Discurso durante a 19ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

APOIO AO PRESIDENTE JOSE SARNEY, EM FACE DO EPISODIO TASSO JEREISSATI.

Autor
Bernardo Cabral (S/PARTIDO - Sem Partido/AM)
Nome completo: José Bernardo Cabral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BANCOS.:
  • APOIO AO PRESIDENTE JOSE SARNEY, EM FACE DO EPISODIO TASSO JEREISSATI.
Publicação
Publicação no DSF de 15/03/1996 - Página 4102
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BANCOS.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, ORADOR, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), DEFESA, PRESIDENTE, SENADO, ACUSAÇÃO, GOVERNADOR, ESTADO DO CEARA (CE), REFERENCIA, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BANCOS.

O SR. BERNARDO CABRAL (PFL-AM. Para comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é evidente que o cometimento que me acaba de fazer o eminente Senador Edison Lobão é dos mais agradáveis.

Quero me reportar à forma virulenta com que V. Exª foi agredido. Portanto, não falo em meu nome pessoal. Faço-o em nome de 22 Srs. Senadores que querem reafirmar a V. Exª o reconhecimento que está sendo feito aqui, ora por um Senador que representa a liderança do Governo, ora por outro que representa o maior Partido do Senado Federal, ambos, respectivamente, o Senador José Roberto Arruda e o Senador Ney Suassuna, dando seqüência ao que ontem vários Senadores aqui fizeram, inclusive o Senador Antonio Carlos Magalhães.

Sr. Presidente, o que é interessante registrar é que os homens públicos que têm a altivez, mas não têm arrogância, os homens públicos que não são bravateiros, que são corajosos; os homens públicos que são gentis, mas não são maneirosos, escorregadios; os homens públicos que não estão no contorcionismo político são sempre agredidos vez por outra. V. Exª tem aquilo que os franceses chamam de physique de rôle. V. Exª encarna a Presidência do Congresso. V. Exª traz, na sua bagagem, a biografia de quem foi membro desta Casa, que honrou o seu mandato de Senador, mas, muito mais do que isso, foi um conciliador na Presidência da República. E posso dar o meu testemunho, como Relator da Assembléia Nacional Constituinte, quantas vezes V. Exª, debaixo do peso de ter assumido a Presidência da República numa interinidade, que depois acabou transformando numa efetividade, que V. Exª jamais postulou, e que os fados lhe colocaram sobre os ombros. Como é possível uma pessoa desta natureza, que tantas vezes coloca aqui, nesta Casa, seus amigos correligionários em xeque quando não atendem às postulações que eventualmente violentam o Regimento? Como é possível agredir um homem público que faz do seu comportamento o comportamento ético, correto, equilibrado, tanto tipo de acusações que não diria só levianas, inoportunas, descabidas?

De modo que, em nome do Partido da Frente Liberal, registre nos Anais desta Casa, eminente Presidente José Sarney, não apenas uma solidariedade, que seria muito pouco, o reconhecimento daqueles que são seus contemporâneos, porque geralmente na vida pública o homem que exercita só é reconhecido pelos seus pósteros e tantas vezes censurado pelos seus contemporâneos.

Nesta hora, parece que Deus escreveu uma oportunidade de lhe dar, na Presidência do Senado, o testemunho do reconhecimento dos seus Companheiros na mais Alta Casa Legislativa.

O SR. PRESIDENTE (José Sarney) - Agradeço ao Senador Bernardo Cabral as palavras generosas que acaba de proferir.

E, mais uma vez, reitero que a Presidência tem procurado cumprir com a responsabilidade que tem, delegada por todos os Srs. Senadores.

E desse episódio guardo apenas o agravo de ser o Presidente de um Poder e sentir que esse Poder pode ser atingido por aqueles que não participam justamente das suas finalidades e dos seus trabalhos diários.

O Presidente, aqui, apenas cumpriu com o seu dever.

O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES - Sr. Presidente, peço a palavra, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (José Sarney) - Com a palavra, pela ordem, o Senador Antonio Carlos Valadares.

O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (PSB-SE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, perguntaria a V. Exª, tendo em vista que sou o terceiro orador inscrito desta sessão, e falaria de um assunto correlato com o que está sendo debatido, se a Presidência poderia, então, prorrogar a sessão, com audiência naturalmente do Plenário, uma vez que, logo após a Ordem do Dia, muitos dos Srs. Senadores viajarão, pois terão compromisso nos seus Estados. V. Exª poderia atender esse nosso apelo?

O SR. PRESIDENTE (José Sarney) - Infelizmente, o Regimento não permite uma prorrogação maior da Ordem do Dia do que por mais 15 minutos. Mas asseguro que, como Líder de Partido, V. Exª será o primeiro orador inscrito após a Ordem do Dia.

