Discurso durante a 54ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro de reivindicação da comissão de taxistas de Manaus para que recebam tratamento compatível com os motoristas do Uber.

Registro de reivindicações da população do Estado de Roraima, com ênfase para a reforma da ponte sobre o Igarapé Taporca, em Caroebe, que está na iminência de cair.

Autor
Telmário Mota (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Telmário Mota de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TRANSPORTE:
  • Registro de reivindicação da comissão de taxistas de Manaus para que recebam tratamento compatível com os motoristas do Uber.
TRANSPORTE:
  • Registro de reivindicações da população do Estado de Roraima, com ênfase para a reforma da ponte sobre o Igarapé Taporca, em Caroebe, que está na iminência de cair.
Publicação
Publicação no DSF de 24/04/2018 - Página 41
Assunto
Outros > TRANSPORTE
Indexação
  • APOIO, REIVINDICAÇÃO, AUTORIA, GRUPO, TAXISTA, LOCAL, MANAUS (AM), ATUAÇÃO, AEROPORTO, REFERENCIA, PREJUIZO, MOTIVO, FAVORECIMENTO, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, VINCULAÇÃO, INTERNET, SOLICITAÇÃO, ALTERAÇÃO, SITUAÇÃO.
  • APOIO, REIVINDICAÇÃO, POPULAÇÃO, ESTADO DE RORAIMA (RR), DESTINO, SUELY CAMPOS, GOVERNADOR, ASSUNTO, NECESSIDADE, OBRAS, PONTE, MUNICIPIO, CAROEBE (RR), DEFESA, HABITAÇÃO, PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA (PMCMV), DESTINAÇÃO, PESSOA DEFICIENTE, CONSTRUÇÃO, POSTO DE SAUDE, LOCAL, BOA VISTA (RR), FUNCIONAMENTO, ZONA DE PROCESSAMENTO DE EXPORTAÇÃO (ZPE), ENQUADRAMENTO, SERVIDOR PUBLICO CIVIL, GOVERNO FEDERAL, ORIGEM, TERRITORIO FEDERAL DE RIO BRANCO, CRITICA, ROMERO JUCA, SENADOR.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Moderador/PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Senador Sandoval, do Estado de São Paulo, hoje eu venho a esta tribuna após passar o final de semana no meu Estado. Quero primeiro aqui saudar os Srs. Senadores, Srªs Senadoras, telespectadores e telespectadoras da TV Senado e ouvintes da Rádio Senado.

    Estive, neste final de semana, no meu Estado. Eu estava, bairro a bairro, rua a rua, prestando conta, Sr. Presidente, do meu trabalho no Senado durante esses três anos. E também nós estamos fazendo uma pesquisa, levantando, junto à população, o que ela espera de um plano de governo para a próxima Legislatura. E, ali, a gente tem, Sr. Presidente, contato muito direto com as pessoas. E eu fui surpreendido, Sr. Presidente.

    Neste final de semana, eu recebi, na minha casa, uma comissão de taxistas de Manaus. Qual a reivindicação desses taxistas? São taxistas que estão ali nos aeroportos de Manaus, desde o antigo até o atual, há mais de 70 anos. Na verdade, são hoje mais de mil famílias que dependem diretamente desses táxis que prestam serviço ali no aeroporto de Manaus. O que eles me trouxeram eu achei pertinente. Você sabe que o céu é para todos; o espaço é para todos. Mas o que está acontecendo no aeroporto de Manaus é de chamar a atenção. Eu aqui chamo a atenção do superintendente da Infraero de Manaus. Como é que pode? O aeroporto de Manaus está mapeado para o sistema Uber, mapeado.

    Eu queria aqui... Qual é? Aquela lá? Aproxime aí.

    Você vê, na saída do aeroporto, que uma porta está exclusivamente para o Uber. Os taxistas estão, há 70 anos, lá, e nunca tiveram essa deferência, nunca tiveram esse apoio, essa identificação. Isso, no aeroporto, a uma empresa internacional?

    Eu entendo que 80% do Uber é bico e que 20% é trabalho real. Mas os taxistas são 100%, é de pai para filho. Eles são os pioneiros naquilo ali.

    Agora, uma atitude dessa, da Infraero do aeroporto de Manaus? Estão expulsando os taxistas. Qual a oportunidade que eles têm? Você vai ali, pega a sua carga ou a sua bagagem. A bagagem, Senador Sandoval, quando você vai pegar... Na esteira da bagagem, já há uma trilha no chão, o encaminhando diretamente para o Uber.

