Discurso durante a 111ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro de protesto acerca de acontecimentos na Bahia, em que professores em greve no Município de Salvador não conseguem ser atendidos por secretário ou pelo prefeito.

Autor
Lídice da Mata (PSB - Partido Socialista Brasileiro/BA)
Nome completo: Lídice da Mata e Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TRABALHO:
  • Registro de protesto acerca de acontecimentos na Bahia, em que professores em greve no Município de Salvador não conseguem ser atendidos por secretário ou pelo prefeito.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/2018 - Página 44
Assunto
Outros > TRABALHO
Indexação
  • PROTESTO, GOVERNO MUNICIPAL, PREFEITO, SALVADOR (BA), AUSENCIA, ATENDIMENTO, PROFESSOR, REIVINDICAÇÃO, GREVE, CATEGORIA PROFISSIONAL, CRITICA, VIOLENCIA, VITIMA, MEMBROS, MANIFESTAÇÃO COLETIVA.

    A SRª LÍDICE DA MATA (Bloco Parlamentar Democracia e Cidadania/PSB - BA. Sem revisão da oradora.) – Sr. Presidente, quero convidar, convocar os Senadores do PSB, Senadores e Senadoras do PSB, para virem comparecer a essa votação, que é nominal e, portanto, muito importante, para que nós possamos dar quórum da presença hoje, no Senado.

    E, aproveitando, Sr. Presidente, eu quero aqui registrar e deixar o meu protesto ao que está acontecendo na Bahia há quase próximo de 30 dias. Os professores em greve no Município de Salvador não conseguem ser atendidos pelo Secretário, pelo Prefeito.

    Eu própria encaminhei, juntamente com a Deputada Alice Portugal e o Deputado Nelson Pellegrino, um ofício ao Prefeito para que pudesse nos receber e iniciássemos uma negociação com os professores, em função de compreendermos que a rede pública é a única oportunidade que têm os segmentos mais pobres da população para ingressarem na escola, para terem acesso à educação. E, ontem, para nossa surpresa, além de não abertura da negociação, o que vimos, depois de muitos e muitos anos, foi o Governo autorizar a Guarda Municipal a investir contra professoras, contra professores – a maioria esmagadora de mulheres – que se manifestavam pelo atendimento de suas reivindicações.

    Digo que é há muito tempo porque realmente há muito tempo não víamos a ação da Prefeitura, de um Prefeito na cidade de Salvador chegar a esse nível de repressão contra uma greve democrática, contra uma manifestação democrática. A Prefeitura pode ter posicionamento diferente, a Prefeitura pode até não ceder à reivindicação, infelizmente, mas ela não pode fazer o que fez ontem, condenando os professores a receberem uma repressão, serem atacados, serem espancados em praça pública quando reivindicam o seu direito, o seu direito a salário, o seu direito a receberem um tratamento justo e digno para poderem trabalhar em condições melhores.

    Lembro-me de que no meu governo enfrentei, Sr. Presidente, algumas greves de professores, todas enfrentadas com diálogo, com negociação, o que resultou num novo plano de salários e cargos para os professores municipais, o que resultou na construção, conjunta com o Sindicato APLB, do Estatuto do Professor.

    Em todos os momentos, todos os Prefeitos enfrentam dificuldades. O que não se pode admitir é que a arma a ser usada contra os professores seja uma arma real, uma arma letal, os cassetetes colocados contra o lombo dos professores públicos municipais que, em suma, lutam para garantir melhores condições de educação naquele Município de Salvador.

    É uma pena – é uma pena – que nós estejamos assistindo a essa situação, num Governo que já fere tanto a cidade quando decide impor um projeto de BRT que destrói uma das mais belas avenidas de Salvador para apenas fazer um corredor para os ônibus da cidade, num tempo em que nós já podemos pensar em outro tipo de integração, em outro sistema de integração para o transporte coletivo e em um projeto mais leve também que possa garantir, de um lado, a velocidade e a prioridade do transporte público e, de outro lado, uma convivência urbana sustentável na cidade de Salvador, uma cidade que cresce, que tem quase três milhões de habitantes, que não tem mais para onde crescer e que precisa, portanto, desenvolver mecanismos de proteção ao meio ambiente, mecanismos de desenvolvimento que possam dar sustentabilidade à cidade.

    Então, eu quero aqui registrar novamente o que já fiz ontem, mas agora sei que hoje, mais forte ainda, com o apoio de outros segmentos e dos estudantes do sistema público municipal, nós temos uma grande manifestação nas ruas de Salvador, em frente à Prefeitura Municipal, para dizer que a nossa cidade não pode conviver com as agressões que foram ontem desencadeadas contra os professores públicos municipais.

    O meu apoio à luta dos professores e o meu repúdio a essa ação sem pé nem cabeça, a essa ação absurda que é o espancamento dos professores da rede pública municipal.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/2018 - Página 44