18/10/2023 - 2ª - Grupo Parlamentar Brasil - Ucrânia

Horário

Texto com revisão

R
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. PSB - PR. Fala da Presidência.) - Boa tarde.
Declaro aberta a 2ª Reunião de 2023 do Grupo Parlamentar Brasil-Ucrânia da 1ª Sessão Legislativa Ordinária da 57ª Legislatura, que se realiza nesta data, 18 de agosto de 2023.
Até o momento, este grupo parlamentar conta com a adesão de sete Senadores.
Informo aos Parlamentares que desejarem compor o Grupo Parlamentar Brasil-Ucrânia que os termos de adesão estão disponíveis junto à Secretaria e na página da frente no site do Senado Federal.
Esta reunião destina-se a: item 1, debater as ações e estratégias desenvolvidas para o apoio humanitário aos refugiados e às vítimas de guerra na Ucrânia; item 2, deliberar sobre o regimento interno.
Com muita alegria, tenho aqui à minha direita - e dando as boas-vindas não só ao Senado Federal, mas ao Brasil, onde ele se encontra já há cinco semanas - o Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Ucrânia no Brasil, o Sr. Andrii Melnyk.
R
Quero dar as boas-vindas e desejar um excelente trabalho em nosso país, na cooperação com a Ucrânia.
Coloco em deliberação, em primeiro lugar, o regulamento interno, que está disponível para consulta.
Está em discussão. (Pausa.)
Não havendo quem queira discutir, também em votação.
Os Parlamentares que concordam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Eu quero contextualizar a formação deste Grupo Parlamentar Brasil-Ucrânia, e em seguida inclusive, passar a palavra ao Sr. Andrii Melnyk, Embaixador Plenipotenciário da Ucrânia no Brasil.
Antes disso, saudando também o Anatoliy, que sempre está presente aqui no Senado Federal, no Congresso, e tem contribuído muito com todos os trabalhos que são desenvolvidos nessa área. Somos muito gratos a você.
Eu quero dizer que a diplomacia parlamentar constitui instrumento essencial de cooperação e parceria entre os Poderes Legislativos dos países, aproximando e conectando os diversos Parlamentos que existem no mundo. As consequências dessas atividades vão muito além das boas relações entre os Parlamentos, contribuindo também para as boas relações entre povos e nações.
Por isso, com o objetivo de intensificar o relacionamento entre as Casas legislativas do Brasil e da Ucrânia, apresentamos o Projeto de Resolução nº 21, de 2023, o qual foi aprovado em Plenário do Senado Federal pelos 81 Senadores e Senadoras, no dia 25 de abril, transformando-se na Resolução do Senado Federal nº 6, de 27 de abril de 2023, que criou o Grupo Parlamentar Brasil-Ucrânia.
Atualmente existem no Senado 42 grupos parlamentares criados, mas somente há 12 efetivamente instalados. O Grupo Parlamentar Brasil-Ucrânia é o 13º grupo parlamentar efetivamente instalado no Senado.
Os laços que unem o Brasil e a Ucrânia são centenários. Parte do povo brasileiro é de origem ucraniana, e a cultura e as tradições daquela nação eslava mostram-se presentes nos lares de nossa gente, sobretudo no Sul do país.
O Brasil abriga a maior comunidade ucraniana da América Latina. São cerca de 600 mil ucranianos e seus descendentes no país, sendo que 500 mil deles vivem no Paraná. O maior número, em termos absolutos, localiza-se em Curitiba e sua região metropolitana, com cerca de 100 mil pessoas com origem ucraniana, cerca de 3% da população local. Além de Curitiba, diversos outros municípios paranaenses se destacam na proporção de ucranianos em sua população local. Podemos citar, por exemplo, Marechal Mallet, onde o percentual de descendentes de ucranianos gira em torno de 60%; Paulo Frontin, 55%; Ivaí e Antônio Olinto, 45%; Rio Azul e Roncador, 30%; União da Vitória e Paula Freitas, 25%; Cruz Machado e Pitanga, 20%; e Irati, 12%.
R
Mas, em termos proporcionais, nenhuma cidade do Brasil é mais ucraniana do que o Município de Prudentópolis, no Paraná, onde, em uma população de 52 mil habitantes, aqueles com raízes na Ucrânia somam mais de 38 mil, ou seja, três em cada quatro cidadãos daquela cidade é de origem ucraniana. Inclusive há crianças que, ao começarem a escola, só falam a língua ucraniana. Então, aprendem o português, como segundo língua, na escola, o que eu considero um patrimônio, uma riqueza a ser preservada.
Depois, houve uma nova etapa imigratória no período entre guerras com imigrantes que vieram da Bucovina, da Galícia, da Volínia e de outras regiões. Após isso, entre 1947 e 1951, vieram ao Brasil muitos imigrantes fugindo do regime da União Soviética.
O fluxo imigratório reacendeu após 2014, com a tomada da região da Crimeia pela Rússia. De acordo com o boletim migração ucraniana, entre 2010 e 2021, mais de 3,3 mil novos ucranianos registraram residência no Brasil, sendo aproximadamente 2,3 mil somente na Região Sudeste.
Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, a vinda de imigrantes refugiados se intensificou. Desde então, o Governo brasileiro concedeu mais de 400 vistos humanitários e autorização de residência para ucranianos, sendo que grande parte se estabeleceu no Paraná.
A Assembleia Geral das Nações Unidas, da ONU, aprovou, na data de 2 de março de 2023, uma resolução condenando a Rússia pela invasão contra a Ucrânia. A reunião foi convocada pelo Conselho de Segurança e feita de forma emergencial para discutir a situação no Leste Europeu. Para a aprovação, foi preciso maioria de dois terços dos votantes. O Brasil foi um dos 141 países que votaram a favor de condenar a invasão russa em solo ucraniano, por meio da resolução da ONU aprovada em 2 de março deste ano. Houve apenas cinco votos contrários e 35 abstenções.
Ademais, o Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, recentemente, no dia 21 de maio 2023, em reunião do G7, no Japão, declarou o seguinte, diante do Presidente da Ucrânia: “Em linha com a Carta das Nações Unidas, repudiamos veementemente o uso da força como meio de resolver disputas. Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia. Ao mesmo tempo, a cada dia em que os combates prosseguem, aumentam o sofrimento humano, a perda de vidas e a destruição de lares”
Eu, inclusive, conversando, agora há pouco, com o Sr. Embaixador, disse para ele para, inclusive, nos atualizar em relação à situação da invasão - sempre é invasão da Ucrânia. Não é guerra, é invasão do território ucraniano. Esse é o nosso ponto de vista também.
R
Em função da guerra entre Israel e o Hamas, particularmente, não se tem falado do sofrimento do povo da Ucrânia neste período, mas é o que a gente discute aqui no Parlamento, a questão de apoio, de aproximação entre os Parlamentos, a questão humanitária como pano de fundo, mas sempre o que promove e que está, assim, atrás de todo este debate é a questão da invasão, que inclusive tem que ser abordada em todos os momentos, também pelo Brasil, para ter uma visão bastante clara a esse respeito.
