Discurso durante a 186ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Manifestação contrária à gestão política e econômica de governo anterior.

Autor
José Medeiros (PODE - Podemos/MT)
Nome completo: José Antônio Medeiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Manifestação contrária à gestão política e econômica de governo anterior.
Publicação
Publicação no DSF de 05/12/2017 - Página 29
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), LUIZ INACIO LULA DA SILVA, DILMA ROUSSEFF, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, MOTIVO, CRISE, ECONOMIA, AUSENCIA, ETICA, AGRAVAÇÃO, CORRUPÇÃO.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Muito obrigado, Sr. Presidente. Quero cumprimentar a todos que estão nos assistindo.

    Sr. Presidente, quero falar sobre um acontecimento que houve na madrugada de domingo e ressaltar o trabalho da Polícia Militar do Distrito Federal. Foi um lamentável acontecimento com um integrante do Corpo de Bombeiros. Aliás, temos que dizer aqui, o Corpo de Bombeiros é uma das instituições mais bem avaliadas, ou melhor, a mais bem avaliada pelo povo brasileiro e que presta relevante serviço. Mas um de seus integrantes teve um surto, furtou um caminhão e saiu desabalado em direção ao Congresso Nacional. A Polícia Militar fez uma abordagem de forma profissional, de forma muito eficiente, de sorte que ninguém saiu ferido e se evitou o que poderia ter sido uma grande tragédia.

    O assunto está nas mãos da Justiça, mas fica aqui o registro, porque, quando acontece algum fato em que a polícia comete um erro, os jornais todos abordam com manchetes. No entanto, quando acertam, nem sempre o barulho é o mesmo. Portanto, quero deixar aqui as minhas homenagens à Polícia Militar do Distrito Federal, estendendo, com isso, a toda a Polícia Militar do Brasil.

    Sr. Presidente, eu também tinha preparado uma outra fala, mas, enquanto estava vindo para o Senado, ouvia o discurso de um Parlamentar, o Líder do Partido dos Trabalhadores. Sendo assim, não tinha como não fazer o contraponto, porque o Parlamento é justamente isto: o lugar dos contrapontos, o lugar onde você deve fazer o embate político. Eu não poderia ficar quieto diante de tanto descalabro que ouvi aqui. E o microfone desta Casa é como um papel: aceita tudo, embora não se deva falar tudo o que se pensa aqui, mas, sim, pensar antes de falar, até por respeito à Casa e por respeito aos brasileiros que ouvem e assistem à Rádio e TV Senado.

    Mas esse Parlamentar falava enraivecido, como sempre eles fazem aqui na tribuna, a respeito da situação política do Brasil neste momento. O que eu achei interessante, Sr. Presidente, é que fica parecendo que estávamos em um governo das mil maravilhas, onde os indicadores econômicos eram todos muito bons, onde não havia nenhum problema de ordem ética, mas que, de repente, o governo caiu. Eu quero só relembrar alguns fatos, pois todos os dias eles tentam bater na mesma tecla, dizendo que o Partido dos Trabalhadores é vítima do Juiz Sergio Moro, é vítima do Ministério Público Federal e que o seu candidato à Presidência da República é uma vítima, é um perseguido. Eu queria relembrar alguns fatos, Sr. Presidente, para que o povo brasileiro possa lembrar o que aconteceu recentemente.

    Então, vamos lá, ao governo do Partido dos Trabalhadores. O Presidente da Petrobras do governo do PT foi preso; o Presidente dos Correios do governo do PT foi preso; o Presidente do Banco do Brasil do governo do PT foi preso; o Presidente da Eletrobras do governo do PT foi preso; o Presidente da Nuclebrás do governo do PT foi preso; o Presidente da Valec no governo do PT foi preso; o Presidente da Caixa Econômica no governo do PT foi preso; o Presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) foi preso; três Presidentes do Partido dos Trabalhadores, do PT, foram presos – três! –; cinco secretários do Partido dos Trabalhadores foram presos; três tesoureiros do Partido dos Trabalhadores foram presos; o Líder do Partido, do PT, na Câmara foi preso; o Líder do Partido no Senado foi preso. E mais uma enxurrada de gente foi presa! 

