Discurso durante a 25ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Destaque à necessidade de ser feita uma reforma moral no âmbito dos três Poderes prioritariamente à reforma política; e outros assuntos.

Autor
Telmário Mota (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SISTEMA POLITICO:
  • Destaque à necessidade de ser feita uma reforma moral no âmbito dos três Poderes prioritariamente à reforma política; e outros assuntos.
TRANSPORTE:
GOVERNO MUNICIPAL:
Publicação
Publicação no DSF de 10/03/2015 - Página 43
Assuntos
Outros > SISTEMA POLITICO
Outros > TRANSPORTE
Outros > GOVERNO MUNICIPAL
Indexação
  • DEFESA, NECESSIDADE, ALTERAÇÃO, COMPORTAMENTO, PODERES CONSTITUCIONAIS, EXECUTIVO, JUDICIARIO, LEGISLATIVO, OBJETIVO, APLICAÇÃO, CONCEITO, MORAL, MOTIVO, EFICACIA, REFORMA POLITICA, ALCANCE, SOCIEDADE, BRASILEIRA (PI).
  • REGISTRO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, LOCAL, MUNICIPIO, BOA VISTA (RR), RORAIMA (RR), MOTIVO, AUSENCIA, ONIBUS, PRESIDIO, OBJETIVO, VISITA, FAMILIA, DETENTO, FIM DE SEMANA, SOLICITAÇÃO, PREFEITURA, RESTABELECIMENTO, TRANSPORTE.
  • SOLICITAÇÃO, PREFEITURA, BOA VISTA (RR), RORAIMA (RR), MELHORIA, APROVEITAMENTO, AGUA, MUNICIPIO.

            O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Apoio Governo/PDT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, eu estava ouvindo o Senador Blairo colocando as proposições dele com relação à reforma política.

            Fui essa semana no meu Estado, caminhei muito, conversei, fui a feiras. Eu tenho o hábito, inclusive aqui no Senado, de não pegar os elevadores dos Senadores. Eu pego os elevadores onde toda a população anda e também converso com os servidores, com todos.

            Na verdade, o Brasil precisa de um choque, Srª Presidente. A reforma brasileira não é reforma política para enganar o povo. A reforma brasileira é reforma moral. O Brasil precisa passar por uma reforma moral, em todos os poderes: no Poder Legislativo, no Poder Executivo, no Poder Judiciário.

            Não adianta a gente falar: Deu crise no País? Ah, são os políticos. Corre para o Senado, corre para a Câmara, começa a reforma, e começa aí uma verdadeira avalanche de pequenas manobras, panos de fundo para enganar a população.

            O Brasil precisa passar por essa reforma moral.

            Já vejo as ruas gritarem por um governo ditatorial, porque há uma confusão de valores. Estão confundindo democracia com corrupção - estão confundindo democracia com corrupção.

            Hoje, aqueles que não viveram a falta de liberdade de um governo ditador entendem que é muito melhor, talvez, um governo sem o processo democrático do que uma democracia banhada por corrupção. É preciso que a gente mude!

            Então, Senador Hélio e Senador Petecão, a primeira reforma tem que ser a reforma moral e aí, depois, vêm as outras reformas. Tem que tirar as laranjas podres do lado das laranjas boas. Não adianta mudar somente o paletó, tem que mudar quem veste este paletó, se ele não tem compromisso com a democracia.

            Você pega um táxi, você entra no aeroporto, e a pessoa diz: Ah, este é Senador. Será que este está envolvido? Será que este cara está na lista ou está fora da lista?

            Qual é a referência, hoje, para a população? Qual é a referência de um político para a população? Nós temos que mudar isso. Então, tem que cortar na carne.

            A Itália viveu esse momento, a Itália viveu essa situação, mas ela reagiu, cortou as mordomias. E aqui também tem que cortar, do Legislativo, do Executivo e do Judiciário. Tem que se fazer políticas pró-ativas, fazer política pública que sirva ao povo. Essa é que é a luz da verdade. (Fora do microfone.)

            Senador Hélio, reformas políticas: Ah, melhor cinco anos. Ah, tira a reeleição. Aqui não estamos em um programa infantil. Sabemos o que tem que ser correto para um pobre lá da periferia poder disputar com os ricos. Sabemos, sim, qual é o caminho para um cidadão que sai de uma comunidade disputar com um cidadão que vem de uma herança política. Os caminhos são fáceis. Essa burocracia que é criada aqui dentro para dificultar esse acesso todos nós conhecemos.

            Claro que tem que acabar com o financiamento. Claro que tem que acabar esse financiamento, sim. Tem que dar igualdade, sim. A questão de vários partidos é que há muitos partidos aí que são coadjuvantes. O senhor feudal tem um partido matriz, e ali ele coloca vários braços em vários partidos, enche esses partidos, levando doces ilusões: Olha, venha para o partido novo, que é um partido que não tem ninguém com mandato, aqui você tem chance. Faz uma matemática lá a gosto de cada clientela, mas, no final, está tudo coligado. E, com isso, vão sendo mantidos os principais partidos, consolidando-se, e os pequenos são periféricos, partidos de alugueis.