Eu havia mencionado a presença do Sr. Embaixador também, do nosso amigo Anatoliy também, mas também quero destacar a presença, por meio remoto, de uma brasileira que vem acompanhando também a nossa reunião lá da Ucrânia, onde faz um belo trabalho, que é a Clara Magalhães Martins. Eu quero dar as boas-vindas também à Clara Magalhães Martins, cumprimentá-la pelo trabalho que desenvolve na Ucrânia como voluntária. E, na sequência, a palavra será, também, repassada a você - permita-me chamá-la assim -, Clara Magalhães, para que você coloque para o Senado Federal, para a população do Brasil, a sua opinião sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido lá no país, para que todos tomemos conhecimento do trabalho humanitário que vem sendo feito pela sua pessoa.
Então, estamos muito felizes.
E passo, em seguida, a palavra ao Sr. Embaixador, para que possa, também, fazer o seu pronunciamento.
O SR. ANDRII MELNYK (Para expor.) - Exmo. Sr. Senador Flávio Arns, Presidente do Grupo Brasil-Ucrânia, prezados Srs. Senadores e Deputados, senhoras e senhores, é uma honra, é um prazer estar hoje presente nesta reunião importante, que visa a debater as suas estratégias para o apoio humanitário aos refugiados e às vítimas da guerra na Ucrânia. Agradeço ao Sr. Senador Flávio Arns e aos membros do Grupo Brasil-Ucrânia por organizarem este evento. Espero que os membros do grupo se tornem o motor, o motor de mudanças nas relações ucraniano-brasileiras. Também gostaria de agradecer à Sra. Clara Magalhães Martins, pela sua importante contribuição e pela realização dos projetos humanitários, que são um exemplo a seguir. Obrigado pela posição do Governo do Brasil, por apoiar a Ucrânia nas resoluções da Assembleia Geral das Nações Unidas e no Conselho de Segurança, que o país atualmente preside.
R
O Brasil se destaca na arena mundial pela sua diplomacia pacífica, um país com que compartilhamos os valores democráticos e que sempre, sempre apoiou a soberania e a integridade territorial da Ucrânia. Somos gratos ao Brasil pela sua solidariedade política, mas também apelo aos presentes para promover um envolvimento mais ativo do Brasil, tanto do Governo Federal, como dos governos estaduais e da sociedade como um todo para repelir a invasão russa - obrigado por esta palavra: invasão russa - que põe em perigo não apenas a Ucrânia, mas também a ordem mundial estabelecida após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Nos últimos dois anos, a Rússia ocupou cerca de 20% - 20% - do território da Ucrânia que tem mais de 120 mil quilômetros quadrados, e isso é aproximadamente igual à área dos estados brasileiros da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Distrito Federal juntos. Mas isto não é apenas terra, são milhões de ucranianos que se tornaram reféns do regime de ocupação criminoso da Rússia. E o que vimos em Israel, na semana passada - assassinato e tortura, sequestros de pessoas e crianças -, a Ucrânia tem vivido durante 602 dias sem parar. Aqueles que prezam pela paz, direitos humanos e coexistência pacífica dos povos não podem ficar indiferentes a esse genocídio, têm de mostrar a sua solidariedade ao povo ucraniano e apoiar a sua luta pela liberdade e pela democracia.
Nesse sentido, apelamos ao Senado Federal e ao Governo para aplicarem todos os esforços diplomáticos disponíveis para que a Rússia cesse imediatamente a sua agressão e retire as suas tropas dos territórios ocupados da Ucrânia. Apelamos ao Brasil para que reforce as sanções contra a Rússia e forneça à Ucrânia toda a assistência necessária para proteger a sua soberania e a integridade territorial. Não podemos permitir que o regime bárbaro da Rússia vença e o mundo inteiro volte para a escuridão dos séculos passados de guerras, com subordinação de povos e as relações de impérios e colônias.
A Ucrânia está lutando como uma potência superior, por isso precisa da ajuda daqueles que compartilham dos mesmos valores de respeito mútuo dos povos, da democracia, dos direitos humanos. Quero sublinhar que não precisamos que lutem por nós, pedimos que nos entreguem o necessário para podermos nos proteger. Sabendo que esses valores são importantes para o Brasil, peço os seus esforços para que o Governo mude a posição existente e forneça à Ucrânia armas defensivas, principalmente para proteger os civis, especialmente dos ataques diários de mísseis.
R
Eu me refiro, em primeiro lugar, às munições para o sistema antiaéreo de curto alcance Guepard, da Alemanha. Não é um sistema ofensivo - não é um sistema ofensivo -, mas defensivo. A Ucrânia usa o sistema para proteger as suas cidades pacíficas dos ataques com milhares de drones e mísseis russos contra a sua população civil, contra hospitais, contra a rede de abastecimento de energia que garante o aquecimento dos apartamentos na época de frio quando as temperaturas descem até 20 ou 30 graus negativos.
Precisamos também dos veículos, veículos blindados Guarani, no formato de ambulâncias, para que os paramédicos possam prestar assistência médica às pessoas feridas, às pessoas que são bombardeadas todos os dias ao longo dos 1,3 mil quilômetros da linha de frente, que equivale a uma distância de Brasília ao Rio de Janeiro.
Precisamos também da experiência única do Brasil na desminagem de territórios libertados. Fora dos territórios dos militares, exclusivamente no interesse dos civis, que voltam para casa, e dos agricultores, que garantem a segurança alimentar do mundo. Sabemos que o Brasil possui um dos maiores e mais eficazes programas de desminagem do mundo e possui vasta experiência nesta área.
Pedimos também ajuda humanitária que inclua geradores para que os ucranianos possam sobreviver ao próximo inverno infernal de bombardeios da nossa infraestrutura energética.
Precisamos de um fornecimento estável de eletricidade para as nossas escolas, hospitais, indústrias e casas.
E, por fim, pedimos o tratamento dos feridos nos hospitais brasileiros. Sabemos que o Brasil possui também alto nível de formação e prática médica e pode prestar assistência de qualidade aos meus compatriotas que sofreram com a agressão russa.
Estes são apenas alguns exemplos concretos de como seria possível ajudar os ucranianos não só com palavras, mas com ações. Temos certeza de que o Brasil é nosso amigo, é nosso parceiro.
Esperamos que o Brasil tenha ouvido a nossa voz e responda ao nosso chamado. Nesse sentido, proponho realizar uma audiência no Senado Federal com a participação e discurso do Presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky. Ele está pronto para falar e conversar com os Parlamentares brasileiros.
Aproveitando a oportunidade, convido o Sr. Senador Flávio Arns, bem como membros do Grupo Brasil-Ucrânia e outros Parlamentares a visitarem a Ucrânia no próximo ano.
Estamos juntos pela paz, pela liberdade e pela democracia.
Muito obrigado pela atenção.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. PSB - PR) - Muito bem. (Palmas.)
R
Agradeço ao Embaixador Andrii Melnyk o pronunciamento, que pode orientar em muitos sentidos o trabalho desenvolvido pelo grupo parlamentar.