    O aeroporto está todo demarcado, é território do Uber. Deveriam escrever lá: "aeroporto de Manaus, território do Uber; táxi aqui não pode haver". Aqui não pode haver táxi.

    Os taxistas, que serviram ao povo brasileiro e ao povo amazonense, há 70 anos... Agora nós decretamos a morte de vocês, taxistas. É isto que a Infraero de Manaus está dizendo: está decretada a morte de vocês. Por quê? A esteira traz a bagagem, você recebe a bagagem, e no chão há um caminho: Uber, Uber, Uber até a porta, até entrar no Uber. Já viram isso?

    Também, venderam tudo. Nada mais é do Brasil? Não.

    Olhe, não sou contra o Uber. Agora é exagero, não é? Vai matar os taxistas? Vai tirar a vida dos taxistas?

    Gente, eles sustentam ali coisa de pai para filho. Em Manaus, é a terceira geração já, a terceira geração. Eu conheço um amigo meu lá, cujo pai era pioneiro nos táxis de Manaus. Ele abraçou essa profissão, e o filho já está. É a terceira geração.

    Então, faço um apelo ao Governador Amazonino, aos meus nobres companheiros Senadores aqui, Vanessa, Eduardo, Senador Omar Aziz: Senadores, olhem esses taxistas.

    Eu os recebi na minha casa. Foram à minha casa em Roraima, para fazer esse apelo. Então, fico aqui.

    Peço à Superintendência da Infraero. O que é isso? Vamos dar ao usuário a oportunidade de escolher. Vocês não a estão dando mais. Vocês estão decretando, de pronto, a exclusão dos taxistas, que tradicionalmente foram quem serviu àquela população.

    Eu mesmo, às vezes, quando eu ia para Manaus – fui várias vezes, porque Manaus é o Estado mãe do Estado de Roraima –, eu sempre fui muito bem tratado por aqueles taxistas. Sabe? Sempre me receberam com muito profissionalismo, sempre me trataram com bastante humanidade. Eu vi até neles o modelo de taxistas. E hoje essas mil famílias estão desesperadas.

    Portanto, faço um apelo às autoridades do Estado, de Manaus, para que olhem pelos taxistas do aeroporto de Manaus.

    Bom, por outro lado, Sr. Presidente, eu quero também fazer um apelo à Governadora do meu Estado. Governadora, essa semana, eu recebi várias manifestações. E eu acho que V. Exª está desconectada do Governo. É hora de conectar.

    Governadora, há uma ponte do Igarapé Taporca, lá em Caroebe, que está para cair. Se ela cair, você não vai mais para Entre Rios ou não vai mais para o outro lado. Sabe, Governadora? Essa ponte é fundamental para aquela sociedade de Entre Rios. O inverno está chegando, está nas portas, Governadora. A mesma coisa é outra ponte, no Município de Boa Vista, do outro ladro do Passarão, no Igarapé do Milho. Ali, na hora que chega o inverno, fica intrafegável.

    Então, Governadora, conecte-se ao Estado de Roraima. É preciso. Olha a dor desse povo. O povo está abandonado – está abandonado. A mesma coisa a Balsa do Passarão, Governadora. Que é isso? Uma travessia está levando três horas, Governadora – três horas. Você vai usar a balsa, são três horas para voltar ou para ir. E não adianta gritar, não.

    Então, eu espero que a Governadora, Suely Campos, tome as providências nessas duas pontes, a do Milho e a de Caroebe, e na balsa. Toda uma população... A balsa interliga o Município de Boa Vista à Normandia, ao Uiramutã. E ali há várias comunidades indígenas que estão para ficar totalmente isoladas por incompetência, inoperância governamental de gestão.

    Eu, Sandoval, parece até que eu sou o Deputado Estadual ou Vereador. Eu fui Vereador, então, as pessoas... Eu não tenho segurança, não tenho motorista, eu ando sozinho no meu carro, paro em qualquer lugar e converso com as pessoas. A demanda é muito grande; agora, nas redes sociais, mais ainda. E também para a Prefeitura de Boa Vista.

