Discurso no Senado Federal

SITUAÇÃO INSUSTENTAVEL DOS AGRICULTORES BRASILEIROS E A PREMENCIA DE UMA NOVA POLITICA DE CREDITO QUE OS TRANQUILIZE.

Autor
Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Mauro Miranda Soares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • SITUAÇÃO INSUSTENTAVEL DOS AGRICULTORES BRASILEIROS E A PREMENCIA DE UMA NOVA POLITICA DE CREDITO QUE OS TRANQUILIZE.
Publicação
Publicação no DCN2 de 26/04/1995 - Página 6195
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • DEFESA, DECISÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, DERRUBADA, VETO PARCIAL, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EXTINÇÃO, TAXA REFERENCIAL (TR), FINANCIAMENTO AGRICOLA.
  • COMENTARIO, DIFICULDADE, PEQUENO PRODUTOR RURAL, MEDIO PRODUTOR RURAL, PAGAMENTO, DIVIDA, FINANCIAMENTO AGRICOLA.
  • CRITICA, PROCESSO, FORMAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA, RELAÇÃO, IMPUTAÇÃO, CONGRESSISTA, RESPONSABILIDADE, POSSIBILIDADE, QUEBRA, BANCO DO BRASIL, EFEITO, DERRUBADA, VETO PARCIAL, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EXTINÇÃO, TAXA REFERENCIAL (TR), FINANCIAMENTO AGRICOLA.

O SR. MAURO MIRANDA (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a agricultura brasileira acompanha com justa expectativa o desdobramento das negociações para o estabelecimento de uma nova política de crédito que tranqüilize o meio rural e restitua a paz entre os financiadores e os financiados. A recente decisão da Câmara Federal, derrubando o veto presidencial à queda da TR nos empréstimos, foi um grito contra a injustiça, mas foi explorado em muitos setores como reação corporativa dos agricultores.São comuns essas conclusões apressadas que consagram mitos e levam ao impasse, dificultando soluções de médio e longo prazos. O Brasil está cansado da demagogia e do sofisma substituindo a verdade. A questão é muito simples: os preços agrícolas estão engessados pela política de preços mínimos do governo, ao mesmo tempo em que as dívidas submetem-se aos juros reais. Ou, para repetir a frase de um conhecido comentarista econômico, os preços da produção sobem pela escada, enquanto as dívidas sobem pelo elevador. Essa é uma verdade inquestionável.

Tenho recebido volumes crescentes de correspondência mostrando o desespero de pequenos e médios produtores rurais com a sua incapacidade para pagar os financiamentos. Muitos já estão entregando suas terras a preços aviltados, para evitar que daqui a pouco mais seu modesto patrimônio já não possa mais responder pelo valor da dívida. Sindicatos rurais também têm manifestado as suas apreensões com esse quadro crítico. No outro extremo, escandaliza-se a versão de que o Banco do Brasil vai quebrar, se a decisão da Câmara for cumprida. Todos somos tratados como um grande exército de vilões, enfiando goela abaixo da Opinião Pública esse tipo de desinformação. Todos sabemos que, na administração do crédito rural, o Banco do Brasil funciona como repassador de recursos do Tesouro. Para o Brasil, para a cidadania, para a paz nos meios de produção, é importante que se sepulte de vez, neste país, esse modelo maquiavélico destinado a confundir as pessoas de boa fé.

Trabalhar com a verdade é uma coisa que não faz mal a ninguém, mas faz bem a todos. Sobretudo quando a vítima da desinformação é o produtor rural, que vem sendo penalizado como sustentáculo solitário da estabilidade econômica. O agricultor é um otimista por natureza, porque nenhuma outra atividade se cerca de tantos riscos, apesar de ser dele a mais nobre de todas as missões na sociedade produtiva, que é a de alimentar. Aumentar os seus riscos e investir na sua insegurança é comprometer todo o equilíbrio social da Nação. Existe um ponto perigoso de ruptura no quixotismo de quem planta prejuízos. O estrangulamento ainda não chegou, mas cabe às consciências que têm responsabilidade com os destinos da Nação pensar nisso, e rápido. Acho que chegou a hora decisiva de dizer se a agricultura é realmente importante, como reconheceu o Presidente Fernando Henrique Cardoso, ao eleger o setor como prioritário, durante a sua campanha. É preciso dar um basta ao desgaste mesquinho a que é submetido o agricultor é um aliado, e não um inimigo da estabilidade econômica. Encerro este rápido pronunciamento apelando às pessoas de bom-senso que estão no governo para olhar bem todo este panorama antes de tomar decisões que podem custar muito caro ao nosso futuro.

Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 26/04/1995 - Página 6195