Parabéns!
Cumprimento-o também pelo português, que está muito bom. Pudemos entender perfeitamente o texto todo, mesmo estando só há cinco semanas no Brasil.
Quero dizer também para todas as pessoas que este momento, esta nossa reunião está sendo transmitida ao vivo e é aberta à participação dos interessados por meio do Portal e-Cidadania, na internet, no endereço senado.leg.br/ecidadania, ou pelo telefone 0800 0612211.
Inclusive, para as pessoas que acompanham, existe uma pergunta lá do Paraná, Alan de Lírio: "qual é o processo de assistência às crianças, incluindo sua integração nas escolas e outros aspectos?".
Tony, físico do Rio de Janeiro: "como a ajuda do Brasil aos refugiados ucranianos poderia impactar as relações comerciais com a Rússia dentro do Brics?".
André Gagliard, de São Paulo: "a recepção de refugiados tem potenciais riscos e benefícios para o Brasil. Quais são as medidas adotadas para mitigar os riscos?".
E há comentários também.
Ico Moura, da Bahia: "o maior dos crimes é a omissão. O Brasil tem obrigação moral de apoiar os refugiados da Ucrânia".
Luiz Cláudio, Rio de Janeiro: "acredito que o Brasil deveria liderar protocolos humanitários para refugiados para auxiliar a crise global desta questão".
Então, agradeço já as perguntas e os comentários de alguns estados, quatro ou cinco estados diferentes.
Clara Magalhães, acho que está conectada com a gente também, quero passar a palavra a você.
Com muito orgulho, comentei com o senhor embaixador que, alguns dias atrás, tivemos uma videoconferência em que você teve a oportunidade - não é, Clara? - de detalhar o trabalho bonito, difícil, com muitos desafios, que vem sendo desenvolvido na Ucrânia. Nós dissemos que seria interessante, como brasileira, na Ucrânia, contar para os brasileiros o que você vem fazendo também.
A Clara Magalhães Martins é coordenadora da organização brasileiro-ucraniana The Robin Hood Project, que atua em socorro dos refugiados e vítimas da guerra travada na Ucrânia.
Com a palavra, então, Clara Magalhães, remotamente, direto da Ucrânia.
A SRA. CLARA MAGALHÃES MARTINS (Para expor. Por videoconferência.) - Exato.
Boa tarde, Senador.
Boa tarde, embaixador.
Boa tarde, Exmos. Senadores que estão assistindo e também todos os brasileiros que estão acompanhando esta transmissão online.
Eu falo para vocês daqui da Ucrânia, da cidade de Dnipro. Já são mais de 9h30 da noite aqui e não para de tocar o alarme antiaéreo do lado de fora da minha janela.
R
Como o Senador falou, eu atuo aqui na Ucrânia desde fevereiro do ano passado. Nós começamos como uma iniciativa brasileira, ajudando a tirar os brasileiros que estavam na Ucrânia, logo no dia 24 de fevereiro, quando aconteceu a invasão total pela Rússia no território ucraniano. E eu estou aqui desde então.
No ano passado, a gente formalizou o nosso trabalho aqui na Ucrânia, virando a instituição não governamental, a organização não governamental Projeto Robin Hood, que atua em várias frentes daqui da Ucrânia.
Eu imagino que vocês tenham acesso à nossa apresentação. Então, brevemente, mostro um pouco do nosso trabalho aqui na Ucrânia.
Para quem não me conhece, eu acho importante também esta apresentação. Eu sou natural de São Paulo, formada em Direito, na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, mestre em Direito Internacional e sempre escrevi bastante sobre guerra.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. PSB - PR) - Acho que deu algum problema no som, Clara Magalhães.
A SRA. CLARA MAGALHÃES MARTINS (Por videoconferência.) - Agora melhorou?
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. PSB - PR) - Melhorou.
A SRA. CLARA MAGALHÃES MARTINS (Por videoconferência.) - Aqui na Ucrânia, eu trabalho com duas ONGs, o Robin Hood Project e também a Insulate Ukraine, que faz janelas temporárias para casas.
Aqui neste mapa a gente tem o contorno da Ucrânia. Vocês podem ver: estas áreas verdes, que estão nos territórios que foram reconquistados, desde fevereiro do ano passado até hoje; as áreas vermelhas mais claras, que são os territórios temporariamente ocupados pelas forças russas, nessa última invasão de fevereiro; e o vermelho mais escuro, que tem ocupação desde 2014.
Os pontos verdes são onde a gente começou a atuar, logo em fevereiro.
Então, a gente ficava muito focado na região oeste da Ucrânia, especialmente pelo nível de perigo que era vir para o leste. Mas, eventualmente, ali mais ou menos em abril, a gente expandiu a nossa operação até Kiev, nas regiões de Bucha e Irpin, que foram muito famosas no noticiário internacional por terem valas coletivas, um número muito alto de assassinatos de civis ucranianos.
Eu não sei se vocês conseguem ver a minha tela e me ver no vídeo, Senador. Ou só a apresentação?
Aqui, a gente trabalhou na cidade de Bucha, com a entrega...
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. PSB - PR) - Não.
Sabe, Clara, nós estamos vendo a apresentação. Você, não. Eu estou vendo você porque estou com um computador aqui do lado. Mas, na apresentação, é só a apresentação.
A SRA. CLARA MAGALHÃES MARTINS (Por videoconferência.) - Só a apresentação.
Não tem problema. Eu volto depois.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. PSB - PR) - Mas, se tiver um jeito de você aparecer, também é interessante para o pessoal conhecer, inclusive, você.
A SRA. CLARA MAGALHÃES MARTINS (Por videoconferência.) - Eu não sei se tem como fazer agora.
Mas eu volto, enfim, depois, a minha câmera.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. PSB - PR) - Certo.
A SRA. CLARA MAGALHÃES MARTINS (Por videoconferência.) - Nós começamos atuando, então, na região fronteiriça Polônia e Ucrânia, de Varyazh expandindo para Lutsk depois, Rivne, Jitomir até Kiev.
R
E, hoje, a gente atua majoritariamente nestes pontos azuis, que são os pontos já próximos à fronteira com a Rússia ou muito próximo à linha de frente, onde a batalha realmente acontece. Então, é chamado aqui de frontline operations. E a gente constantemente atua mais ou menos a 5km, 10km das linhas de frente.
Durante esse tempo, a gente levantou mais de R$400 mil em doações, distribuindo mais de mil toneladas de ajuda humanitária, incluindo alimentos, suprimento médico e itens de higiene. Instalamos mais de 7 mil janelas na região norte, leste e sul da Ucrânia. Levamos mil quilos, uma tonelada de alimentos para animais. A gente também fez resgate de mais de 300 pessoas no começo da guerra. E a gente também trabalha com treinamentos de primeiros socorros e treinamento de combate para civis, polícia e bombeiros. Trabalhamos também com a distribuição de suprimentos médicos e água. Especialmente depois da explosão da barragem na região de Kherson, existe uma seca muito severa, que afeta inúmeros vilarejos e dezenas de milhares de pessoas nessas regiões.
