades. Talvez estejam faltando políticas públicas necessárias nos Municípios, nos Estados e no próprio Brasil, para evitar esse confronto entre o poder econômico capitalista e o cidadão comum, que só quer uma luz ao sol.

            Portanto, Sr. Presidente, eu não poderia deixar aqui de comunicar o meu protesto, essa lembrança, porque vidas foram tiradas, e nada foi resolvido. A gente buscando o quadro triste e melancólico que hoje toma conta, ainda, principalmente no campo, por falta dessa tão badalada e falada reforma e distribuição agrária. Queria fazer esse registro.

            Também, Sr. Presidente, recebi um manifesto, um ofício. A minha terra, o meu Estado é composto por mais de 60 mil indígenas. Nós temos mais de trezentas e poucas comunidades. E uma área definida, chamada São Marcos, que abrange uma grande região, colocou algumas solicitações, sobre as quais cabem aqui algumas reflexões, especialmente com a Funai, especialmente com a Sesai, que é a Secretaria Especial de Saúde Indígena, que está deixando a desejar.

            Vamos fazer aqui uma grande explanação sobre isso. É ali proposto pelas comunidades indígenas, na pessoa do Tuxaua, do Darora, do Chefe Edmilson, a criação de um hospital indígena, a construção de uma ponte do Rio Uraricoera, uma ponte de uns 600 metros, que dá acesso a mais três Municípios e que poderia proporcionar àquela comunidade o escoamento da produção e colocar aquelas comunidades no setor produtivo.

            Então, o que tenho visto hoje, Sr. Presidente, Srs. Senadores, são as pessoas mais necessitadas, mais carentes, não estarem recebendo as políticas que são necessárias, tanto do Estado quanto do Governo Federal, embora haja inúmeros órgãos que hoje estão designados para essa finalidade.

            E, Sr. Presidente, vamos, sempre que necessário for, usar nossa voz, usar nossa força política no sentido de dar o equilíbrio e responder ao povo do meu Estado pela suas necessidades.

            Portanto, Sr. Presidente, encerro minha fala, fazendo esse registro hoje.

            Meu muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/02/2015 - Página 53