Discurso durante a 137ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre a importância da transparência e da participação popular no mandato de seus representantes.

Preocupação com a desigualdade regional, com destaque para a situação da Região Nordeste. Satisfação com o Decreto n° 9.810, de 2019, do Ministério do Desenvolvimento Regional, apresentando a Política Nacional de Desenvolvimento Regional.

Registro de emenda, de autoria de S. Exª, ao Projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias, para que sejam publicadas informações e estatísticas sobre a execução das políticas públicas.

Defesa de maior eficiência para o Estado brasileiro.

Autor
Rodrigo Cunha (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AL)
Nome completo: Rodrigo Santos Cunha
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Considerações sobre a importância da transparência e da participação popular no mandato de seus representantes.
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
  • Preocupação com a desigualdade regional, com destaque para a situação da Região Nordeste. Satisfação com o Decreto n° 9.810, de 2019, do Ministério do Desenvolvimento Regional, apresentando a Política Nacional de Desenvolvimento Regional.
ATIVIDADE POLITICA:
  • Registro de emenda, de autoria de S. Exª, ao Projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias, para que sejam publicadas informações e estatísticas sobre a execução das políticas públicas.
ADMINISTRAÇÃO PUBLICA:
  • Defesa de maior eficiência para o Estado brasileiro.
Aparteantes
Styvenson Valentim.
Publicação
Publicação no DSF de 16/08/2019 - Página 58
Assuntos
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Outros > ADMINISTRAÇÃO PUBLICA
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, PARTICIPAÇÃO, POPULAÇÃO, MANDATO, SENADOR.
  • COMENTARIO, ASSUNTO, DESIGUALDADE REGIONAL, DESTAQUE, REGIÃO NORDESTE, ENFASE, DECRETO FEDERAL, REALIZAÇÃO, MINISTERIO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, OBJETIVO, APRESENTAÇÃO, POLITICA NACIONAL, DESENVOLVIMENTO.
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, EMENDA, AUTOR, ORADOR, PROJETO, LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTARIAS (LDO), OBJETIVO, INFORMAÇÃO, ESTATISTICA, EXECUÇÃO, POLITICA PUBLICA.
  • DEFESA, AUMENTO, EFICIENCIA, ESTADO, PAIS, BRASIL.

    O SR. RODRIGO CUNHA (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - AL. Para discursar.) – Sr. Presidente, Senador Eduardo Girão, é um prazer enorme estar sendo presidido aqui por V. Exa., a quem eu mando um grande abraço do povo alagoano. É impressionante como as pessoas e como o Brasil já conhecem a figura do Senador Eduardo Girão, que, em pouco tempo, já deixou sua marca de ser alguém firme e leve ao mesmo tempo, a sua serenidade consegue os resultados que nós, com certeza, iremos demonstrar em breve.

    Parabéns por sua postura, parabéns por elevar o nome do Estado do Ceará para o País mais uma vez.

    Sr. Senador, hoje trago aqui um assunto importante para a nossa Região Nordeste. Falar sobre a desigualdade regional é sempre necessário. Aqui eu saúdo todos os Parlamentares, Senadores aqui presentes, a todos que nos acompanham através da TV Senado, inclusive, agora, chegando mais fortemente no nosso Estado de Alagoas, também pela Rádio Senado, numa medida também de transparência, porque quando levamos informação estamos levando a principal ferramenta de defesa que um cidadão pode ter, que é saber o que acontece no meio político. Eu sempre falo isso, que é emocionante, muitas vezes, perceber que a História do Brasil está sendo feita na nossa frente, que nós estamos interferindo nas votações, nas audiências, nas Comissões, isso tem que ser parte da vida do povo brasileiro.

    V. Exa. também mencionou no discurso do nosso querido amigo, Senador Styvenson, a importância da participação das pessoas no nosso dia a dia, porque é nossa obrigação sempre mencionar que a política não acaba na hora do voto; a política não é campanha, a política se dá no dia a dia. Então, as pessoas, quando passam a se preocupar com isso e exercer o verdadeiro e legítimo controle social, essa é a chave para mudar o curso do rio.

