Fala da Presidência durante a 96ª Sessão Especial, no Senado Federal

Abertura de sessão especial destinada a celebrar os 200 anos da imigração alemã para o Brasil.

Autor
Flávio Arns (PSB - Partido Socialista Brasileiro/PR)
Nome completo: Flávio José Arns
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
Homenagem:
  • Abertura de sessão especial destinada a celebrar os 200 anos da imigração alemã para o Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 05/07/2024 - Página 35
Assunto
Honorífico > Homenagem
Matérias referenciadas
Indexação
  • ABERTURA, SESSÃO ESPECIAL, CELEBRAÇÃO, ANIVERSARIO, IMIGRAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ALEMANHA.

    O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - PR. Fala da Presidência.) – Declaro aberta a sessão.

    Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

    A presente sessão especial foi convocada em atendimento ao Requerimento nº 115, de 2024, de minha autoria e de outros Senadores e Senadoras do conjunto da Casa, aprovado pelo Plenário do Senado Federal.

    A sessão é destinada a celebrar os 200 anos da imigração alemã para o Brasil.

    Já fazem parte da mesa, com muita honra, com muita alegria, com uma acolhida enorme desta Casa, os seguintes convidados:

    Sra. Bettina Cadenbach, Embaixadora da Alemanha em Brasília.

    Seja muito bem-vinda. (Palmas.)

    Sr. Arno Wehling, ocupante da 37ª Cadeira da Academia Brasileira de Letras, Professor, Acadêmico, Advogado e um dos grandes especialistas brasileiros na área da História da Imigração. Foi Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, de 1996 a 2019. Apresentará um panorama das diversas fases da imigração alemã no Brasil e dos desdobramentos da imigração na formação da nossa sociedade brasileira.

    Muito bem-vindo. (Palmas.)

    Sr. Márcio Schiefler Fontes, ex-Conselheiro do Conselho Nacional de Justiça e Juiz Titular em Joinville, Santa Catarina, a maior cidade fundada por colonizadores alemães. Foi Juiz Auxiliar do falecido Ministro Teori Zavascki e é participante de diversas iniciativas de preservação da memória da presença germânica em nosso país. Falará também, como membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, sobre a importância das relações entre Brasil e Alemanha na área do direito.

    Seja muito bem-vindo também. (Palmas.)

    Sr. Rui Vicente Oppermann, Diretor de Relações Internacionais da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), ex-Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Professor e Administrador público, que falará sobre a importância das relações acadêmicas entre os dois países. Tecerá algumas considerações sobre desdobramentos dessa cooperação na economia brasileira, desenvolvimento tecnológico, aprimoramento de cadeias produtivas e formas de organização do trabalho e da produção.

    Muito bem-vindo também. (Palmas.)

    Sra. Deise Perfeito, Diretora do Colégio Estadual Professora Eliane Martins Dantas Brasil-Alemanha – uma das mais importantes iniciativas públicas de ensino de língua alemã no país –, no Rio de Janeiro. Ela fará um relato sobre a iniciativa exemplar da educação básica fora da Região Sul em uma escola de excelência, em período integral, atendendo, na imensa maioria, alunos socioeconomicamente desfavorecidos.

    Seja muito bem-vinda. (Palmas.)

    Também farão parte desta iniciativa dois convidados muito estimados, que não estão sentados aqui à mesa, mas estão na bancada, na primeira fileira. Considerem a bancada como se fosse a extensão desta mesa.

    Sejam muito bem acolhidos.

    Sra. Gisela Spindler, Professora de Alemão, Presidente eleita da Associação Brasileira de Professores de Alemão em Ivoti, Rio Grande do Sul. Ela falará sobre o ensino de alemão hoje em todo o país.

    Muito bem-vinda, Gisela. (Palmas.)

    Corrija-me: Spindler.

    O caro Professor e amigo Paulo Soethe, da Universidade Federal do Paraná. Somos colegas na universidade; eu, já aposentado. O Prof. Paulo, aqui presente, é uma pessoa, assim, da mais alta competência, Pós-Doutor em Letras, Língua e Literatura Alemã, Professor Titular de Língua e Literatura Alemã, cedido, até maio de 2024, para a Universidade Federal Fluminense para o desenvolvimento de projetos de pesquisa. Ele fará uso da palavra para refletir sobre ações para o resgate da memória histórica do idioma alemão em nosso país – o alemão já foi uma das línguas brasileiras –, em especial sobre a digitalização e apresentação de documentos históricos produzidos em alemão, um deles está sobre as bancadas também; ademais, fará considerações sobre a conveniência de oferta de uma segunda licenciatura em Letras Alemão, de alcance nacional, projeto que está em debate com a Capes.

    Uma salva de palmas. (Palmas.)

