26/04/2022 - 1ª - Grupo Parlamentar Brasil-Confederação Suíça

Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS. Fala da Presidência.) - Bom dia a todos!
Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
Declaro aberta a 1ª Reunião de 2022 do Grupo Parlamentar Brasil-Confederação Suíça, criado pela Resolução do Senado Federal nº 33, de 2021, cuja pauta destina-se à eleição da Comissão Executiva e à deliberação do Regimento Interno.
Agradeço a presença do nobre Senador Esperidião Amin e do Ministro Boris Richard, Encarregado de Negócios da Embaixada da Confederação Suíça no Brasil.
Informo que S. Exa. o Embaixador Pietro Lazzeri encontra-se na Suíça e nos está acompanhando de forma remota.
Os termos de adesão continuam disponíveis na página do grupo parlamentar, no site do Senado Federal, para os Parlamentares que a eles quiserem aderir.
Informo que, até o momento, o Grupo Parlamentar Brasil-Confederação Suíça recebeu a adesão de 13 Senadores.
Após o esgotamento dos itens da pauta, passaremos a palavra aos convidados e aos Senadores presentes.
Eleição da Comissão Executiva.
Coloco em deliberação a composição da Comissão Executiva do Grupo Parlamentar Brasil-Confederação Suíça: Presidente, o Senador que lhes fala, Nelsinho Trad; Vice-Presidente, o Senador Esperidião Amin; 2º Vice-Presidente, o Senador Carlos Fávaro.
Em discussão a composição. (Pausa.)
Não havendo quem queira discutir, coloco-a em votação.
As Sras. Senadoras e os Srs. Senadores que aprovam a composição permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovada.
Submeto à deliberação o Regulamento Interno do Grupo Parlamentar Brasil-Confederação...
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco/PP - SC. Fora do microfone.) - Inclusive com o voto do Senador Fávaro.
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O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Inclusive com o voto do Senador Carlos Fávaro, que é o 2º Vice-Presidente.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Submeto à deliberação o Regulamento Interno do Grupo Parlamentar Brasil-Confederação Suíça, disponível para consulta a todos os integrantes do Colegiado.
Em discussão. (Pausa.)
Não havendo quem queira discutir, coloco-o em votação.
As Sras. Senadoras e os Srs. Senadores que o aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Uso da palavra.
É com imenso prazer e sobretudo com imensa esperança que instalamos, nesta sessão, o Grupo Parlamentar Brasil-Confederação Suíça. O grupo terá como finalidades incentivar e desenvolver as relações entre os Poderes Legislativos dos dois países e preenche uma lacuna que existia no Senado Federal, porque, embora as relações bilaterais Brasil-Suíça datem do século XIX, não tínhamos uma instância formal de diálogo entre os Senadores brasileiros e os membros da Assembleia Federal da Suíça. A partir de hoje, estreitaremos os nossos laços e fortaleceremos o intercâmbio de experiências legislativas, a cooperação técnica e também as relações políticas e culturais entre os nossos Parlamentos.
Não faltam motivos para o fortalecimento dessa agenda bilateral da diplomacia parlamentar.
A colonização suíça em Nova Friburgo (RJ), em Joinville (SC), no Rio Novo do Sul (ES) e em Indaiatuba (SP) tem sua marca e estimula o contato entre os nacionais dos dois países. Atualmente, o Brasil conta com um total de 14 mil cidadãos suíços, e a comunidade brasileira na Suíça chega a mais de 21 mil pessoas.
A criação da Comissão Mista para as relações comerciais e econômicas entre os dois países no ano de 2007 estimulou o crescimento de intercâmbio comercial em 35% entre 2007 e 2012. Segundo o Itamaraty, o nosso intercâmbio comercial ultrapassou a marca de US$3,4 bilhões em 2020. Tivemos US$1,4 bilhão em exportação, principalmente de ouro, aeronaves, minério de ferro, carne de frango, querosene de aviação, arroz e café; e US$2 bilhões em importação, especialmente de medicamentos e produtos farmacêuticos, instrumentos de medição, aparelhos auditivos, relógios, geradores e máquinas. Hoje, cerca de 350 empresas suíças estão instaladas no Brasil, onde geram mais de 90 mil empregos diretos, e o Brasil é o principal parceiro econômico da Suíça na América Latina. Mais recentemente, em 2019, os países-membros do EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio), que inclui a Suíça, a Islândia, a Noruega e Liechtenstein, firmaram acordo de livre comércio com o Mercosul. Temos ainda uma intensa agenda de cooperação técnica bilateral no campo da ciência e tecnologia e firmamos várias convenções e tratativas relativas a serviços aéreos, previdência social e matéria tributária.