    Sinceramente, não são os políticos que vão mudar a história do País, são as pessoas. As pessoas a partir do momento em que entenderem a importância que tem em acompanhar o seu dia a dia, isso de uma maneira responsável, não se basear apenas numa postagem de rede social e passar isso para frente, tentar entender o conteúdo daquela situação sem, no mínimo, não perder o respeito por quem pensa diferente, assim, acho que a gente vai conseguir evoluir bastante.

    Nós temos a Lei de Acesso à Informação, nós temos hoje dados abertos, nós temos hoje a internet, os portais de transparência, que fazem com que o Poder Público tenha por obrigação tornar público o que é público: se alguém quer saber o salário que o Vereador do Município de Canapi, lá em Alagoas, recebe, tem esse direito, ninguém pode retirar isso. E, se alguém não prestar, estará cometendo um crime de improbidade administrativa no mínimo. Então, é importante falar sobre isso que também diz respeito a esse novo momento político em que vivemos, cada vez mais motivado a estar dentro desta Casa com os colegas que aqui fazem parte.

    Dessa forma, Srs. Senadores, tenho certeza absoluta de que a busca pelo bem-estar de todos deve, em última análise, ser o fundamento maior da sociedade. A estrada civilizatória até aqui percorrida pela humanidade nos permite alcançar patamares de prosperidade que conduzam cada cidadão a uma vida digna e feliz.

    No entanto, apesar dos inegáveis avanços alcançados, seja com o progresso tecnológico, seja também com as descobertas científicas nos mais diversos campos do conhecimento, milhões de brasileiros sofrem por viverem em condições humanas indignas e desiguais.

    Em Alagoas, meu querido Estado, e em milhares de cidades brasileiras, o cenário pintado em Vidas Secas pelo brilhante escritor, também alagoano, Graciliano Ramos, ainda se faz presente na atualidade, em que pessoas vivem em situação de miséria absoluta e sem acesso a bens elementares. Não há outro caminho mais eficiente para combater desigualdades, concretizar direitos fundamentais e conceber uma sociedade mais justa do que trafegar na estrada da política.

    Então aqui, Senador Styvenson, falei da importância do trabalho de V. Exa. de educação no trânsito, mas também do trabalho de educação política que faz. Eu sempre digo isso quando entro em uma escola, quando entro em uma faculdade, quando eu ando nas ruas e alguém me diz: "Ah, eu não gosto de político". Eu sempre faço uma outra pergunta: você não gosta de político ou você não gosta da política? Porque, se você não gosta do político, você pode trocá-lo a cada eleição, mas a política faz parte do seu dia a dia, e essa é a forma de transformar a nossa realidade. E é nela que encontraremos os elementos necessários para construir um tempo de esperança para os demais que sofrem. Já alcançamos o patamar de consolidação histórica e conceitual dos direitos.

    Resta-nos o esforço político comprometido e diário para materializar e transformar a realidade social e concretizar os desejos constitucionais mais profundos. Esse é o ensinamento, inclusive, de Norberto Bobbio, em A Era dos Direitos.

    Os tempos atuais nos presenteiam com conhecimentos consolidados que podem modernizar o exercício da atividade política e gerar uma cidadania de resultado para um máximo de pessoas. É chegado no Brasil o tempo de uma democracia ainda mais evoluída, de um Estado que acelere a concretização dos ideais constitucionais da nossa Carta de 1988. Amadurecer e, sobretudo, exercitar o cotidiano: tais conceitos são dever da classe política.

    Por outro lado, é mais do que urgente que recuperemos um ambiente democrático onde diálogo e o respeito sejam os nossos maiores guias, é preciso buscar a política como arte de construir consensos, pavimentar soluções inovadoras, mediar conflitos e harmonizar a polarização ideológica barulhenta e também improdutiva que contaminou a sociedade brasileira. É preciso voltar ao ideal de Aristóteles, que nos ensinava: "O objetivo principal da política é criar amizade entre os povos da cidade".