    Eu fui num conjunto – eu tenho a honra desse conjunto –, o Conjunto Cruviana, quando o Prefeito Iradilson era Prefeito. Eu era Vereador, o líder. Foi implantado, eu fui o líder que defendi a área para poder fazer. E foi o primeiro conjunto do Minha Casa, Minha Vida que o Prefeito fez, Senador Sandoval, com dimensões maiores, bem maiores.

    E eu fiz um projeto, enquanto vereador, em que 10% dessas casas seriam para portadores de deficiência, e as casas foram adequadas. O ministro, na época, era um ministro do PP. Chegou lá, viu, gostou e deu mais 3 mil casas ao Pérola, que hoje é outro grande conjunto. A Prefeita fez lá agora o meio-fio, essas coisas todas, e não deu acessibilidade. Então, o Carlos, um rapaz que mora no conjunto, foi me levar à casa dele. O filho dele, que é cadeirante, foi passar no meio-fio, a cadeira virou e ele teve até uma fratura no braço – fraturou o braço –, porque não tem acessibilidade, Srª Prefeita. Vá lá dar uma olhada! A mesma coisa foi com o Sr. Raimundo, outro cadeirante. Já este, com uma cadeirinha motorizada, também tem as mesmas dificuldades e tem que estar disputando espaço, Prefeita, com motoristas. Então, eu queria que a Prefeita olhasse esse trabalho, porque realmente está deixando a desejar.

    Tem outra coisa, Prefeita: naquela área não tem um posto de saúde. Lamentavelmente, há 20 anos, a Prefeita Teresa Surita Jucá, Prefeita do Município de Boa Vista... Não tem uma UPA! Não tem uma Unidade de Pronto-Atendimento. E fizeram um teatro por 46 milhões. Hoje, o teatro é o maior elefante que eu já vi na minha vida.

    Então, vamos priorizar. O Estado de Roraima é um Estado que está sucateado pela corrupção. Está na hora de a gente reconstruir esse Estado. Essas obras que não têm nenhuma finalidade... Um teatro maior do que... A população de São Paulo, com 46 milhões pessoas, não têm um teatro como o que nós temos lá. E nós temos hoje 500 mil pessoas.

    Quer dizer, é uma coisa desproporcional, considerando a economia do Município, considerando a população e o desenvolvimento teatral, que ainda é muito iniciante. Nós temos teatros pequenos, que poderiam ter sido recuperados, com dois, três milhões, e sobrariam aí 40 milhões, para fazer o Ceasa, que está parado, ou o abatedouro de pequenos animais, que está parado, para colocar as ZPE's para funcionar. Só agora, lá em Fortaleza, três empresas estão investindo nove bilhões nas ZPE's. Vão gerar cerca de 35 mil empregos diretos e indiretos. Então, quer dizer, nós temos uma ZPE. É bem ali.

    Nós temos um PIB, Senador Sandoval, maior do que o PIB de São Paulo, de V. Exª, somados o PIB da Venezuela, da Guiana Inglesa, de Boa Vista e de Manaus. Nós temos uma riqueza a ser explorada maior do que a riqueza de V. Exª, que dá a São Paulo essa magnitude, que é um país dentro do outro, e dá a São Paulo a sustentação de 46 milhões de habitantes.

    Então, na verdade, a matriz econômica do nosso Estado deixa a desejar, e projetos importantes estão engavetados, sendo preteridos diante de outros, que não alavancam a economia do nosso Estado.

    Por fim, Sr. Presidente, eu queria aqui falar que, quando Roraima, que era Território, passou a Estado, cabia ao governador da transição fazer a sua tarefa de casa e enquadrar os servidores do ex-Território para o Governo Federal. E esse governador de transição, lamentavelmente, foi o Senador Romero Jucá. E ele não cumpriu com a sua obrigação. Deixou esse povo todo de fora, 30 anos.

    O Senador Romero Jucá ganhou para o Senado, prometendo o enquadramento. Ele foi Líder do Fernando Henrique Cardoso; ele foi Líder e Ministro do Lula; ele foi Líder da Dilma; ele é Líder e Ministro do Temer, e esse enquadramento nunca saiu. Ao contrário: em vez de ajudar, ele prejudicou.

