Pronunciamento de Ângela Portela em 30/03/2016
Comunicação inadiável durante a 40ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Críticas à decisão do PMDB de rompimento da aliança com o governo da Presidente Dilma Rousseff e ao possível programa de governo a ser imposto por esse partido, nos termos do documento intitulado "Uma Ponte para o Futuro".
- Autor
- Ângela Portela (PT - Partido dos Trabalhadores/RR)
- Nome completo: Ângela Maria Gomes Portela
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Comunicação inadiável
- Resumo por assunto
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ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
- Críticas à decisão do PMDB de rompimento da aliança com o governo da Presidente Dilma Rousseff e ao possível programa de governo a ser imposto por esse partido, nos termos do documento intitulado "Uma Ponte para o Futuro".
- Aparteantes
- Garibaldi Alves Filho.
- Publicação
- Publicação no DSF de 31/03/2016 - Página 12
- Assunto
- Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
- Indexação
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- CRITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ROMPIMENTO, GOVERNO FEDERAL, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REPUDIO, PROGRAMA DE GOVERNO, GESTÃO, MICHEL TEMER, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, MOTIVO, PREJUIZO, DIREITOS E GARANTIAS TRABALHISTAS, EDUCAÇÃO, SAUDE PUBLICA, POLITICA HABITACIONAL, POLITICA SOCIAL.
A SRª ANGELA PORTELA (Bloco Apoio Governo/PT - RR. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, querido Senador João Alberto Souza, sem dúvida nenhuma, o País vive dias de degradação da política. Dias de forte escalada de oportunismo e de completa inversão de valores.
Ontem, nós assistimos, neste Congresso Nacional, Sr. Presidente, a um verdadeiro espetáculo de cinismo: um partido que há 13 anos divide o Governo Federal com o PT, que detém sete Ministérios e tem mais de 600 cargos na administração, rompe a aliança do Governo por motivos inconfessáveis. Para não declarar o que efetivamente o move, afirma aos brasileiros que não tem responsabilidade sobre a gestão encabeçada pela Presidenta Dilma, na qual o Vice é exatamente o Presidente desse Partido.
Na hora de usufruir da aprovação popular aos incontáveis acertos dos Governos dos Presidentes Lula e Dilma, eles não diziam isso. Na hora de pedir votos, diziam que estavam construindo o avanço do Brasil junto com o PT. Na hora de compor a Administração Federal, estapeavam-se, para ter o maior número possível de Ministérios, de secretarias e de cargos no Governo.
O Partido deixa a coalizão de Governo em uma sessão patética de três minutos, sem maiores explicações à Nação, confiando talvez que os brasileiros sejam estúpidos, para não perceber o oportunismo grosseiro dessa manobra. O sentido, evidentemente, é outro: adere de forma ostensiva ao grupo que procura desfechar um golpe contra a democracia brasileira. Trata-se de derrubar do poder uma Presidenta eticamente impecável e democraticamente eleita, com 54 milhões de votos.
A proposta é manipular o instrumento constitucional do impeachment. A Constituição é clara: admite o impeachment quando há crime de responsabilidade. Não é o caso da Presidenta Dilma. O instrumento estaria sendo usado para remover uma Governante que não cometeu qualquer crime de responsabilidade.
O verdadeiro objetivo, ao contrário, é assaltar o poder, tomá-lo sem voto. Isso se faria para entronizar no Governo inúmeros políticos acusados dos mais diversos crimes, acusados, investigados, e alguns deles até já denunciados na Justiça. Sim, os golpistas não têm responsabilidade alguma. Dizem que pretendem salvar o País da ruína econômica, mas não têm feito outra coisa, em 15 meses, senão bloquear, obstruir, atrapalhar todas as tentativas da Presidenta Dilma Rousseff de enfrentar o ajuste fiscal e de retomar o desenvolvimento econômico.
Os objetivos desse movimento ficam muito claros a cada dia. O mais imediato é impedir que a Operação Lava Jato estenda a sua atuação além do PT e responsabilize judicialmente os políticos de oposição envolvidos em malfeitos, mas o alvo maior é implantar um programa econômico que não foi o que as urnas consagraram nas eleições de 2014. Um programa absolutamente ruinoso para os trabalhadores.
O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Senadora Angela.
A SRª ANGELA PORTELA (Bloco Apoio Governo/PT - RR) - Não estamos fantasiando. Não nos referimos apenas a temas eleitorais debatidos na campanha passada, mas a proposições já formuladas, já tramitando no Congresso Nacional. Eles querem acabar com a indexação para os reajustes dos salários e dos benefícios previdenciários.
Querem violentar a CLT e implantar a terceirização total do mercado de trabalho.
Querem desvincular os gastos mínimos dos governos com educação e saúde, que a Constituição obriga.
Querem privatizar...
(Soa a campainha.)
A SRª ANGELA PORTELA (Bloco Apoio Governo/PT - RR) - ... as empresas estatais da União, dos Estados e dos Municípios.
Querem dar autonomia ao Banco Central, para que a política monetária do País fique nas mãos dos banqueiros e dos rentistas.
Querem acabar com a soberania da Petrobras sobre o pré-sal, entregando o nosso capital, nosso maior tesouro natural ao capital estrangeiro.
Querem impedir que o FGTS financie a política habitacional, atacando o programa Minha Casa, Minha Vida.
Querem cortar o financiamento da educação superior por meio do Fies e do Prouni, que garantiram o acesso das camadas mais pobres da população à universidade.
Querem fragilizar o SUS, reduzindo o repasse de recursos à saúde pública.
Querem instituir uma legislação social retrógrada, cancelando os avanços obtidos na área da família, dos direitos reprodutivos, das minorias e tantos outros.
Querem fazer um tarifaço, aumentando as contas de energia elétrica, gás, telefonia e pedágios.
(Soa a campainha.)
A SRª ANGELA PORTELA (Bloco Apoio Governo/PT - RR) - Querem liquidar com a política externa autônoma e soberana do Brasil, afastando o país do Mercosul, da Unasul e dos BRICS e atrelando novamente o nosso destino aos interesses dos Estados Unidos e da União Europeia.
Querem, em síntese, dar um grande salto para trás, cancelando conquistas fundamentais dos governos de Lula e Dilma, recolocando o País na rota do atraso, da dependência e da exclusão social.
Esse é o objetivo real de toda a agitação política que infelicita o País há 15 meses.
É para isso que eles desejam depor uma Presidenta honesta, séria, que sempre desejou superar a crise econômica e política com diálogo e cooperação, mas nunca teve a menor reciprocidade.
É contra isso que os brasileiros devem lutar, repudiando, com todas as forças, esse golpe contra o voto popular e o pacote de infelicidades que ele nos trará.
(Soa a campainha.)
O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) - Senadora, para concluir.
A SRª ANGELA PORTELA (Bloco Apoio Governo/PT - RR) - Já concluí, Sr. Presidente.
Muito obrigada pelo tempo disponível.