Discurso no Senado Federal

CRISE DO SETOR FUMAGEIRO NACIONAL, CONFORME DADOS DO SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDUSTRIAS DO FUMO DA REGIÃO SUL DE SANTA CATARINA.

Autor
Nelson Wedekin (PDT - Partido Democrático Trabalhista/SC)
Nome completo: Nelson Wedekin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INDUSTRIAL.:
  • CRISE DO SETOR FUMAGEIRO NACIONAL, CONFORME DADOS DO SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDUSTRIAS DO FUMO DA REGIÃO SUL DE SANTA CATARINA.
Publicação
Publicação no DCN2 de 14/04/1994 - Página 1792
Assunto
Outros > POLITICA INDUSTRIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, RECEBIMENTO, CORRESPONDENCIA, PRESIDENTE, SINDICATO, TRABALHADOR, INDUSTRIA, FUMO, REGIÃO SUL, DENUNCIA, GRAVIDADE, CRISE, SETOR, SOLICITAÇÃO, EMPRESA DE FUMO, MANUTENÇÃO, FABRICA, MUNICIPIO, TUBARÃO (SC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).
  • SOLICITAÇÃO, EMPRESA DE FUMO, MANUTENÇÃO, REFORÇO, ATIVIDADE, FABRICA, FUMO, MUNICIPIO, TUBARÃO (SC), MELHORIA, SITUAÇÃO ECONOMICA, REGIÃO SUL, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).

    O SR. NELSON WEDEKIN (PDT - SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, acabo de receber correspondência do Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo da Região Sul de Santa Catarina, Hamilton J. Gomes, alertando para a gravidade da crise que atinge  o setor fumageiro nacional, com maior intensidade o Estado de Santa Catarina. Segundo comunica, em sua correspondência, aquele líder sindical catarinense, "houve fechamento de empresas do setor, incorporação de outras, demissão em massa de seus tra balhadores e, conseqüentemente, a redução do volume produzido,  gerando efeitos desastrosos na agricultura local."

    Vale a pena assinalar, nesta oportunidade, que Santa Catarina detém, há vários anos, a condição de primeiro produtor de fumo no Brasil, tanto em quantidade quanto em qualidade. Pode-se ver, por aí, Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, a importância econômica e social que tem essa atividade em meu Estado. A crise, portanto, preocupa, na medida em que agrava as dificuldades de sobrevivência para uma boa parcela de catarinenses.

    De acordo com o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo da Região Sul de Santa Catarina, a política posta em prática pela Companhia Souza Cruz dá conta de que se registra forte redução de volume processado, bem como do número de funcionários (50% em menos de um ano), além de transferências de atividades peculiares da empresa para outras regiões. Tudo isso leva aquele líder sindical a concluir que é iminente o encerramento das atividades produtivas daquela empresa na cidade de Tubarão.

    O dirigente sindical dos trabalhadores da indústria do fumo em Santa Catarina faz um veemente apelo aos poderes do Estado, aos setores organizados da sociedade e ao alto comando da Companhia Souza Cruz S/A para que não se concretize a ameaça de transferir suas atividades daquela região catarinense. Lembra que a situação econômica do Sul de Santa Catarina mostra-se demasiadamente crítica, em razão da crise que atravessa o setor carbonífero.

    A região de Tubarão, segundo Hamilton J. Gomes, sofre problemas sociais ainda mais graves em virtude da paralisação de várias empresas estatais e privadas, o que gerou um grande contingente de trabalhadores desempregados e sem qualquer perspectiva, a médio prazo. O Presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo da Região Sul de Santa Catarina também enviou carta ao Prefeito Municipal de Tubarão, Irmoto José Feuerschuette, manifestando séria preocupação com os "indícios de encerramento da Unidade local da Souza Cruz S/A."

    Julgo oportuno transcrever os termos dramáticos da carta enviada pelo líder sindical ao Prefeito Municipal de Tubarão Tubarão está correndo o risco de perder mais uma grande empresa. Os números que verbalmente expusemos mostram o estrago socioeconômico que representaria o fechamento da Souza Cruz. As perdas seriam irreparáveis em termos de preciosos empregos e substanciais recursos aos cofres municipais. Como dissemos pessoalmente, está se observando um esvaziamento paulatino da empresa, engrossando a população desempregada e gerando problemas sociais crescentes. Ir liquidando aos poucos parece ser a estratégia para evitar um grande impacto de momento. As conseqüências, porém, serão as mesmas, independentemente da forma de fechamento."

