Discurso durante a 80ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro de reportagem do jornal Estadão referente à reforma da previdência.

Breve histórico acerca do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no dia 5 de junho de 2019, e críticas ao excesso de uso de agrotóxicos no País.

Satisfação com o anúncio do Brasil como sede da Semana do Clima da América Latina e Caribe, em Salvador, entre os dias 19 e 23 de agosto de 2019.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL:
  • Registro de reportagem do jornal Estadão referente à reforma da previdência.
MEIO AMBIENTE:
  • Breve histórico acerca do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no dia 5 de junho de 2019, e críticas ao excesso de uso de agrotóxicos no País.
MEIO AMBIENTE:
  • Satisfação com o anúncio do Brasil como sede da Semana do Clima da América Latina e Caribe, em Salvador, entre os dias 19 e 23 de agosto de 2019.
Aparteantes
Lucas Barreto.
Publicação
Publicação no DSF de 24/05/2019 - Página 72
Assuntos
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL
Outros > MEIO AMBIENTE
Indexação
  • REGISTRO, MATERIA, JORNAL, O ESTADÃO, ASSUNTO, REFORMA, PREVIDENCIA SOCIAL, COMENTARIO, DESEMPREGO, OBSTACULO, CRESCIMENTO, PAIS.
  • REGISTRO, DIA INTERNACIONAL, MEIO AMBIENTE, COMENTARIO, DESMATAMENTO, DESASTRE, RELATORIO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), CLIMA, CRITICA, UTILIZAÇÃO, AGROTOXICO, MORTE, INSETO, PREJUIZO, SAUDE, POPULAÇÃO.
  • REGISTRO, BRASIL, SEDE, CONGRESSO INTERNACIONAL, AMERICA LATINA, CLIMA.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para discursar.) – Senador Rodrigo Cunha, Senador Fabiano Contarato, eu vou falar do meio ambiente, que é o tema que V. Exa. comanda aqui na Casa, mas eu recebi um documento, há minutos, que eu quero deixar nos Anais da Casa, que é sobre algo que eu venho dizendo há muito tempo, ano após ano. A previdência não tem déficit, e não podem agora os governos que entram – cada um que entra – dizer que todos os problemas do País serão resolvidos com a reforma da previdência.

    Recebi este documento:

Estadão/FGV: reforma da Previdência não é tudo e entraves seguirão, diz economista. Segundo o professor e pesquisador José Júlia Senna, há um exagero enorme na confiança dos mercados e dos economistas [...] [quando dizem] que a reforma [...] [será] a solução para todos os problemas.

    Está aqui o documento, é uma entrevista longa. Ele diz com muita clareza – eu li a entrevista – que, mesmo depois da reforma, os entraves continuarão. Ele diz que os entraves ao crescimento seguirão e que está faltando atenção do Governo para os verdadeiros entraves da demanda agregada.

    Já repeti isso diversas vezes. Primeiro, disseram que era a trabalhista; fizeram, e o desemprego saiu de 12 milhões para 14 milhões. Num certo momento aqui – e eu estava também e votei contra –, tudo era o tal de congelamento de gastos, que eu chamo de congelamento de investimentos. E aí foi a história daquela Emenda 95, que congelou por 20 anos o investimento no País. E o País se encontra nesse estado de quase – eu não diria de recessão, recessão já é – convulsão devido ao desemprego que já chega aos 14 milhões.

    Senadores Izalci, Fabiano e Rodrigo Cunha, eu quero falar do meio ambiente. Eu estou muito preocupado, não sou especialista nessa área, mas faço questão, porque meio ambiente é vida. Se você ataca o meio ambiente, está atacando todo o complexo da vida no Planeta. E, por isso, eu vou me debruçar neste momento sobre esse tema, lembrando que teremos o Dia Mundial do Meio Ambiente no dia 5 de junho.