    É neste contexto reflexivo que trago a esta Casa um tema da mais alta relevância. Recentemente, o Ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, apresentou a Política Nacional de Desenvolvimento Regional, materializada no Decreto 9.810, de 30 de maio de 2019. Em uma síntese rápida, pode-se dizer que o plano tem a ambiciosa e nobre missão de concretizar um dos mais importantes princípios da Constituição, que, em seu art. 3º, inciso III, diz:

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

[...]

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais [...]

    Então, quando eu falo sobre esse assunto remeto a um dos meus últimos pronunciamentos que foi sobre o analfabetismo, em que mostrei a desigualdade demonstrada pelo IBGE, que demonstra que existem vários brasis no nosso Brasil. Quando pegamos o dado estatístico do Estado do Rio de Janeiro, onde é informado que 2% da população são compostos por analfabetos, e comparamos com o Estado de Alagoas, que tem um número superior a 17%, percebemos que há uma grande desigualdade.

    Então, não se pode tratar os desiguais de maneira igual; há que se ter realmente um olhar diferenciado porque estamos falando de algo que é um todo, que é o Brasil.

    A iniciativa do Ministério do Desenvolvimento Regional vem em bom tempo. Efetivar esse objetivo fundamental da República é mais do que urgente. Mais do que uma política de governo, reduzir as desigualdades regionais e sociais também deve ser uma ação de Estado e muito em breve o Senado também pode e deve ser protagonista, para que esse ideal de concretizar as ideias constitucionais da Carta de 1988 aconteça.

    Em várias regiões deste imenso Brasil, o desenvolvimento chega a passos mais lentos. É o caso do nosso Nordeste, aqui nós estamos falando especialmente da nossa Região, do Nordeste, onde as coisas demoram um pouco para chegar. Há uma preocupação enorme com o que é revelado em alguns momentos, como foi o último dado exposto pela mídia com a destinação dos recursos feita pela Caixa Econômica Federal para o Brasil e a desigualdade que havia para o Nordeste. Inclusive, o Presidente da Caixa Econômica convidou vários Senadores – eu estive lá, Senador Styvenson esteve lá –, explicando o motivo daquela desigualdade nos recursos destinados e basicamente resumindo a culpa, digamos assim, o fato de aquele número ser muito baixo à falta de projetos pelos Estados.

    Então, é importante, como também representantes da Federação, levarmos isso ao conhecimento também dos governantes, dos Governadores, para saber se de fato são projetos ou se de fato é uma política determinada. Porque, pelo que foi demonstrado pelo Presidente da Caixa Econômica Federal, há uma grande força de vontade para ajudar os Municípios, para ajudar o Nordeste. Inclusive, ele falou que visitou várias regiões do Nordeste, alguns locais, pela primeira vez, recebiam visita do Presidente da Caixa Econômica, abrindo superintendências regionais. Mas é necessário que façamos o nosso papel e também saber se aquilo que chegar aos ministérios será dada prioridade.

    E eu digo, repito, esse discurso é para dizer que tem que haver prioridade. Por quê? Porque o Nordeste é desigual. No Nordeste, as pessoas não sabem ler, 17% das pessoas não sabem ler no meu Estado de Alagoas. É onde estão os maiores indicadores. No Nordeste, nós temos grandes taxas de homicídio também, como foi relatado aqui. Nós temos carência de políticas públicas efetivas que mudem a vida das pessoas, sem dúvida nenhuma. Por isso, é necessário levantar sempre essa bandeira. Para se ter uma ideia, no meu Estado de Alagoas, com pouco mais de 3 milhões de pessoas, 600 mil estão abaixo da linha da pobreza. Nesse sentido, um plano que se presta a equalizar os abismos regionais se demonstra fundamental.

    A Política Nacional de Desenvolvimento Regional está alicerçada em princípios como o da transparência, da participação social, da solidariedade e da cooperação federativa, além do desenvolvimento sustentável, competitividade e equidade do sistema produtivo. E tem como objetivo central promover o desenvolvimento e a qualidade de vida em regiões com baixos indicadores socioeconômicos.