Como os Senadores podem observar, assim como a distinta plateia que acompanha esta sessão, as relações entre os dois países são vasta e intensa. E, no dia de hoje, o nosso Grupo Parlamentar Brasil-Confederação Suíça se insere formalmente nessa trajetória.
A todos os presentes, a todos os interessados e sobretudo a todos que aceitaram o convite para participar desta reunião e que pretendem juntar-se a essa iniciativa o nosso muito obrigado.
Por fim, envio abraço ao Embaixador Pietro Lazzeri e - aqui presente - ao Ministro Boris Richard, agradecendo o empenho para que este grupo parlamentar pudesse se aproximar, estimular e enriquecer a experiência legislativa dos nossos dois países.
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Por fim, agradeço a participação de todos e abro a palavra para quem quiser se manifestar.
Senador Esperidião Amin, por favor.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC. Para discursar.) - Sr. Presidente; prezado representante da Confederação Helvética, Federação Suíça, Boris Richard; prezado amigo Senador Carlos Fávaro; demais Senadores e Senadoras; eu me dirijo também ao Embaixador que nos acompanha remotamente e quero fazer dois registros.
Em primeiro lugar, quero saudá-lo como Presidente do grupo parlamentar e pedir até que se faça uma pesquisa sobre se o Senador Paulo Bauer chegou a exercer a Presidência do grupo ou se o grupo ainda não estava formalizado.
O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS. Fora do microfone.) - É novo, primeira formação...
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC) - O grupo não estava formalizado, mas ele fez às vezes de, no entrosamento dos Senadores com a Confederação Suíça. Então, eu queria deixar esse registro uma vez que ele é eleitor em Joinville, exatamente a maior cidade de Santa Catarina e a cidade que recebeu migrantes teutônicos, mas de origem suíça, ou seja, não são nem alemães, nem pomeranos, como é boa parte dos teutos que vieram para Santa Catarina a partir de 1829.
Segundo, quero dizer muito rapidamente que eu tenho a obrigação de até justificar como é que o Amin, com esse nome libanês e que também tem ascendência italiana, participa deste grupo. Participo até com alguma emoção, V. Exa. já conhece, eu já contei rapidamente, mas, para homenagear a Suíça, quero fazer este relato e deixá-lo em ata.
Em 1915, o Império Austro-Húngaro entrou em guerra com a Itália. E talvez o fato mais marcante desse período de guerra seja a Batalha de Caporetto, imortalizada no livro Adeus às Armas, de Ernest Hemingway. Foi uma batalha trágica, assim como toda guerra, mas foi particularmente trágica pela pena de Ernest Hemingway, que todos nós conhecemos no livro O Velho e o Mar.
Com isso, a família dos meus avós maternos, que moravam em Vicenza, no Vêneto... Meu avô Pelegrino Marini nasceu em Bevilacqua, Verona, ao contrário da sua ancestralidade italiana, que é um pouco mais ao sul, Nápoles, onde o dialeto adverte o visitante na entrada da cidade... Não sei se o Embaixador Boris Richard... Tem lá uma advertência aos visitantes em dialeto napolitano: ccà non siamo fessi - aqui não tem otário. E a minha avó, que era de...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC) - Já é um aviso, não é? Não me venham... (Risos.)
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E a minha avó Marina Busetto, que era de Santa Maria di Feletto, Treviso...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC) - - Olhem, Fávaro é Treviso.
Ela foi criada em Padova, então, devota de Santo Antônio.
O fato é que, com o ataque austríaco, austro-húngaro, se estabeleceu ali a famigerada Guerra das Trincheiras, em que as pessoas morriam de falta de condição sanitária, de fome; de vez em quando, morriam com um tiro, mas morriam de tifo...
Eles fugiram para a Suíça, ou seja, o casal Pelegrino e Marina; a minha tia mais velha, a Irene; e a minha mãe, no ventre da mãe dela. Não deve ter sido uma viagem muito fácil, porque a topografia... Saíram de carroça e chegaram de bicicleta a Aadorf. Eu não conheço Aadorf, mas...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC) - É no Cantão Thurgau, a uns 80km de Zurique, portanto, no lado mais nordeste da Suíça.