    Foi numa Conferência das Nações Unidas realizada em Estocolmo, na Suécia, no ano de 1972 que foi instituído o Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado anualmente no dia 5 de junho. O objetivo dessa data é chamar a atenção da população, da sociedade, dos governos, dos legisladores para a questão ambiental e para a importância da preservação dos recursos naturais. Foi a partir daí, desses 47 anos para cá, que teve início um processo na mudança de pensar, de ver, de tratar as questões ambientais na ótica social, política, econômica, em todo o Planeta. Sabemos que estamos distantes de resolver os problemas ambientais. E eles estão acontecendo.

    Há estudos que mostram com clareza o avanço do desmatamento, inclusive – por que não dizer? – e principalmente no Brasil. Somos o País que mais perdeu árvores em 2018 em todo o mundo – 1,3 milhão de hectares de florestas primárias, aquelas que não tinham sofrido interferência humana. Vamos ao Brasil: somente na chamada Amazônia Legal, os números mostram que, entre agosto de 2018 e março de 2019, período que compreende o ciclo de desmatamento, a região perdeu 1.974 quilômetros quadrados de floresta, um aumento de 24% se comparado ao mesmo período do ano anterior. Um outro destaque que aparece: só nos primeiros 15 dias de maio, o desmatamento passou a ser 19ha/h, o dobro do registrado no ano anterior.

    Cientistas do mundo todo afirmam que as florestas, os pântanos, as savanas do Brasil são cruciais para uma grande diversidade dos povos, para a estabilidade do clima e para a conservação da biodiversidade. Estancar o desmatamento é crucial para as chuvas necessárias para a agricultura e para o desenvolvimento do Brasil.

    Em 2018, 17 desastres naturais mataram 5.425 pessoas em 11 países. Terremotos, furacões, inundações, tormentas atingiram milhões de pessoas em todo o mundo.

    Não bastasse, voltando ao Brasil, o desastre de Mariana, há três anos, com 19 mortos, provocado pelo homem, Brumadinho aparece em 2019, levando à morte 300 pessoas.

    Sr. Presidente Rodrigo Cunha, o meio ambiente está ligado ao ciclo da vida, do nascimento, do oxigênio que nos alimenta, dos alimentos. A natureza está em nós. Nós temos vida a partir dela e com ela – dependemos do meio ambiente –, não somos nada sem ela. A biodiversidade é a base das atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e florestais. E a própria indústria passa pela biotecnologia.

    A fauna e a flora são partes do patrimônio de uma nação, produto de milhares de anos de evolução concentrados naquele local e momento. A diversidade genética das plantas é essencial para a criação de grãos mais produtivos. As indústrias farmacêuticas e cosméticas dependem da natureza, assim como as indústrias de óleos, látex, fibras, gomas e muitas outras. Tudo depende da natureza.

    Porém, há um detalhe a mais que eu considero importante. Prestem atenção. Se não respeitarmos a natureza, a ecologia, tudo acaba. Não haverá bem-estar social, não haverá felicidade no mundo. Estaremos cavando a nossa própria cova.

    Não há como negar a gravidade dos problemas ambientais globais, o aquecimento da Terra, a perda da camada de ozônio, a perda da diversidade biológica, a expansão dos desertos, as queimadas, a poluição, o ataque aos mares, aos oceanos, aos rios e, repito aqui, a derrubada de florestas. Se continuar assim, a humanidade brigará entre si, haverá guerras até por água.

    O Dia Mundial do Meio Ambiente pede não apenas uma reflexão, mas pede conscientização individual e coletiva, aumento da consciência individual e coletiva, e também, urgente, mudança do padrão de comportamento.

    O coração das árvores, das matas, dos rios, das plantas e dos animais, a alma do verde, o espírito dos pássaros estão sofrendo e pedindo socorro.

    Nós temos o dever de, pelo menos, tentar resolver o problema – e agora, não é amanhã. A irresponsabilidade é enorme e nós não podemos nos furtar a esse bom debate e deixar o problema para as gerações futuras.

