Discurso durante a 19ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Críticas à alta taxa de juros praticadas no País. Preocupação com as possíveis consequências da paralisação da economia e da produção nacional, aumento da dívida pública e aumento da miséria e da pobreza.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Economia e Desenvolvimento:
  • Críticas à alta taxa de juros praticadas no País. Preocupação com as possíveis consequências da paralisação da economia e da produção nacional, aumento da dívida pública e aumento da miséria e da pobreza.
Publicação
Publicação no DSF de 24/03/2023 - Página 21
Assuntos
Política Social > Proteção Social > Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Economia e Desenvolvimento
Indexação
  • CRITICA, TAXA, JUROS, TAXA SELIC, EFEITO, ECONOMIA, PRODUÇÃO, DESEMPREGO, ENDIVIDAMENTO, FAMILIA, AUMENTO, POBREZA, REDUÇÃO, DIVIDA PUBLICA.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para discursar.) – Exmo. Sr. Presidente, Rodrigo Pacheco, Sras. e Srs. Senadoras e Senadores, quero tecer hoje aqui rápidas considerações sobre este debate que está na sociedade e no mundo: a questão da taxa de juro.

    Lembro eu, Presidente, que o saudoso Presidente da República José de Alencar era um defensor tenaz da redução da taxa de juros. Empresário, amado por todos, homem do setor têxtil – eu diria –, a maior liderança da América Latina nessa área, grande gerador de emprego e renda, ele sabia muito bem do que falava, tinha conhecimento de causa. Essa era uma das grandes causas que ele defendia. Foi Senador, Vice-Presidente da República e empresário. Infelizmente faleceu. A falta que ele nos faz é enorme!

    Os juros atuais no país são altíssimos, paralisam a economia e a produção nacional. A Selic, 13,75%, uma das mais altas do mundo! Isso enfraquece a economia, o crédito e leva para o caminho do desemprego. Assim, temos que ter uma política geradora de empregos, e não geradora de desemprego. Famílias inteiras estão endividadas. A miséria e a pobreza aumentam. O país precisa construir políticas públicas humanitárias para atender a nossa gente tão sofrida.

    Presidente, a redução da taxa de juros é também, sim, uma questão de direitos humanos. A política econômica e a política monetária devem ser orientadas também para o bem de todos: homens, mulheres, crianças, brancos, negros, índios, enfim para toda a nossa gente. Assim eu creio e, por isso, assim eu falo.

    Presidente, os juros atuais, sem sombra de dúvida, Senadores e Senadoras, sufocam o setor produtivo, asfixiam o consumidor. Estamos no topo do ranking global de juros reais, segundo o levantamento de institutos especializados. As altas taxas de juros vêm impedindo que a gente possa aproveitar todo o nosso potencial para alavancar, de uma vez por todas, nossa economia para que o Brasil se torne, de fato, um país do presente e não só um país de que se fala no futuro. Reduzir as taxas de juros é abrir janelas de oportunidades, é permitir que investimentos sejam conduzidos para o setor produtivo, e não para a especulação financeira. Reduzir juros é permitir que o consumo aumente, porque o crédito fica, inclusive, mais barato, e mais pessoas terão condição de comprar. Nesse sentido, todos vão ganhar: se o povo compra, o empresário produz, lucra, e é legítimo, e a qualidade de vida de todos aumenta. A roda da economia, assim, gira; ela age por si só, transforma-se em uma economia de vida – de vida!

    Reduzir juros é também reduzir a dívida pública. Com isso, teríamos mais recursos para o social, para o Governo investir no progresso, no crescimento e no desenvolvimento do país. O Brasil precisa reduzir a taxa de juros. É uma necessidade, é vida, é progresso, repito. A economia brasileira precisa ser dinamizada para que haja mais produção, mais empregos. Precisamos ter foco, temos que ter como farol a distribuição de renda.

    Não é só o Presidente Lula que está questionando a alta taxa de juros, podem crer, não é só ele não. Eu acho que todos nós aqui nos preocupamos com essa alta taxa de juros. Olha, eu chego a dizer: façam uma pesquisa no Brasil. De cada dez pessoas, nove são contra a alta da taxa de juros. Podem fazer a pesquisa que eu tenho certeza de que não vai haver erro. E eu vou mais além: eu chego a dizer que, na minha avaliação, 99% da população brasileira é contra essa alta taxa de juros, que é a maior do mundo.

    Eu me socorro aqui rapidamente – não quero fazer disso um debate ideológico, polêmico desse ou daquele partido – do ex-Ministro Guido Mantega, que, em entrevista agora, não lá atrás, mas agora, disse que o Brasil deveria ser como os Estados Unidos. Ele disse isso ontem. Alguém poderá dizer: "O Paim dando exemplo dos Estados...". Sim! Qual é o problema? Se for além, eu digo. Tenho uma filha que mora nos Estados Unidos, casada lá, e tem filhos norte-americanos. E daí? Qual é o problema?

    Bom, o ex-Ministro disse: "O Banco Central, nos Estados Unidos, é autônomo e independente". Só que lá o Presidente do país, ao ser reeleito, ao assumir, pode indicar o Presidente do Banco Central para que ocorra, se assim ele entender necessário, harmonia, conexão e equilíbrio da visão política e econômica do eleito.

    O nosso sistema financeiro é sólido, é lucrativo – ninguém tem dúvida. Ele pode e tem condições de fazer a sua parte. Que a redução da taxa de juros no Brasil possa também se fazer acompanhar de uma redução nas tarifas praticadas pelos bancos. Reduzir as taxas de juros é agir em nome do interesse público pelo bem coletivo, pelo bem do povo brasileiro, de todo setores, prezando, assim, a responsabilidade social e o respeito à cidadania brasileira.

    Temos que avançar, Presidente – e aqui eu termino –, temos que avançar.

    Há uma frase que eu tenho dito quase que permanentemente: as políticas humanitárias têm que estar em primeiro lugar para o bem de todos, para o bem desta linda nação, deste gigante país que é o Brasil.

    Era isso, Presidente. Obrigado pela tolerância de V. Exa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/03/2023 - Página 21