O fato é que ficaram lá até o final da guerra e foram atendidos pelo serviço social da Suíça. Eu não conheço mais detalhes, até porque a minha mãe nasceu lá apenas. Depois da guerra, voltaram para a Itália e, naquela tristeza do pós-guerra, migraram para o Brasil: São Paulo, Paraná... A minha mãe, já auxiliar de guarda-livros da Texaco, foi fazer uma inspeção em Florianópolis, e lá o Esperidião Amin pai...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC) - Apanhou.
A verdade é que eles tiveram acolhida na Suíça. E, quando eu vejo essas cenas aí de Ucrânia e dos países da Europa que estão recebendo 5 milhões de refugiados - alguns internamente na própria Ucrânia e outros tantos espalhados pelos países que podem alcançar -, eu não posso deixar de trazer esse testemunho da hospitalidade com que os meus avós maternos foram beneficiados exatamente pela Suíça, ainda que por dois anos e pouco, mas foram dois anos cruciais para a vida daquela família.
Além disso, o Brasil tem a Suíça como uma referência em vários outros aspectos sobre os quais eu não vou aqui me prolongar, mas também porque ela sedia instituições multinacionais.
E eu concluo dizendo o seguinte: quero registrar aqui uma catarinense ilustre servidora da OMC, irmã da nossa Embaixadora recém-aprovada que está indo para a Coreia do Sul, Márcia Donner de Abreu, que é a Maria Alsina Donner de Abreu, que mora em Genebra e é servidora da OMC, além da Ana, que trabalha com a Deputada Angela Amin. São filhas do meu saudoso Prof. Alcides Abreu, prezado amigo Nelsinho Trad, certamente o homem mais inteligente que eu conheci.
São por esses laços com a Suíça propriamente e com as organizações que a Suíça, pelas suas características, acolhe e hospeda e pelas relações que o Senador Nelsinho Trad já ressaltou, que incluem Joinville como, dessas cidades todas, a maior cidade e certamente o maior exemplo de dinamismo industrial, de serviços que a colonização suíça propiciou ao Brasil, são por todas essas razões que eu me sinto muito gratificado em poder colaborar com a sua Presidência deste grupo parlamentar que institucionaliza essa relação do Brasil com a Suíça e, complementarmente, do Brasil e Azerbaijão. Certo?
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Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Agradeço ao Senador Esperidião Amin, uma verdadeira enciclopédia ambulante. É um privilégio tê-lo como colega, de tão rica que é a sua cultura e a sua determinação de sempre ser assíduo aqui no Senado da República, representa muito bem Santa Catarina.
Com a palavra o Senador Carlos Fávaro.
Antes, porém, quero dizer do entusiasmo da nossa Embaixadora Cláudia Buzzi, que está indo para a Suíça - e nós já aprovamos -, com certeza vai ser muito importante para essa interlocução.
Também, abrindo outro parêntese, nós participamos, representante que somos do Parlamaz, da visita do Vice-Presidente Hamilton Mourão à Amazônia Oriental. E lá nós estivemos no Pará, na cidade Medicilândia, em referência ao Presidente Médici. Nós vimos uma produção de cacau. Dentre a comitiva, estava o Embaixador Pietro. E eu falei para o Vice-Presidente Hamilton Mourão: é muita coragem e é confiar muito no bom produto que aqui se produz, porque você vai trazer um suíço que tem um know-how na produção de chocolate, de cacau à toda prova. E ele saiu encantado com o que ele viu, dizendo que ia proporcionar um intercâmbio mais afinado, numa cidadezinha que a gente foi de van, porque não tinha outro jeito de chegar lá. Para vocês verem como que é importante essa interlocução.
Com a palavra o Senador Fávaro; e, fechando, o Embaixador Boris Richard.
O SR. CARLOS FÁVARO (PSD - MT. Para discursar.) - Bom dia, Sr. Presidente, caro amigo Nelsinho Trad, Senador Amin, Embaixador Boris.