    Convido a todos e a todas para, em posição de respeito, acompanharmos o Hino Nacional brasileiro.

(Procede-se à execução do Hino Nacional.)

    O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - PR. Para discursar - Presidente.) – Senhoras e senhores, comemorar os 200 anos da imigração alemã para o Brasil é celebrar uma parte importante da história da construção de nosso país.

    Em 1824, quando chegaram os primeiros imigrantes alemães, o Brasil era uma nação que acabara de se tornar independente e, em muitos sentidos, uma nação em construção. Foi também naquele ano que ocorreu a fundação do Senado Federal, que está completando 200 anos, outro marco importantíssimo para a formação de nosso país.

    De lá para cá, a contribuição dos imigrantes alemães para a constituição deste novo país foi decisiva. Com eles, vieram novas práticas, novos hábitos e novas visões de mundo que se somaram às contribuições das muitas culturas que já formavam o nosso Brasil. Aos poucos, mesmo não sendo numericamente majoritários, deixaram uma marca imediatamente reconhecível em nossa paisagem cultural, ao mesmo tempo em que souberam preservar e valorizar as suas raízes.

    As centenas de milhares de imigrantes que chegaram ao longo desses 200 anos frutificaram em uma posteridade composta de milhões de descendentes, entre os quais eu me incluo. Ao longo desse tempo, muitos alcançaram grande destaque em diversas frentes, nas artes, nas ciências, na política, nos esportes, na economia ou nos negócios.

    É, portanto, com grande satisfação, orgulho e gratidão que celebramos, hoje, nossa herança germânica, trazida pelos imigrantes e tornada parte integrante de nossa nação, Brasil, uma herança que é de todos os brasileiros e brasileiras, não se tratando de uma presença regional, circunscrita aos estados do Sul, mas, sim, de uma participação positiva dessas comunidades em todo o território nacional. Cito, por exemplo, a contribuição de indivíduos de ascendência alemã no combate à escravidão, como foi o caso de João Clapp, membro da Confederação Abolicionista e pioneiro em promover a educação gratuita para ex-escravizados.

    Durante o século XIX, o louvor do trabalho livre se tornou o cerne dos debates conduzidos em língua alemã em nosso país, figurando como tema de inúmeros jornais produzidos nesse idioma em diversas cidades brasileiras, não apenas em Joinville, em Blumenau, em Curitiba ou em Porto Alegre, mas também em São Paulo e no Rio de Janeiro. Há de se destacar ainda a influência alemã na expansão de práticas educacionais e formativas voltadas ao trabalho, o que marcou o desenvolvimento de algumas cidades e regiões, mas é hoje legado de todos, contribuindo para a valorização da educação profissionalizante em nosso país.

    Ainda no campo educacional, devemos destacar o amplo esforço para oferta do idioma alemão no Brasil em âmbito escolar. Aqui cabe enaltecer o trabalho que vem sendo empreendido pelos departamentos de alemão hoje presentes em 15 instituições de ensino superior brasileiras – como é o caso da Universidade Federal do Paraná (UFPR) –, responsáveis pelos cursos de Licenciatura em Letras Português e Alemão, por meio dos quais são formados professores de alemão em nosso país. Destaco também iniciativas, como o Programa de Desenvolvimento de Professores de Alemão e o Programa de Assistente de Ensino de Língua Alemã para Projetos Institucionais, que oferecem cursos de aperfeiçoamento e de formação continuada para professores do idioma em parceria com instituições alemãs.

    Não há dúvida de que são iniciativas fundamentais para a promoção da língua alemã no Brasil, favorecendo ainda mais a cooperação. Aqui está, inclusive, a Sra. Embaixadora germano-brasileira.

    Para concluir, reforço o entendimento, compartilhado pelos membros desta Casa, de que nosso país e nossa cultura se tornaram ainda mais ricos em função da decisiva contribuição dada pelos imigrantes alemães e seus descendentes.

    A todos e todas que adotaram o Brasil como sua pátria ao longo desses 200 anos deixo aqui as minhas congratulações e a expressão de minha admiração por sua história e pelo legado que construíram em nosso país.

    Muito obrigado. (Palmas.)

    Neste momento, solicito à Secretaria-Geral da Mesa a exibição de vídeo institucional preparado pela Embaixada da Alemanha no Brasil.

(Procede-se à exibição de vídeo.) (Palmas.)

    O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - PR) – Em primeiro lugar, nós vamos passar a palavra à Senadora Ivete da Silveira, que representa neste Senado Federal o Estado de Santa Catarina; é oriunda do Município de Joinville e gostaria de fazer uso da palavra.

    Então, com a palavra, V. Exa., Senadora Ivete da Silveira.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/07/2024 - Página 35