    Outro ponto fundamental é que essa política adotará como estratégia a estruturação do sistema de governança do desenvolvimento regional e a implementação do núcleo de inteligência regional, podendo fazer leituras mais eficientes dos dados e indicadores sociais das regiões menos favorecidas do Brasil.

    Diante desse contexto, inclusive, apresentei à Lei de Diretrizes Orçamentárias emenda para que sejam publicadas informações e estatísticas sobre a execução das políticas públicas, possibilitando assim maior gestão da execução dessas políticas. É dessa forma que podemos agir de maneira mais assertiva. Sua implementação com certeza pode ser um caminho decisivo para o Brasil.

    É o que nós chamamos hoje de uma palavra que os gestores públicos estão escutando cada vez mais, mas que já é uma realidade na iniciativa privada: a palavra que se chama governança. O que é governança? É você buscar justamente efetividade, é você ter aquele princípio básico da administração de medir para poder avaliar. Como você vai administrar algo que não consegue medir? Como você vai saber se é necessário levar, por exemplo, um serviço odontológico ou oftalmológico para um bairro se você não tem essas estatísticas, não conversa com as pessoas, não tem esses dados? Então, dados são tudo para a administração. Essa ideia também de inserir na LDO uma emenda que trate da possibilidade de ter um sistema para controlar a evolução e a porcentagem das políticas públicas é algo que, com certeza, vem para acrescentar.

    Num país que ostenta a marca de indicadores sociais preocupantes e possui, em seu DNA histórico, a tatuagem da desigualdade, é chegada a hora de um esforço concentrado do Governo Federal para suplantar esse trágico retrato da injustiça social, conduzindo o Brasil a um horizonte de maior dignidade para o seu povo.

    Precisamos superar uma lógica política que cria falsas dualidades, construções binárias distorcidas e uma dialética destrutiva alicerçada em dicotomias que não fazem mais sentido. A construção de uma retórica política que esteja além dos muros é tarefa das mais relevantes para a classe política e para a sociedade brasileira.

    Nós mesmos, como Senadores, sempre temos que pensar nisto: a nossa palavra aqui repercute. Falar e fácil, mas nós temos que dar exemplos também. Estamos hoje sendo monitorados. Aqui estou falando sobre acesso a informação, a dados. Nossas notas fiscais, desde o mês passado, estão disponíveis para o cidadão que quer acompanhar os gastos dos Parlamentares, como deveria ser desde sempre. Então, isso é o quê? Isso é transparência. A gente fala tanto sobre transparência, se algum Senador for contra, não pode aqui falar que quer transparência. A transparência vai desde o voto aberto, que foi a nossa primeira bandeira aqui, até a solução daquilo que for apresentado, sim, aqui ao Plenário. O Parlamentar quer saber se aquele requerimento vai à votação. Se ele vai ser aprovado ou não, a conversa é outra, mas é nosso dever, sim, exigir que se chegue até os finalmentes. Quem assume a responsabilidade tem que assumir também compromissos públicos de tornar tudo público.

    Faz-se necessário que o pensamento sistêmico e complexo ganhe corpo na política. Só assim seremos artífices das verdadeiras soluções para os graves problemas sociais que enfrentamos.

    Já encaminhando para o final, nós sabemos que somos guiados por esse olhar cada vez mais arejado e que devemos perceber o papel da atividade estatal. Há facetas do Estado que precisam passar por desconstruções, já que revelam um lado ineficiente e improdutivo e, assim, impedem o mercado de ser protagonista na construção de riquezas e promoção de desenvolvimento, com a consequente materialização da livre iniciativa, também como está previsto no art. 170 da Constituição.

    Inclusive, foi aprovada ontem a medida provisória da liberdade econômica, que chega agora ao Senado e que também vem nesse sentido. A medida estabelece garantias de livre mercado e dispõe sobre a atuação do Estado como agente normativo e regulador, observando sua aplicação e interpretação dos direitos civil, empresarial, econômico, urbanístico e do trabalho.

    Nesse sentido, eliminar barreiras estatais burocráticas, elaborar mecanismos de governo digital, melhorar o custo Brasil e conceber um ambiente de negócios mais eficiente para o setor produtivo por intermédio do exercício da administração, colega Styvenson, pode ter certeza de que é essa a nossa função.

