Discurso durante a 170ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a precária situação da segurança pública no Brasil, principalmente no Estado do Espírito Santo.

Autor
Rose de Freitas (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Rosilda de Freitas
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA:
  • Considerações sobre a precária situação da segurança pública no Brasil, principalmente no Estado do Espírito Santo.
Publicação
Publicação no DSF de 08/11/2017 - Página 61
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA
Indexação
  • REGISTRO, DECLARAÇÃO, MÃE, RELAÇÃO, DESAPARECIMENTO, FILHA, APREENSÃO, ORADOR, SEGURANÇA PUBLICA, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES).

    A SRª ROSE DE FREITAS (PMDB - ES. Sem revisão da oradora.) – Sr. Presidente, queria dirigir-me especialmente aos meus colegas Senadores e Senadoras desta Casa para, mais uma vez, registrar – e é evidente que o faço longe do sentido do expediente do Congresso Nacional – os fatos que vêm acontecendo sistematicamente em nosso Estado e, acredito, que em alguns Estados do Brasil.

    Tenho uma declaração aqui da Srª Clemilda Aparecida de Jesus que faz um desabafo, Sr. Presidente, sobre a sua filha desaparecida há 22 dias. Não imagino – e sou mãe e avó – o quão insuportável é a dor dessa mãe e o quão doloroso é pensar na indiferença, na indisciplina das ações daqueles que deveriam se preocupar com a questão da segurança da sociedade.

    Uma nação política não é apenas aquela que usa os seus expedientes de trabalho para oferecer votações todos os dias, nesta Casa e na outra. Uma nação se compõe de todos nós. E como é difícil vir aqui ao Senado Federal e dizer que não há um mecanismo que se possa, como cidadã e representante pública, usar para ajudar uma mãe dessa no auge do seu desespero.

    Vimos uma manchete em que o Secretário de Segurança pedia calma: "Calma, só sei trabalhar assim!". Calma a quem perde a sua filha e não sabe nem por onde procurar?

    Calma, porque os recursos públicos não são suficientes para se adotar a eficiência na procura de uma filha que desaparece, com filmagens que a mãe foi procurar, filmagens que a mãe ofereceu à polícia como subsídio para tentar encontrar a sua filha.

    Ela disse, responde aqui numa das matérias que insistentemente toda a imprensa procura ouvir na tentativa de ajudar também: "Não dá para ter calma, agora é só desespero." O que eu tenho a pedir é que todo o esforço que o Governo possa fazer para oferecer livros sobre a história do Espírito Santo, para registrar na biografia os inúmeros fatos que uma administração pública possa fazer, que registre na história da biografia pública de qualquer cidadão, secretário ou governador, parlamentar ou cidadão comum, delegado ou simples policial, que registre: "Eu ajudei a recuperar uma filha para a família dela, sobretudo para a sua mãe."

    Não tenho como mostrar aqui a foto de quem pegou a Thayná. O filme, Sr. Presidente, que a mãe foi procurar, que a mãe conseguiu capturar, ofereceu o momento exato em que sua filha pegou uma carona debaixo de uma chuva, inocentemente, do alto dos seus doze anos. Isso é um caminho, Sr. Presidente. Se o senhor, no seu Estado, estivesse vivendo o desespero das mulheres capixabas, da população capixaba, o desalento dessa família, com certeza o senhor estaria sentindo o que eu agora sinto e que só posso registrar. E sinto impotência, impotência como mulher, impotência como cidadã, impotência como capixaba, impotência como Senadora.

    Nada posso fazer para devolver a essa mãe essa criança, mas eu quero pedir que o meu Estado se some para responder esse absurdo dessa violência que aconteceu no Estado do Espírito Santo – um a mais. Nós somos um dos Estados mais violentos do Brasil, onde se pega uma menina à luz do dia, com a placa sendo filmada, com o cidadão reconhecido, com o nome, CPF, carteira de identidade, e não se consegue, 22 dias depois, responder à D. Clemilda onde está Thayná.

    Que isso sirva para que a gente possa ser fiscalizador também dos recursos que são aplicados na segurança pública, que, na hora de tamanha dor, não serve à população ou a uma simples mãe que procura a sua filha há 22 dias.

    Fica aqui o meu depoimento de quem pega o telefone e liga para todo mundo que conhece: "Você sabe de alguém que possa ter visto passar? Você tem alguém que possa ajudar na procura? Você tem alguém que possa trabalhar ao lado dessa mãe?" E as respostas, Bandeira, não existem. Não existem. A Nação é feita desse povo brasileiro, das dores da Clemilda e dos desaparecimentos das Thaynás.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/11/2017 - Página 61