    Além disso, Sr. Presidente, foi repatriado... Já passou de bilhões a quantia que foi repatriada. Eu digo: a Justiça conseguiu trazer de volta para os cofres públicos dinheiro que tinha sido desviado; e, mesmo assim, eles dizem que são vítimas e que esse líder é inocente, esse líder é perseguido.

    Eu não gosto e não faço da minha atividade política, Senador Elmano Férrer, uma atividade de apontar dedos. Não faço isso, mas sou obrigado a fazer esse contraponto, para que a população brasileira possa avaliar e comparar, porque não é possível que essas pessoas, que fizeram tudo isso, façam pose de santas e venham dizer agora que são vítimas.

    Eu o ouvi falar, com a boca cheia, aqui, que essa quadrilha do PMDB... Senador Elmano Férrer, não sou procurador do PMDB e estou em um partido de oposição ao atual Governo, mas, veja bem, para as próximas eleições, o PT já ensaia, no mínimo em seis Estados, compor aliança com o PMDB. Então, espera aí, deixa eu entender. Em determinado momento, quando é no discurso político, o PMDB é quadrilha; na hora de ganhar eleição, não é quadrilha. Está dizendo que o Presidente que aí está é um quadrilheiro e não presta. Bem, na hora em que precisava desse Partido para ganhar os votos do PMDB e se eleger Presidente da República, esse Partido não era quadrilha, esse Partido prestava, este Presidente era o melhor do mundo, este Presidente era um catedrático, era um acadêmico, era um homem inteligente; agora, virou bandido.

    Eu digo o seguinte: este Presidente é consequência constitucional e é consequência política do Partido dos Trabalhadores, do governo do PT. Quem pôs o Presidente que aí está foi o Governo do PT; foram eles que escolheram. Quem votou em Dilma votou no Presidente que aí está.

    Agora, dizer que não são responsáveis por nada do que aconteceu nos últimos anos é um absurdo! "Ah! Os programas sociais estão sendo cortados!" No último ano da Presidente Dilma, 87% dos programas sociais tinham sido cortados por falta de verbas. É bom que se saiba disso.

    "Olha, a reforma da previdência!" Estão querendo tirar a reforma da previdência. É bom se lembrar de que o Presidente Lula fez uma reforma da previdência e, no apagar das luzes do governo da Presidente Dilma, alardeou-se aqui com veemência a Presidente defendendo uma reforma da previdência. E o Presidente Lula disse o seguinte: "Quando fizeram a Lei Eloy Chaves, o brasileiro tinha uma expectativa de vida de 30 a 40 anos. Hoje, as pessoas já estão vivendo de 70 a 80 anos". E defendeu. Eu não vou entrar no mérito aqui. Eu sou servidor público. Então, para os servidores públicos, a grande maioria contra a reforma da previdência, eu estou mostrando a inconsequência, a falta de coerência, Senador Elmano Férrer. Eles estavam defendendo essa reforma da previdência porque achavam que iam ficar no governo e, agora, de repente, quando saem do governo, passam a lutar contra. Agora, de repente, não mais que de repente, estão ao lado dos servidores públicos.

    Eu sei quantas vezes vim aqui à tribuna defender os servidores do Judiciário, e sei quantos discursos já ouvi D. Erika Kokay, D. Alice Portugal, D. Jandira Feghali, aqui nesta tribuna, e os Parlamentares desse partido falarem contra os servidores do Judiciário, quando eles estavam querendo a derrubada do veto. E agora estão todos posando de santos.

    E criaram um "eles", um tal de "eles", eu vou aqui colocar entre aspas. "Eles, eles, eles" querem acabar com o Brasil. Que "eles"?

    O Brasil estava, quando a Presidente Dilma saiu do cargo, com 13 milhões de desempregados e ia em alta velocidade em direção ao fundo do poço. E agora nada presta; nada do que este Congresso fez aqui presta. Aliás, são muito bons em subir aqui e copiar uma fala indignada de Tancredo Neves quando falou contra o antigo Presidente do Senado, quando ele chamou o Presidente de canalha. Sobem aqui e acham bonito chamar os colegas de canalhas – "Canalhas, canalhas, canalhas" –, como se isso fosse uma coisa bonita.