    O Sr. Styvenson Valentim (PODEMOS - RN) – V. Exa. está encerrando?

    O SR. RODRIGO CUNHA (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - AL) – Estou encerrando. Vou, inclusive, fazer uma menção ao seu Estado, porque nós tivemos hoje novos números apresentados pelo IBGE. É importante também mostrar essa desigualdade, que é o tema que eu trago hoje para falar com os senhores.

    Nessa desigualdade, por exemplo, como afirmei aqui, a taxa de analfabetismo no Rio de Janeiro é de 2%, em Alagoas é de 17%. Hoje o índice divulgado foi o índice da média nacional de desempregados. Nós temos no País uma média de 12%, e as três maiores taxas estão no Nordeste: Bahia com 17%, Pernambuco com 16%, em Alagoas o índice é de 14%. O Rio Grande do Norte, colega Styvenson, é um pouco acima da média, chega a 12,5%, também acima do nosso índice nacional.

    Então, os desafios são enormes. Para enfrentar isso, nós temos que esperar também essa desigualdade regional, com grandes desafios... Vamos tratar, já estamos tratando desde o início da semana, da reforma tributária, vamos falar sobre a reforma previdenciária. Com certeza, será o tema que vai dominar todos os noticiários e toda a nossa atuação. Vamos falar sobre a reforma política também, que tem que ser bem avaliada e discutida, sempre e eternamente, por esta Casa, para que seja, de fato, a vontade dos cidadãos refletida nos votos que fizeram com que aqui estejam os seus legítimos representantes. Que eles olhem para esta Casa e vejam que aquele Senador os representa. Então, eles têm que ter esse sentimento. Porque, quem nos coloca aqui são as pessoas. Quem coloca aqui alguém para um cargo eletivo são as pessoas. Então, é importante tratar sempre disso.

    Dessa forma, enfrentando esses desafios com inteligência e seriedade, é que certamente construiremos uma nação forte e pujante e faremos do Brasil um lugar que cuida de todos os brasileiros da forma mais justa e menos desigual.

    Eu queria deixar este recado, principalmente levantando esse número. O principal, como se fala tanto, o programa social que é o emprego. Se eu mencionar que 12% da população estão à margem da possibilidade de mostrar o seu valor... Imaginem o que é um jovem que quer mostrar o seu valor e que não consegue um emprego, o que é um marido que não consegue levar o sustento para a sua casa, uma mulher que não consegue um trabalho para dar algo melhor para o seu filho e para si mesma? Então, é necessário que a gente tenha sempre em mente se nossas decisões aqui refletirão sim no aumento do desemprego ou no aumento do emprego.

    A forma inteligente... Até vou abrir um pouco o coração aqui. O Senador Styvenson é um grande amigo, mora no mesmo prédio que eu. Eu estava com meus filhos. Meu filho olhou para o Styvenson, um cara meio forte, e me disse: "Pai, ele é Senador?" Ele é Senador. E perguntei a ele: você sabe onde é que está a força dele? Ele falou: "Ele é forte, né?" Mas a força dele está no coração. Então, V. Exa., no coração e na mentalidade, passou aqui um grande exemplo, o exemplo de que é necessário, independentemente das consequências, tomar suas posições, ser coerente para contar uma história ao final dos oito anos, dos quatro anos, se assim o povo decidir, é algo inspirador.

    Então, nós estamos aqui, Senador Girão, com esse objetivo, livre de amarras, sem rabo preso, com o único compromisso de devolver toda a confiança que foi depositada no Senador Girão, no Senador Rodrigo, no Senador Styvenson, da melhor forma possível, que é através do trabalho.

    Então, V. Exa. destacou um trecho da minha fala. Eu quero destacar também um trecho do que foi falado aqui pelo Senador Styvenson.

