Pela Liderança durante a 93ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato da participação do Congresso Nacional no Primeiro Fórum Parlamentar dos países que formam os Brics; e outro assunto.

Autor
Vanessa Grazziotin (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
TRANSPORTE:
  • Relato da participação do Congresso Nacional no Primeiro Fórum Parlamentar dos países que formam os Brics; e outro assunto.
POLITICA INTERNACIONAL:
Publicação
Publicação no DSF de 11/06/2015 - Página 237
Assuntos
Outros > TRANSPORTE
Outros > POLITICA INTERNACIONAL
Indexação
  • APOIO, DISCURSO, JORGE VIANA, SENADOR, ASSUNTO, PROGRAMA DE GOVERNO, INVESTIMENTO, CONSTRUÇÃO, FERROVIA, LIGAÇÃO, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, PERU, COMENTARIO, IMPORTANCIA, ALTERNATIVA, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, FORUM, PARLAMENTO, MEMBROS, BRASIL RUSSIA INDIA CHINA E AFRICA DO SUL (BRICS), ASSUNTO, COMPROMISSO, CRIAÇÃO, BANCO DE DESENVOLVIMENTO, OBJETIVO, REFORÇO, GRUPO, CONCORRENCIA, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), UNIÃO EUROPEIA.

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, quero cumprimentar todos e todas que estão aqui assistindo à nossa sessão plenária.

            Sr. Presidente Jorge Viana, antes de iniciar o assunto que me traz à tribuna, quero cumprimentá-lo pelo pronunciamento, pela forma como V. Exª destaca e analisa o programa de investimentos, em parceria com o setor privado em nosso País, que está sendo formatado pela Presidenta Dilma.

            V. Exª mostra o quanto é importante, dentro desse programa, aquele que é o maior projeto: a construção da ferrovia que deverá iniciar no Rio de Janeiro e chegar até o Peru, passando pelo seu Estado, o Estado do Acre. V. Exª, com muita propriedade, defende o projeto. Enquanto foi Governador do Estado, ajudou na formatação desse projeto, no diálogo em torno da importância desse projeto.

            V. Exª tem razão, Senador Jorge Viana, porque estamos vendo o mundo se mover. V. Exª diz que o Brasil precisa ter alternativas ao Canal do Panamá. Isso se dá não só com o Brasil. Está se iniciando uma grande obra na Nicarágua, onde será construído um novo canal, que será também uma alternativa ao Canal do Panamá e que será construído numa parceria entre o governo da Nicarágua e o Governo da China.

            Nós temos outros projetos importantes. Há um projeto que o Senador Omar conhece: o do Porto de Manta, no Equador. Fica entre a Zona Franca de Manaus, o Estado do Amazonas e o Porto de Manta.

            Então, é fundamental que esses projetos saiam do papel e se transformem em realidade, porque cada vez o mundo está mais interligado, Senador Jorge Viana.

            Quero dizer que voltarei à tribuna para fazer uma análise mais detalhada desse projeto, porque venho hoje para falar da participação do Congresso brasileiro ao lado do congresso dos países que compõem o BRICS. Falo do primeiro encontro, do primeiro fórum parlamentar dos países que formam o BRICS, que, como todos sabem e conhecem, é a união entre Brasil, Rússia, Índia e China e África do Sul.

            O BRICS foi constituído já há alguns anos e, hoje, revela-se uma das alianças principais em curso no mundo. Eu diria até que é o estabelecimento de uma nova ordem mundial, uma alternativa àquela a que assistimos hoje, em que os sete países mais ricos do mundo determinam absolutamente tudo no Planeta. O BRICS nasceu exatamente com o objetivo de tornar o mundo não mais um mundo que tem apenas uma única polaridade, mas um mundo multipolar, o que é muito importante.

            Quando o BRICS nasceu, muita gente, muitos críticos e, sobretudo, aqueles que defendem o interesse das grandes economias do mundo, como os Estados Unidos e a União Europeia, achavam que essa aliança não duraria por muito tempo e não chegaria a algo concreto, o que não é verdade. Nós estamos às vésperas da realização de uma cúpula que acontecerá no interior da Rússia, a cúpula executiva dos BRICS, que deverá anunciar a formatação do banco.

            Nós, aqui, no Congresso brasileiro, acabamos de aprovar resolução autorizando o Governo brasileiro a fazer todos os aportes necessários à constituição desse banco.

            Então, é uma estrutura, é um bloco de países que representa o continente asiático, o continente americano, o continente africano, a Índia e que está presente em todos os continentes. Isso é importante para ampliar não só a relação entre esses países, mas também a relação entre esses países e os países em processo de desenvolvimento.