    Depois de advertir que todo o sul catarinense sofreria as conseqüências do fechamento da unidade industrial que tem a Souza Cruz ali, o dirigente sindical faz um apelo em favor da união de todas as forças vivas de Santa Catarina para que se evite a concretização dessa grave ameaça.

    Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, julgo da maior oportunidade dar a conhecer o conteúdo da correspondência que o Prefeito Municipal de Tubarão, Sr. Irmoto José Feurschuette, enviou ao Governador de Santa Catarina, Vilson Pedro Kleinubing, também comunicando esse fato e avaliando suas graves conseqüências. Depois de salientar que os últimos anos têm sido nefastos para Tubarão e a região em que está situado o município, com a desmobilização de grandes empresas públicas ali sediadas, assim como fechamento ou redução de atividades de empresas privadas, o Prefeito Irmoto José Feurschuette diz ao Governador de Santa Catarina, de forma clara e objetiva:

    Temos agora a ameaça de fechamento da unidade local da Companhia Souza Cruz. Como Prefeito, ouvindo o clamor do Sindicato, dos produtores e dos empregados, observamos que a situação é grave, exigindo soma imediata de esforços para tentar impedir o previsto. Afinal, esta região tem 6.500 produtores de fumo, tinha a Souza Cruz mil empregados no processo fabril e havia outro milhar nas atividades indiretas, representando certamente mais de 30 mil pessoas envolvidas nessa atividade, se considerarmos uma relação de dependência de 4 por um.

    Em sua carta ao Governador, o Prefeito acredita que a empresa vem reduzindo suas atividades há tempo, "talvez estratégia para fazer passar o processo menos perceptível ou traumático". E revela, ainda, consoante informações apresentadas pelos interessados, que, em 1993, foram adquiridos 33 milhões de quilos de fumo, prevendo-se apenas 12 milhões em 1994. Dos 160 empregados permanentes e 429 safreiros do ano anterior, mal restam 70 e 240, respectivamente.

    Há fortes indícios de que a direção superior da empresa, alheia à questão social, tende a terminar de vez suas atividades em Tubarão, não obstante a indiscutível vocação fumageira da região e a existência de alternativas para conciliar os interesses maiores da empresa e da comunidade", alerta, em tom dramático, o Prefeito de Tubarão, fazendo um apelo ao Governador de Santa Catarina para que mobilize as forças vivas do Estado na batalha para evitar que esta ameaça se concretize.

    Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, a imprensa de meu Estado tem registrado rumores sobre a transferência da unidade fabril da Souza Cruz de Tubarão - onde se acha há cerca de três décadas - para outras regiões. Vários setores da administração já foram centralizados em Blumenau e outras tantas cidades "onde a companhia possui filiais, ao mesmo tempo em que até o setor de produção sofreu decréscimo.

    A imprensa revela que "todos os investimentos feitos ultimamente em Tubarão não passam de melhorias de manutenção do patrimônio imobilizado". Acrescenta que nada foi implantado relacionado ao setor produtivo, registrando-se, pelo contrário, uma redução na seleção do fumo de três para dois turnos. É preciso lembrar que, em suas atividades normais, a Companhia Souza Cruz oferece mil empregos diretos, ou quatro mil dependentes diretos. A desativação da fábrica deixaria ao desamparo mais de 6.500 plantadores de fumo da região e seus cerca de 26 mil dependentes. A própria imprensa estima que, grosso modo, 38 mil pessoas dependem do funcionamento dessa unidade fabril da Souza Cruz, situada em Tubarão.

    Desta tribuna, Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, dirijo um veemente apelo à alta direção da Companhia Souza Cruz para que mantenha a sua unidade fabril em Tubarão, fortalecendo as suas atividades, ao invés de reduzir seu ritmo. Momentos de dificuldades todos passamos, aqui como em outras partes do mundo. Cabe às empresas que têm uma visão mais abrangente enfrentar dificuldades conjunturais sem agravar os problemas sociais.

    Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 14/04/1994 - Página 1792