Discurso durante a 75ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Em fase de revisão e indexação
Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para discursar.) – Senador Hiran, Senador Girão e Senador Confúcio, a minha fala de hoje é uma fala de agradecimento, gratidão sobre o que eu passei de segunda a este fim de semana. E vou aqui meio devagar, mas falarei como foi na comissão de reitores, que recebi hoje pela manhã.

    Presidente Hiran, entre os dias 29 de maio e 2 de junho, cumpri uma série de agendas na Região Metropolitana de Porto Alegre. Fui a São Leopoldo, a Canoas para ver como é que estava o povo nesse momento tão difícil que os senhores todos estão acompanhando. É um cenário triste, um momento difícil, muito difícil para a população, mas vamos em frente na certeza de que é possível reconstruir o estado.

    O povo gaúcho é bravo e aguerrido, como são todos os brasileiros. A solidariedade nacional foi fundamental, como também a internacional. Mas, quando voltei, no dia 2 de junho, à noite – e foi num domingo –, comecei a me sentir com uma série de dores no corpo, fraqueza, ânsia de vômito e, por que não dizer, cheguei até a vomitar.

    E, a partir daí, Sr. Presidente, eu me socorri aqui do corpo médico do Senado, que é da maior qualidade. Por isso, quero agradecer ao Dr. Bruno Cristiano de Souza Figueiredo e à equipe daqui do Senado, pelo pronto atendimento, quando aqui eu vim, segunda de manhã.

    Eles me encaminharam de imediato, dizendo que eu estava totalmente desidratado – eu pouco entendo desse campo –, e por isso estava tão fraco e com todos os problemas que eu apresentava.

    Encaminharam-me para o Hospital Sírio-Libanês, onde fui atendido de pronto, porque eles comunicaram ao Dr. Carlos Rassi, que é o médico lá especialista de coração e de outras áreas também, que já tinha me atendido algumas vezes, quando eu tive outros problemas, não esse. Agradeço também ao Dr. Carlos Rassi e a toda equipe do hospital.

    Fizeram uma série de exames, e fui diagnosticado com infecção intestinal e desidratação, mas tem um nome que me deram lá – só olhando aqui para me lembrar do nome, mas faço questão, para situar quem está nos assistindo, quem me acompanhou nesse período todo. Olhe bem, eu vou ter que ler devagarzinho, e o Doutor sabe: gastroenterocolite aguda. Foi isso que aconteceu.

    E é por isso que eu fiquei afastado; e, de imediato, eu quero agradecer, nas figuras dos senhores, aqui no Plenário, que eu já citei, a todos Senadores e Senadoras que fizeram contato, de uma forma ou de outra.

    Agradeço o carinho do Presidente Rodrigo Pacheco, Presidente do Senado, que me ligou e se botou inteiramente à disposição, se tivesse, assim, necessidade de que ele fizesse algum contato. Felizmente, não foi preciso, porque fui atendido, como todos os doentes são atendidos, naquele hospital em que eu estava – é claro que eu não vou dizer que em todos os hospitais há o mesmo tratamento.

    Agradeço, também, a Deputados e Deputadas que fizeram contato. Não citarei nomes, para que não cometa aqui alguma injustiça e esqueça alguém. Então, nas pessoas de vocês três, que eu já citei, eu agradeço a todos.

    Agradeço ao Serviço de Comunicação do Senado, TV, rádio, agência de notícia. Não é que eles foram lá me filmar – não foi isso –, mas ligavam, os funcionários ligavam, perguntando, no meu gabinete, como é que eu estava.

    Eu disse que estava me recuperando, e é como estava mesmo, tanto que hoje estou aqui.

    Agradeço, também, ao sistema dos profissionais do PT e de outros gabinetes que também fizeram esse tipo de contato.

    Agradeço pelo número de e-mails, telefonemas, mensagens, whatsapps, demonstrando afeto e solidariedade pelas redes sociais.

    A palavra que eu teria aqui é dizer gratidão, gratidão, gratidão.

    O Senador Confúcio ali, que me explicou também um pouquinho, rapidamente. Em um minuto, ele me explicou essa palavra complicada que eu falei. Ele disse: "Você teve isso, isso, isso e aquilo". E eu digo que foi exatamente isso que os médicos disseram.

    Mas, enfim, a luta é de todos nós, por uma saúde cada vez mais à altura do povo brasileiro. A saúde é o maior bem do ser humano. Sem saúde nada se faz na vida, porque, sem a saúde, perdemos a vida, não é?

    Por isso, todos nós devemos prezar para que toda a população tenha acesso universal à saúde de qualidade.