Aqui eu quero mostrar para vocês um vídeo de como é trabalhar na Ucrânia. Esse vídeo mostra uma equipe do Frontline Medics. Eram pessoas com que a gente contribuía, então trabalhava com eles, fazendo suprimentos médicos. Isso é como trabalhamos aqui na Ucrânia.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
A SRA. CLARA MAGALHÃES MARTINS - Esse ataque deliberado das forças russas a uma equipe de voluntários - eles estavam ali claramente identificados como voluntários - resultou na morte do médico americano Pete Reed e também no ferimento de mais três médicos voluntários que estavam atuando.
Já no nosso caso aqui, em Dnipro, onde ficamos localizados, em janeiro deste ano, nós trabalhamos como primeiros socorristas no maior ataque a civis que teve em Dnipro. Foi num prédio na região do lado direito do Rio Dnipro, 49 mortos. E dá para ver que nós fomos uma das primeiras equipes a chegar. E a gente vê com frequência essas imagens. Eu queria mostrar, porque realmente é com o que a gente trabalha e lida aqui no nosso dia a dia.
Apesar de tudo isso, a gente continua focando sempre nesse trabalho humanitário de ajudar a população, que sofre tanto com a invasão, com a distribuição de suprimentos, em que a gente ou faz as compras ou trabalha com o apoio de outras ONGs que enviam suprimentos da Europa para cá, e a gente distribui em várias aldeias e territórios que foram recapturados pelas forças ucranianas.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. PSB - PR) - Clara Magalhães, eu só vou interrompê-la...
A SRA. CLARA MAGALHÃES MARTINS (Por videoconferência.) - Claro.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. PSB - PR) - ... por favor, você me desculpe. É um minuto.
Nós estamos com a presença do Senador Sergio Moro, que é do Paraná também. Como ele também está participando de uma reunião da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito), ele só quer dar uma saudação para o Embaixador, para você e para o povo da Ucrânia também.
R
O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Obrigado, Senador Flávio Arns.
Eu peço desculpas pela interrupção, mas eu estou na CPMI do 8 de Janeiro, em que estamos votando o relatório daqui a minutos, então tenho que voltar lá.
Antes estava na inquirição do Ministro das Relações Exteriores, Ministro Mauro Vieira, na audiência com ele aqui na Comissão de Relações Exteriores. Embora o tema fosse a questão de Israel e o grupo Hamas, até tive oportunidade ali, Embaixador, de questionar o Brasil também pela posição em relação à guerra da Ucrânia e da Rússia e fiz uma crítica, evidentemente, à nossa posição nas relações exteriores, pelo menos na diplomacia presidencial - não a posição brasileira -, de uma certa equivalência da responsabilidade dos países, o que nós sabemos que é falso, já que nós temos um agressor e temos um país invadido.
Eu peço desculpas por não poder ficar neste evento - gostaria de ficar -, mas tive que atender aquele e agora tenho que atender o outro.
Eu registro aqui a minha solidariedade ao povo da Ucrânia, a minha posição aqui inflexível, dentro do Senado, pela paz, o que envolve o respeito à soberania da Ucrânia na região.
Então, agradeço, peço escusas e a compreensão de todos por ter que deixar, mas quis deixar este meu recado.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. PSB - PR) - Muito bem. (Palmas.)
Agradeço ao Senador Sergio Moro.
Clara, você sabe que ele é do Paraná também, e, como eu mencionei agora há pouco, dos 600 mil ucranianos no Brasil, 500 mil estão lá no Paraná. Então, você me desculpe de novo, mas eu achei importante o pronunciamento do Senador, que reflete muito o que o Senado pensa a respeito do conflito, da invasão.
Então, com a palavra de novo, Clara, por favor.
A SRA. CLARA MAGALHÃES MARTINS (Por videoconferência.) - Obrigada.
Realmente, quanto maior demonstração de apoio a gente conseguir e obter para a Ucrânia, melhor.
Voltando aos nossos trabalhos, então, na Ucrânia, além da distribuição de suprimentos, a gente também trabalha com treinamento de primeiros socorros, treinamento de combates, workshops para lidar com trauma e saúde mental tanto para hospitais, ONGs, como para voluntários independentes e a gente também coordena alguns grupos de segurança e proteção, que são responsáveis por criar protocolos básicos para que ONGs e voluntários consigam atuar aqui na Ucrânia em segurança.
Nessa parte de treinamento, a gente já trabalhou com os bombeiros, também chamados na Ucrânia do DSNS, com o Serviço de Resgate de Nikopol, Marhanets, com a Guarda Nacional em Kherson, com a ONG Insulate Ukraine, com o Departamento de Polícia da cidade de Lyman, com alguns batalhões do Exército, com o Hospital Psiquiátrico de Jitomir e também com o Hospital Psiquiátrico de Odessa.
Eu acho importante a gente falar dessa parte, porque a Ucrânia hoje é sobrecarregada, claro, os serviços de resgate todos sobrecarregados, e essa responsabilidade, quando existe um ataque em alguma cidade, recai também para outros órgãos que não necessariamente fariam esse primeiro resgate.
No caso das cidades de Nikopol, Marhanets e também nessa área de Kherson, que estão muito atacadas hoje por artilharia e ataques aéreos da outra margem do rio, mais ou menos 7km de distância, eles que têm que fazer também essa parte de primeiro resgate à população civil depois que acontece algum ataque, e é muito importante que a gente consiga prepará-los o melhor possível para que eles possam salvar vidas.
R
Nós também fizemos algumas campanhas de doação de água quando aconteceu a explosão da barragem de Nova Kakhovka, aqui no Oblast de Kherson. Hoje a gente tem uma situação muito severa de seca, que atinge, como eu disse, milhares de pessoas que moram nas margens do rio, e é uma situação muito mais triste, porque a gente só tem acesso, claro, às pessoas do lado controlado pela Ucrânia. A gente não consegue acessar os ucranianos que estão nos territórios temporariamente ocupados pelas forças russas e a gente não sabe nem qual é a situação dessas pessoas vulneráveis, muitos idosos, crianças que ainda moram nessas regiões sem acesso nenhum à água potável.
E é claro que eu acho muito importante falar também desse apoio moral e do trabalho de bem-estar para os ucranianos e também para os voluntários. Aqui a experiência que eu tenho de ter o passaporte brasileiro, de ser brasileira, é muito benéfica, nós somos muito bem recebidos, e os ucranianos frequentemente ficam muito surpresos por ter um brasileiro, por ter uma equipe brasileira que vem de tão longe para trabalhar com eles. Nessa parte a gente faz campanha de doação para crianças, a gente fez toda essa parte de campanha de sapatos, itens para a volta às aulas, comidas, snacks para soldados e também para a população civil, e a gente faz essas entregas, porque a saúde mental é tão importante quanto a saúde física, com tudo que a gente sofre aqui com essa frequência de ataques.