Eu estou o meu primeiro mandato como Senador; pode ter certeza, Esperidião, de que me espelho muito em você. É impressionante a sua garra, força e determinação. Toda Comissão, Plenário, onde quer que seja a atividade neste Senado Federal, quando a gente chega, o Amin já está. E está para participar de forma efetiva; não é de corpo presente, não, para ficar assistindo. Ele contribui, tem histórias relevantes, como agora nos contou esse testemunho familiar e deu uma pequena aula de história. Tenha a certeza de que me espelho muito no seu modelo de Parlamentar, que honra todos os brasileiros, não só o povo de Santa Catarina.
Agradeço e parabenizo a iniciativa do nosso Presidente Líder Nelsinho Trad de fazer essa integração entre a República brasileira, a Suíça e o Azerbaijão, ainda mais no momento como o que vivemos, ainda de pandemia, ainda neste momento de guerra mundial que afeta e traz tanta incerteza num mundo globalizado, onde o Brasil sempre teve um papel belíssimo, um país amigo, um país que contorna os problemas, com a diplomacia brasileira sempre muito efetiva e equilibrada - espero que continue sempre sendo assim -, a criação desse grupo parlamentar, que já deveria até existir. Como foi dito aqui, alguns colegas Senadores que nos antecederam já fizeram esse trabalho, mas agora, de forma oficial, está criada para que nós possamos integrar esses países, colaborar, como o exemplo desta produção de cacau - imagine bem nós pegarmos um pequeno município do norte do Pará e podermos ter a oportunidade de oferecer à Suíça, que são os especialistas mundiais em chocolate -, que nós possamos fazer essa integração, essa aproximação, que as relações comerciais e bilaterais possam ser fortalecidas.
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Então, fico muito feliz pelo convite. Quero contribuir com minha pequena experiência para que esse grupo parlamentar se fortaleça e nós possamos dar o melhor às populações brasileira, da Suíça e do Azerbaijão.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Agradeço ao Senador Carlos Fávaro.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC. Pela ordem.) - Sr. Presidente, só para fazer uma retificação pequena: o Senador Paulo Bauer atuou na Frente Parlamentar Brasil-Suíça como Deputado Federal.
O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Perfeito.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC) - Portanto, não como Senador, só para que fique retificado no nosso registro.
O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Está registrado.
O Senador Carlos Fávaro, um Senador muito atuante na questão do agronegócio, oriundo do Mato Grosso, estado gêmeo do nosso, o Mato Grosso do Sul, com certeza vai ter muito a colaborar nesta Comissão.
Registro a presença do Embaixador Elkhan Polukhov, Embaixador da República do Azerbaijão, que se encontra presente.
Logo após - nós já estamos finalizando essa primeira etapa -, nós passaremos para o termo de adesão e a sessão da instalação do Grupo Parlamentar Brasil-Azerbaijão.
Com a palavra o Ministro Boris Richard, para concluir.
O SR. BORIS RICHARD (Para expor.) - Obrigado, Senador; muito obrigado pela criação desse grupo.
O Embaixador Lazzeri fica agora na Suíça. Por isso, ele não pôde estar conosco. Na próxima semana, ele vai ter uma reunião com Parlamentares suíços para também passar a informação da criação desse grupo.
Na verdade, queremos parabenizar e, sobretudo, agradecer ao Sr. Senador e a todos os Senadores que vão participar desse grupo de amizade entre a Suíça e o Brasil.
Há muito para fazer, há um potencial enorme. O senhor mencionou o cacau, mas há muitos outros temas: tecnologia, comércio, sustentabilidade, essas coisas. E nós aqui na Embaixada e o Governo suíço também, além do Parlamento, ficamos engajados para contribuir nas boas relações entre nossos países.
Alegrou-me muito ouvir essas histórias pessoais, familiares que nos lembram que há laços históricos entre o Brasil e a Suíça, como a referência a Hemingway, que não é suíço, mas também gosto muito dessas referências que trazem.
Parabéns! Muito obrigado. E vamos começar o trabalho.
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O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. PSD - MS) - Agradeço ao Ministro Boris Richard e envio os nossos abraços ao Embaixador Pietro Lazzeri.
Declaro encerrada esta sessão de instalação do Grupo Parlamentar Brasil-Confederação Suíça e, de pronto, peço para que se coloque à direita da mesa, à esquerda do Senador Fávaro, o Embaixador Elkhan Polukhov para a gente já começar a instalação de outro grupo.
(Iniciada às 9 horas e 10 minutos, a reunião é encerrada às 09 horas e 32 minutos.)