Discurso no Senado Federal

SITUAÇÃO CRITICA QUE ATRAVESSA A SANTA CASA DE MISERICORDIA DE MANAUS.

Autor
Bernardo Cabral (PP - Partido Progressista/AM)
Nome completo: José Bernardo Cabral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • SITUAÇÃO CRITICA QUE ATRAVESSA A SANTA CASA DE MISERICORDIA DE MANAUS.
Publicação
Publicação no DCN2 de 24/06/1995 - Página 10876
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, PRONUNCIAMENTO, AUTORIA, ORADOR, SOLIDARIEDADE, SITUAÇÃO, CRISE, INSUFICIENCIA, RECURSOS, SANTA CASA DE MISERICORDIA, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO AMAZONAS (AM).

O SR. BERNARDO CABRAL (PP-AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Senado é, sem dúvida alguma, uma Casa onde se faz política, e aqui quero tomar o termo "política" no seu sentido filosófico, não no sentido comum, já que, no sentido comum, hoje política é um termo pejorativo, sinônimo de manobras escusas. Refiro-me ao sentido filosófico, entendendo política também como ciência moral normativa, e não só no sentido de governo e de sociedade civil.

Nesta manhã, teço algumas considerações para mostrar que, hoje, a sociedade já encara o político brasileiro como um cidadão mais voltado para os interesses coletivos do que para suas ambições pessoais. Vez por outra, correm pelo País notícias alarmantes, mas alguns políticos - aqueles voltados para suas ambições pessoais - não se debruçam sobre elas, talvez porque não rendam votos.

Chamo a atenção da Casa para um assunto que pode parecer simples, mas que constitui uma preocupação cada vez mais inquietante. Refiro-me às Santas Casas de Misercórdia, que estão caminhando, pelo País afora, para o abismo falimentar. Se não se puser um cobro, um freio nesse processo, não se pode imaginar as conseqüências indesejáveis que poderão advir dele.

Tenho percorrido alguns Estados e presenciado a miséria, a indigência em que vivem essas instituições de caridade - porque elas o são - no seu dia-a-dia. A Santa Casa de Misericórdia de Manaus - para ficar no meu Estado - atravessa uma crise tão grave que hoje ela, nem sequer de longe, lembra o que foi há quarenta anos. Minguados recursos, vivendo do óbulo deste ou daquele cidadão que compartilha um pouco a sua riqueza fazendo doações, aquele nosocômio tem prestado um atendimento que dá pena.

Ontem, o Presidente da instituição, meu velho amigo Lairton Antonaccio, encaminhou-me um dossiê, no país inteiro, que retrata, com absoluta precisão, o que se passa na instituição, um assunto a que nós, políticos, deveríamos estar mais atentos. Falar em juros altos dá notícia. O assunto é abordado da tribuna com muita facilidade, para criticar o Governo. Quando se inflete para a quebra do monopólio, notadamente na área que pode agradar o setor esquerdista, o brado se faz ouvir Nação afora. Quando se diz que o Governo quer, de mãos atadas, entregar suas riquezas ao capital estrangeiro, novamente a notícia se espraia. Mas, quando esses hospitais, essas Santas Casas, essas instituições de caridade recorrem não só ao Poder Público, mas também a outros segmentos, para pedir socorro, o que se observa é uma voz que não encontra eco, ou a mudez daqueles que não se compadecem com o sofrimento alheio.

Por essa razão, nesta manhã, procurando ecoar o grito de socorro que parte da Santa Casa de Misericórdia de Manaus, registro aqui o empenho do Ministro Adib Jatene em resolver o assunto. Talvez por essa razão se começou a criar boatos, invencionices em torno da saída do titular da Pasta da Saúde. Quem já exerceu cargos de comando no Ministério sabe de onde partem esses boatos.

Portanto, deixo aqui, para que conste dos Anais da Casa, essa manifestação de solidariedade a todas as Santas Casas de Misericórdia do País, notadamente à do meu Estado, o Amazonas, estendendo-a também ao Ministro Adib Jatene.

Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 24/06/1995 - Página 10876