Discurso durante a 99ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento de Dom Moacyr Grechi e destaque à importância do seu trabalho sacerdotal.

Autor
Confúcio Moura (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Confúcio Aires Moura
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Voto de pesar pelo falecimento de Dom Moacyr Grechi e destaque à importância do seu trabalho sacerdotal.
Publicação
Publicação no DSF de 19/06/2019 - Página 26
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • VOTO DE PESAR, MORTE, ARCEBISPO, DOM MOACIR, NATURALIDADE, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), DESTAQUE, TRABALHO, IGREJA CATOLICA.

    O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - RO. Para discursar.) – Sr. Presidente, "o último de todos e o servo de todos" – esse é o lema que caracterizava a identidade sacerdotal de D. Moacyr Grechi. É com tristeza que registro o falecimento na tarde de ontem, dia 17, de D. Moacyr Grechi, Arcebispo Emérito de Porto Velho, aos 83 anos de vida, após duas paradas cardíacas. Foram quase meio século de sacerdócio e um vasto histórico de ações e boas obras.

    Natural de Santa Catarina, deixou sua cidade natal após ter sido ordenado sacerdote aos 25 anos, para, em 1972, aos 36 anos de idade, um dos mais jovens bispos do Brasil à época, assumir a Diocese de Rio Branco, no Acre, por escolha feita pelo Papa João Paulo VI.

    Na capital Rio Branco, D. Moacyr apresentou a teologia da libertação para o sindicalista e ativista Chico Mendes, que conheceu pela atuação nas Comunidades Eclesiais de Base. Mais tarde, após o ano de 1988, lutou pela punição dos assassinos de Chico Mendes, árduo defensor da Floresta Amazônica, outra bandeira apoiada por D. Moacyr.

    Referência espiritual e ser humano extraordinário, D. Moacyr era um homem dedicado e estudioso, dotado de grande erudição – fez mestrado em teologia em Roma, lia em diversos idiomas, tinha senso de humor apuradíssimo, exímio orador e capaz de entusiasmar a audiência desde as primeiras palavras.

    Esse homem santo, com uma longa história de luta, ética e coragem, cuidou de homens, mulheres e crianças com o amor de um pai amoroso. Por quase três décadas, dedicou sua vida ao povo do Acre, principalmente em defesa dos índios, trabalhadores rurais, seringueiros e outras categorias.

    No âmbito institucional, D. Moacyr foi um dos criadores da Comissão Pastoral da Terra e do Conselho Indigenista Missionário, atuando na defesa dos cidadãos em situação de exclusão social e em busca de justiça social.

    Foi nomeado Arcebispo de Porto Velho em 1998, função que exerceu com amor, dedicação, ética e responsabilidade até 2011. Durante seu ministério em Rondônia, D. Moacyr continuou sua luta em defesa das causas sociais, como a vida dos pequenos e dos pobres.

    Como Arcebispo de Porto Velho por quase 14 anos, contribuiu para a criação da Faculdade Católica de Rondônia, da Comissão Justiça e Paz de Rondônia e para o fortalecimento dos Centros Sociais da Arquidiocese.

    Foi membro delegado pela CNBB da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho (Conferência de Aparecida), que aconteceu em maio de 2007, onde teve contato com Jorge Mario Bergoglio, então Arcebispo de Buenos Aires, que futuramente seria o Papa Francisco.

    Seu trabalho foi tão importante, Sr. Presidente, e reconhecido que, mesmo estando em Rondônia, em janeiro de 2018, D. Moacyr recebeu a mais elevada honraria que o Ministério Público do Estado do Acre oferece às pessoas que se destacam em defesa da sociedade. "[...] alguém que se dedicou à missão de amar o próximo e a executou com 'benevolência, alegria, paz, paciência, benignidade, fé, mansidão e temperança. Pois contra essas coisas não há lei' (Gálatas 5:22-23). Há somente o nosso reconhecimento e agradecimento", disse o Procurador-Geral ao condecorar o Arcebispo com a honraria.

    D. Moacyr permanece vivo em nossos corações e ideais, sendo lembrado por seu incansável trabalho na defesa das causas humanitárias e dos direitos humanos e pelo legado de honradez, caridade e amor.

    São essas as minhas palavras, Sr. Presidente.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/06/2019 - Página 26