O SR. GERALDO MELO - Sr. Presidente, peço a palavra como Líder.

O SR. EDUARDO SUPLICY - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (José Sarney) - Com a palavra, como Líder, o Senador Geraldo Melo, que a havia pedido antes de V. Exª.

O SR. GERALDO MELO (PSDB-RN. Como Líder. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, diante dos pronunciamentos que acabo de ouvir, é necessário que se ouça aqui não a voz de quem as circunstâncias fizeram neste momento exercer episodicamente a Liderança do PSDB, mas a voz de quem trouxe para o Senado, entre as muitas emoções que a vida pública já lhe deu, a experiência de ter tido o privilégio de conviver, como Governador do Rio Grande do Norte, com V. Exª na Presidência da República.

Talvez haja nesta sala - e é precisamente V. Exª - quem seja capaz de avaliar o sofrimento interior com que tenho assistido, durante esses dias, a todo esse caudal de comentários, a todas essas tentativas de retirar V. Exª da Liderança, que naturalmente vem exercendo à frente do Congresso Nacional, em um esforço iniciado e instaurado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso de construir uma nova Pátria para o povo brasileiro.

V. Exª há de se recordar de que de um lado, sobretudo a partir do momento em que o nome do Governador Tasso Jereissati passou a ser referido, o quanto nós dois Governadores, Tasso e eu, o quanto um representava a posição do outro, do quanto um reforçava a posição do outro, ao ponto de termos sido apresentados ao País, num determinado momento, como irmãos siameses; e de outro lado ver uma inesperada relação conflituosa envolvendo V. Exª, a quem se eu pude dar ao povo do Rio Grande do Norte um governo à altura das suas expectativas, das suas esperanças, embora longe ainda das suas necessidades, isso só foi possível porque à frente deste País havia um Presidente chamado José Sarney, que deu a mim a oportunidade de realizar a obra que ali realizei.

Se agora, filiado ao PSDB, Senador da República, vejo as circunstâncias e os equívocos que às vezes se acumulam, produzirem o cenário que se produziu, creio que o Presidente José Sarney é alguém em condições de avaliar a dificuldade interior com que vivi esses momentos.

Mas estou aqui para juntar a minha voz a dos demais Senadores e apenas para acrescentar uma coisa: estou vivendo esse momento com grande esperança e com imensa confiança, porque sei que episódios menores não vão modificar a trajetória, a maneira de ser e a contribuição ao País que homens da envergadura, da responsabilidade de estadistas como Fernando Henrique Cardoso e José Sarney sabem que têm que continuar trilhando, em face dos compromissos que têm com a história do Brasil.

Em vista disso, digo que tenho confiança, porque sei que de acordo com o senso, o espírito público e a consciência da responsabilidade deste momento, cada um dará uma contribuição ainda maior à construção do quadro de reformas que modifiquem o cenário deste País, como o povo brasileiro espera, e uma contribuição ainda maior para fortalecer a democracia nascente do Brasil.

Digo estas palavras na esperança de que este momento tenha sido um momento de viva controvérsia, um momento de viva divergência, mas uma divergência que tenha ocorrido em terreno fecundo e onde haja apenas um e grande vencedor: nosso País.

Sr. Presidente, sinto-me no dever de dizer que, da mesma maneira que homenageio V. Exª, aqui cheguei trazendo também um imenso carinho e um enorme respeito pelo Governador Tasso Jereissati, cuja presença na vida pública, sem dúvida nenhuma, teve no seu próprio valor o grande motivo, mas teve também no apoio de muitas lideranças, inclusive a de V. Exª, a viabilização.

Creio, Sr. Presidente José Sarney, que também ninguém deseja - e conhecendo o espírito de V. Exª, sei que V. Exª não deseja - que sobre o Governador Tasso Jereissati se procurem atirar as pedras que não existem.

Não se pode transformar em indecoroso um negócio que sequer foi feito. O simples fato de haver entendimentos e negociações entre duas empresas não pode ser apresentado como um fato consumado. Como lembra o Senador Antonio Carlos Magalhães, é um entendimento bastante antigo.

Sr. Presidente, com a paciência de V. Exª, peço-lhe que me dê a oportunidade apenas de dizer que avalio ser esta a ocasião que vai dar ao Brasil, pelo desempenho de seus líderes, a demonstração de que tivemos a felicidade de viver um grande momento da nossa história em que há homens aptos e preparados para enfrentar grandes crises, quanto mais divergências no curso da apreciação de problemas da rotina da vida pública do País!

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/03/1996 - Página 4102