Discussão durante a 42ª Sessão Deliberativa Remota, no Senado Federal

Elogio ao Projeto Conexão Saúde, coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o qual permitiu a redução em 90% das mortes decorrentes da Covid-19, por meio de atendimento de saúde integral aos moradores das comunidades da Maré e de Manguinhos, no Rio de Janeiro (RJ).

Autor
Kátia Abreu (PP - Progressistas/TO)
Nome completo: Kátia Regina de Abreu
Casa
Senado Federal
Tipo
Discussão
Resumo por assunto
SAUDE:
  • Elogio ao Projeto Conexão Saúde, coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o qual permitiu a redução em 90% das mortes decorrentes da Covid-19, por meio de atendimento de saúde integral aos moradores das comunidades da Maré e de Manguinhos, no Rio de Janeiro (RJ).
Publicação
Publicação no DSF de 14/05/2021 - Página 45
Assunto
Outros > SAUDE
Indexação
  • ELOGIO, PROJETO, NATUREZA SOCIAL, COORDENAÇÃO, FUNDAÇÃO INSTITUTO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ), REDUÇÃO, MORTE, NOVO CORONAVIRUS (COVID-19), PANDEMIA, COMUNIDADE, RIO DE JANEIRO (RJ).

    A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO. Para discutir.) – Presidente, eu gostaria, primeiro, de parabenizar os seus 100 dias, com muita altivez, com muita sinceridade, com muita tranquilidade, organização... Gostei muito da nossa convivência nesses 100 dias. Senti-me totalmente contemplada. Inclusive nas decisões complexas, você teve todo o espírito público e lealdade com todos os seus colegas e todos aqueles, não só seus colegas, que o apoiaram. Mas, milagre, nós ainda não estamos autorizados a fazer.

    Eu gostaria de dar uma boa notícia, Sr. Presidente. E vou ler, rapidamente, no meu tempo.

    As lições da favela, que reduziu mortes em 90%, enquanto o Rio de Janeiro vivia uma tragédia.

    Projeto Conexão Saúde. É coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz e conta com a parceria de várias instituições sociais. Trata-se de um modelo de atendimento de saúde integral, direcionado aos moradores da Maré e de Manguinhos, duas favelas do Rio de Janeiro, no entorno da Fiocruz.

    Na ausência do Estado, quem está agindo são os pesquisadores, moradores, ONGs e sociedade civil. Sem contar com o financiamento público, o projeto implementado conseguiu recursos do fundo Todos pela Saúde, do Banco Itaú Unibanco – sou obrigada a falar, não é fazer propaganda –, pelos três primeiros meses de existência.

    Os idealizadores demonstraram que é possível fazer entrega de alimentos e testes, fazer o isolamento, testagem em massa e toda a logística, mas é responsabilidade do poder público fazer isso. Esse trabalho está sendo feito por conta da ausência do Estado.

    Projeto criado por moradores, Fiocruz e ONGs, tem plano de isolamento sob medida para moradores da favela da Maré, testagem em massa para Covid-19 e atendimento médico por telefone. O grande dilema dos moradores da comunidade: como se alimentar e se manter se não poderiam trabalhar com sintomas da Covid? Pelo projeto, quem precisa ficar em casa, recebe todo o apoio e acompanhamento necessário. O morador recebe o oxímetro e um kit com produtos de higiene, produtos de limpeza, máscara e álcool em gel. Tão fácil, não é, gente? Passa a ter acompanhamento médico por telefone, acesso às sessões online com uma psicóloga, e alimentação diária, pelos 14 dias que passam isolados em casa. O projeto também inclui testagem em massa e muita comunicação: redes sociais, conteúdos para circular em WhatsApp, uma porção de panfletos, jornal comunitário, faixas... Tudo isso para combater notícias falsas na comunidade.

    Caso o morador more com outros familiares, assistentes sociais voluntários do projeto fazem uma avaliação das condições de moradia e criam uma estratégia de isolamento. No caso concreto da matéria da BBC, a que eu assisti, copiei da BBC... Ninguém do projeto me pediu para fazer isso aqui.

    Os familiares foram alocados por 14 dias na casa de familiares e amigos que também estavam com Covid, enquanto o ente contaminado cumpria o isolamento pelo período, acompanhado pela Conexão Saúde. Ou seja, os com saúde iam para casa dos amigos para os doentes ficaram isolados em casa. Não sendo possível a realocação dos familiares, a recomendação é uso de máscaras por todos na residência, 24 horas por dia, lavagem das mãos, álcool em gel, separação dos pratos e talheres. Com todos esses cuidados do Projeto Conexão Saúde, após 15 semanas de implementação do programa, o resultado, Sr. Presidente, foi que 96% das pessoas atendidas pelo programa ficaram em isolamento em casa por 14 dias, reduzindo a transmissão do coronavírus e reduzindo em 87% as mortes por Covid na comunidade da Maré, uma das maiores do Rio de Janeiro, com 140 mil moradores.

    Em suma, isso só foi possível com atendimento médico e psicológico por telefone, isolamento de infectados e testagem de mais de 10% da população, segundo dados da Fiocruz. É um projeto que merece o nosso aplauso, o registro nos Anais desta Casa, uma recomendação, uma correspondência, Sr. Presidente, parabenizando todos os membros desse projeto. Sinceramente, eu vi na mídia, na CNN, e resolvi fazer esse pronunciamento. Nunca falei com nenhum desses membros aqui sobre esse projeto, com os que estão promovendo esse belíssimo trabalho.

    O Ministério da Saúde poderia, com todas as secretarias de saúde dos Estados e Municípios, copiar esse belíssimo exemplo desse grupo voluntário nessas duas favelas do Rio de Janeiro.

    Obrigado, Sr. Presidente, pela oportunidade.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/05/2021 - Página 45