Comunicação inadiável durante a 218ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Leitura de artigo do jornalista Elio Gaspari intitulado "Tomar dinheiro de desempregado é covardia", sobre a proposta do Governo Federal de taxar o valor do seguro-desemprego em 7,5% para financiar programa de estímulo ao emprego.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Comunicação inadiável
Resumo por assunto
TRABALHO:
  • Leitura de artigo do jornalista Elio Gaspari intitulado "Tomar dinheiro de desempregado é covardia", sobre a proposta do Governo Federal de taxar o valor do seguro-desemprego em 7,5% para financiar programa de estímulo ao emprego.
Publicação
Publicação no DSF de 19/11/2019 - Página 9
Assunto
Outros > TRABALHO
Indexação
  • LEITURA, ARTIGO, AUTORIA, JORNALISTA, ELIO GASPARI, REFERENCIA, POSSIBILIDADE, IMPOSTOS, SEGURO-DESEMPREGO, OBJETIVO, FINANCIAMENTO, PROGRAMA DE GOVERNO, INCENTIVO, EMPREGO, CRITICA, ORADOR.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para comunicação inadiável.) – Seria pela ordem ou como orador inscrito nas comunicações inadiáveis.

    Sr. Presidente, eu quero fazer um registro do artigo do jornalista Elio Gaspari.

    Elio Gaspari é um jornalista conceituado, reconhecido no Brasil e no mundo.

    Diz ele: "Tomar dinheiro do desempregado é covardia". O que é que diz Elio Gaspari?

Tinha razão o poeta Augusto dos Anjos, “a mão que afaga é a mesma que apedreja”, mas Paulo Guedes afaga para cima e apedreja para baixo.

O doutor Paulo Guedes [segundo ele] garantiu a sua presença nos anais da ciência econômica: propôs a taxação dos desempregados para financiar um programa de estímulo ao emprego. Não se conhece iniciativa igual no mundo [diz ele, em todos os séculos, ou seja], nos séculos afora.

Pela proposta da equipe econômica, os brasileiros que recebem o seguro-desemprego, que vai de R$998 a R$1.735, pagarão de R$75 a R$130 como contribuição [...] [para a previdência]. O sujeito perdeu o emprego, não tem outra renda, perde o benefício, que dura até cinco meses, e querem mordê-lo em 7,5% do que é pouco mais que uma esmola.

Se isso fosse pouco, no mesmo pacote a equipe econômica desonerou os empregadores que aderirem ao programa do pagamento de sua cota previdenciária de 20%.

    Então, o empregador deixará de pagar, nesse sistema verde e amarelo, 20% sobre a folha, e o desempregado vai ser taxado em 7,5%.

    Ele encerra dizendo:

Tinha razão o poeta Augusto dos Anjos, “a mão que afaga é a mesma que apedreja”, mas o doutor Paulo Guedes afaga para cima e apedreja para baixo.

Tomar dinheiro dos miseráveis era coisa comum, [mas] no tempo da escravidão. Em 1734, para combater “a ociosidade dos negros forros e dos vadios em geral” a Coroa cobrava quatro oitavas de ouro a cada bípede livre que vivia na região das minas. Em 1835 a Assembleia da Bahia tomava dez mil réis de todos os negros libertos nascidos na África. Esse imposto rendia um bom dinheiro, algo como [semelhança pode ser] 7,6% do orçamento da província. [Aqui estão descontando 7,5% do desempregado.] Eram tungas de outra época.

No século XXI, a equipe econômica de Guedes quer arrecadar R$11 bilhões em cinco anos com argumentos mais refinados e cosmopolitas. Como o programa de estímulo ao emprego [e aí ele bota entre parênteses] (e à propaganda oficial) gera despesa, deve-se indicar uma fonte de receita para custeá-lo. Sob o céu de anil deste grande Brasil, os doutores miraram no bolso dos desempregados que conseguem acesso ao seguro-desemprego, um benefício restrito aos trabalhadores do mercado formal. Em julho, 11,7 milhões de pessoas trabalhavam sem carteira assinada.

O argumento dos doutores pode ser uma girafa social, mas parece matematicamente [para eles] correto.

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) –

É intelectualmente desonesto porque o programa de estímulo ao emprego dos jovens durará só até 2022, enquanto a tunga do seguro dos desempregados ficará para sempre.

[...]

    Artigo do jornalista Elio Gaspari, que foi publicado neste fim de semana sob o título "Tomar dinheiro de desempregado é covardia".

    Obrigado, Senador Kajuru.

    Obrigado, Senador Izalci.

    Está feito o registro.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/11/2019 - Página 9