    Sr. Presidente e Senadores, eu também informo aqui – quero fazer uma fala rápida, porque podem ver que eu estou falando meio devagar – que, hoje, pela manhã, recebi cinco reitores de universidades federais do Rio Grande do Sul, três reitores de institutos federais do estado, além de secretários do MEC. Eles fizeram contato para falar, para me apresentar um projeto com alcance, no meu entendimento, muito grande para combater a questão do desastre climático, como foi agora no Rio Grande do Sul. Eu expliquei a eles que, por determinação do Presidente do Senado Federal, eu assumi a Presidência da Comissão Externa, para cuidar das comissões do Rio Grande, mais o Senador Ireneu, que é o Vice, e o Senador Mourão – somos os três gaúchos –, que é o Relator.

    E, hoje, pela manhã também, a Diretora-Geral Ilana, que me acompanhou nessa reunião com os reitores, anunciou que o Senado vai doar às bibliotecas daquelas instituições um exemplar de cada obra disponível em catálogo, editado pelo Senado Federal, sob dois selos: Conselho Editorial e Edições Técnicas. A doação totaliza, em média, 400 títulos – são centenas e centenas de livros –, incluindo exemplares avulsos e coleções compostas por dois ou mais tomos.

    Eles agradeceram muito, porque, neste momento, o Rio Grande do Sul precisa, claro, de alimento, de roupa, de auxílio; precisa de doação, e está vindo de todas as partes do Brasil e também a nível internacional. Mas eles acharam muito simbólico que, ali na Comissão de Direitos Humanos, a qual eu presido e de que V. Exa. faz parte – também presido a Comissão Externa –, haviam sido anunciados os livros, a importância de se entregarem livros, porque eles perderam muito das suas bibliotecas com a enxurrada. A tragédia das chuvas e enchentes atingiu as universidades e institutos federais no estado. Claro, não são todos, mas os que foram atingidos serão beneficiados.

    O ensino superior do Rio Grande do Sul pode levar até um ano para voltar à normalidade, e se fala em cerca de R$124 milhões para reconstruir estruturas afetadas pelas enchentes. Mesmo assim, essas instituições estão ajudando em muito os necessitados e os desobrigados, levando carinho e solidariedade.

    Destaco que, antes do nosso encontro na CDH, os reitores participaram de um evento no Palácio do Planalto com o Presidente Lula, onde foram apresentadas, pelo Governo Federal, algumas medidas para o ensino superior do país, entre elas a criação de vagas, porque aqui nós aprovamos, inclusive nas universidades federais, vagas para indígenas e quilombolas. Nós já tínhamos para negros e negras, então foram incluídas para indígenas e quilombolas. O Ministro da Educação, Camilo Santana, nesse mesmo evento no Palácio, confirmou a instalação do campus da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Caxias do Sul.

    Apesar da dificuldade e dos desafios do presente, temos uma crença inabalável de um futuro melhor. Esse sentimento ressoa profundamente, em todos nós, em ação e resiliência. Perseverança e determinação são fundamentais nesse processo de transformar essa triste realidade pela qual está passando o nosso Rio Grande do Sul.

    Para concluir, Presidente, a Comissão Externa que nós coordenamos – são oito Senadores – retorna ao Rio Grande do Sul, no dia 20 próximo, para ver – agora que as águas já estão baixando, e baixaram bastante –, de fato, o tamanho do estrago, o número de mortes, o estrago e as doenças que estão vindo a partir dali. Então, a intenção nossa é ir para o Vale do Taquari e fazer visitas. Visitas às comunidades que foram mais atingidas para que isso sirva como norte para nós aqui no Congresso, quando deliberarmos, termos consciência do que significa a situação do Rio Grande do Sul.

    Eu falei aqui em 124 bilhões, mas a Fiergs, por exemplo – eu acho que procede... Porque os empresários viram suas empresas tomadas totalmente pela chuva, calculem. O pessoal mostra muito o aeroporto – claro que o aeroporto foi coberto d'água, digamos, foram atingidos motores, luz, aviões e tudo –, mas, pode, como norte, porque eles não estão vendo as fábricas... Olhem as fábricas com água no mínimo de um metro, mas até dois metros.

    Então, estouraram todas as máquinas, queimou tudo, deu curto-circuito nos fios. Enfim, porque não esperavam, desligaram correndo, e os mortos já estão quase chegando a 180. Ainda tem umas três ou quatro dezenas de desaparecidos.

    A Fiergs fala que precisaria de R$100 bilhões, o setor do comércio também fala em bi, em bilhões. O pessoal correto também da agricultura familiar, enfim, todos. E não só da agricultura familiar, porque tinha gente que não era agricultura familiar, mas perdeu tudo também. Se era... Tinha um potencial na agricultura, em uma das regiões que nós vamos visitar, inclusive essa da agricultura. Nós vamos ver que pequenos e grandes perderam. Então, não dá para a gente olhar somente para um lado, temos que olhar para o todo, para recuperar a economia do Rio Grande do Sul.

