Discurso no Senado Federal

CONTRADIÇÕES DO GOVERNO PETISTA DO DISTRITO FEDERAL. AUMENTO DO DESEMPREGO NO DISTRITO FEDERAL.

Autor
Valmir Campelo (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Antônio Valmir Campelo Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF).:
  • CONTRADIÇÕES DO GOVERNO PETISTA DO DISTRITO FEDERAL. AUMENTO DO DESEMPREGO NO DISTRITO FEDERAL.
Publicação
Publicação no DCN2 de 13/05/1995 - Página 8209
Assunto
Outros > GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF).
Indexação
  • COMENTARIO, PROBLEMA, DESEMPREGO, DISTRITO FEDERAL (DF).
  • CRITICA, POSIÇÃO, GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF), DESRESPEITO, INTERESSE, POPULAÇÃO, MOTIVO, NEGAÇÃO, DOAÇÃO, TERRENO, DESTINAÇÃO, IMPLANTAÇÃO, ESTAÇÃO ADUANEIRA, DISTRITO FEDERAL (DF), OBJETIVO, AUMENTO, ARRECADAÇÃO, IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (ICMS), REDUÇÃO, INDICE, DESEMPREGO, REGIÃO.

O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, à medida que o tempo passa, fica cada vez mais evidente a contradição do Governo petista do Distrito Federal. Não satisfeitos em terem transformado a Capital do Brasil numa "república de sindicatos", com dirigentes sindicais entronados nos principais cargos da administração pública local, os intelectuais petistas agora desdenham da inteligência e do bom-senso da população brasiliense.

Qualquer cidadão candango sabe, de sobra, que o principal problema do Distrito Federal, a grande prioridade na agenda de qualquer governante que efetivamente conheça a realidade de Brasília e suas cidades satélites, é o desemprego.

Devido às condições peculiares que presidiram a construção de Brasília, cujo projeto de implantação não previa uma população superior a 500 mil habitantes e, por isso mesmo, não contemplava a instalação de indústrias e empreendimentos de grande porte, o Distrito Federal , após 35 anos da inauguração de Brasília, e com uma população de quase 2 milhões de brasileiros, vê-se às voltas com um contingente de mais de 120 mil desempregados.

Isso é um fato! Contra essa realidade, que nos desafia em cada esquina de Santa Maria e Samambaia, em cada praça do Gama ou Taguatinga, ou mesmo nos eixos e superquadras das Asas Norte e Sul, não existe argumento que não seja "arregaçar as mangas", descer do palanque e trabalhar em prol de soluções rápidas e criativas.

Pois bem, Sr. Presidente!

Cientes dessa situação extremosa e socialmente explosiva, segmentos verdadeiramente empenhados na busca de uma solução para o problema do desemprego no Distrito Federal, como os empresários; as representações de classes com dirigentes de mente aberta; os clubes de serviço; a maçonaria; os estudantes; os partidos políticos; as igrejas de todas as tendências; as forças vivas e atuantes da sociedade brasiliense, com exceção de um grupo de arrogantes intelectuais petistas encastelado no Palácio do Buriti, têm abraçado e defendido a implantação do que se convencionou chamar de "porto seco", no Distrito Federal.

O "porto seco", Srªs e Srs. Senadores, é uma idéia genial, viável, fácil de ser implantado e extremamente compatível com a necessidade de geração de empregos e receita para o Distrito Federal.

Trata-se, na verdade, de uma espécie de alfândega de exportação, um local onde serão tributados e liberados os produtos importados e exportados pelo Distrito Federal.

Nessa estação aduaneira, onde ficariam os "armazéns alfandegados", o ICMS arrecadado, que hoje fica nos portos de outros Estados, viria para os cofres do GDF.

Segundo o Presidente da Federação das Indústrias de Brasília, Antônio Fábio Ribeiro, um dos grandes incentivadores da idéia, o "porto seco" tem condições de gerar, pelo menos, 10 mil empregos diretos, o que é uma dádiva para uma cidade com mais 120 mil desempregados.

Lamentavelmente, no entanto, os intelectuais petistas estão tentando abortar a instalação do "porto seco" no Distrito Federal!

Para instalar o "porto seco", a Receita Federal necessita, evidentemente, de um local, um terreno, com infraestrutura básica, como energia elétrica, água, telefone etc... Após acurados estudos, chegou-se à conclusão que o local ideal seria uma área situada nas proximidades de Santa Maria, denominada Área-Alfa, bem servida de vias de acesso e estrategicamente próxima ao Plano Piloto, a Taguatinga, ao Gama e outras cidades com grande potencial de consumo.

O Secretário da Receita Federal, Dr. Everardo Maciel, que já foi Secretário de Fazenda do Distrito Federal e conhece de perto o problema do desemprego e da escassez de recursos na Capital Federal, há muito vem tentando, junto ao Governo petista do Professor Cristóvam Buarque, obter a doação do terreno para iniciar a implantação do "porto seco".

O Governo do Distrito Federal, num rasgo de insensatez que já não surpreende a ninguém, acaba de anunciar que não pretende doar o terreno para a implantação do "porto seco", que sua intenção é negociar com a Receita, para arrendar ou vender o imóvel.

Com mais essa "peripécia" dos intelectuais petistas, o Distrito Federal corre o risco de perder o "porto seco", porque o Estado de Goiás, cujo Governo é racional e prático, com certeza não vai deixar passar a oportunidade. E depois, segundo o próprio Presidente da FIBRA, não fará diferença para os empresários se o porto for instalado a 150 ou 200 Km de Brasília, em Anápolis ou Goiânia. A diferença só será sentida pela população do Distrito Federal, que deixará de ter empregos e recursos para a melhoria de suas condições de vida.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores:

A posição do Governo petista do Distrito Federal é imatura, irracional e fere frontalmente os interesses da população brasiliense. Não posso tolerar tamanha insensatez!

O PT chegou ao Governo do Distrito Federal, Srªs e Srs. Senadores, às custas de promessas fantasiosas, conseguindo engodar a população com expectativas falsas e impossíveis de serem concretizadas. Prometeu o "paraíso terrestre" aos trabalhadores, importou "companheiros" de fora para ajudarem nas peraltices que vemos estampadas nos jornais todos os dias. Vem cometendo seguidas asneiras, como o "marmigate", a enganação da "bolsa familiar de educação", a proposta de elevação das taxas de fornecimento de água, etc, etc, etc ...

Agora, chegamos ao cúmulo de mais essa sandice, com os arrogantes e auto-suficientes intelectuais petistas atentando contra o interesse máximo de toda a população de Brasília.

Espero, com toda a sinceridade, que o Governador Cristóvam Buarque, artífice de tantas teorias, catedrático respeitado e idolatrado pela esquerda deslumbrada e inconsequente, literalmente ACORDE, desça do palanque e comece efetivamente a trabalhar em prol daqueles que lhe confiaram a sagrada missão de conduzi-los a uma vida melhor e mais digna.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 13/05/1995 - Página 8209