Discurso no Senado Federal

CONTRARIO A SUSPENSÃO DAS CONTRIBUIÇÕES DAS EMPRESAS PARA MANUTENÇÃO DE ENTIDADES COMO SENAC, PREVISTA NO PROGRAMA CUSTO-BRASIL.

Autor
Valmir Campelo (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Antônio Valmir Campelo Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL.:
  • CONTRARIO A SUSPENSÃO DAS CONTRIBUIÇÕES DAS EMPRESAS PARA MANUTENÇÃO DE ENTIDADES COMO SENAC, PREVISTA NO PROGRAMA CUSTO-BRASIL.
Publicação
Publicação no DCN2 de 30/08/1995 - Página 14804
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • OPOSIÇÃO, SUSPENSÃO, CONTRIBUIÇÃO COMPULSORIA, EMPRESA PRIVADA, DESTINAÇÃO, MANUTENÇÃO, SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL (SENAC), MOTIVO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, ORGÃO PUBLICO, FORMAÇÃO, MELHORIA, QUALIDADE, MÃO DE OBRA ESPECIALIZADA, PAIS.

O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Governo Federal muito tem discutido, nos últimos dias, o chamado Custo Brasil. Sei que esta discussão, dentro de alguns dias, estará estabelecida aqui no Congresso Nacional, mas aproveito a oportunidade para apresentar algumas questões sobre o assunto, que considero fundamentais.

Vou me prender mais aos aspectos relacionados com o Distrito Federal, onde faço política e onde exerci cargos no Poder Executivo. Brasília possui hoje uma das maiores taxas de desemprego do Brasil, acima de 15% e com cerca de 128 mil desempregados, em números absolutos. No entanto, segundo informações do SINE - Sistema Nacional de Emprego -, todas as semanas, algumas centenas de vagas ficam sem preenchimento por falta de profissionais qualificados para preenchê-las. Há empresas conceituadas, principalmente no ramo da construção civil, que confessam praticar a importação de profissionais de outras cidades para executar determinados projetos na Capital Federal.

Por tudo isso, preocupa-me perceber que a tentativa de redução do Custo Brasil tem como um dos seus destaques a suspensão da contribuição das empresas para a manutenção de entidades do porte do SENAC. Sei que há outras instituições também importantes na mesma discussão, entre as quais incluo o SENAI, mas gostaria de me prender ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, entidade com a qual mantive estreitas relações quando fui administrador da cidade de Taguatinga.

Pelas cinco unidades operacionais do SENAC, no Distrito Federal, posso afirmar que passarão, este ano, mais de 33 mil alunos, o que supera a marca até da própria Universidade de Brasília.

Estou convicto de que uma das principais saídas para combater o desemprego em Brasília e no resto do País é a qualificação profissional. A contribuição que as empresas pagam, proporcional à sua folha de pagamento, para a manutenção do SENAC, tem sido bem aplicada e isso pode constatar quem acompanha os trabalhos daquela instituição.

Em Brasília, podemos destacar um dos seus projetos como iniciativa das mais revolucionárias para a formação de profissionais. Trata-se da Escola Aberta de Informática, um projeto desenvolvido pelos técnicos brasilienses e que o SENAC está acompanhando e apoiando desde o início do ano, para levá-lo a todas as cidades brasileiras.

Essa Escola atende, mensalmente, a mil e quinhentos alunos - jovens, na maioria -, em duas unidades: uma no Plano Piloto e outra em Taguatinga. Através dos 120 computadores instalados, a Escola coloca à disposição dos interessados um método em que o estudo da informática ocorre num processo quase de autodidática.

O aluno determina o seu próprio horário, os dias da semana em que frequentará a Escola e os sistemas que pretende aprender. Tudo isso graças à visão de mercado que o SENAC desenvolveu, buscando sempre formar profissionais que possam ser absorvidos pelas empresas. Isto é o que me impressiona e, ao mesmo tempo, me preocupa. Ao discutir aqui, no Senado Federal, a redução do Custo Brasil, não poderemos permitir que uma instituição como o SENAC seja ameaçada. Na verdade, não devemos nem mesmo admitir que esse processo de debate dos problemas nacionais quebre o entusiasmo dos técnicos que lutam contra o desemprego e pela melhoria da qualidade do trabalho neste País.

Tenho visto o SENAC rediscutindo os seus cursos com os sindicatos patronais, visando assegurar a elevação do nível de emprego. Recentemente, isso foi feito com todos os cursos relacionados com a área de hotelaria, de turismo, de técnicos de laboratório e muitos outros setores.

No momento, patrões e empregados discutem sobre a importância da qualificação profissional. Até a Escola Aberta de Informática desloca parte da sua estrutura do "SENAC na Empresa", possibilitando que até trabalhadores braçais tenham um primeiro contato com o computador: a máquina do futuro, mas já tão presente em nosso meio.

Sras. e Srs. Senadores, temos a obrigação de zelar pelo futuro do SENAC, e espero que o Senado Federal seja o ponto de apoio que o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial precisa.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. (Muito bem!)


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 30/08/1995 - Página 14804