    Eu queria dizer para os Parlamentares do PT que sobem aqui – e, quando falo PT, eu incluo os puxadinhos que estão a toda hora aqui batendo lata: a população abomina isso; a população abomina o sujeito que sobe aqui e dá de valentão; a população abomina palavras de baixo calão; a população quer ver um Senado Federal à altura; a população brasileira quer um Senado que a represente e que, acima de tudo, não venha para cá mentir. A população odeia o escárnio, a desfaçatez. Odeia político que vem aqui com cara cínica falar do outro, quando faz a mesma coisa. Ou alguém acha que, se Lula ganhar a eleição, vai fazer uma política econômica diferente da que está aí?

    Estão aqui defendendo história de conteúdo nacional, defendendo isso e defendendo aquilo. Vão fazer a mesma política econômica. Sabe por quê? Porque estiveram 13 anos no poder e não foi com os coitadinhos, não foi com os trabalhadores, não foi com os servidores públicos que eles foram para a mesa, não. Quem tocou a orquestra, quem regeu a orquestra foram os bancos de que eles tanto falam. Foram a bancos, sim. Sabem por quê? Porque é assim que a vida toca. Se eu devo para o agiota, a minha vida vai passar a ser ditada pelo agiota, porque eu devo.

    E aqui eu chamo todos os brasileiros para uma reflexão: não existe almoço de graça. Às vezes, nós pensamos que o Estado tem que dar tudo, e ficamos querendo as coisas, cada vez que que o Estado amplia os gastos. Nós precisamos ter programas sociais? Nós precisamos ter, mas o mínimo possível. Sabe por quê? Nós precisamos que as pessoas tenham entrada nesses programas sociais, mas uma saída a mais rápida possível. O Brasil precisa criar jeito de as pessoas poderem empreender e elas mesmas viverem por si para não terem amarras. Sabe por quê? Porque cada vez que você começa a dar e a distribuir dinheiro, de onde vem isso? Ou vem dos impostos ou você toma emprestado. Cada vez que você toma emprestado, você fica devendo e pagando juros. E, quando você paga juro, quem passa a tomar conta da sua vida são os bancos, sim. E não adianta dar uma de rebelde. Olha só o que está acontecendo na Venezuela, o que está acontecendo nesses países ditados por essa política que eles tentam vender aqui.

    Então, Sr. Presidente, eu estou vendo aqui que as centrais que anunciaram uma greve, que iam fazer o País parar, já mudaram um pouco a conversa. Agora não vai ser bem uma greve. "Ah, resolvemos fazer uma mobilização". E eu vou explicar aqui. Sabe por que que eles mudaram a conversa para mobilização? Mudaram o nome? "Vamos fazer só uma manifestação." É porque sabiam o que não iam conseguir parar o País. Não iam conseguir parar o País sabe por quê? Porque eles já não têm dinheiro e já não estão querendo gastar a gordura que têm, porque este Senado e a Câmara Federal acabaram com a mamata, porque este Senado aqui acabou com aquela história de transferência de recursos públicos, recursos que eram para ir para a previdência, para a saúde, para a segurança, iam para esse povo fazer show na Avenida Paulista – dinheiro do servidor público, dinheiro do trabalhador. E o que acontece? E eles gastavam, compravam balões caríssimos, compravam encartes, papel, dava para você pentear o cabelo naqueles encartes tamanha era a qualidade dos materiais. O que acontece? Viu que não ia haver gente. "Ah, vamos nos mobilizar para o ano que vem."

    Lá em Mato Grosso há em um ditado que diz que malandro, quando vê que vai cair, deita. Essa é a grande verdade.