    Quando a gente fala do radar móvel, estão pensando: "Ah, é a multinha que chega lá em casa". Se V. Exa. pegar a quantidade de pessoas mutiladas que chegam a uma unidade de emergência do Agreste, lá em Arapiraca – que perdem um braço, que perdem uma perna, quando não perdem a vida –, por uma motocicleta, porque andam de maneira indiscriminada, é altíssima. O custo que se tem para manter uma pessoa dessa, para conseguir que ela viva e depois tenha uma sobrevida é enorme!

    Então, isso é o quê? Isso é eficiência, isso é preocupação no todo; não é o discurso fácil. Então, é importante comprar essas batalhas, doa a quem doer, mas é a coerência.

    Por isso, agradeço a paciência dos senhores aqui e deixo esses pontos.

    O Sr. Styvenson Valentim (PODEMOS - RN. Para apartear.) – Eu preciso comentar, Senador Rodrigo, Senador Girão, o início da fala do senhor: logo quando o senhor começou a sua oratória, o senhor falou sobre o que era política, na visão até dos gregos, aristotélica. E eu pude sentir isso ontem – o Senador Girão percebeu isso, porque nós somos muito próximos aqui; nós três conversamos muito –, ontem a minha reação, quando o projeto de lei passou, terminativo: eu entendi, de forma prática, por mais que já tenha lido Aristóteles falando que a política é a felicidade, a individual e a coletiva – a individual que eu falo é a minha –, e eu entendi a felicidade coletiva ontem quando o projeto passou, Senador Girão, quando o PLC 37 passou, pelo bem que a gente está fazendo pela sociedade. Muitas vezes ela não compreende naquele momento que manter daquela forma é preservar a vida dela. Ela confunde a liberdade dela, a liberdade individual, com a felicidade. Então ontem eu pude sentir na prática, mais uma vez, pelo projeto que libera o FGTS para tratamento de saúde, para cirurgias eletivas, aquelas cirurgias que as pessoas estão esperando pelo SUS, e nada mais justo, porque o dinheiro é do trabalhador. Aquilo faz a gente ficar feliz, quando a gente faz algo bom.

    Então, dá para entender agora todo o discurso que o senhor fez em relação a falar sobre a desigualdade, a educação, comparando os Estados, a taxa de desemprego. Se nós aqui ficarmos felizes em fazer a felicidade das pessoas lá fora, a coletividade, é assim que funciona, com a nossa ética, com a nossa dedicação, com o nosso compromisso, com o nosso pensamento retilíneo em realizar missões, tarefas.

    Como ontem, quando eu planejei... Eu preciso deixar claro aqui, Senador Girão, já que a gente está falando abertamente. Muitas vezes a gente esquece que está falando para o Brasil todo, a gente vive aqui praticamente um Big Brother, tem hora que a gente esquece que há câmeras por todos os lados, que todo o País está ouvindo. Mas é fruto da nossa sinceridade, Senador Rodrigo, o que eu vou dizer: com esse projeto que passou ontem eu pensei em fazer o melhor para a população, utilizar o que é dela para ela, que é o FGTS. Que todo trabalhador use para a saúde e para a educação de forma geral, ampla, nível superior, pós-graduação, mestrado, o que ele quiser fazer. Eu pensei em fazer o bem para a sociedade. Aí me acusaram, em um momento, de estar agindo com intenções...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Styvenson Valentim (PODEMOS - RN) – ... lobistas para a educação. Esqueceram-se da saúde pública. E ontem, durante a discussão, o foco foi todo na saúde.

    Então, só traduzindo tudo que o senhor falou sobre política, a política de Aristóteles, essa felicidade que eu senti ontem eu espero sentir muito mais. Eu espero cada vitória nossa, Senador Girão... Eu espero e peço a Deus todos os dias que desengavete a CPI da Lava Toga, que a gente bote a limpo, dê transparência, coloque em cima da mesa todos os problemas e discuta, coloque na mesa para a gente votar. Eu acho que é a forma mais democrática.