    Há quem fale, só com números, que não será menos de 300 bilhões para reconstruir e voltar à normalidade. Inclusive, eu fui ver construções de casa, fui a Santa Rita. O Prefeito lá e a equipe me mostraram como eles pretendem fazer.

    Então, há muita gente se mexendo, pegando experiências internacionais para que a gente permita que o nosso povo volte a ter a sua casa de volta. Para construir a casa, a intenção do Governo é assegurar em torno de R$200 mil, para que, dentro do possível, com R$200 mil chegarmos... Se for um pouco mais também... Mas, enfim, está todo mundo colaborando.

    Quero aqui elogiar o trabalho do Governador Eduardo Leite, porque eu digo sempre, eu falo o que eu penso de todos: o Governador tem trabalhado muito. Os Prefeitos estão trabalhando muito. O Presidente Lula foi quatro vezes já ao estado com a sua equipe, vendo, olhando e dando assistência para os que mais precisam, mas tendo um olhar para o todo. Eu sou daqueles que dizem: se as fábricas não estiverem trabalhando, não tem emprego; e se não tem emprego, não está produzindo, não está consumindo e o Governo também não está arrecadando via impostos.

    É por isso que, neste momento, é solidariedade, gratidão e muita emoção por tudo o que a gente vê lá - refiro-me à nossa volta agora no dia 20, porque voltamos novamente. Independentemente do que aconteceu, de eu ter pegado esse vírus, eu entendo que é fundamental a gente se proteger, é claro, mas é preciso estar lá, para ver no dia a dia o que está acontecendo e a situação do povo gaúcho.

    Meus parabéns pelas iniciativas. Eu vi a do futebol. No futebol, fizeram um belo evento para arrecadar dinheiro. E ontem os artistas também – com tudo o que foi arrecadado, estava quase lotado aquele espaço, que era um campo de futebol, eu acho, não era? – estavam arrecadando para mandar para lá. Os empresários estão ajudando, de outros estados – tenho que dar este depoimento –, como cada um, do seu jeito, dentro do possível, está ajudando.

    Eu vi um depoimento numa TV e foi emocionante, viu? Uma senhora queria visitar a filha, que mora no exterior, no seu aniversário. Daí, ela conversou com a filha, e a filha disse (Manifestação de emoção.) ... "Ajude os gaúchos. Pegue esse dinheiro, compre uma geladeira, compre um fogão, compre alguma coisa para dar para eles porque eles não têm nada." E ela deu um depoimento emocionante, viu? Não sei o nome – não sei, senão eu citaria –, não sei nem qual é o estado, mas eu, quando vi aquilo...

    Tem uma poesia agora no Rio Grande – eu já falei nela –, que eu vou resumir em uma frase e aqui termino. Ele diz: "Dizem que homem não chora, mas gaúcho que não chora, neste momento, não entendeu nada do que está acontecendo". "E me desculpem", o poeta disse, "eu vou ali do lado chorar". (Manifestação de emoção.)

    Obrigado a todos.

    O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) – Obrigado, querido Senador Paulo Paim. Nós estamos muito felizes de tê-lo de volta, em recuperação. Cuide da saúde, tenha cuidado porque você vai para uma área endêmica hoje de leptospirose, por exemplo, e você, que teve essa gastroenterocolite, tem que ter muito cuidado porque deve estar aí com a imunidade um pouco baixa. É bom você dar uma recuperada plena. O nosso querido Confúcio está ali atrás nos ouvindo e deve estar de acordo. Vamos ter muito cuidado com você também porque você é muito importante para defender os interesses daquele nosso querido Rio Grande.

    Transmita a nossa solidariedade ao povo do Rio Grande do Sul. O nosso Estado de Roraima, o nosso Governador Antonio Denarium prontamente encaminhou 15 bombeiros especialistas em eventos adversos, com equipamentos, com barco, jet ski, enfim, que trabalharam lá durante todo esse período mais agudo dessa crise inominável que vocês estão passando, e nós também, através aqui do nosso Senado, encaminhamos 17 toneladas de bens...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – E continuam remetendo roupa, comida...

    O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) – E continuamos remetendo. O nosso Senado da República tem sido muito solidário...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – A Liga do Bem...

    O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) – A Liga do Bem tem sido muito solidária com o Rio Grande do Sul.

    Muita saúde para você e se cuide. Deus o abençoe.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/06/2024 - Página 7