    Sr. Presidente Rodrigo Cunha, três questões sobre o meio ambiente.

    A ONU emitiu alerta para evitar uma catástrofe climática. Um relatório divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas mostra que ainda é possível minimizar a catástrofe climática, mas mudanças rápidas e sem precedentes são necessárias para atingir esse objetivo. O documento de 400 páginas pede transformações radicais – abro aspas – "no modo como vivemos, desde as fontes energéticas que utilizamos aos alimentos que consumimos, para limitar o aquecimento do planeta em 1,5 graus Celsius em relação ao período pré-industrial" – fecha aspas. Segundo a ONU, os cientistas alertam que o aquecimento acima desse patamar trará consequências profundas para a saúde e o bem-estar da humanidade e colocará o ecossistema e a biodiversidade em risco. Para evitar esse cenário, as emissões humanas de dióxido de carbono terão que cair 45% até 2030 em relação aos níveis de 2010 e zerar em 2050. E isso, segundo o relatório da ONU, só será possível com mudança no estilo de vida das pessoas, ou seja, a humanidade é o grande algoz do meio ambiente.

    Segunda questão: os agrotóxicos já mataram cerca de 500 milhões de abelhas no Brasil só neste ano. Somente no Rio Grande do Sul, foram 400 milhões; o restante foi nos Estados de São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Como se sabe, as abelhas são responsáveis por promover a reprodução de várias espécies de plantas. Quando morrem as abelhas, podem crer, é o meio ambiente reagindo, é um alerta. Só no Brasil, 60% das 141 espécies de plantas cultivadas para alimentação humana e produção animal dependem, de alguma forma, da chamada polinização das abelhas. Em escala mundial, esse percentual sobe para 75%, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

    Outra informação de assustar é que o Brasil, no ano de 2013, consumiu 1 bilhão de litros de agrotóxicos. São 14 tipos de agrotóxicos nocivos à saúde que são usados no País, produtos banidos do resto do mundo.

    Nesta semana, o próprio Ministério da Agricultura faz nova liberação do quê? De agrotóxicos, de oito extremamente nocivos. A lista foi publicada no Diário Oficial da União de terça-feira, dia 21. A maioria dos novos registros é de componentes de uso industrial, ou seja, servirão de matéria-prima para os produtos formulados que são os que chegam para o produtor rural e, enfim, o consumidor. As liberações de novos agrotóxicos têm sido frequentes neste ano. De acordo com dados da Organização Não Governamental Greenpeace, mais de 150 agrotóxicos foram liberados só neste ano, contra 106 ao longo de 2018 e 74 em 2017.

    O alerta vem neste sentido: como ficam a vida e a saúde? Temos que considerar o impacto ambiental, o impacto social, o impacto econômico e o ataque à vida. Rios, águas, florestas, campos – repetimos –, alimentação, cidade, gente, tudo isso são direitos humanos. Estão atacando a humanidade.

    Terceira questão. Felizmente, o Governo – lembro aqui – recuou e anunciou que o Brasil vai sediar a Semana do Clima da América Latina e Caribe, que será em Salvador entre os dias 19 e 23 de agosto. Agradeço pelo recuo. Na tribuna, falamos diversas vezes que era um equívoco. Felizmente, o Governo recuou e vai participar, vai ajudar, vai sediar a Semana do Clima da América Latina e Caribe em Salvador. O evento faz parte da Convenção da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. A Semana do Clima tem como função o diálogo entre os governos estaduais e prefeituras de diversos países sobre as mudanças climáticas; além disso, também é o momento que empresas podem negociar e discutir por tecnologias voltadas para a diminuição da emissão de poluentes.

    O evento de Salvador – e por isso estou destacando tanto no meu pronunciamento – é preparatório para a 25ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP 25), que será realizada em dezembro em Santiago, no Chile. Aliás, é bom lembrar que a COP 25 também seria realizada no Brasil. Infelizmente, o Governo brasileiro abriu mão, com o argumento de que geraria gastos. O evento, então, foi transferido para o Chile. Penso que o Governo brasileiro também errou nesse aspecto.