Não posso deixar também de trazer esse trabalho - principalmente, agora com o grupo Parlamentar e com o Embaixador Andrii - de aproximação entre os países, que a gente vê como essencial não só para a ajuda humanitária, mas também para realmente ajudar a Ucrânia a obter a vitória sobre a Rússia nessa invasão tão desumana e que já completa, como o Embaixador disse, 602 dias hoje. E parte dessa aproximação a gente vê como... É claro, aproximando os interesses do Brasil, de investir na Ucrânia e trabalhar junto com as oportunidades da Ucrânia, de aproximar as cidades brasileiras com as cidades ucranianas para poder fazer essa troca de conhecimento, essa troca cultural e aproveitar para fazer o fomento de negócios, a parceria educacional entre as instituições de ensino dos dois países e, como o Embaixador também disse, de usar a nossa qualificação brasileira, que é reconhecida mundialmente em diversas áreas, como na plástica, ortodontia, para ajudar as pessoas que são vítimas de ataques russos, além, claro, de parcerias para desenvolver pesquisa e desenvolvimento. O Brasil tem uma oportunidade fenomenal de ajudar as pessoas que ainda estão em territórios temporariamente ocupados ao propor, talvez, um corredor humanitário junto à ONU e aos outros países para que isso possa realmente ter um impacto, para que o Brasil consiga realmente ter um impacto à população ucraniana em lugares onde a gente não consegue acessar.
R
E a gente vê algumas atitudes, porque a gente trabalha aqui, como o pessoal dos bombeiros do Paraná que enviaram um patch para a gente trocar com os bombeiros de Nikopol e a polícia de Kherson, e eles tiveram o primeiro contato ali com a famosa paçoquinha brasileira e, claro, a nossa equipe também aqui, brasileiros e ucranianos, trabalhando para fazer a distribuição de alimentos para a população vulnerável de vários vilarejos.
Eu sei, então, que vocês não conseguem me ver com a apresentação. Eu vou desligar a apresentação e vocês só me avisem se dá para ver a minha câmera agora. Sim?
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. PSB - PR) - É, agora estamos vendo você bem.
A SRA. CLARA MAGALHÃES MARTINS (Por videoconferência.) - Obrigada.
Eu queria só mostrar isso daqui, porque é a primeira vez que... Eu acho que... Lembra ali no mapa que os pins verdes foram quando a gente começou a trabalhar bastante localizados ao oeste da Ucrânia, a região que a gente considerava mais segura? A primeira vez que eu fui até Kiev, tem uma estrada praticamente direta de Lutsk até Kiev, eu entrei nessa estrada um dia depois que teve uma batalha entre a Rússia e a Ucrânia, e a Ucrânia foi vitoriosa, mas não fazia 12 horas que eles tinham conquistado essa vitória. Então, foi a minha primeira experiência com uma guerra tão próxima. Hoje, é claro, eu já vivi coisas piores, mas só de lembrar de toda a população civil que a gente encontrou ali morta pela estrada, por quilômetros de estrada - população civil... E eu queria mostrar para os Senadores que estão assistindo, que a gente não conheceu pessoalmente, o tipo de armamento.
Esses aqui foram presentes, por assim dizer, para que a gente se lembre de Bucha, porque ainda tem gente que é cética e acha que isso não acontece. Muita gente fala que não tem tantos ataques, que não é verdade o que acontece na Ucrânia, ou em alguns lugares, ou que ainda tentam culpar a Ucrânia como se a Ucrânia tivesse algum partido e alguma culpa no que acontece e não fosse simplesmente vítima de uma invasão pela Federação Russa.
Senador, eu queria agradecer ao senhor por ter usado esse termo "invasão", a gente também evita usar o termo "guerra" e "conflito" para não dar a impressão de que isso é um desejo de ambos os lados, porque o que a Ucrânia faz é simplesmente se defender de um invasor, a Ucrânia simplesmente se defende, e o Brasil tem que ter a coragem de ficar do lado certo da história e também de defender a Ucrânia e os ucranianos dos invasores que tentam tomar o seu território. Obrigada por nos permitir, neste espaço, mostrar o nosso trabalho e também por fazer essa movimentação de aproximação e de apoio da ajuda humanitária pelo Governo brasileiro à Ucrânia.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. PSB - PR) - Muito bem. Agradecemos a você, Clara Magalhães.
Acho que podemos também bater uma salva de palmas. (Palmas.)
A SRA. CLARA MAGALHÃES MARTINS (Por videoconferência.) - Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. PSB - PR) - Eu já tinha dito a você, no outro dia, que o nosso reconhecimento pelo trabalho já de quase dois anos no front praticamente, a poucos quilômetros, pouca distância de onde estão as coisas de combate acontecendo, e um trabalho humanitário. E dissemos: "não, a Clara Magalhães Martins deve falar tudo isso no Senado Federal", para que a população brasileira, através da audiência pública, possa tomar conhecimento do trabalho coordenado, porque ninguém faz um bom trabalho sozinho, mas uma articulação de uma brasileira na Ucrânia, tentando também contribuir para que o povo da Ucrânia tenha possibilidades melhores também de vida, de atendimento, e tem que haver um sentimento de solidariedade internacional nesse sentido.
R
O que, de fato, pedimos para você é que a gente sabe das dificuldades que você também vem enfrentando, por exemplo, na questão da água, que nós já discutimos, inclusive, mecanismos para tornar a água potável. O Brasil tem bastante alternativa nesse sentido e queremos, assim, divulgar essas necessidades que você vem enfrentando para haver uma mobilização dentro do Brasil a favor das necessidades que o povo ucraniano vem sentindo.
Eu queria, dando a palavra novamente ao Sr. Embaixador, e indo para o final desse nosso encontro, saber se o Sr. Embaixador poderia dizer para a gente como é que está a situação, assim, das escolas, o funcionamento, crianças, adolescentes - eu, inclusive, presido aqui no Senado a Comissão de Educação e Cultura -, para saber como é que esse atendimento vem acontecendo e, particularmente, as notícias que correram de que um número muito grande de crianças teria sido levado para a Rússia, ao arrepio do desejo de famílias, de pais; se essa situação está mais esclarecida, se continua a haver esse problema. Como é que está essa situação do atendimento das escolas, dos idosos?
Pode ser em inglês mesmo. Eu acho que tem a tradução para quem está acompanhando pelo Brasil. (Pausa.)
Tem.
Muito bem.
O SR. ANDRII MELNYK (Tradução simultânea.) - Obrigado, Embaixador. Muito obrigado, Clara Magalhães Martins, por essa impressionante apresentação e por sua história.
Sua história sobre como a Ucrânia pode resistir... poderia resistir 602 dias de intervenção militar numa escala nunca vista desde a Segunda Guerra Mundial na Europa.
Eu quero agradecer, Sra. Magalhães Martins, por seu trabalho, por sua dedicação, por seu engajamento; à senhora, aos seus colegas na Ucrânia, a todos os brasileiros que têm ajudado a fazer esse trabalho importante possível na Ucrânia em tempos de guerra.
