Discurso durante a 94ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação contrária à tentativa de enfraquecer a Operação Lava Jato.

Críticas ao Plano Dubai, apresentado pelo Governo Federal, que pretende substituir a Zona Franca de Manaus por um polo turístico e financeiro.

Autor
Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:
  • Manifestação contrária à tentativa de enfraquecer a Operação Lava Jato.
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
  • Críticas ao Plano Dubai, apresentado pelo Governo Federal, que pretende substituir a Zona Franca de Manaus por um polo turístico e financeiro.
Publicação
Publicação no DSF de 13/06/2019 - Página 28
Assuntos
Outros > CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA E IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Indexação
  • CRITICA, TENTATIVA, PREJUIZO, OPERAÇÃO LAVA JATO.
  • CRITICA, PLANO DE GOVERNO, GOVERNO FEDERAL, SUBSTITUIÇÃO, ZONA FRANCA, MUNICIPIO, MANAUS (AM), POLO DE DESENVOLVIMENTO, TURISMO, MERCADO FINANCEIRO.

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PSDB - AM. Para discursar.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, o bom do Parlamento – e por isso eu dediquei grande parte da minha vida a ele – é a oportunidade que a gente tem de poder discordar, de poder falar, de dizer o que pensa e dar a opinião.

    Eu quero me posicionar aqui sobre um assunto que é da República, nacional, e sobre outro que diz respeito à Amazônia, para variar. A gente da Amazônia sempre está tendo que responder às questões que nos abalam.

    Primeiro, em relação a essa tempestade que se faz num copo d'água em relação às declarações do Ministro Moro, eu tenho o dever de cidadão, o dever de Senador de dar a minha opinião. E a minha opinião é de que estão tentando desqualificar o Ministro para poder atingir a Operação Lava Jato. E não vão conseguir! Porque a Operação Lava Jato já entrou para a história, não só pelo resgate do dinheiro, dos quase R$800 milhões que foram repatriados, mas, acima de tudo, Senador Kajuru e Senador Anastasia, porque a Operação Lava Jato rompeu aquele ciclo nefasto vergonhoso da impunidade que sempre envergonhou a todos nós, cidadãos, à Nação brasileira.

    Há um Brasil pós-Operação Lava Jato. Há algumas críticas a se fazer, discordâncias a se fazer, mas, acima de tudo, há que se concordar com uma coisa: a palavra "impunidade" foi colocada em xeque. Não há, entre as pessoas que atacam Moro, quem possa dizer que é isenta de alguma acusação. Não tenho o dever, não tenho o compromisso particular, mas tenho um compromisso com a Nação, e o povo brasileiro tem que ser e continuar grato e defendendo a Operação Lava Jato. Não é tentando culpar um inocente que se vão inocentar dezenas de culpados. Não há, no diálogo, nada que comprometa, que ponha por terra todo o serviço prestado à Nação. Eu vejo a preocupação, sim, em juntar prova para punir culpados.

    Perguntaram-me, ainda agora, e eu quero resumir para a Nação brasileira, para você, brasileiro, para você, brasileira... Perguntaram a mim, Plínio Valério, Senador do Amazonas, ainda agora, no corredor – alguém está fazendo uma enquete –, e a minha resposta resume o que penso: "se fosse hoje, Senador, o senhor votaria pela aprovação do nome do Ministro Moro para o Supremo?". Sim, aprovaria.

    Com isso, eu dou a minha resposta a tudo mais. E tudo mais vem... É só observar quem está atacando para a gente poder isentar o Ministro Moro disso tudo.

    E a outra questão, meu amigo Alvaro Dias, meu amigo Anastasia, diz respeito à Amazônia – para variar –, diz respeito à nossa querida Zona Franca. O Governo Federal anunciou – olhe só, Anastasia! – um Plano Dubai para a Amazônia. Plano Dubai para a Amazônia! Eu nem queria rir, porque nós estamos passando por tantos momentos sérios, não dá para rir da tribuna do Senado. O Plano Dubai para a Amazônia prevê a substituição da Zona Franca, Kajuru. Olhem o termo que usam: substituição da Zona Franca. E o que é esse plano? Copiar Dubai como se a Amazônia tivesse as mesmas características.

    Começa por aí, quem fez, quem concebeu, quem realizou o Plano Dubai conhecia Dubai; e quem está falando da Dubai da Amazônia não conhece absolutamente nada – nada – de Amazônia. Começa que Dubai para dar certo teve que criar uma empresa, uma companhia de viação – a maior companhia aérea do mundo –; tiveram que criar, porque tinham dinheiro sobrando. O nome Dubai para nós é pejorativo, porque leva à ostentação.

    Então, eu estava rindo até ontem, Senador Kajuru, mas eu comecei a ligar os pontos. Anuncia-se um plano desse para substituir a Zona Franca em 2073. Olhe só, Anastasia, se a gente ligar aqui os pontos, Kajuru. O plano é para em 2073 substituir a Zona Franca de Manaus. Aí você retroage um pouco e vai ver que o Conselho de Administração da Suframa não se reúne há muito tempo, e é lá no Conselho da Suframa que se decidem, que se aprovam novos projetos para a Zona Franca. O Codam, que é o Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas, faz anos que não analisa um projeto de porte, um grande projeto para a Zona Franca de Manaus. Ou seja... Olhem só: Codam faz tempo que não aprova, não analisa um projeto importante; o Conselho da Suframa já não reúne; aí vem o Governo Federal e diz que tem um plano para substituir a Zona Franca. Qual o empresário que vai investir se o Governo Federal tem um plano para substituir a Zona Franca?

