Discurso no Senado Federal

HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO JORNALISTA JOSE COSTA.

Autor
Junia Marise (PDT - Partido Democrático Trabalhista/MG)
Nome completo: Júnia Marise Azeredo Coutinho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • HOMENAGEM DE PESAR PELO FALECIMENTO DO JORNALISTA JOSE COSTA.
Publicação
Publicação no DCN2 de 12/04/1995 - Página 5082
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JOSE COSTA, JORNALISTA, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG).

A SRª JÚNIA MARISE (PDT-MG. Como Líder. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no dia 27 de março, Minas Gerais perdeu uma das suas figuras mais representativas: o jornalista José Costa.

Nascido em Cantagalo, José Costa fixou-se em Belo Horizonte, em 1930, e aos 10 anos de idade, após o falecimento do pai, assumiu praticamente a direção de sua família. Ao chegar em Belo Horizonte, empregou-se na empresa encarregada na construção do estádio do Atlético Mineiro. Foi sócio e diretor da União dos Empregados do Comércio de Belo Horizonte, entidade que ajudou transformar em sindicato, tendo sido membro de sua diretoria.

Com a evolução de suas atividades empresariais, ingressou na União do Varejistas de Minas Gerais, e, mais tarde, tornou-se membro da Associação Comercial de Minas onde também ocupou cargos até os últimos dias de sua vida.

Em 1932, fundou o Boletim Informador Comercial, de considerável importância, divulgando informações relativas à chegada e à saída de mercadorias de Belo Horizonte pelo ainda Leopoldina. Fundou também um serviço de cadastro de informações para o comércio e a indústria, naquele tempo de iniciativa pioneira, sendo único no gênero e considerado por todos como o mais completo da capital mineira.

Seu grande sonho sempre foi fazer jornalismo, atração que sentia irresistível. Na esteira dessa vocação, transformou o Informador em Diário do Comércio. Mais tarde fundou o Jornal de Casa, semanário considerado dos mais importantes veículos da imprensa mineira.

Fundou o Sindicato dos Proprietários de Jornais e Revistas de Belo Horizonte e, em dezembro de 1980, foi eleito membro do Conselho de Administração da Associação Nacional de Jornais. Inúmeras foram também suas atividades na área social.

Sr. Presidente, com o falecimento de José Costa, Minas Gerais perdeu uma presença incansável em todas as causas; o jornalismo, uma das figuras mais proeminentes, e a comunicação, um empresário que sempre este com os olhos voltados para Minas e para o Brasil.

Os interesses de José Costa sempre estiveram direcionados para a comunidade, para o aperfeiçoamento da vida pública e da democracia. Por mais de 60 anos, soube mais do que ninguém dar espaço para a discussão dos problemas mineiros, oferecendo as páginas de jornal para o debate das idéias.

Fez do Diário do Comércio um instrumento de defesa da economia mineira. Foi condescendente nos momentos em que era benéfica a transigência e inflexível quando a ocasião o exigia.

Sua obra é exemplo de coragem, de empenho e de visão do futuro, marco de competência e de personalidade empreendedora. E apesar de todas essas qualidades, era visto como um homem simples e extraordinário, cuja postura e conceito moral e ético fizeram dele merecedor do respeito e admiração dos mineiros.

Deixa uma obra que bem retrata sua grandeza de cidadão e de homem criativo, uma obra imorredoura, exemplo de seriedade, capacidade e empenho.

Como jornalista, sempre propugnou pelo ideal de que um grande jornal não pode ater-se apenas aos fatos e sobre eles dar informações, mas deve ser um veículo de reflexão permanente sobre a natureza da sociedade, sobre o momento histórico vivido e sobre o futuro que aguarda por todos.

Foi com essas características que assinalou de forma indelével os empreendimentos que realizou. Seu jornal é uma realidade vitoriosa; tornou-se um instrumento de informação econômica e empresarial indispensável aos homens de negócio do Estado, seja pela qualidade da informação, seja pela competência técnica, seja pela fidelidade e imparcialidade das análises.

Minas Gerais perdeu um grande cidadão e um paradigma de profissional. Permanece, porém, a obra, os nobres ideais que sempre lhe pautaram a conduta. O legado que deixa hoje é patrimônio da família mineira.

Para nós que tivemos a oportunidade de conhecê-lo e com ele conviver, José Costa se tornou um referencial para Minas. Referencial de trabalho, de iniciativa, de austeridade; exemplo de honestidade pessoal e profissional.

No contexto do momento histórico que vive o País e a própria humanidade, contexto caracterizado pela ruptura entre passado e presente em face da velocidade e da profundidade das transformações tecnológicas e sociais, José Costa foi um idealista e um vencedor.

A vida e suas obras constróem-se vagarosamente, com trabalho e constância. José Costa nos deixou esse exemplo. Certamente, seu filho Luiz Carlos Costa, diretor do Diário do Comércio e Jornal de Casa, segue seus passos consolidando definitivamente o ideal de seu pai.

Minhas condolências à família e minha homenagem a esse grande mineiro e brasileiro, a esse militante indomável da liberdade de pensamento e de informação, a homenagem ao jornalista José Costa, em nome de seus companheiros da imprensa mineira que, como eu, sempre reconhecemos seu talento, sua determinação e sua vocação democrática.

Com essas palavras, Sr. Presidente, registro o falecimento do grande Jornalista José Costa. Convivemos com ele durante muitos anos. Aqui está o Deputado Tilden Santiago, jornalista como eu, que também teve a oportunidade de militar no jornalismo ao lado de José Costa.

Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 12/04/1995 - Página 5082