    Por que é que ele prejudicou? Porque foi feita uma PEC, a 79, que foi regulamentada pela Medida Provisória 660. A Senadora Ângela Portela, vários Deputados – eu, inclusive –, fizemos emendas que iriam contemplar todos os ex-servidores: os comissionados, os estagiários, os cooperativados, os que estão nas assembleias, no Judiciário, enfim, todos aqueles que faziam justiça. E o Senador Romero Jucá, achando que sozinho é o pensador do País, vai lá e apresenta uma emenda. Negociou a emenda dele – vetaram as outras – e aprovou uma emenda dele, chamada FC3, prometendo o enquadramento. Sabe o que aconteceu? Zero: ninguém foi enquadrado. Agoniado, ele fez a PEC 199, que teve o meu apoio – embora fosse incompleta, teve o meu apoio na comissão e no plenário. E também o apoio da Senadora Ângela, na comissão e no Senado. Fizemos gestão na Câmara. Aprovamos. De lá, saiu a Emenda 98, e, agora, há a PEC 817, que vem regulamentar.

    Lamentavelmente, lamentavelmente, acho que por uma briga paroquial no território de Macapá, que também é beneficiado – são beneficiados os Estados de Rondônia, Roraima e Macapá –, saiu de lá uma denúncia anônima, abraçada pelo Ministério Público, e eles entraram com uma ADI, Ação de Inconstitucionalidade da referida PEC. E está na mão do Ministro Fachin.

    Eu queria aqui, Ministro Fachin, fazer um apelo a V. Exª.

    Ministro Fachin, esse povo está há 30 anos sendo enganado por um Senador crápula, corrupto, canalha. Se esse povo não entrar, sabe o que é que vai acontecer? Vai haver uma depressão social no meu Estado. São mais de 20 mil famílias que são enganadas pelo Senador Romero Jucá, há 30 anos. E sabe o que o Senador Romero Jucá está aproveitando para fazer, Ministro Fachin? Está mandando distribuir esta fake news. Foque aqui! Olhe a fake news! Foque aqui! Onde é? Aqui ou lá? Aqui! Mostre a fake news aqui. Está aqui: "Dez mil famílias prejudicadas pelo Senador Telmário e pela Senadora Ângela, pela vaidade." Isso aqui é fake news. Isso aqui é fruto de uma organização criminosa no meu Estado, que rouba o meu povo e engana meu povo, um grupo do mal, que normalmente é comandado pelo Senador Romero Jucá, que é réu por corrupção e responde a mais 12 processos. Que deveria estar na cadeia, e não no Senado, mentindo para o povo de Roraima e o enganando.

    Obrigado, Sr. Presidente.

    O SR. PRESIDENTE (Airton Sandoval. Bloco Maioria/PMDB - SP) – Senador Telmário, eu tive a oportunidade de visitar Roraima por duas vezes: uma vez representando a Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, muitos anos atrás – V. Exª devia ser um garotinho –, e, numa outra oportunidade, representando a Frente Municipalista Nacional, numa reunião com os prefeitos de Roraima, quando a gente lutava para melhorar os recursos e a vida dos Municípios brasileiros.

    Então, eu conheço um pouco da história do seu Estado, que V. Exª muito bem representa.

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Moderador/PTB - RR) – Eu quero muito agradecer. Eu passei dois anos... (Fora do microfone.)

    Eu uso tanto o microfone aqui e já faço sem microfone.

    Eu quero agradecer essa deferência de V. Exª.

(Soa a campainha.)

    O SR. TELMÁRIO MOTA (Bloco Moderador/PTB - RR) – E, por conhecer aquela nossa realidade, aquele pequeno Estado, mas rico, rico de natureza – é um dos Estados mais ricos, com certeza –, hoje não poderíamos viver do FPE, mas viver de uma economia própria, consolidada, contribuindo para o Brasil, dando política de qualidade para o nosso povo, não deixando o nosso povo flagelado, não deixando o nosso povo mendigando.

    Quando éramos território, éramos felizes e não sabíamos. A gente não tinha pobreza. A gente não tinha miséria. A gente não tinha violência – dormia de portas e janelas abertas. A gente vivia do setor primário: da agricultura, do minério, da madeira. Hoje o meu Estado, lamentavelmente, vive do contracheque – 49% do contracheque; 36% do comércio e do serviço; só 9% da indústria; e 6% da agropecuária. Mas eu vou lhe dizer uma coisa: eu sempre quis fazer política espelhado no Mário Covas. Ele dizia: "Eu sou político. Eu não sou empresário." E eu sou Telmário, político, e não sou empresário.

    Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/04/2018 - Página 41