Comunicação inadiável durante a 186ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à suposta operação arbitrária da polícia militar paranaense em vistoria de ônibus que conduzia jovens à Conferência Estadual de Juventude no Estado do Paraná.

Autor
Gleisi Hoffmann (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Gleisi Helena Hoffmann
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
GOVERNO ESTADUAL:
  • Críticas à suposta operação arbitrária da polícia militar paranaense em vistoria de ônibus que conduzia jovens à Conferência Estadual de Juventude no Estado do Paraná.
Publicação
Publicação no DSF de 21/10/2015 - Página 372
Assunto
Outros > GOVERNO ESTADUAL
Indexação
  • REPUDIO, ATUAÇÃO, BETO RICHA, GOVERNADOR, ESTADO DO PARANA (PR), MOTIVO, ORDEM, VISTORIA, POLICIA MILITAR, ONIBUS, DELEGAÇÃO, CURITIBA (PR), DESTINO, CONGRESSO ESTADUAL, JUVENTUDE.

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Srª Presidenta.

    Srs. Senadores, Srªs Senadoras, os que nos visitam hoje aqui no Senado da República, aqueles que nos ouvem pelo Rádio Senado ou nos assistem pela TV Senado, o que me traz a esta tribuna no dia de hoje é um fato triste. Eu não gostaria de ocupar a tribuna para falar sobre isso, mas me sinto na obrigação de fazê-lo, porque, quando nós conhecemos os fatos, quando alertamos sobre eles, quando damos publicidade a eles, nós temos condições de evitar que fatos como esses se repitam.

    Refiro-me a uma ação do Governo do Estado do Paraná, do Governador Beto Richa, do PSDB, realizada pela polícia, de fazer uma vistoria no ônibus dos jovens que participavam da Conferência Estadual de Juventude. A gente pensa que não é possível, mas o Governador do Paraná consegue se superar quando o tema é repressão e autoritarismo. Já vimos a história dele aqui em relação aos professores e professoras, quando os nossos mestres, educadores e educadoras lutavam pelos seus direitos, aliás, pelas conquistas que já tinham obtido, e foram fortemente reprimidos pela política. E agora acontece com os jovens.

    Os jovens que foram à Conferência Estadual de Juventude do Paraná sofreram...

(Interrupção do som.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) - Os jovens que foram participar da Conferência Estadual de Juventude do Paraná foram vistoriados, sem nenhum motivo - nós não sabemos por qual motivo -, antes de chegarem à conferência, com policiais fortemente armados e com cães, com cachorros. Foram obrigados a sair dos ônibus para passarem por essa vistoria, por essa revista. Seus dirigentes ficaram numa situação - seus dirigentes e os jovens que participavam - de vulnerabilidade.

    Qual o motivo? Por que fazer isso?

    Eu participei de movimento estudantil, fui em congresso da União Brasileira de Estudantes Secundaristas, da União Metropolitana de Estudantes Secundaristas, da União Paranaense de Estudantes, e apenas no governo do Presidente Figueiredo, o último governo do regime militar, nós sofremos vistoria. Nos outros eventos, em nenhum deles nós fomos vistoriados ou obrigados a descer de ônibus, antes de entrar num encontro de estudantes, para fazer uma revista. Nunca aconteceu isso.

    Pergunto: por que o Estado do Paraná faz isso? Qual é o motivo?

    A Secretaria de Segurança soltou uma nota dizendo que foi uma operação padrão para todos os estudantes, para que não houvesse violência na conferência. Por que os jovens iam praticar violência numa Conferência Estadual de Juventude? Quantas nós já fizemos no Estado do Paraná e no Brasil? Por que isso foi acontecer? Ainda que fosse para evitar violência, seria um absurdo. Mas tanto não era, e tanto foi desmentido, que a única delegação que foi vistoriada, Srª Presidenta, foi a delegação de Curitiba. Foi obrigada a descer dos ônibus, os cachorros farejaram os ônibus, foram obrigados a tirar todas as malas, a receber vistoria dos policiais antes de entrar na Conferência Estadual da Juventude.

    Vejam como o Governo do Estado do Paraná trata os seus jovens! Aliás, já tinha tratado seus professores dessa maneira.

    Então, eu subo a esta tribuna com muita indignação, Srª Presidenta, porque nós estamos num País que conquistou a duras penas a democracia, num País que lutou muito para ter liberdade de expressão, para fazer encontros e para fazer as conferências. Eu quero aqui, portanto, me solidarizar aos jovens, particularmente à caravana da juventude de Curitiba, que sofreu esse tipo de violência.

    E queria deixar registrada aqui a nota, quero ler para deixar registrada a nota de repúdio que foi feita pela juventude do Paraná à ação policial e ao Governo do Estado, que recepcionou a delegação de Curitiba na 3ª Conferência Estadual:

Nós, representantes do Conselho Municipal de Juventude de Curitiba, presentes na 3ª Conferência Estadual de Juventude, realizada entre os dias 17 e 18 de outubro de 2015, em Faxinal do Céu, Paraná, repudiamos a ação policial, que recepcionou exclusivamente a delegação de Curitiba em sua chegada à referida conferência.

Na madrugada do dia 17 de outubro de 2015, na entrada do local onde seria realizada a 3ª Conferência Estadual de Juventude, policiais fortemente armados e se utilizando de cães obrigaram os gestores públicos, representantes da sociedade civil e jovens que compunham a delegação de Curitiba a desembarcarem do ônibus onde estavam e se submeterem a revista policial.

Somente a representação curitibana foi submetida a essa situação, o que põe em descrédito a alegação dos representantes do Governo do Estado de que aquela seria uma "operação padrão" para a própria segurança dos participantes.

Repudiamos essa ação por entender que ela criminaliza a juventude e se mostra incoerente com o caráter do evento.

(Soa a campainha.)

    A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Apoio Governo/PT - PR) -

É inadmissível que um espaço de construção de políticas públicas de juventude adote ações que perpetuam o paradigma da juventude-problema.

    Quero aqui me somar a essas palavras, Senadora Vanessa Grazziotin, que preside esta sessão, e lembrar as palavras do Senador Jorge Viana de que, durante os governos do presidente Lula e da Presidenta Dilma, fizemos mais de 70 conferências, e em nenhuma conferência, com ampla, grande participação popular, foi necessária a intervenção policial ou a revista.

    Deixo aqui meu protesto ao Governo do Estado do Paraná, porque infelizmente está levando a imagem do nosso Estado para o Brasil e para o mundo como um Estado arrogante e antidemocrático.

    Muito obrigada, Srª Presidenta.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/10/2015 - Página 372