Discurso no Senado Federal

ESTUDO PRELIMINAR DE PLANEJAMENTO E VIABILIZAÇÃO DE NUCLEOS AGRICOLAS EM TODO TERRITORIO NACIONAL, DA ASSOCIAÇÃO MARANHENSE DE EMPRESAS DE OBRAS PUBLICAS, TRABALHO REALIZADO PELO ENGENHEIRO JOSE RIBAMAR DOS SANTOS MATTOS.

Autor
Edison Lobão (PFL - Partido da Frente Liberal/MA)
Nome completo: Edison Lobão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
AGRICULTURA.:
  • ESTUDO PRELIMINAR DE PLANEJAMENTO E VIABILIZAÇÃO DE NUCLEOS AGRICOLAS EM TODO TERRITORIO NACIONAL, DA ASSOCIAÇÃO MARANHENSE DE EMPRESAS DE OBRAS PUBLICAS, TRABALHO REALIZADO PELO ENGENHEIRO JOSE RIBAMAR DOS SANTOS MATTOS.
Publicação
Publicação no DSF de 16/01/1996 - Página 259
Assunto
Outros > AGRICULTURA.
Indexação
  • INTERESSE, ESTUDO, JOSE RIBAMAR DOS SANTOS MATTOS, ENGENHEIRO, ASSOCIAÇÃO PRIVADA, ESTADO DO MARANHÃO (MA), PLANEJAMENTO, NUCLEO, AGRICULTURA, PAIS, AJUSTAMENTO, CUSTO OPERACIONAL, OBJETIVO, FIXAÇÃO, HOMEM, CAMPO, CRIAÇÃO, EMPREGO, AUMENTO, PRODUÇÃO, GRÃO.
  • SOLICITAÇÃO, ANEXAÇÃO, DOCUMENTO, ASSOCIAÇÃO PRIVADA, ESTADO DO MARANHÃO (MA), DISCURSO, ORADOR.

O SR. EDISON LOBÃO (PFL-MA) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Associação Maranhense de Empresas de Obras Públicas acaba de oferecer ao País um estudo preliminar de planejamento e viabilização de núcleos agrícolas em todo o território nacional, trabalho realizado pelo engenheiro José Ribamar dos Santos Mattos.

Trata-se de uma idéia, entre tantas outras já surgidas, que procura criar soluções para a fixação do homem no campo, dando-lhe condições para a produção de alimentos e de progresso econômico e social.

Tais estudos e planejamentos refletem a preocupação generalizada de se encontrar o melhor caminho, capaz de atender, em benefício do País, os que estão vocacionados para o trabalho agrícola. Caminho este tantas vezes tentado, no passado, e até agora não encontrado.

Tenho grande admiração, Sr. Presidente, por esses brasileiros de alta qualificação que, sem qualquer interesse pessoal subalterno, investem sua inteligência e seu tempo em pesquisas e estudos, procurando soluções para problemas nacionais até então não solucionados. E, no mais das vezes, os esforços despendidos resultam vãos, perdendo-se em divulgação restrita, sem repercutir nos escalões decisivos.

No entanto, tais trabalhos mereceriam a atenção dos governantes, pois não será inviável que, no seu bojo, estejam as respostas procuradas pelo oficialismo.

Desta tribuna, tenho abordado algumas vezes o problema do campo. Alguma providência enérgica precisa ser assumida, e ainda não o foi adequadamente, para impedir, de um lado, o êxodo do campo, e, de outro - como se fosse um paradoxo -, para atender àqueles que, sem terras, querem se fixar e produzir no campo.

Todos sabemos que faltam recursos para as soluções definitivas, mas não nos deve faltar a criatividade, que muitas vezes supre a carência de dinheiro. Ainda recentemente, vimos como a criatividade encontrou instrumentos para amenizar o grave problema das dívidas dos agricultores, sufocados pelos juros impossíveis de serem pagos.

O estudo a que me refiro, patrocinado pela Associação Maranhense de Empresas de Obras Públicas, demonstra que, se cada Estado estimulasse, com investimentos públicos e privados, a criação de um núcleo agrícola de 50 mil hectares, o custo nacional do projeto corresponderia a cerca de 13 bilhões 830 mil dólares, duplicando o aumento da produção brasileira de grãos. Assentaria 33.750 empresas ou 3.375.000 famílias, gerando 18 milhões de empregos diretos e indiretos (na agricultura, indústria, comércio, construção civil e serviços).

Cálculos matemáticos, levantados pelo autor do trabalho, afirmam que tais núcleos iriam gerar receitas em impostos federais, estaduais e municipais num montante superior a 14 bilhões de dólares/ano, que se somariam a cerca de 8 bilhões de dólares/ano a serem arrecadados pela Previdência Social.

Referindo-se especificamente ao meu Estado, escreve num trecho do seu estudo o engenheiro José Ribamar dos Santos Mattos:

"O Maranhão, notadamente, é um Estado de vocação agrícola. As nossas terras favorecem a cultura dos alimentos básicos graças às disponibilidades hídricas e ao solo fértil. Parece-nos ter condições bastante semelhantes às fecundas terras de Canaã, prometidas ao povo hebreu."

E, num outro trecho:

"Vale aqui recordar um pronunciamento do saudoso Governador Paulo Martins de Souza Ramos, no início de sua governança no Maranhão: "O Maranhão é um mendigo sentado em barras de ouro".

A conclusão do referido estudo registra as seguintes considerações:

"Na atual fase de pobreza absoluta a que se encontra submetida a maior parte da população brasileira, tendo como principal agravante a contínua queda do nível de renda e do poder de compra da classe média, urge que se tomem providências imediatas e concretas para aumentar a produção e a oferta de alimentos no País, o que é, a nosso ver, a única forma viável de fazer baixar efetivamente, bem como manter estáveis, os preços dos produtos de primeira necessidade: arroz, feijão, trigo, milho, soja, etc., que constituem o suporte da alimentação de nossa grande massa populacional.

O modelo proposto de implantação de Núcleos Agrícolas em diversos pontos do País vem ao encontro dessa grande aspiração nacional, que é ter o custo de alimentação do orçamento doméstico consideravelmente reduzido, a fim de sobrar algum recurso para as outras atividades familiares também comuns a cada indivíduo, mas que são, infelizmente, privilégios de muito poucos brasileiros.

Nesse programa de investimento em infra-estrutura na zona rural, tão carente dessas ações, visa-se essencialmente levar ao homem do campo as condições mínimas necessárias a uma vida condigna, evitando que ele se desloque para a grandes cidades. Atualmente os investimentos governamentais nos grandes centros populacionais, para atender essas necessidades, não tem produzido grandes resultados, pois devido à carência de empregos, a classe de trabalhadores continua marginalizada e desintegrada do processo de crescimento e desenvolvimento econômico social.

Distribuir alimentos para saciar a fome é, sem dúvida, uma ação louvável, mas não combate a verdadeira causa, além de não garantir a seqüência e a continuidade dessas ações. As causas é que devem ser solucionadas e, assim, os efeitos serão sanados. Não é fácil. Mas vamos começar."

Srªs e Srs. Senadores:

Estudos como este, patrocinado pela Associação Maranhense de Empresas de Obras Públicas, precisam merecer a atenção do governo federal. Não se devem subestimar as idéias e sugestões aventadas por profissionais qualificados pelo fato de não pertencerem ao círculo oficial de técnicos ou por estarem longe dos centros de decisão.

Este o meu apelo, pedindo que conste deste meu discurso os itens de 1 a 12, constantes do trabalho referido.

Era o que tinha a dizer.

Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/01/1996 - Página 259