    Agora, hoje eu ouvi aqui muita defesa do trabalhador. E ouvi um pensador que certa vez disse: cada vez que se reúnem e tentam ajudar o pobre, o pobre que fique esperto, porque pode saber que lá vem alguma. Eu vejo aqui, por exemplo, a indignação quando estão falando contra o trabalho escravo e tal. E todo mundo aqui é contra o trabalho escravo. Quem é que vai ser a favor do trabalho escravo? Mas já notaram como ficam quietinhos a respeito desse Mais Médicos? Minha gente, esse Mais Médicos não passa de trabalho escravo escancarado. E, se eu fosse o Presidente Michel Temer, eu fazia o seguinte: pagava para o médico. Essa história de transferir dinheiro para Cuba, para depois dar R$1 mil para o médico, que conversa é essa? Os médicos cubanos que trabalham aqui no Brasil são trabalhadores escravos, sim. Nós só mudamos o jeito. Antigamente trazíamos escravos da África, agora trazemos de Cuba.

    Então, Sr. Presidente, já me encaminhando para o final, eu digo o seguinte: Essa história de dizer...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Já termino, Sr. Presidente.

    Essa história de dizer que os empregos estão... Que houve uma disparada de desemprego agora e que o desemprego disparou foi nos últimos anos é conversa fiada! É mais uma daquelas sessões de mentiras que apregoaram, por exemplo, sobre a reforma trabalhista. E uma das mentiras, por exemplo, que está sendo desmentida... Não por ninguém: é pela realidade. Porque, para essas pessoas, infelizmente, a realidade é o que é, não o que eles desejariam que fosse. E agora, no final do ano, todo mundo vai receber décimo terceiro. E como é que vai ficar aqueles que subiram aqui à tribuna e disseram que as pessoas não iriam ter décimo terceiro?

    Outra mentira que também já foi desmentida: diziam que os trabalhadores só iriam ter meia hora de almoço. E agora, como é que fica, já que as pessoas estão tendo o seu horário...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. PRESIDENTE (Hélio José. PROS - DF) – Meu caro Senador Medeiros, volto a palavra a V. Exª.

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – Então, essas coisas todas são feitas para confundir. E o roteiro é como se fosse... Aliás, eles fazem muito um negócio chamado media training: eles treinam antes, que é o quê? É a cara, o semblante embargado, indignação, e vêm com palavras chaves, aqui, e olham para a TV, fixamente, para dizer que gostam do trabalhador, que defendem, que defendem os pobres... Mas isso é fora do poder. Quando sobem, a conversa é outra. Quando sobem ao poder, a conversa com Queiroz Galvão, é com Norberto Odebrecht, é com JBS, são com os bancos... Os pobres? Ah, os pobres! Deixa só para a época da eleição.

    Então... E se ninguém vier fazer, aqui, esse contraponto...

(Soa a campainha.)

    O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PODE - MT) – ... passa como verdade, porque parece que já se esqueceram. Parece que essa gente virou agora salvadora dos pobres, dos fracos e oprimidos! Desculpem-me o termo forte, mas é muita falta de óleo de peroba para lustrar tanta cara de pau!

    Como é que pode alguém, um partido que furta... Furta não: que rouba, de aposentado a petróleo. Como é que pode subir aqui e chamar, ter moral de chamar quem quer que seja de corrupto? Mas chamam! Chamam e se isentam.

    Como é que pode um partido que perseguiu, que faz um discurso de ódio contra todo mundo, dizer que é um partido perseguido?

    Então, minha gente, a verdade tem que ser dita, e vocês podem fazer esse comparativo e conferir o que eu estou dizendo. Aqui, no Senado, tudo que nós falamos fica registrado, tanto na TV Senado como nas notas taquigráficas. E é possível conferir o discurso desse pessoal antes e depois. É bem fácil de conferir! Então, essa... E eu quero que fique bem claro: não estou aqui a defender ninguém. Estou simplesmente mostrando. Porque, no ano que vem, nós vamos precisar definir quem vai tocar o rumo deste País, e é muito importante a gente não cair na cantilena. Não vai haver essa história de que: "Olha, se nós voltarmos para o governo, vai voltar o Eldorado!" Não! Acabaram com o País, e só há um jeito de o País voltar ao que era: é a gente, um passo após o outro, tentar reconstruir o que acabaram.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/12/2017 - Página 29