Discurso durante a 136ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

: Considerações acerca de suposta influência da rede Globo de televisão e do instituto de pesquisas Ibope nos resultados das eleições municipais de Roraima, defendendo a necessidade de uma reforma política.

Autor
Telmário Mota (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • : Considerações acerca de suposta influência da rede Globo de televisão e do instituto de pesquisas Ibope nos resultados das eleições municipais de Roraima, defendendo a necessidade de uma reforma política.
Publicação
Publicação no DSF de 09/09/2016 - Página 9
Assunto
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Indexação
  • ANALISE, SUSPEIÇÃO, INFLUENCIA, REDE GLOBO, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, INSTITUTO BRASILEIRO DE OPINIÃO PUBLICA E ESTATISTICA (IBOPE), ELEIÇÃO MUNICIPAL, RORAIMA (RR), DEFESA, NECESSIDADE, ALTERAÇÃO, SISTEMA, POLITICO.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PDT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Acir Gurgacz, Senadores e Senadoras, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, venho a esta tribuna, acompanhando as eleições municipais do meu Estado, porque eu vejo a necessidade urgente de efetuarmos uma reforma política. É impossível promover uma política democrática com esse sistema que nós temos hoje.

    Essa pequena reforma que foi feita, esse arranjo que foi feito, só trouxe benefício, Senador Alvaro Dias, para aqueles que são detentores de mandatos, aqueles que têm um poder econômico maior, que têm os seus nomes já com lastro bem maior. Aquelas pessoas mais humildes, que nascem de movimentos, que nascem das bases, dificilmente hoje vão galgar alguma oportunidade. Então, o sistema que está aí é um sistema que criou uma cláusula de barreira muito forte, elitizou a política.

    Por exemplo: no meu Estado, na capital, nós temos nove candidatos, inclusive do PV. E a Rede Globo, lá representada pela Rede Amazônica de Televisão, fez um tipo de acordo esdrúxulo, uma coisa inexplicável. Ela fez uma proposição para que aquele candidato que tivesse abaixo de 5% não fizesse parte... A TV ia divulgar diariamente a agenda dos candidatos, mas, de quem tivesse abaixo de 5%, a TV não divulgaria a agenda. E chamou nada mais, nada menos, para fazer a pesquisa, que o Ibope.

    O Ibope, na minha terra, não tem a credibilidade do que um gato enterra; é absolutamente um instituto sem nenhuma credibilidade. Eu nunca vi um institutozinho tão fajuto como é esse Ibope. Não; na minha terra, ele não serve para nada. Eu cito aqui vários exemplos.

    Ele disse, por exemplo, que o Senador Augusto Botelho, que foi Senador nesta Casa pelo PDT, perderia para a Senadora Marluce, colocando uma base de 3% a 4%. Ganhou a eleição! Disse que o Senador Mozarildo perderia para a Prefeita Teresa; Mozarildo ganhou! Colocava-me - eu saí em uma eleição para o Senado lá, Senador Alvaro Dias -, o Ibope me colocava com 3%, e, quando as urnas foram abertas, eu tinha 13%. Quando eu saí para prefeito na localidade, o Ibope me colocava com 6%, e, quando abriram as urnas, eu tinha 22%. Agora, concorrendo para o Senado, o Ibope nunca me deixou passar de 11%, e, quando abriram as urnas, eu tive 42%, o mais votado na história de Roraima. Então, o Ibope e nada, na minha terra, não somam nada.

    Aí, ele está interferindo com essas pesquisas montadas, sem a realidade dos fatos, que não casam com os fatos. E a Rede Amazônica de Televisão tomou uma pesquisa do Ibope como referência. Dos nove candidatos, ele destacou, beneficiou a atual prefeita, colocou-a com 70% e os demais colocou abaixo de 5%, exatamente para eles não terem acesso. Ora, eles já não têm o horário de televisão e ainda a Rede Amazônica, que detém 80% da audiência, também não dá oportunidade a esses demais candidatos. Eu vou contar uma coisa: isso é fazer uma eleição por w.o.; é só figurativa.

    Então, muitas restrições foram colocadas, hoje a disputa veio para a televisão e para o rádio, e no meu Estado aconteceu isso. É um absurdo o que está acontecendo no Estado de Roraima, na capital Boa Vista. É um absurdo! Como presidente do Partido, estamos entrando com uma ação na Justiça para não permitir que realmente continue essa barbaridade que está acontecendo lá no Município de Boa Vista, na capital.

    Eu queria fazer esse registro porque é uma desigualdade, é um instituto sem nenhuma credibilidade tentando interferir no processo político. Aliás, tentando não, sempre tentou, porque todo mundo sabe que, cientificamente, é comprovado que 15% dos eleitores estão agregados ao poder, 5% são aqueles que são rebeldes a tudo e 10% são aqueles que não perdem o voto: "não, eu não perco o meu voto, eu só voto em quem ganha; eu espero a pesquisa e voto em quem ganha". E, lamentavelmente, o Ibope, sempre com uma pesquisa que não bate no meu Estado, está hoje pautando os candidatos que terão acesso, ou não, à televisão.

    Portanto, eu queria fazer, Sr. Presidente, este registro com a minha indignação. Fica aqui o meu protesto, a minha indignação, inclusive, para o TRE local, para que tome as providências, não permita isso; que o Ministério Público não permita uma coisa dessas. É um absurdo, nas barbas da Justiça, isso estar acontecendo. É uma barbaridade, uma temeridade estarmos vendo isso acontecer.

    Portanto, isso nos faz entender que grita a necessidade, o mais rápido possível, de uma reforma política. Não dá! Do jeito que está aí, está montado para ficarem os que já estão no poder, os que têm maior possibilidade nos meios de comunicação. Imaginem: a candidata lá já tem agora a TV Amazônica, que é a representante da TV Globo na localidade, e os demais meios de comunicação são da família da candidata. Os demais, se quiserem, vão bater latinha nas ruas, porque não há como. Então, que peguem aí uma caixa de fósforo e gritem seus nomes com uma caixa de fósforos, porque é impossível.

    Eu queria fazer esse registro, Sr. Presidente.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/09/2016 - Página 9