Discurso no Senado Federal

QUEBRA DA CONFIANÇA DOS BRASILIENSES DIANTE DO GOVERNO PETISTA DO DISTRITO FEDERAL, DEMONSTRADA POR RECENTES PESQUISAS DE OPINIÃO PUBLICA.

Autor
Valmir Campelo (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Antônio Valmir Campelo Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF).:
  • QUEBRA DA CONFIANÇA DOS BRASILIENSES DIANTE DO GOVERNO PETISTA DO DISTRITO FEDERAL, DEMONSTRADA POR RECENTES PESQUISAS DE OPINIÃO PUBLICA.
Publicação
Publicação no DSF de 17/02/1996 - Página 2103
Assunto
Outros > GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF).
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF), CRISTOVAM BUARQUE, GOVERNADOR, RELAÇÃO, CUMPRIMENTO, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL, DEMOCRACIA, SERVIÇO DE SAUDE, AUMENTO, SALARIO, CATEGORIA PROFISSIONAL, SAUDE, GRATUIDADE, TRANSPORTE ESCOLAR.
  • COMENTARIO, CRISE, CONFIANÇA, POPULAÇÃO, DISTRITO FEDERAL (DF), RELAÇÃO, GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF), PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REFERENCIA, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA.

O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o componente essencial para o bom desempenho de um governo é, sem qualquer sombra de dúvida, a confiança.

Um governo forte e eficaz deve ser o depositário seguro da confiança dos seus governados. Deve, muito além disso, ter a habilidade necessária para transformar essa confiança na base de sua autoridade.

O elemento humano tem uma necessidade instintiva de confiar, tanto individual quanto coletivamente. No âmbito individual, os homens depositam sua confiança na família, nos amigos, nos cônjuges, no psicanalista, no padre, no pastor ou na cartomante.

E essa necessidade de confiar, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ultrapassa a esfera pessoal, estendendo-se às instituições que organizam e dirigem a vida das nações.

Exércitos, empresas, governos, universidades e igrejas - para citar apenas algumas - são estruturas que servem de repositórios da confiança de todos nós.

O comandante militar, o diretor de empresas, o chefe de Estado, o educador e o líder religioso têm necessariamente que desfrutar da confiança de muitos indivíduos, a fim de obter sucesso em seu mister.

Confiar, Sr. Presidente, é um processo ativo. Diz respeito a um ato: o ato de confiar. É algo ativamente dado por uma parte e recebido por outra.

Existe uma correlação quase que absoluta entre confiança e poder.

Ao confiarmos em um determinado indivíduo, damos a ele um certo grau de poder sobre nós. Quando muitas pessoas depositam confiança no mesmo indivíduo, o poder dele aumenta na mesma proporção.

A eleição pelo voto, no seu sentido mais simples e direto, nada mais é que a busca de alguém que mereça receber o mais amplo espectro da confiança de um povo.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na campanha eleitoral para o Governo do Distrito Federal, em 1994, o candidato do PT prometeu mundos e fundos à população. Prometeu o paraíso para o funcionalismo público. Prometeu o que jamais poderia realizar. Prometeu, ganhou a confiança dos brasilienses e também a eleição.

Na verdade, a chegada do PT ao poder do Distrito Federal foi muito mais uma façanha de marketing político do que propriamente uma vitória eleitoral. A população, hipnotizada por um fantástico bombardeio de sugestão subliminar, acabou seduzida por promessas fantasiosas e já dá mostras de ter-se arrependido amargamente.

Apenas a título de ilustração, permito-me lembrar, por exemplo, que o PT prometeu democratizar, em curtíssimo espaço de tempo, os serviços de saúde. Prometeu criar distritos sanitários, implantar programas de saúde comunitária e um salário mais do que digno para os profissionais de saúde.

O então candidato do PT prometeu, também, a regularização fundiária das terras públicas do Distrito Federal. Prometeu transporte escolar gratuito para os alunos que residem longe das escolas. Prometeu um sistema de segurança exemplar para Brasília e suas cidades satélites.

O ex-Reitor da UnB prometeu tanto durante a campanha, que eu poderia permanecer horas a fio enumerando suas promessas. Eu as ouvi, debati, contestei e alertei à população de que elas jamais seriam cumpridas.

Pois bem, Sr. Presidente, transcorrido um ano de administração petista no Distrito Federal, 83% da população acham que a educação não melhorou nada; 71% dos brasilienses têm certeza de que ficaram mais pobres, pois os impostos, as taxas, as multas e outros tributos aumentaram astronomicamente. Cinqüenta e três por cento reclamam que a segurança tornou-se uma calamidade pública. E, nesse aspecto, vale a pena citar mais uma das espertezas dos iluminados do PT: no Plano Piloto, que é cartão-postal, tropeça-se em policiais militares de dez em dez metros, todos perdidos, sem saber o que fazer - ou melhor, eles sabem: apenas multando indistintamente os veículos do Distrito Federal -, enquanto nas cidades satélites, como o Gama, Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Brazlândia e tantas outras, onde o índice de criminalidade é elevado, a segurança está jogada às traças.

O trânsito de Brasília tornou-se um caos, sem qualquer planejamento. O atendimento nos hospitais atingiu as raias do absurdo, pois de tão ruim acabou por se transformar em motivo de humilhação para quem demanda a rede pública. Os médicos, mal remunerados, estão em greve por tempo indeterminado. Hoje os funcionários da TCB também entraram em greve.

E, ironia das ironias, Srs. Senadores, o PT, tão pródigo em cobrar ética dos seus adversários, passado apenas um ano no poder, vê-se no epicentro de um escândalo palaciano, com ex-secretários denunciando irregularidades na contratação de jornalistas, etc, etc, etc.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é indiscutível que o Governo petista do Distrito Federal enfrenta uma crise de confiança sem precedentes. O povo brasiliense, que acreditou nas promessas de campanha do ex-reitor, vê-se traído, iludido e já não confia mais no governo democrático e popular.

Longe de me satisfazer, essa situação preocupa-me sobremaneira. Como senador eleito pelo Distrito Federal, sinto-me na obrigação de cobrar AÇÃO do governo do professor Cristovam Buarque. O Governo do Distrito Federal, volto a insistir, precisa agir, sair do imobilismo em que se encontra. A mim me parece que a cúpula do governo perdeu o rumo, meteu-se num labirinto de intriga partidária e não consegue mais perceber que a paciência do povo está se esgotando. Exemplo disso foi a revolta dos moradores da invasão da Estrutural, que quase lincharam um deputado distrital petista na última quarta-feira.

Um governo que se intitula democrático e popular, que se diz identificado com os interesses da população e voltado sobretudo para os trabalhadores, não pode ficar nessa alienação crônica, enquanto a população sofre os horrores do abandono.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/02/1996 - Página 2103