    Por isso, eu não ri da piada. Eu não pude rir da piada, que para mim, no começo, era uma piada, mas não é; faz parte de um plano para esvaziar, para sucumbir, para asfixiar a Zona Franca de Manaus.

    Então, a gente está atento a isso. Esse Plano Dubai não é brincadeira, porque faz parte de um plano. Mas é uma coisa ridícula – ridícula –, porque não sabe do que se trata.

    A Amazônia, assim como o Brasil, não tem nem saneamento básico – não tem nem saneamento básico. A estrutura aérea, a estrutura terrestre... Quer dizer, é uma coisa de louco, só para disfarçar, para dizer: "Olha, nós temos um projeto para a Zona Franca. A gente vai asfixiar, mas temos um projeto aqui de salvação". Balela, mentira e não nos enganam. Nós vamos estar aqui sempre para combater.

    Kajuru, olhe o que eles descobrem no Plano Dubai: que a nova matriz da Zona Franca tem que ser: piscicultura, turismo, fármacos e mineração. Caramba! Como é que eu nunca pensei nisso, Kajuru? Nunca passou na minha cabeça isso. Caramba! É o que a gente fala todos os dias por onde passa, seja na Câmara Municipal de Manaus, seja na Câmara Federal, no Senado. Sempre dizemos: temos recursos, temos alternativas, sabemos o que fazer, mas não nos deixam! As amarras ambientais, os cadeados ambientais não nos permitem aproveitar a mineração – que o Plano Dubai acaba de descobrir –, a madeira, a água, a piscicultura, os fármacos... Tudo isso nós sabemos como fazer e que precisa ser feito, mas as amarras ambientais não deixam.

    Portanto, que a minha voz hoje, meu Presidente Anastasia, meu companheiro de partido, seja para dizer que a gente está atento a esse plano engraçado, que é engraçado, mas que é belicoso – Plano Dubai para a Amazônia! Quer dizer, já começa pelo nome. Dubai lembra ostentação. Lá era dinheiro do petróleo. Lá estava sobrando dinheiro. E eu vou repetir aqui, para que o brasileiro e a brasileira saibam: criaram a maior companhia aérea do Planeta para poderem levar turistas para lá. Ora, Alvaro, não nos dão dinheiro nem para saneamento básico! Os mesmos que defendem o Plano Dubai, Anastasia – e aí que está a incoerência –, são os mesmos que querem acabar com o subsídio da Zona Franca de Manaus. Quanto custa um Plano Dubai? Quanto vai custar? Quantos bilhões de dólares? Aí querem sonegar para não subsidiar com US$24 bilhões a Zona Franca de Manaus.

    Eu sei que a gente está aqui todos os dias ou pelo menos toda semana a falar do mesmo assunto, mas é extremamente necessário. Eu disse ontem ao pessoal da Receita Federal, Kajuru, quando fiz aquele requerimento solicitando os números que levaram o Ministro Paulo Guedes a anunciar o rombo de 16 bilhões da Zona Franca... Não são aqueles números. Já provamos que não são. E já nos responderam. A gente só vai esperar que eles anunciem. Fizemos um acordo de cavalheiros para que a gente não fique aqui na tribuna chamando-os de mentirosos. Mas a diferença é aquela que eu disse – enorme, muito grande! E disse a eles: "Todas as vezes que vocês estiverem para falar sobre economia, nos deem lição, estou aqui para aprender. Mas quando forem falar de Amazônia, por favor, ouçam a gente". Falar de Amazônia... A gente entende de Amazônia para falar para vocês. E, por favor, digam ao Ministro Paulo Guedes, ao Presidente Bolsonaro que não deem trégua. Deixem a Zona Franca...

(Soa a campainha.)

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar PSDB/PODE/PSL/PSDB - AM) – ... como está que nós, amazonenses, vamos encontrar a nossa saída. Só nos deem paz, só nos permitam paz para que nós possamos enveredar pelo caminho que conhecemos tão bem. Mas não nos deixam.

    Estou para relatar na CAE, Anastasia, um projeto que simplesmente acaba com o Polo de Desenvolvimento da Zona Franca de Manaus, simplesmente acaba, acaba. E a gente tem que estar atento o tempo todo. E o industrial está se lixando para a gente. O empresário está se lixando. Sabe por quê? Porque, se não ser certo lá, ele pega o galpão dele e leva para qualquer outro Estado, qualquer outro país. E nós é que temos que estar preocupados com os empregos dos nossos conterrâneos. E a gente tem que estar aqui a defendê-los. Mas foi isto que eu pedi a Deus: que me desse a oportunidade de vir ao Senado para defender a Amazônia.

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/06/2019 - Página 28