Também gostaria de desejar, Sra. Magalhães Martins - Clara Magalhães Martins -, paciência e também mais contribuições não apenas dos cidadãos comuns - e eu tenho certeza que muitos fizeram doações -, mas também pedir a empresas brasileiras, ONGs e também ao Governo brasileiro para ajudar nesse trabalho humanitário de sobrevivência.
R
Muito obrigado por sua pergunta, muito obrigado por seu interesse.
Claro, o senhor viu fotos horríveis, mostrando o aumento da brutalidade nunca vista na Europa por décadas. Essa é a triste realidade.
E voltando à sua pergunta, Senador Arns, as crianças foram as que mais sofreram. Depois da pandemia - que durou quase dois anos -, a frequência à escola era limitada, e agora temos quase dois anos de guerra, o que significa também para a maioria das crianças ucranianas nenhuma possibilidade de frequentar a escola, nem... Eu conheci ativistas de ONGs que viajaram para a linha de frente para conhecer crianças com oito, nove, dez anos que não sabiam nem ler, nem escrever, porque estavam sem escola por quatro anos.
Não é apenas uma tragédia, mas é um desafio para o Governo e também para nossos amigos e aliados, que têm tentado nos ajudar nesses tempos difíceis garantir que as escolas funcionem, mesmo em tempos de guerra. É difícil, o Governo tem tentado fazer o possível para dar às crianças a possibilidade de visitar a escola, porque a escola não é apenas para aprender, mas também para socializarem-se, para terem comunicação social, que é algo que não tem ocorrido durante esses 602 dias de guerra.
Em Kiev, as escolas só funcionam quando há uma possibilidade de abrigo, porque todos os dias... No ano passado eu estive em Kiev também, passei em Kiev, e é uma experiência traumatizante ouvir três, quatro, cinco, seis vezes por dia, principalmente à noite, sirenes avisando de ataques aéreos. Não é possível dormir, o que é uma catástrofe para as crianças.
As crianças perderam os anos mais preciosos de suas vidas sem ter acesso à escola. Um terço das escolas em Kiev, na capital, consegue oferecer escola normal, porque têm abrigos, mas, quando existe um alarme, as crianças podem correr e passar talvez 30 minutos ou uma hora e ficarem abrigadas ali. Então, algumas escolas ainda funcionam na linha de frente, como eu mencionei quando falei mais cedo.
Essa linha de frente tem mais de 1,3 mil quilômetros, onde há muitas cidades que estão expostas aos ataques da Rússia. Então, quando os ataques começam, 15 segundos, 20 segundos é o tempo que se tem para evacuar.
R
E é algo que mostra que é quase impossível para o Governo garantir que milhões de crianças na Ucrânia possam ter acesso a escolas, e é algo que também gostaríamos de discutir com nossos amigos brasileiros e parceiros: como ajudar a garantir que as crianças possam ter acesso e alguma normalidade dentro desse período brutal de guerra pelo qual passamos por 602 dias de guerra.
Eu agradeço e gostaria, mais uma vez, de convidar o Senador Arns e colegas do Grupo Parlamentar Brasil-Ucrânia aqui no Senado e na Câmara dos Deputados a visitar a Ucrânia no próximo ano. Talvez na primavera, quando não é tão frio. Ajudar e visitar. Não apenas falar com seus colegas no Parlamento, mas também visitar lugares e ver como é a vida no meio desta guerra terrível, com pessoas tentando viver, continuar com suas vidas, seguir com suas vidas, trabalhar em escritórios, escolas, para garantir algum sentimento de normalidade, o que não é muito possível, mas também preparar iniciativas para ajudar as crianças, principalmente as que não têm acesso à internet e não conseguem ter a possibilidade de ter computadores em casa, porque em grande parte a escola continua online.
Isso é algo que podemos discutir e talvez começar alguns projetos para mostrar ao Brasil que o Brasil está apoiando. E eu vi como a Sra. Clara Magalhães falou do seu orgulho de ser brasileira e a surpresa das pessoas ao verem uma brasileira lá mostrando solidariedade, não apenas em relação à guerra. Isso vai passar para a história. Tempos como estes, quando essa guerra acabar, as pessoas vão se lembrar de quem apoiou, de quem ficou do nosso lado. Isso será lido em livros escolares e nas próximas décadas e séculos.
Então, a mensagem da Ucrânia é que gostaríamos muito de ver o Brasil presente, em muitos... seja como mediador... É possível que o Brasil tenha toda a capacidade de ser um líder para nos ajudar a acabar com essa guerra e nos ajudar também na área humanitária, em todas as áreas que vimos nessa impressionante apresentação.
Isso não comprometeria o futuro do Brasil. É possível negociar. Vocês podem mediar e ajudar futuras negociações para a paz e, ao mesmo tempo, contribuir em várias outras frentes.
R
Eu gostaria muito de apelar ao Senador e ao Parlamento, aos Congressistas, membros do Parlamento, e também ao Governo, que agora tem essa responsabilidade de... há muitas possibilidades de ajudar a Ucrânia e isso pode ser começado agora. Eu mencionei algumas questões. O Brasil pode desempenhar um papel importante, seja em termos de ajudar a Ucrânia a sobreviver ao período de inverno durante a guerra, seja em outras áreas.
Esperamos que a Rússia vá começar ataques de mísseis e a Rússia vai atacar nossa infraestrutura elétrica, o que vai ser muito prejudicial durante o inverno. Um dia eu voltei para casa e não havia eletricidade. Eu estava morando no 13º andar e tive de andar até o 13º andar. Também o suprimento de água estava baixo, e não havia qualquer aquecimento. Foi isso que aconteceu no inverno passado em Kiev.
Temos de estar preparados, porque neste próximo inverno pode ser ainda pior, não apenas em Kiev, porque Kiev é a capital e está mais ou menos bem protegida. Temos a defesa aérea dos nossos amigos da Alemanha, nossos aliados de muitos países, incluindo os Estados Unidos da América, mas outras cidades como Dnipro, uma cidade na parte leste, onde a Sra. Clara Magalhães está situada, que não é bem protegida.
Temos de contar com muitas estruturas. Muitas pessoas podem ser forçadas a sair de suas cidades, talvez saírem de seu país. Muitos ucranianos encontraram refúgio aqui no Brasil, mais de 3 mil, mas também na Europa, na Alemanha. Eu trabalhei muitos anos como Embaixador na Alemanha, e tem mais de 1 milhão de ucranianos na Polônia. É difícil entender, se você levar em consideração as necessidades escolares.
Senador, muito obrigado por essa oportunidade desta audiência pública aqui no Senado. E quero apelar ao senhor e aos seus colegas para que se engajem de forma mais ativa a persuadir o Governo a engajar-se de qualquer maneira que seja possível, onde se considerem competentes para nos ajudar.
É uma questão de sobrevivência do povo ucraniano, não é só uma questão do conflito na região fronteiriça. É uma questão de sobrevivência pura, é uma obrigação moral de toda a nação.
