Discurso no Senado Federal

PREPARATIVOS PARA A COMEMORAÇÃO DO SESQUICENTENARIO DE NASCIMENTO DO PADRE CICERO ROMÃO BATISTA, PATRIARCA DE JUAZEIRO, NO PROXIMO DIA 24 DE MARÇO.

Autor
Mauro Benevides (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/CE)
Nome completo: Carlos Mauro Cabral Benevides
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • PREPARATIVOS PARA A COMEMORAÇÃO DO SESQUICENTENARIO DE NASCIMENTO DO PADRE CICERO ROMÃO BATISTA, PATRIARCA DE JUAZEIRO, NO PROXIMO DIA 24 DE MARÇO.
Publicação
Publicação no DCN2 de 08/02/1994 - Página 567
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, SESQUICENTENARIO, NASCIMENTO, CICERO ROMÃO BATISTA, SACERDOTE, VULTO HISTORICO, ESTADO DO CEARA (CE).

    O SR. PRESIDENTE (Chagas Rodrigues) - Concedo a palavra ao nobre Senador Mauro Benevides.

    O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB - CE. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras e Srs. Senadores; mobilizam-se todos os segmentos da sociedade cearense no sentido de comemorar, condignamente, o sesquicentenário de nascimento do Padre Cícero Romão Batista, talvez a figura mais importante dos sertões nordestinos, pois conquistou, com seu espírito de bondade, o coração dos humildes e continua a merecer, tantos anos depois de sua morte, a veneração, cada vez mais crescente, de multidões de romeiros que se deslocam, todos os anos, para a região do Cariri, provenientes das mais diferentes áreas do Nordeste.

    As manifestações de profundo apreço à memória do Patriarca de Juazeiro constarão de atos religiosos, exposições de artes populares, lançamento de livros, encenação de peças teatrais, concursos literários, jogos estudantis e um simpósio internacional sobre a figura orucular daquele que tanto fez em benefício dos deserdados da sorte, merecendo gratidão eterna.

    A data oficial do sesquicentenário é 24 de março de 1994, mas os eventos comemorativos se estenderão por todo o ano, com a participação de vultos de realce da vida cearense, conhecedores da dimensão do fenômeno sociológico das romarias, que atraem, cada ano, cerca de dois milhões de nordestinos.

    Os polêmicos milagres de Juazeiro, de que é protagonista a beata Maria de Araújo, ou Beata Mocinha, deram origem, à punição do Padre Cícero, no Bispado de Dom Joaquim, sendo, em conseqüência, suspenso de ordens em 1892, após recusar-se a abandonar sua paróquia.

    Já hoje, a Igreja está revendo todo o processo, mesmo porque existe uma perspectiva histórica mais adequada ao julgamento, que será feito sem a emoção resultante dos fatos iniciais. O povo, porém, indiferente a isso, prosseguiu, através do tempo, a cultuar o apóstolo dos nordestinos, tributando-lhe incessantes homenagens e anunciando sempre a obtenção de graças e milagres.

    Seja como for, a verdade é que o Padre Cícero exerceu uma extraordinária missão civilizadora, criando uma das maiores cidades do País e acendendo o lume da esperança em milhões de corações desenganados ou desesperados ante a rudeza do cotidiano.

    Politicamente, sobretudo em face da influência do Dr. Floro Bartolomeu, seu conselheiro-mor, o Patriarca do Juazeiro foi o primeiro prefeito daquela cidade após lutar por sua emancipação chegando, com o grande prestígio de que desfrutava, aos postos de Deputado Federal e Vice-Governador do Ceará, cargos que jamais exerceu, por se recusar a sair do convívio de seu fiel rebanho.

    Falecido a 20 de julho de 1934, o Padre continua vivo no espírito do povo humilde do Ceará, da Paraíba, do Rio Grande do Norte, do Piauí, de Pernambuco, de Alagoas, de Sergipe e da Bahia. E a cada ano aumenta o número de romeiros, em peregrinações quase sem fim, que chegam a Juazeiro a pé, no dorso de animais ou em caminhões, acarretando, naturalmente, alguns problemas à administração municipal. sobretudo no que tange à saúde.

    Por tudo isso, fácil será imaginar-se o êxito das festividades do Sesquicentenário, que enseja uma profunda reflexão sobre o fenômeno de misticismo no Nordeste, com características que desafiam a argúcia dos pesquisadores, principalmente se considerarmos que o leitmotiv de tais ocorrências repousa na figura de um sacerdote que fascinou as multidões com sua alma generosa de idealista.

    De qualquer forma, as populações pobres agradecem, com todas as forças de seu coração, os favores espirituais de seu grande benfeitor, dentro de um imenso contexto social que se convencionou chamar de "fenômeno de Juazeiro"" e que coloca o Padre Cícero Romão Batista em posição de destaque na História do Ceará e de todo o Nordeste.

    Com este registro, pretendo homenagear aquele vulto exponencial de nossos fastos sócio-religiosos, na passagem do sesquicentenário de seu nascimento.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 08/02/1994 - Página 567