Discurso durante a 35ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Lamento pela situação da gestão da saúde no estado de Roraima (RR).

Criticas ao Presidente Michel Temer e ao Prefeito do Município de Boa Vista (RR), em razão da quantidade de imigrantes venezuelanos que atravessam a fronteira.

Autor
Telmário Mota (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Lamento pela situação da gestão da saúde no estado de Roraima (RR).
POLITICA INTERNACIONAL:
  • Criticas ao Presidente Michel Temer e ao Prefeito do Município de Boa Vista (RR), em razão da quantidade de imigrantes venezuelanos que atravessam a fronteira.
Publicação
Publicação no DSF de 28/03/2018 - Página 27
Assuntos
Outros > SAUDE
Outros > POLITICA INTERNACIONAL
Indexação
  • PROTESTO, SITUAÇÃO, CRISE, SAUDE PUBLICA, ESTADO DE RORAIMA (RR), COBRANÇA, GOVERNADOR, MELHORIA, FATO.
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MICHEL TEMER, PREFEITO, MUNICIPIO, BOA VISTA (RR), SITUAÇÃO, CRISE, EMIGRAÇÃO, PESSOAS, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, ENTRADA, REGIÃO.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Moderador/PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Obrigado, Presidente, Senadora Ana Amélia.

    Srs. Senadores, Srªs Senadoras, telespectadores, telespectadoras da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado.

    Só me referindo à fala do Senador Cassol, eu estava vendo que esta é a grande diferença: Rondônia passou para Estado junto com Roraima, e, naquele momento, com todo o respeito, Roraima era um Estado extremamente expoente, porque havia em torno de Roraima – e há – um PIB da dimensão do PIB de São Paulo. Mas, de repente, Roraima andou para trás. Eu falei isso ontem. Roraima, hoje, tem uma economia do contracheque e precisa mudar a sua matriz econômica. E o que eu estou vendo aqui é essa União: é Cassol, o Raupp – Senador Cassol, Senador Raupp –, unidos num só propósito, naturalmente, de alavancar e de melhorar a qualidade das pessoas, favorecendo, inclusive, o homem do campo, com a sua documentação, com as infraestruturas que são necessárias para o aparelhamento do homem do campo.

    Isso, lamentavelmente, não acontece no meu Estado. Lá é assim: as pessoas usam o mandato, o poder, para jogar o Estado no "quanto pior, melhor," para poder manter o seu mandato, porque, senão, o Moro está esperando na república curitibana.

    Mas hoje eu volto a esta tribuna, Srª Presidente, porque eu tenho recebido, diariamente, muitas manifestações no meu Estado, com relação à saúde pública. E as pessoas têm me cobrado: "Senador, faça alguma coisa. Olha, nós estamos, a maternidade..." Hoje eu recebi uma foto de uma única maternidade que nós temos lá. Realmente, é uma calamidade. Uma calamidade. Vi com muita tristeza aquilo. E assim é o pronto-socorro, assim é o Hospital Geral...

    Primeiro, em Roraima há uma grande... Em Boa Vista, que é a grande demanda, 60% da população, nós temos uma grande dificuldade, porque a Prefeitura não dá a qualidade de atendimento necessária. Os postos de saúde da Prefeitura não atendem à demanda da população. Inclusive a capital, Boa Vista, é a única do País que não tem uma unidade de pronto-atendimento, lamentavelmente. Porque, se as UBSs e a UPA estivessem lá, se estivessem funcionando, 80% da demanda da saúde seria atendida, e iriam para o pronto-socorro as coisas emergenciais, e para o Hospital Geral, a saúde de grande complexidade. Aí acaba que o hospital absorve tudo isso.

    E eu designei, das minhas emendas, em 2015 e 2016, só para o Hospital Geral, R$3.842.331. Para o Hospital da Mulher, eu botei R$405.651. Para o Hospital Coronel Mota, que é um hospital onde se fazem todos os exames e pequenas cirurgias etc., e pessoas que têm fraturas e essas coisas todas, eu coloquei R$761.688. E para a maternidade eu coloquei R$2.087.830, num total de R$7.097.500. Portanto, eu designei, dentro das minhas emendas, para aquele setor.

    Então, eu faço aqui uma cobrança à Governadora do Estado, ao Secretário de Saúde... Colocamos esse recurso para equipamentos.

    Eu sempre digo que o político tem que ser político e o empresário tem que ser empresário. Então, eu não me meto nessa questão de licitação, quem vai e quem não vai ganhar. Eu espero que o setor público faça de acordo com as normas, dê para aquele que realmente ofereça o melhor produto e o preço menor. Eu só quero saber onde é que se encontram esses equipamentos.

    Portanto, quando chegar ao meu Estado, eu quero ir a essas localidades, porque quero saber onde estão esses equipamentos, porque, a cada dia mais, a reclamação aumenta.

    E mais grave do que isso: nós fizemos uma emenda, em 2016, uma emenda de Bancada, de 251 milhões. Desse recurso, eu quis rachar metade para o DNIT e outra metade para a saúde. Fui voto vencido, mas consegui 81 milhões para a saúde. E houve um contingenciamento, e usei várias vezes desta tribuna, para cobrar publicamente do Ministro da Saúde e do Presidente da República a liberação desse dinheiro. E saíram R$36.852.375.

    Esse dinheiro é para custeio geral da saúde. Ele pode ser para manutenção, para aumento salarial, para a compra de medicamento, que é a maior demanda, a maior exigência, mas eu fiquei sabendo – recebi denúncias – que esse recurso pagou empresas terceirizadas, ligadas a políticos.

    Quer dizer... Governadora, Secretário, é um absurdo se realmente isso aconteceu.