R
O Brasil não é apenas uma nação, o Brasil é um amigo e um parceiro estratégico, de acordo com uma declaração que assinamos muitos anos atrás. Gostaria de ver, de preencher essa declaração com mais substância, queremos convidar as ONGs do Brasil, jornalistas do Brasil para viajar a Kiev. É claro que é perigoso, mas para dar uma ideia do sofrimento, da destruição, mas também da dedicação das pessoas, da resistência, resistir, lutar e ser independentes, porque isso é o mais importante. Sem independência, como foi o caso por muitos e muitos anos, significa que poderíamos também perder a nossa identidade, a nossa língua, a nossa cultura, porque é isso que está em jogo.
Senador, mais uma vez, muito obrigado por essa iniciativa, espero que possamos continuar. E, como eu disse, o meu Presidente também poderia falar com o Senado, falar aos Senadores, responder perguntas e também descrever para o Brasil, que é um dos maiores países do mundo, um dos mais importantes países do mundo, não em termos de economia, mas também em termos de história, em termos de moral e de geopolítica... É algo que os brasileiros podem decidir e ficaríamos muito agradecidos por essa contribuição.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. PSB - PR) - Só um minutinho, Clara.
Eu só queria dizer que eu já iria passar a palavra para você também, Clara, mas antes só quero dizer que o que o Embaixador Andrii Melnyk colocou é muito importante: olharmos a dimensão toda do país no sentido de sofrimento, de destruição, mas, também, da cultura, da apreciação.
Às vezes eu fico pensando também como o pessoal vem enfrentando esse sofrimento todo com uma determinação enorme, com a dificuldade toda das crianças e adolescentes, que é a área da Damares Alves, que também contempla todas as áreas, mas, particularmente, da criança e do adolescente, os impactos disso na saúde física, mental, no presente e no futuro, e isso é importante a gente levar em conta.
Realmente, que esse grupo parlamentar possa atuar em convergência também com o povo, com a embaixada, com o Anatoliy, que está aqui presente também, e o Sr. Embaixador. Então, não há dúvida nesse sentido.
A Clara Magalhães está lá na Ucrânia, brasileira, já falou, apresentou todo o trabalho para a gente divulgar, inclusive todo o trabalho da brasileira junto com outros brasileiros e o povo ucraniano a favor dessa promoção do bem-estar do povo.
Com a palavra, Clara, para as suas considerações finais.
A SRA. CLARA MAGALHÃES MARTINS (Para expor. Por videoconferência.) - Obrigada.
Só para complementar a sua resposta ao Embaixador à pergunta da escola.
Então, hoje a gente tem os números aqui, de que mais de 1,3 mil escolas foram destruídas ou danificadas por ataques russos, numa cidade aqui relativamente perto de Dnipro, em Kharkiv, que é o estado fronteiriço com a Rússia, ao norte da Ucrânia, nordeste da Ucrânia.
R
As crianças têm aula hoje dentro das estações de metrô, que foram convertidas para receber 3 mil alunos.
E um ponto que o Embaixador também falou sobre os ataques e as sirenes aéreas é que, na maioria desses lugares, que são muito próximos à frente, onde tem a artilharia ou ali com a fronteira da Rússia, é muito mais comum que a gente ouça primeiro a explosão e depois o ataque aéreo, desculpa, depois a sirene, porque vai ter um ataque. A gente ouve primeiro o ataque para depois ouvir a sirene, por causa da proximidade. É muito rápido e não tem como você se defender de um ataque aéreo ou de uma artilharia quando você está tão perto assim das forças invasoras.
É só nesse quesito, então, das escolas.
E também acho importante a gente pontuar e lembrar dos números de crianças ucranianas que foram sequestradas pela Rússia. O número oficial que o Governo ucraniano reconhece são 20 mil crianças sequestradas, abduzidas pelas forças russas, enquanto a própria Rússia diz que o número de crianças realocadas foi de 700 mil. E alguns meses atrás também a própria Cruz Vermelha da Belarus disse que movimentou mais de 37 mil crianças do território ucraniano para o território da Belarus.
Esse é mais um tema em que a diplomacia brasileira e o Governo brasileiro realmente poderiam ter um peso de forçar ou de trabalhar para retornar essas crianças para a Ucrânia e para suas famílias.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. PSB - PR) - Uma situação lastimável, mas agradeço muito a sua participação, Clara.
Nós estamos aqui com o Senador Sergio Moro, que já se manifestou agora há pouco, e também com a Senadora Damares Alves.
Não sei se gostaria também de usar a palavra... (Pausa.)
Com a palavra, Senadora Damares Alves.
A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF. Para expor.) - Se conseguir falar, não é, Presidente, depois de ouvir a Clara falar...
Quero cumprimentar o Embaixador, eu ainda não tive a oportunidade de estar com vocês pessoalmente. Estive uma vez muito rapidamente, mas eu precisava registrar que eu sou membro deste grupo desde a sua criação.
E, às vezes, Embaixador, é um sentimento muito grande de impotência, um sentimento que nos leva às lágrimas muitas vezes. Que bom que foi a Clara que trouxe essa informação - Clara Martins, parabéns pelo trabalho de vocês -, porque se fosse um representante do Governo ucraniano todo mundo iria questionar porque nós vamos ter que tomar um lado, uma posição, mas uma brasileira que está lá e traz para o Senado brasileiro uma informação tão grave como esta: 20 mil crianças sequestradas. A impotência aumenta mais, mas eu creio que informações como essas vão incomodar muitos Senadores nesta Casa.
Senador Flávio Arns, parabéns pela condução do grupo e que bom que é o senhor, que o Moro está aqui. Vocês, lá do Paraná, que têm aquela comunidade ucraniana tão linda. Eu tenho um amor tão grande por eles, porque, quando Ministra da Mulher, as mulheres ucranianas do Paraná cuidaram de mim. Elas bordaram máscaras com bordados lindos da Ucrânia e mandaram para mim, porque queriam que a Ministra ficasse bem de saúde e bonita.
R
Quando a gente encontra essas mulheres ucranianas que estão aqui no Brasil, a gente vê o sofrimento por que elas estão passando hoje: elas não dormem porque familiares estão lá, seus compatriotas estão lá, e elas só choram. E o que eu tenho feito ultimamente, Embaixador, é chorar, mas está na hora de a gente pensar no que mais a gente pode fazer, enquanto Senadores, nesta Casa, de que forma a gente pode influenciar.
Eu estou vendo tanta gente subindo na tribuna e, claro, de forma muito correta, falando das crianças de Israel, que também estão me arrancando lágrimas, mas nós tivemos tantas crianças na Ucrânia que foram mortas e que estão morrendo todos os dias, e, agora, há essa informação de 20 mil. Quando se sequestra uma criança, se sequestra toda a infância, se sequestra a sua história, se sequestra a sua identidade, se sobreviverem. Serão 20 mil cidadãos que a Rússia vai ganhar machucados, doentes. Se sobreviverem, que homens e mulheres serão?