    Sr. Presidente, o Papa Francisco ensina que devemos tratar o meio ambiente com ternura, com amor – e eu digo que assim também creio. Cuidar do meio ambiente é pensar no agora, é construir o amanhã, é amar plenamente o presente e o futuro. E o que é o amor se não a maior força que há no Universo? Sem amor, não há vida, e amar o meio ambiente é amar o Planeta, todo o ecossistema; é amar, além das questões ambientais, a vida. Eu me refiro aqui à vida humana.

    E, se há vida, deve haver consciência entre os homens entre as mulheres, mas a consciência não redime o erro de atacar a vida quando se ataca o meio ambiente. O avanço está justamente no entender o erro e persistir para que não volte a acontecer jamais. Quando se dá esse processo, quando o homem assume a sua condição, aí, sim, há a plenitude.

    Terminando, Sr. Presidente, devemos tratar o meio ambiente com respeito, eu repito, com carinho e com muito, muito amor; amor que renasce todos os dias no canto dos pássaros, no vento, nas florestas, nos rios, nos mares, nos oceanos, no simples nadar de um peixinho, na água que bebemos, no pão que nos alimenta, na criança que sai do ventre. Reafirmamos, assim: respeitando o meio ambiente, estaremos garantindo o nobre ciclo da vida.

    Muito obrigado, Presidente.

    Senador Lucas, sempre é uma satisfação receber um aparte de V. Exa.

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP. Para apartear.) – Senador Paulo Paim, por quem eu tenho um respeito imenso, carinho, pela posição também que ocupa nesta Casa, pelos mandatos que tem, mas eu ouvi atentamente V. Exa. falando que na Amazônia mil e tantos quilômetros foram devastados. É importante que se diga que nós temos hoje no Brasil 38 milhões de quilômetros quadrados de reserva! Tente propor para um outro país, para os Estados Unidos, para a Índia, essa área como reserva. A gente fala no Brasil, na Amazônia: "Ah, nós estamos devastando". Não, eles estão devastando mais que nós! E eu falo isso...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Lucas, só para ajudar, só para ajudar. É que, no início do meu pronunciamento, eu falei tudo o que estão fazendo lá fora e, aí no final, eu entrei...

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... dando os informes aqui no Brasil. A preocupação é por todo o Planeta; não foi só pela Amazônia, pelo contrário.

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – Pois é, mas eu estou falando, porque eu sou do Estado...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Muito bem.

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – ... mais preservado do mundo, ou seja, nós fizemos o nosso dever de casa. E, lá no Amapá, 73% de nossas áreas são reservas decretadas pelo Governo Federal – sem consultar nenhum amapaense. Lá, 97% de nossas florestas primárias estão intactas; no Brasil, só 30%; nos Estados Unidos, só 17%; no ecológico, no tão ecológico Canadá, só 11%.

    E aí é como eu falo: nós temos, sim, que fazer uma nova legislação, porque, lá no Amapá, nem agrotóxico se usa, pois não se pode plantar nada. Os que tentaram plantar, os nossos agricultores, foram...

(Interrupção do som.)

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – ... depois multados pelo extinto Imap e até pelo órgão estadual. Então, lá nós não temos problemas com agrotóxicos.

    Sobre agrotóxicos, que se fala no mundo, se o senhor for ver, o Japão é o país que mais usa, e lá temos a maior média de vida do mundo, porque são organofosforados, ou seja, um herbicida... Se o senhor for ver, os faixas verdes, os inseticidas, que hoje são todos naturais, praticamente... Quer dizer, criou-se uma celeuma sobre isso. E os organofosforados são à base de fósforo. Eles induzem a planta, ou seja, são estimulantes para a planta e, às vezes, nem são venenos. Então, tem que desmistificar isso, tem que haver um estudo sobre isso.