    Então, eu espero que essa denúncia seja leviana, que ela não seja verdadeira, porque eu custo a acreditar que o povo do meu Estado, sofrendo por falta de uma saúde com qualidade, esteja aí, pagando a empresas terceirizadas de políticos, políticos que não têm escrúpulos, que são verdadeiros marginais da política. São pessoas viciadas, que usam o cargo político para se locupletarem, olhando só para o seu umbigo.

    Então, fica o meu protesto e a minha observação.

    Mas eu venho também a esta tribuna, Sr. Presidente, hoje, extremamente, novamente preocupado. Do meu Estado, eu fui o primeiro político a levantar para o Governo Federal a situação da emigração venezuelana para o Brasil e para o Estado de Roraima, que é a porta de entrada.

    Já, desde 2015, eu alertei ao Governo Federal que aquela emigração iria recrudescer, iria aumentar, e que quem iria pagar o pato seria a população de Roraima. Primeiro, porque é um Estado que não tem infraestrutura. A saúde, como nós estávamos falando, não atende nem a nossa demanda. Com a educação é do mesmo jeito. Moradia também. Segurança também. E agora a questão da geração de renda e emprego, de modo que o PMDB é de uma irresponsabilidade sem limites.

    Primeiro, o Presidente Temer foi lá e fez um teatro, porque o Diretor-Geral da Polícia Federal falou uma besteira aqui, e ele queria mudar a pauta e correu para lá. E, aí, fez um verdadeiro teatro. Não resolveu nada. Até agora, na prática, nada aconteceu.

    Hoje eu fiquei sabendo que foram para lá 190 milhões e que esse recurso vai ser administrado pelo Exército – o que é uma coisa boa. No entanto, já me vem aqui uma denúncia, hoje, do jornal Folha de Boa Vista, numa coluna mais lida, que é a coluna Parabólica, que diz assim:

Preocupantes

Os que desejam um Brasil diferente aprovaram a decisão da Presidência da República de atribuir aos militares do Exército a tarefa de coordenar a aplicação dos R$190 milhões destinados a atender emergencialmente aos migrantes venezuelanos. De qualquer forma, chegam aos bastidores da imprensa informações preocupantes de que um político já está infiltrado na destinação desses recursos e deles está se beneficiando. Não há limite. Mesmo diante da tragédia humana, essa gente não perde a oportunidade de tungar o dinheiro público. Noutro dia contamos mais detalhes.

    Eu só espero que esse político canalha, hipócrita, delinquente, não venha a prejudicar mais ainda o povo de Roraima. Não é possível que o Exército brasileiro, os generais, os coronéis que estão comandando isso, vão se ajoelhar para um político delinquente, um ladrão contumaz.

    Então, eu fico extremamente revoltado, mas não se pode esperar muito deste Governo do PMDB, que é denunciado, do Presidente... De cabo a rabo. De cabo a rabo.

    Mais do que isso: hoje, a migração de Roraima está muito maior, porque a prefeita, que é do PMDB...

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Moderador/PTB - RR) – Me dê mais um minuto, Sr. Presidente.

    A prefeita, que é do PMDB, se reuniu aqui com dez Ministros e chegou lá, oferecendo aluguel de R$1.200, moradia e transporte. E hoje vem aqui o Ministro do Exército, dizendo o seguinte: "O General do Exército Joaquim Silva e Luna, que responde interinamente pelo Ministério da Defesa, esteve ontem em Roraima e disse: 'A interiorização foi adiada' [diz o Ministro]." Por quê? Surto de sarampo. Pronto.

    Agora, eles iriam fazer alguma interiorização, levar para outros Estados brasileiros, e já não vão mais para lugar nenhum, porque o surto de sarampo tem que ficar para os brasileiros de Roraima. Só Roraima tem que pagar por isso.

    Pior do que tudo isso, pior do que o surto de sarampo, pior do que essa desorganização migratória que se vê hoje...

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Moderador/PTB - RR) – ... é o estado de choque que hoje toma conta, Sr. Presidente, do meu Estado.

    A população está assustada. Ela está insegura, vivendo um momento de verdadeiro pânico, quase chegando ao limite do recolhimento, do toque de recolher.

    Imaginem... O meu Estado, o Estado de Roraima, que, quando havia um assalto, dada a dimensão pequena, todo mundo sabia. Havia um carro furtado, o povo sabia. Agora, segundo a própria polícia, está havendo arrombamento... Uma média de oito a dez carros por dia, já, num Estado, numa cidade onde não havia nenhum.

    Então, isso está levando ao total pânico, desespero...

    Há áudios circulando na internet, em que pessoas estão fazendo depoimentos de que está havendo tráfico de armas, a fiscalização do Exército...

(Interrupção do som.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Moderador/PTB - RR) – ... contribuindo para o tráfico de armas, de drogas.

    Eu disse desde o início: não botem o Exército nisso. Fui contra a intervenção no Rio de Janeiro. Está lá, até agora o único resultado: mataram uma vereadora. E não vão apurar, parece. Até agora, nenhum resultado.

    E outro, por que não aparelharam a Polícia Rodoviária Federal? É especialista, tem o poder de polícia, faz a fiscalização indiscriminadamente. Eu moro na área rural, todo dia passo por aquela fiscalização, paro o meu carro, revistam – normal.

    Então o brasileiro tem que ser fiscalizado e os venezuelanos fiscalizados. O que não pode é Roraima entrar nesse pânico, está quase no toque de recolher. Culpados são Senhor Michel Temer e a prefeita de Boa Vista, que fez esse convite. E hoje o povo de Roraima está vivendo o seu pior momento.

    Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/03/2018 - Página 27