    Quando o senhor fala de igualdade, por mais que todos os Senadores, essas 81 cadeiras azuis com várias bandeiras dos Estados, eu não me sinto tão igual aqui dentro, porque sempre tem um privilégio, sempre tem alguém acima de alguém aqui dentro, sempre tem o alto clero. Se, para participar do alto clero, for preciso acabar com a minha ética ou com o meu foco ou com os meus princípios, eu prefiro ficar sempre atrás, sempre abaixo, mas fazendo a coisa certa para a população, porque eu entrei aqui de cabeça erguida e vou sair, Senador Girão, de cabeça erguida. Doa a quem doer, aconteça o que acontecer, eu vou cumprir a missão que a população me deu.

    Então, é essa a minha felicidade. Hoje eu compreendo o que é a política, a política é isto: tornar as pessoas felizes através dessa representatividade.

    Era isso.

    O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. PODEMOS - CE) – Senador Rodrigo Cunha, se me permite um aparte também, existe uma frase, pegando o que o Senador Styvenson falou, que me inspira muito, que é de um tio-avô meu, mesmo nome, Eduardo Girão, um jurista, um pensador. Ele dizia assim: "Há duas fontes perenes de alegria pura: o bem realizado e o dever cumprido". Então, você colocar a cabeça no travesseiro e dormir toda noite sabendo que você fez o melhor e foi justo é muito importante.

    Ontem eu tive a alegria de participar da vitória desse projeto que libera o FGTS para as pessoas que têm necessidade de fazer cirurgias, que têm necessidades, que precisam estudar uma faculdade, um direito justo, legítimo. Se o próprio Governo está querendo liberar o FGTS para aquecer a economia, por que não? Seria incoerente que não fizesse isso também para urgências como essas, são coisas importantes. E o Senador Styvenson foi um guerreiro. Na hora lá ainda se tentou procrastinar para ficar para depois, mas ele segurou, outros Senadores também seguraram, e nós conseguimos aprovar esse projeto de autoria do Senador Styvenson e de relatoria da Senadora Mailza Gomes.

    Quero parabenizar V. Exa. pelo seu pronunciamento, muito coerente, muito sereno, como sempre. Quero dizer da sua coragem também aqui, o senhor chegou chegando e continua firme com seus ideais de cidadania, defendendo o consumidor, está à frente de uma Comissão muito importante desta Casa, que é a Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle. Também tive a honra de tê-lo como meu sucessor na Liderança do bloco e fico muito feliz, porque sei que o senhor vai desenvolver um grande trabalho, vai fazer algo diferente, como o senhor já faz na política.

    Parabéns pelo seu pronunciamento, pelos dados que trouxe aqui, que só nos fizeram aprender, engrandecer.

    E pode concluir o seu pronunciamento, fique à vontade.

    O SR. RODRIGO CUNHA (Bloco Parlamentar PSDB/PSL/PSDB - AL) – Bem, Senador, Presidente Girão, agora apenas para agradecer aos colegas, dizendo que é importante, cada vez mais, reforçar a nossa história, sempre lembrar como foi que o Styvenson chegou aqui, como foi que o Rodrigo, o Girão, porque eu tenho certeza absoluta, e disse isso na minha intervenção, de que não foi da forma mais fácil, mas sim daquela que hoje está conectada com a sociedade.

    Então, mencionei a trajetória de ser contrário a uma tradição de que só se dá bem quem faz aquele assistencialismo. O Senador aqui foi numa linha educativa, numa linha punitiva, mas de acordo com a legalidade. E a população hoje reconhece, o povo não é tolo. A informação chega no bolso de todo cidadão.

    Da mesma forma era quando eu percorria o Sertão alagoano, Senador Girão. As pessoas falavam: "Rodrigo, não vá para lá, porque ali as pessoas vendem o voto. Ali o povo sertanejo precisa de dinheiro". E aí ninguém nunca me convenceu disso, porque a parte mais sensível do corpo de um sertanejo não é o bolso, é o coração.

    Então, todas as pessoas são iguais. Do que precisam é acreditar em outras pessoas. Eu sempre digo isto: acreditem sempre, não joguem a toalha e, com certeza, nós iremos dar orgulho àqueles que nos colocaram aqui.

    Muito obrigado.

    E vamos seguir firme, porque o dia é longo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/08/2019 - Página 58