E o que me deixa muito triste, Embaixador, é que o homem foi à Lua, nós estamos vivendo uma era tecnológica, a ciência avançou, o homem chegou a um momento de desenvolvimento - o que é isso? -, mas o homem não consegue dialogar. Aí, quando eu olho para as guerras e vejo o método da idade da pedra em pleno 2023, quando vejo homens matando homens numa guerra, homens matando crianças, homens matando mulheres, inocentes morrendo, a sensação de impotência toma conta da gente. Mas eu creio que a informação trazida hoje vai nos incomodar muito, e esse grupo aqui não vai se omitir. E o Senador Flávio Arns sabe que pode contar muito comigo, muito.
Obrigada por ter vindo, Embaixador. Obrigada, Clara, pelo que você falou. Eu não estava aqui porque agora nós estamos ali numa briga, numa outra CPMI, descendo um tempo tão grande com uma briga ali, mas o meu assessor de relações internacionais estava aqui no plenário e me mandava as mensagens, e ele estava chorando. É o João Víctor, que está ali atrás. Ele dizia: "Senadora, eu não aguento, eu estou chorando". Que todos os brasileiros que ouviram esses relatos hoje chorem pela Ucrânia, orem pela Ucrânia e que esse grupo possa influenciar decisões diplomáticas, que esse grupo possa influenciar pelo fim daquela guerra. Que Deus te abençoe, Embaixador. Tem uma Senadora aqui que ama a Ucrânia, que ama o povo ucraniano.
Muito obrigada pela oportunidade, Presidente. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. PSB - PR) - Habitualmente a gente não bate palmas nas reuniões, mas hoje nós estamos realmente saudando todos os pronunciamentos, que são um chamamento para ação, não é verdade? Vamos juntos depois construir caminhos aí para contribuirmos com essa abordagem toda necessária.
Passo a palavra novamente ao Senador Sergio Moro para as considerações que desejar fazer.
O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Obrigado, mais uma vez, Senador Flávio Arns.
Cumprimento também a nossa querida Senadora Damares, todo o público presente e, em especial, aqui o Embaixador Melnyk, da Ucrânia.
R
Eu consegui fazer a votação que precisava lá na CPMI e voltei. Peço desculpas até pelo interregno.
Mas, mais uma vez, gostaria de reiterar aqui a minha solidariedade à população da Ucrânia, ao Governo da Ucrânia neste momento difícil em que enfrenta essa guerra, que já se alonga, e, no fundo, se defende de uma guerra de conquista, não é apenas sobre limites de fronteiras, como bem colocado pelo Embaixador, mas pela própria independência da Ucrânia ou se tornar um estado vassalo, um estado servo de um outro país.
E nós temos um grande respeito também ao povo russo. A população russa tem uma história belíssima. Não se trata aqui de fazer uma escolha entre dois povos, duas populações, mas reconhecer que existe uma situação de agressão que viola o direito internacional.
O Governo brasileiro não tem agido conforme a população almeja. No sul do Estado do Paraná nós temos uma grande comunidade de origem ucraniana, mas, independentemente dessa situação peculiar no Paraná, o que nós vislumbramos, a população brasileira, informada sobre o conflito, é um desejo de paz e um desejo de respeito ao princípio da soberania dos povos. Não existe ali nenhuma zona cinzenta em se acreditar que a Ucrânia tem alguma responsabilidade em relação a essa guerra.
E o compromisso que nós podemos assumir aqui como Senadores, Senador Flávio Arns - e reitero aqui meus elogios à sua iniciativa de montar este evento -, é nós cobrarmos uma posição, na diplomacia internacional, mais severa do Brasil contra essa agressão, que nós possamos agir diplomaticamente da melhor forma possível para que nós tenhamos uma posição mais clara em relação a esse conflito internacional; e, do outro lado, também chamando a atenção, reverberando todo esse sofrimento humano que vem de toda guerra, mas, principalmente quando uma guerra é injusta, isso ainda mais agudiza os nossos sentimentos.
Nessa linha, a nossa querida Senadora Damares bem coloca o destaque desse ponto do sequestro, que já foi inclusive reconhecido, provisoriamente, pelo Tribunal Penal Internacional, ao emitir um mandado de prisão até contra um dirigente russo, do sequestro de crianças ucranianas, o que é algo que, no fundo, não corresponde a uma prática sequer legítima de guerra. A guerra já é muito terrível, mas ainda assim é uma prática extremamente reprovável.
Então, quero me colocar à disposição, e o meu gabinete - já tive oportunidade de conversar com o Embaixador - para ajudar no que possível à posição da Ucrânia nesse contexto mundial e global e, principalmente, para melhorar a posição do Brasil em relação a esse tema. Penso que podemos, Senador Flávio Arns, a partir também desse grupo, aprofundar a presença desse debate aqui no Parlamento, no Senado Federal, na Comissão de Relações Exteriores, no Plenário, porque o que nós não podemos deixar é a Ucrânia sozinha, sem que nós possamos dar uma parcela de contribuição para ajudá-la nesse momento difícil.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. PSB - PR) - Agradeço novamente, Sr. Embaixador, a presença do senhor aqui neste grupo parlamentar. Quero agradecer e destacar também a participação, diretamente da Ucrânia, da brasileira Clara Magalhães Martins e reforçar, enaltecer o trabalho que vem sendo desenvolvido lá; a presença da Senadora Damares Alves e do Senador pelo Estado do Paraná, Sergio Moro - lembrando que o Senador Oriovisto Guimarães hoje não pode estar presente, mas ele é Vice-Presidente deste Grupo Parlamentar Brasil-Ucrânia-; do Sr. Anatoliy, que é o Encarregado de Negócios também...
R
Também...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. PSB - PR) - Por aí.
Mas também seja sempre muito bem-vindo.
Quero agradecer todo o apoio que foi dado pela infraestrutura do Senado para a realização desse encontro, com as traduções, as transmissões, enaltecer as perguntas e comentários que foram feitos e todos que participam e, de fato, dizer que vamos trabalhar em conjunto, fazermos uma abordagem, um plano articulado que envolva o Plenário, a Comissão de Relações Exteriores, o debate, a articulação com a embaixada também, esperando, inclusive, fazendo o apelo para que o Sr. Embaixador possa, no mais breve espaço de tempo possível, apresentar as credenciais também para o Governo brasileiro. O Presidente da República ainda não está atendendo oficialmente depois da cirurgia, mas que em breve isso aconteça.
E, também, além de vermos a situação na própria Ucrânia, posso assegurar que o povo do Paraná ficará muito honrado com sua visita para as cidades paranaenses, onde a presença ucraniana... e em outros municípios também receberão o senhor com muita alegria e com muita solidariedade.
Antes de encerrar, eu proponho a dispensa da leitura e aprovação da ata, que será composta pela lista de presença, pelo regulamento interno e pelas notas taquigráficas.
As Sras. e os Srs. Parlamentares que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Então, cumprida a finalidade deste encontro, agradeço pela presença de todos aqui, de todos que nos acompanharam pelo Brasil e declaro encerrada a presente reunião.
Obrigado.
(Iniciada às 15 horas e 06 minutos, a reunião é encerrada às 16 horas e 27 minutos.)