            Tem que acabar, sim, com a coligação proporcional. Tem que unificar, sim. Porque, na hora que se unifica, gasta-se menos neste País e deixa-se, muito mais, o País trabalhar. Tem, sim, que acabar com a reeleição, porque quero ver, na ponta do dedo, quem foi que, no segundo mandato, fez um grande governo assim como fez no primeiro, Senador Petecão. Essa é que é a luz da verdade.

            Tem que se acabar com a demagogia, tem que se tratar a coisa de forma séria, sair do discurso fácil, da falácia, e colocar a coisa em prática. Esta Casa tem esse compromisso, e o momento é esse. É na hora da crise que se faz as grandes reformas, porque está todo mundo fragilizado - pena que o Senador Medeiros saiu.

            Não, senhor. Temos que fazer reforma, uma reforma que dê proporcionalidade, que dê igualdade, para que uma pessoa simples possa chegar ao poder. Vivi isso no meu Estado. O filho de uma empregada doméstica enfrentando os poderosos e os corruptos deste País e do meu Estado. E, para derrotá-los, custou muita dor, muito trabalho, muita dificuldade e, mais do que isso, a consciência de um povo que não aguentava mais sofrer, que foi o povo de Roraima.

            Então, essa é a hora de acordar, sim. Essa é a hora de este País acordar. Essa é a hora de começar uma reforma moral. Aquele que errou vem aqui, vamos apurar, vamos dar o direito, sim, de se defender. Eu vi a Senadora Ana Amélia fazer um aparte ao Senador Humberto. Gostei de o Senador Humberto vir aqui a esta tribuna. E todos têm que vir: o Senador Renan tem que vir; o Senador Romero Jucá tem que vir. Todos que estão denunciados têm que vir aqui explicar, nesta Casa, e fazer o que eles querem que façam: dizer se estão ou não nessa lista; dizer se têm cumplicidade ou não.

            Claro que eles todos têm o direito de defesa. Ninguém está aqui para acusar ninguém antes de ver os inquéritos apurados. Mas não pode ficar uma penumbra, não pode ficar uma escuridão por falta desses esclarecimentos, dessa sombra, Presidenta.

            Este Senado tem que responder à sociedade brasileira. Este Senado aqui tem história. Este Senado aqui são homens de cidadania, de brasilidade, que sentaram aqui e conduziram esta Casa. Nós temos que ter essa obrigação.

            Desde que coloquei o pé aqui, sempre digo: “Na hora em que eu errar, quero ser punido, porque o meu povo não me botou aqui para roubar, botou para trabalhar, para melhorar a qualidade de vida deles”.

            Então, acho que essa é a hora de todo mundo aqui tomar um caminho, o caminho de se encontrar com as urnas, de se encontrar com o povo nas ruas, de dar uma satisfação às pessoas. O momento é muito ímpar para dar a grande moralidade, e em todos os setores, sim.

            Não é possível um juiz de direito cometer um delito, roubar os cofres públicos, enganar a população e se aposentar. Um servidor comum vai para a rua, perde o salário, que é um mísero salário. A “Sua Majestade, o Sabiá” pode roubar e vai se aposentar. Acabar com isso! Acabar com essa imoralidade! Isso é imoral! Pode ser legal, mas é imoral!

            Na hora em que esta Casa não se ajoelhar para ninguém, na hora em que o Judiciário passar a cumprir rigorosamente, nós vamos ter um País muito melhor, um País muito mais sério, um País que responda à Nação, à Federação.

            Então, é isso. É com esse sentimento das ruas que eu venho aqui.

            Eu não ando longe da voz do povo. Deus me deu dois ouvidos para eu ouvir mais do que falar. E eu tenho feito isso, Senadora, com muita propriedade: no táxi, nas feiras, no supermercado, dentro dos ônibus.

            Nessa semana, eu recebi uma reclamação, no meu Estado, de que os ônibus que carregam as famílias dos presos, dos detentos, não passavam na cidade. Quero aqui fazer até um apelo à Prefeita Teresa Jucá, para que observe essas famílias que estão ali sem os ônibus para levá-las até os presídios, nos finais de semana, para fazer a visita aos seus familiares.

            Eu entrei nos ônibus e ouvi e vi o quanto o povo não acredita mais na política. Então, é preciso que a gente dê uma resposta, sim, uma resposta séria e responsável. É isso o que se espera do Senado.

            Eu queria também, Srª Presidente, concluir a minha fala, aqui, fazendo um apelo para o meu Estado. Roraima, hoje, passa por uma seca. Eu já vim várias vezes a esta tribuna para pedir ao Ministro da Integração, ao Governo Federal, que estenda a mão ao Estado de Roraima, porque aquele Estado está sofrendo e precisa desse apoio.

            Mas eu queria também reiterar o pedido de apoio à Prefeita da capital Boa Vista, Teresa Jucá: que molhe as plantinhas, que faça jardinagem, mas, Prefeita, o gado está morrendo bem aí nas portas da cidade, na área rural de Boa Vista; a criação miúda, a agricultura, as pessoas não têm água potável para beber. Então, Prefeita, molhe suas plantas, mas o ser humano e os animais são muito importantes. Vamos dividir essa água que é jogada na rua à toa e levar para a população.

            Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/03/2015 - Página 43