Discurso no Senado Federal

NOTICIAS VEICULADAS NA IMPRENSA DO ESTADO DO ACRE, SOBRE O ALICIAMENTO DO GOVERNADOR E LIDERANÇAS DO ESTADO COM VERBAS FEDERAIS PARA INGRESSAREM NO PFL.

Autor
Marina Silva (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • NOTICIAS VEICULADAS NA IMPRENSA DO ESTADO DO ACRE, SOBRE O ALICIAMENTO DO GOVERNADOR E LIDERANÇAS DO ESTADO COM VERBAS FEDERAIS PARA INGRESSAREM NO PFL.
Publicação
Publicação no DCN2 de 22/09/1995 - Página 16367
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, NOTICIARIO, JORNAL, A GAZETA, TRIBUNA, O RIO BRANCO, DENUNCIA, PARTICIPAÇÃO, MEMBROS, GOVERNO, ALICIAMENTO, GOVERNADOR, PREFEITO, DEPUTADO ESTADUAL, DEPUTADO FEDERAL, ESTADO DO ACRE (AC), FILIAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), OBTENÇÃO, RECURSOS, UNIÃO FEDERAL.

A SRª MARINA SILVA (PT-AC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do oradora) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o que me leva a fazer esta comunicação inadiável é um episódio político que pode parecer uma questão paroquial, mas, pelos seus contornos e dimensão, tenho certeza de que deve ser motivo de preocupação para todos nós, do Senado da República.

Vários jornais do meu Estado, durante toda a semana que passou - tenho apenas uma pequena quantidade deles - anunciaram a saída do Governador do Estado do Acre, juntamente com três prefeitos, cerca de seis deputados, uma série de lideranças do antigo PPR para o PFL - são várias as notícias dos jornais e são eles que o estão dizendo. Até aí tudo bem, se essa mudança representasse essa normal dissidência que faz com que políticos ingressem em outra agremiação por concordar com os pressupostos políticos dessa agremiação e por divergir dos princípios de seu Partido anterior. Mas o que dizem os jornais é exatamente o oposto. Por exemplo, temos os casos dos jornais A Gazeta, Tribuna e O Rio Branco - estes dois últimos têm uma ligação muito forte com o Governador do Acre. Afirmam esses diários que o motivo da saída, entre tantos, é o fato de que, em função da denúncia feita aqui pelo Senador Romeu Tuma no que se refere à Carta de Intenções do Governo do Acre com a empresa colombiana Mobil Ami, não houve quem se levantasse nesta Casa para defender o Governador: o Senador Nabor Júnior, o Senador Flaviano Melo, ou eu.

Os jornais vão mais além e comentam que o PSDB articula uma fusão com o PTB, o que tornaria o PSDB o maior Partido do próximo ano. Segundo diz o jornal, há um empenho do Vice-Presidente em evitar esse fortalecimento. O jornal vai mais além e diz que, segundo também as lideranças locais do antigo PPR, Governo e Deputados estão condicionando a saída do antigo Partido à liberação de recursos; que tanto o Governador Oleir, como os Deputados Federais que o apóiam estão se apegando a essa liberação como condição principal para ingresso no PFL. E dizem inclusive o seguinte: "Pelo menos oito Deputados Estaduais, seis Deputados Federais e três Prefeitos são dados como certos na saída para o PFL. Mas isso depende de um sinal verde para liberação de recursos".

No jornal A Gazeta do dia 15, foi veiculada as seguintes informações de um Deputado Federal que pretende mudar de Partido: "Se o Governo Fernando Henrique pelo outro lado fizer a mesma proposta de liberar recursos eles também poderiam pender para o outro lado". O próprio Governador Orleir Cameli não nega o convite para mudar de Partido, mas afirma que se isso ocorrer não será de graça, mas, em troca de boas vantagens. Seguem os jornais locais dizendo o seguinte: "Segundo o Deputado Federal Carlos Airton, boa parte da Bancada deve sair para se filiar ao PFL, assim que for concluída a negociação com o Vice-Presidente, Sr. Marco Maciel".

Enfim, Sr. Presidente, poderia ficar citando vários episódios, mas quero fazer esse registro porque não se pode mais admitir essa postura política. Não estou acusando "a" nem "b", mas essa articulação ocorreu durante toda a semana e coincidiu com a interinidade do Vice-Presidente na Presidência.

Concluindo, Sr. Presidente, afirmo que o Estado do Acre não tem mais condições de continuar na política atrasada de sempre estar submetido a suseranos e estou fazendo estas colocações por uma obrigação, um dever para com meu Estado. Se seus governantes tivessem competência, credibilidade e não estivessem constantemente envolvidos em escândalos, não seria preciso fazer esse tipo de barganha que só envergonha a política nacional.

Era o que tinha a dizer Sr. Presidente. Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DCN2 de 22/09/1995 - Página 16367