Discurso durante a 154ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação sobre a importância do futebol na promoção da igualdade racial. Destaque ao Sport Club Internacional pelas ações de conscientização e combate ao racismo, em especial, pelo uso do uniforme na cor preta em homenagem ao Mês da Consciência Negra.

Autor
Lasier Martins (PODEMOS - Podemos/RS)
Nome completo: Lasier Costa Martins
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Desporto e Lazer, Direitos Humanos e Minorias:
  • Manifestação sobre a importância do futebol na promoção da igualdade racial. Destaque ao Sport Club Internacional pelas ações de conscientização e combate ao racismo, em especial, pelo uso do uniforme na cor preta em homenagem ao Mês da Consciência Negra.
Publicação
Publicação no DSF de 19/11/2021 - Página 23
Assuntos
Política Social > Desporto e Lazer
Política Social > Proteção Social > Direitos Humanos e Minorias
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, ESPORTE, FUTEBOL, PROMOÇÃO, IGUALDADE RACIAL, DESTAQUE, TIME, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), CONSCIENTIZAÇÃO, COMBATE, RACISMO, UNIFORME, MES, NOVEMBRO, NEGRO.

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - RS. Para discursar. Por videoconferência.) – Muito obrigado, Presidente Rodrigo.

    Srs. Senadores, Sras. Senadoras, telespectadores, ouvintes, eu quero me integrar nesse tema do dia, tão bem e com tantos méritos defendido aqui pelo meu brilhante conterrâneo Paulo Paim, com três projetos sobre o racismo.

    Eu quero falar num tema relacionado ao que o Senador Romário conhece muito bem, o futebol e o negro. O que eu quero dizer é o seguinte, senhores: o futebol, lamentavelmente, tem sido palco de gestos intoleráveis de racismo, mas essa paixão mundial também pode ser um importante promotor da igualdade, da defesa, da dignidade de todos os indivíduos, independentemente da raça ou etnia.

    Um belíssimo exemplo disso foi dado ontem pelo Sport Club Internacional, de Porto Alegre, que prestou uma significativa homenagem ao mês da consciência negra durante a partida disputada no Mato Grosso contra o Cuiabá usando, o Internacional, pela primeira vez, em sua centenária e vitoriosa história, o uniforme na cor preta.

    Além de substituir sua tradicional e vitoriosa camisa vermelha por uma bela causa, preciso registrar que o Sport Club Internacional, fundado em 4 de abril de 1909, pelos irmãos Poppe, tem nas suas origens o objetivo de ser uma instituição democrática e sem qualquer tipo de preconceito. A defesa dos direitos humanos faz, portanto, parte da trajetória do Internacional.

    O gesto do Colorado ontem...

(Soa a campainha.)

    O SR. LASIER MARTINS (Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PODEMOS - RS) – ... na Arena Pantanal, pela 33ª rodada do Brasileirão, merece o nosso aplauso.

    A nova camisa, lançada juntamente com a Adidas, a fornecedora de material esportivo do clube, foi inspirada no manifesto Excelência Negra, de autoria de Marcelo Carvalho, um dos criadores do projeto Observatório da Discriminação Racial no Futebol. A iniciativa louva os homens e as mulheres negros do futebol brasileiro e enaltece suas conquistas.

    Além da cor predominantemente preta, a vestimenta especial traz detalhes do manifesto aplicado nos números com frases como "O negro no futebol brasileiro é a marca do Brasil", "Jogadores negros ganharam o mundo", entre outras. Também há um emblema bordado que descreve com a frase "É a coroa", um desenho de cabeleira do tipo black power.

    Recentemente, o Internacional lançou um emblema criado pelo artista Gonza Rodriguez, alusivo ao distintivo do clube, em homenagem ao 20 de novembro, em que celebramos, depois de amanhã, o Dia da Consciência Negra.

    Novas ações ainda serão anunciadas pelo Internacional para marcar o mês.

    A camisa masculina na cor preta já está à venda nas lojas do clube, e o seu modelo feminino chegará nos próximos dias. A campanha de lançamento do uniforme tem participação de jogadores, grandes jogadores – Patrick, Taison, Edenílson –, pessoalmente engajados contra o racismo. O artilheiro colorado Taison, inclusive, já vinha levando aos gramados a sua empreitada pessoal contra o crime do racismo por meio da simbologia do punho fechado e levantado durante a comemoração dos seus gols. O ato simbólico foi adotado pelo craque como reação ao deplorável preconceito que ele sofreu há pouco tempo, quando ainda atuava pelo time do Shakhtar Donetsk, da Ucrânia. Desde lá, ele vem repetindo o gesto, que tem suas origens no símbolo do movimento Black Power, em favor dos direitos civis dos negros americanos, que ganhou o imaginário universal nas Olimpíadas de 68, na Cidade do México, quando dois atletas afro-americanos ergueram os punhos cerrados no pódio.

    Mais de cinco décadas depois, a luta contra a injúria e a injustiça racial continua e tem no esporte um meio de conscientização.

    Novamente, meus cumprimentos ao Colorado, cumprimentos à pauta de hoje, cumprimentos ao autor de tantos projetos como é Paulo Paim.

    Nossa homenagem à consciência negra.

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/11/2021 - Página 23