O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB - CE. Para uma breve comunicação.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, comemora-se, na próxima quinta-feira, em Fortaleza, o primeiro centenário de nascimento do saudoso intelectual e pesquisador Oswaldo Araújo, que pertenceu ao Instituto do Ceará, uma das mais importantes instituições culturais de minha terra, e a outras entidades de renome na área dos estudos históricos e antropológicos do País.

    Nascido na cidade de lpu, a 17 de março de 1894, foi sempre, em todos os momentos de sua vida, um cidadão exemplar, guiado por um espírito benemérito e empreendedor e uma vontade inquebrantável de prestar serviços ao povo cearense.

    Após trabalhos no comércio, seguindo a tradição paterna, resolveu tentar, na Capital do Estado, novos horizontes para a sua vida, possuidor que era de pendores literários e de uma grande paixão pelas coisas do passado. Já trazia, então, muito bem iniciada, a coleção de primeiros números de periódicos brasileiros de todas as procedências, chegando a reunir mais de sete mil exemplares, no maior acervo no gênero em todo o País.

    Famosa tornou-se a coleção de Oswaldo Araújo, continuada por sua ilustrada família e contando, hoje, com dez mil títulos, o que constitui admirável obra de paciência e de investigação histórica. E ninguém pode, hoje em dia, escrever sobre jornais e revistas do Brasil, em seu número inicial, sem fazer referência a esse trabalho perseverante e sério.

    Em Fortaleza, onde desfrutei de sua valiosa amizade, foi Secretário Executivo do Instituto de Antropologia da Universidade Federal do Ceará, sob a orientação do grande mestre Thomaz Pompeu Sobrinho, exercendo depois idênticas funções no Instituto do Ceará, posto em que permaneceu até sua morte. Publicou trabalhos de natureza histórica e literária nos jornais de Fortaleza, tendo sido o restaurador da hemeroteca da Associação Cearense de Imprensa, a cujo Conselho Superior pertenceu.

    Generoso e fraterno, humanitário e simples, deixou, no itinerário de sua fecunda existência, um rastro de bondade e de amor ao próximo. São seus filhos: o padre Dr. José Lourenço de Aragão Araújo, professor da PUC de São Paulo e da Universidade de Santos; o engenheiro José Amaury de Araújo, professor da Universidade Federal do Ceará; o médico José Raimundo Araújo, professor da Universidade da Bahia; o geólogo José Oswaldo Filho, professor da Universidade de Brasília; a Drª Maria Estrela de Araújo Fernandes, professora da Universidade do Ceará; Maria Olinda Araújo Magalhães, professora e supervisora do Colégio das Dorotéias, em Fortaleza; e a engenheira Maria Zita Timbó Araújo, do quadro técnico do DNOCS. Uma progênie ilustre, sem dúvida, da qual se orgulharia, por certo, qualquer chefe de família, no Brasil.

    Reverenciando a sua figura ímpar, relembro-o na luta que empreendeu em favor das entidades culturais do Ceará, a que serviu com modelar dedicação, e em seus escritos marcados por um profundo telurismo na defesa dos interesses maiores de sua terra e de sua gente.

    Por isso mesmo, o centenário de José Oswaldo de Araújo está sendo comemorado esta semana com todo o esplendor, por tudo o que ele representou em sua vida, como símbolo de fidelidade às tradições, à fé, à cultura e ao progresso do Ceará.

    Ao curvar-me, respeitoso, diante de sua memória, presto-Ihe, em nome da Bancada do Ceará nesta Casa, nossa mais comovida homenagem, extensiva aos seus descendentes, que têm sabido honrar e enaltecer seu nome e sua obra.