    Eu falo também que nós temos que preservar, sim...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – ... mas nós temos que avaliar que os amazônidas estão lá com chikungunya, com febre, com dengue. Estão lá e ficam ali sem poder fazer nada, não podem fazer uma queimada, porque são multados.

    Eu até falo: lá no Amapá, o Incra assentou 16 mil parceleiros. Só há 2 mil lá no campo. Porque ficaram abandonados à própria sorte. Se o senhor concordar, a gente pode pegar 14 mil pessoas do Rio Grande do Sul e levar lá para o Amapá e trazer 14 mil para o Rio Grande do Sul, porque é muito fácil falar, criticar, dizer que estamos derrubando, quando lá há qualidade de vida – e a gente até troca a dívida do Estado, a gente vai lá para ajudar a pagar essa dívida. Por quê? Porque o nosso povo lá está na pobreza contemplando a natureza. Não se compensa nada para manterem a gente lá, para manterem os amazônidas lá, mas só vivem falando "tem que preservar a Amazônia", "tem que preservar". Vamos embora lá ajudar, vamos criar um fundo para ajudar quem está lá, porque até agora nosso povo lá é escravo ambiental. Todo mundo quer que a gente fique preservando e vigiando as árvores para levar oxigênio para os Estados Unidos; o mundo todo destruindo, e a gente lá tentando ainda conseguir equilíbrio.

    Vimos agora o Fundo Amazônia. Nunca foi um real que significasse lá para o Amapá. Nunca! Aí o Fundo Amazônia financiou o Brasil todo, mas o Amapá, não. Nós, lá, produzimos energia, Senador. Levaram um linhão para lá. O Linhão de Tucuruí foi para o Amapá. Inundaram um rio todo, mataram um rio com três hidroelétricas, inundaram lá 70km de rio, e nós não ouvimos uma voz neste Senado...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – ... nem no Brasil e de nenhum famoso de palco ou de passarela em defesa das árvores lá. Quantas arvores foram mortas lá na inundação? Cem milhões? Cem mil? Um milhão de árvores? Mas não se ouviu ninguém em defesa.

    Então, a gente tem que juntar as forças aqui para fazer com que os Estados que ainda estão preservados não aumentem essa degradação, esse corte da floresta que todo mundo quer manter em pé, para a gente conseguir uma compensação. E eu, desde já, quero pedir ao senhor... Porque a gente vai entrar com uma PEC aqui, nesta Casa, para criar uma compensação ambiental para os Estados mais preservados.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Muito bem!

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – Quer dizer, lá, o Rio Grande do Sul...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Conte com meu apoio.

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – Quantos por cento há preservado...

(Interrupção do som.)

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – Só para a gente...

(Interrupção do som.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Não há problema, Senador Lucas Barreto. Eu acredito e eu estou preocupado porque vou atender... Eu até falei para o Presidente que uma Presidente de um tribunal vem falar comigo às 15h. Mas deixe-me só lhe falar o seguinte: eu não consigo entender que o mundo todo esteja errado, que a luta contra a poluição no mundo inteiro, em defesa do meio ambiente, e a gente não tenha o que fazer...

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – Não, eu estou falando...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Deixe-me só...

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – ... que, hoje, com o que o senhor falou...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Calma.

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – ... só o Amapá está certo.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Não. Pelo que o senhor está falando, meus cumprimentos ao Amapá.

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – Nós estamos certos.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Meus cumprimentos ao Amapá.

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – Nós fizemos a nossa parte...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Sabe o carinho que eu tenho por V. Exa.

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – ... mas ninguém compensa por isso.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Posso chegar lá?

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – Pode.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Meu carinho ao Amapá. Votarei junto à PEC, com certeza absoluta. Vamos criar um fundo para a defesa do meio ambiente? Vamos criar. Pode apresentar que eu defendo junto. Agora, eu não posso dar uma de ouvido de mercador.