            O novo banco já nasce bem maior do que o Banco Mundial. O BRICS representa, Sr. Presidente, 25% do PIB mundial, ou seja, US$19 trilhões, contra os US$17 trilhões da União Europeia e os US$16 trilhões dos Estados Unidos. O BRICS têm 42% da população mundial e 26% do território do Planeta. São responsáveis por 20% da economia mundial e por 15% do comércio internacional.

            Os BRICS detêm 75% das reservas monetárias internacionais e foram responsáveis por 36% do crescimento da economia mundial na primeira década deste século. Com a recessão nos países mais desenvolvidos, esse número pulou para cerca de 50%, mesmo com a desaceleração recente do crescimento desse bloco, com a desaceleração do crescimento da China, da Índia, do Brasil e dos outros países que compõem os BRICS. Os BRICS possuem um mercado consumidor de 3 bilhões de pessoas e um PIB conjunto que equivale a 20% da riqueza mundial.

            Portanto, esse bloco, Sr. Presidente, Srs. Senadores e Srªs Senadoras, poderá adotar, no futuro, as moedas nacionais para transações comerciais entre seus sócios, porque, hoje, a moeda utilizada no mundo inteiro é o dólar, somente o dólar. Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul terão o seu novo banco de desenvolvimento - eu me referi a isso agora - com um capital inicial de US$50 bilhões, que poderá ser elevado a até US$100 bilhões para fazer frente ao Banco Mundial. A China, que é a segunda maior economia mundial entrará com a maior parte, US$41 bilhões, enquanto Brasil, Rússia e Índia entrarão com US$18 bilhões cada um, e a África do Sul, com US$5 bilhões.

            Sr. Presidente, a demanda de recursos para projetos de infraestrutura em países em processo de desenvolvimento chega, hoje, a US$800 bilhões.

            E há, sim, uma demanda suficiente para o banco dos BRICS ter um grande papel nessa nova ordem mundial.

             Diante desses dados e do fortalecimento desse bloco, volto a dizer que aconteceu, nesses últimos dias, no dia 8, na Rússia, o primeiro encontro parlamentar dos BRICS.

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Lá estiveram os chefes dos parlamentos dos países que compõem os BRICS. Pelo Brasil, compareceu uma comitiva de Deputados e de Senadores. Lá estávamos eu; o Senador Ciro Nogueira, que aqui está presente; o Senador Lindbergh Farias, sob a liderança do nosso Presidente Renan Calheiros. Sob a liderança do Presidente da Câmara, Deputado Eduardo Cunha, lá estava uma bancada de mais 13 Deputados Federais. Da mesma forma, compareceram delegações de todos esses países semelhantes à nossa.

            Ao final da cúpula, ao final do encontro parlamentar dos países que compõem os BRICS, aprovamos uma importante declaração, Sr. Presidente, uma declaração que mostra não só o nosso compromisso, mas também a nossa determinação, a determinação dos parlamentos desses países em seguir colaborando para a efetivação, o fortalecimento e a concretização...

(Interrupção do som.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Já concluo, Sr. Presidente. (Fora do microfone.)

            De forma corajosa, de forma corajosa mesmo, colocamos no nosso documento que, além das medidas para aproximar a relação entre os parlamentos dos nossos países, devemos permitir que os técnicos e consultores dos nossos parlamentos se reúnam periodicamente para estudar as leis dos mais diferentes segmentos, da saúde, da educação, do meio ambiente, enfim, as leis de todos esses países, para que possamos buscar, cada vez mais, uma proximidade, uma harmonização e o compromisso de que seguiremos, em nossos parlamentos, aprovando o que for necessário para o fortalecimento e para o crescimento do bloco.

            Dessa forma, colocamos que consideramos prioridade o nosso apoio, o apoio dado pelos parlamentos desses países, a uma necessária e urgente reforma das Nações Unidas.

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco Socialismo e Democracia/PCdoB - AM) - Não podemos continuar aceitando que as Nações Unidas tenha um Conselho de Segurança formado por tão poucos países, por países que não representam claramente, de forma objetiva, a maioria das nações e a maioria dos povos.

            Foi uma parte polêmica do nosso manifesto, da nossa declaração, mas, com muito esforço da nossa delegação, sobretudo do Presidente Renan, do Presidente Eduardo Cunha, nós incluímos esse item importante.

            A próxima reunião já está marcada, Senador Jorge Viana. Ela ocorrerá na Índia. Eu espero que, brevemente, o Brasil possa sediar também um encontro vigoroso, importante, cujo nível e grau de importância sejam cada vez maiores, porque, quanto mais crescem os BRICS, quanto mais se fortalece esse bloco, mais necessário será esse tipo de instrumento e proximidade entre os Parlamentos desses países.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/06/2015 - Página 237