Discurso no Senado Federal

REGISTRO DO TRANSCURSO DOS 85 ANOS DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER.

Autor
Junia Marise (PDT - Partido Democrático Trabalhista/MG)
Nome completo: Júnia Marise Azeredo Coutinho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • REGISTRO DO TRANSCURSO DOS 85 ANOS DE FRANCISCO CANDIDO XAVIER.
Publicação
Publicação no DCN2 de 05/04/1995 - Página 4661
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, FRANCISCO CANDIDO XAVIER, LIDER, SEITA RELIGIOSA, BRASIL.

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      SESSÃO DO SENADO Nº»286 / 1

      SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA HORA:» 17:30

SUPERVISOR:»reinaldo ARQUIVO:»SSF04286

      DATA:»04/04/95

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    A SRª JÚNIA MARISE (PDT-MG. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no último domingo, dia dois de abril, Francisco Cândido Xavier, o querido Chico Xavier, o mais famoso médium brasileiro, completou oitenta e cinco anos de idade. É para prestar minha homenagem a esse grande mensageiro da fé que ocupo, hoje, a tribuna desta Casa.

    Como em anos anteriores, imagino que essa data tão significativa tenha passado sem maiores comemorações, pois para os espíritas a maneira de contar a idade pela medida da vida terrestre não tem grande valor. Mesmo sabendo que certamente para Chico Xavier seus sessenta e oito anos ininterruptamente dedicados a fazer o bem são muito mais importantes. Eu não poderia deixar de registrar nos Anais desta Casa minha admiração pelo incansável trabalho desse ser humano admirável, que vem dedicando toda a sua vida a ajudar os seus semelhantes.

    Nascido em 1910, em Pedro Leopoldo, situada em vale ameno nos contrafortes da Serra do Cipó, ao norte de Belo Horizonte. Chico Xavier teve infância difícil e sofrida. Filho de um lar muito pobre, pai operário de uma fábrica de tecidos, e mãe lavadeira, o menino Chico ficou órfão de mãe aos cinco anos.

    Provado pela dor, muito cedo teve manifestada sua mediunidade. Desde os quatro anos de idade Chico tinha visões, mas somente em 8 de julho de 1927 teve início sua verdadeira missão: a de psicografar mensagens. Desde essa época, começou a se dedicar ao espiritismo e às obras sociais. Sua mediunidade passou a se manifestar com maior intensidade e, ao longo de todos esses sessenta e oito anos, sempre procurou cumprir essencialmente a "missão de caridade" que lhe foi atribuída por seu "guia e mentor".

    Na opinião de muitos estudiosos, Francisco Cândido Xavier é um raro fenômeno de psicografia. Dotado de prodigiosa inteligência e memória, aos dezessete anos, com apenas alguns anos de escolaridade, guiado pelo espírito superior de Emmanuel,

 

    

    de Emmanuel, começou a escrever poesias. A publicação de seu primeiro livro, "Parnaso de Além Túmulo", em 1932, por iniciativa da Federação Espírita Brasileira, causou espanto nos meios literários. Estavam ali, cada um deles em seu estilo, dezenas de poetas brasileiros e portugueses. Seria praticamente impossível a um jovem de vinte e um anos, de poucas luzes, ler e assimilar o universo de criação de cada um dos escritores psicografados.

    Castro Alves, Alphonsus de Guimarães, Casimiro de Abreu, Cruz e Souza, Augusto dos Anjos, Olavo Bilac, Antero de Quental, Guerra Junqueira, Antônio Nobre foram alguns dos inúmeros escritores que tiveram seus textos psicografados pelo famoso médium mineiro. Muitos dos livros de Chico Xavier foram traduzidos para várias línguas, como o espanhol, o esperanto, o francês, o inglês, o grego, o japonês, o tcheco, entre outras.

    Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no plano literário, Chico Xavier é considerado um verdadeiro fenômeno, tendo publicado quase quatrocentos livros.

    Os recursos provenientes de seus direitos autorais são inteiramente destinados a obras sociais espalhadas pelo Brasil, principalmente em Uberaba, cidade para onde se mudou, em 1959.

    Em pouco tempo, o modesto funcionário do Ministério da Agricultura, já àquela altura conhecido nacional e internacionalmente por seus dons mediúnicos, começou a atrair para Uberaba pessoas de vários pontos do País e do exterior, que vinham em busca de alento espiritual, de cura para os males do corpo e do espírito.

    A promissora cidade do Triângulo Mineiro acolheu Chico Xavier com carinho e consagrou-o definitivamente como filho. Na Rua Dom Pedro I, a casa nº 165 abriga até hoje o homem caridoso que dedica toda a sua vida aos que sofrem.

    Em 1981, Chico Xavier foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho assistencial e por sua obra de divulgação em favor da paz, tendo sido apoiado por cerca de dois milhões de assinaturas recolhidas em todo o Brasil.

    Apesar da saúde debilitada desde o final dos anos setenta, Chico Xavier vem resistindo, pregando e visitando os pobres de Uberaba. Com o dinheiro de seus direitos autorais, fundou inúmeras entidades assistenciais e vem mantendo outras, num total de sessenta instituições em todo o Brasil.

    Nos últimos anos, recolhido em sua casa, Chico Xavier já não cumpre inteiramente a rotina de outras épocas. Mas Chico Xavier continua lúcido e ainda exerce a função de psicografar, que o tornou uma celebridade em todo o País e deu origem à vasta e enriquecedora obra por ele publicada.

    Seu sorriso doce, sua mansidão, sua bondade, sua humildade são inesquecíveis para todos os que têm o privilégio de conhecê-lo. Os que a ele chegaram e ainda chegam carregados das aflições do mundo saem com a fé reanimada pelas palavras e pela sabedoria desse grande mensageiro.

    Ao concluir meu pronunciamento, gostaria de expressar, em nome dos mineiros e de todos os brasileiros que, como eu, o admiram e conhecem a dimensão de seu trabalho espiritual, a homenagem a Chico Xavier por cumprir tão bem a sua missão, com o reconhecimento, em vida, da obra de um homem que construiu sua biografia fazendo o bem e pregando a esperança entre os pobres. Que Chico Xavier possa continuar por longos anos edificando a caridade e a solidariedade que constrói.

    Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 05/04/1995 - Página 4661