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Vejo o mundo todo gritando, o mundo todo chorando, e eventos acontecendo agora, como o de Paris, como o do Chile, como o da Bahia, manifestando que temos que aprofundar o debate em defesa do meio ambiente. Eu não posso chegar aqui ao Senado e só falar de Pedro, de Paulo, de João, e não falar sobre o meio ambiente. A nossa obrigação é falar. E, no falar, que é a obrigação do Parlamento, dialogar e construir alternativas.

    Já esteve aqui um Senador da Amazônia, especificamente, que fez um belo discurso nessa área. Eu, lá debaixo, fiz um aparte e o elogiei. Ele me falou daqueles que estão lá no meio da floresta. É claro que os apoiamos e vamos apoiar sempre. Agora, não dá para o Senado do Brasil, um país continental como o nosso, a décima economia do mundo, não discutir a questão ambiental. Tem que discutir. E os dados que eu trago não são dados que eu inventei, que eu criei; são dados de organizações do Brasil e do mundo.

    Aqui na tribuna, nós temos que suscitar o debate. E que bom que vai haver essa conferência! Que bom que haverá uma sessão de homenagem aqui, se não me engano, no dia 5, que vai discutir o meio ambiente! Então, eu não tenho nenhuma posição contrária à sua posição. A minha posição... Conte comigo...

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – Eu não disse que o senhor tem posição contrária, Senador.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Mas deu a impressão, Senador...

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – Eu disse que, quando se fala aqui, só se fala da desgraça da Amazônia.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Não, a gente fala da realidade do meio ambiente.

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – Não se fala do que a gente está fazendo de bom também...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Mas eu adoro a Amazônia.

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – ... para o mundo.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Adoro o seu Estado.

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – E todo mundo quer...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Adoro o senhor...

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – ... preservar. E nós estamos fazendo isso...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... que fez um evento, e eu me neguei a presidir e pedi para ele presidir.

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – Então, eu quero que o senhor me ajude a dizer aos Estados que fizeram a sua parte, nesse caos em que vivem de sugestão...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu acredito que...

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – ... de pauta, que a gente vai conseguir...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu acho que há problema em todo o Brasil, em todo o Brasil.

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – .... diminuir essa questão dos desastres ambientais. Que a gente continue mantendo o Amapá lá, mas tem que se compensar...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – A compensação...

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – ... porque lá nós estamos...

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Concordo plenamente.

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – ... em cima da riqueza, e o nosso povo está na pobreza, contemplando a natureza.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Fique tranquilo. Se depender deste humilde Senador, eu estarei do seu lado para que haja a compensação. Que se crie um fundo que atenda os Estados que mais preservam!

    Estamos juntos?

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – Estamos juntos.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu sou seu admirador. Pode crer!

    O Sr. Lucas Barreto (PSD - AP) – Já estamos com esse projeto pronto. Logo, logo, vamos ter a sua assinatura e o seu apoio.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Quero assinar embaixo do seu nome.

    O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Cunha. Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PSDB - AL) – Senador Paulo Paim, eu o parabenizo. É sempre um prazer ouvi-lo falar. V. Exa. sempre com um discurso bem equilibrado e buscando justamente o equilíbrio para algo tão necessário, que é o meio ambiente.

    Muita gente confunde equilíbrio quando vai conceituar a sustentabilidade, porque imagina que é necessário apenas, como o Senador Lucas mencionou aqui, proteger o meio ambiente, e não é isso. A sustentabilidade é justamente conseguir o equilíbrio entre a área social, a área econômica e a área ambiental. Então, acho que essa busca de área, com certeza, na Semana do Meio Ambiente, vai ser muito bem tratada aqui.

    Então, parabéns!

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Obrigado, Presidente.

DOCUMENTO ENCAMINHADO PELO SR. SENADOR PAULO PAIM.

(Inserido nos termos do art. 210 do Regimento Interno.)

    Matéria referida:

     – "Estadão/FGV: reforma da Previdência não é tudo e entraves seguirão, diz economista."


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/05/2019 - Página 72