Pronunciamento de Izalci Lucas em 13/03/2017
Discurso durante a 22ª Sessão Especial, no Senado Federal
Sessão especial destinada a comemorar o centenário do poeta Manoel de Barros.
- Autor
- Izalci Lucas (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
- Nome completo: Izalci Lucas Ferreira
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM:
- Sessão especial destinada a comemorar o centenário do poeta Manoel de Barros.
- Publicação
- Publicação no DSF de 14/03/2017 - Página 14
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM
- Indexação
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- SESSÃO ESPECIAL, OBJETIVO, COMEMORAÇÃO, CENTENARIO, NASCIMENTO, POETA, MANOEL DE BARROS.
O SR. IZALCI LUCAS (PSDB - DF) – Cumprimento o nosso Presidente e também requerente da presente sessão comemorativa, o Sr. Senador Pedro Chaves. Cumprimento também o Senador Waldemir Moka e o Senador Thieres Pinto; a nossa Presidente do Inep, a Srª Maria Inez Fini; o Vice-Presidente do Conselho Curador da Fundação Manoel de Barros, o Sr. Marcos Henrique Marques; e, representando aqui o nosso Ministro da Educação, a Srª Regina de Assis. Cumprimento também o Senador Garibaldi e demais convidados.
O poeta mato-grossense Manoel de Barros completaria cem anos em 19 de dezembro do ano passado, e esta homenagem que o nobre Senador Pedro Chaves faz aqui, no Plenário do Senado Federal, demonstra a importância desse grande mestre das letras.
A poesia de Manoel de Barros é a poesia do menino do mato, crescido em fazenda e com o olhar para a natureza que o envolvia. Mas Manoel viajou, andou pela Europa, viveu em metrópoles como Rio de Janeiro e Nova York, voltou para a terra e viveu no Pantanal por quase dez anos, trabalhando na formação de sua fazenda.
Segundo o crítico e ensaísta Ítalo Moriconi, a poesia de Manoel de Barros é uma poesia aferrada à terra, ao chão, ao corpo. Quando voa, é o voo de animal passarinho. Creio que seja por isso que Manoel de Barros encanta tanto a juventude com a sua poesia.
Sr. Senador Pedro Chaves, parabenizo V. Exª pela brilhante iniciativa em homenagear esse grande poeta, que descobri somente há pouco tempo, há muito pouco tempo, e me surpreendi com a força e a beleza de seus versos. Não conheço a sua obra, apenas alguns poemas que tive a sorte e alegria de ler. Dentre estes, há um de que gosto muito: "O menino que carregava água na peneira", que diz assim:
Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e
sair correndo com ele para mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo
que catar espinhos na água.
O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces
de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio, do que do cheio.
Falava que vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito,
porque gostava de carregar água na peneira.
Com o tempo descobriu que
escrever seria o mesmo
que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu
que era capaz de ser noviça,
monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o voo de um pássaro botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor.
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: Meu filho você vai ser poeta!
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher vazios
com as suas peraltagens,
e algumas pessoas vão te amar nos seus despropósitos!
Parabéns, Senador Pedro Chaves, pela homenagem a esse grande poeta.
Muito obrigado. (Palmas.)