A SRª BENEDITA DA SILVA (PT-RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não sou perfeita, mas, no mínimo, coerente. Por isso, gostaria de receber uma atenção da Diretoria desta Casa com relação às informações sobre o valor atribuído a cada uma das reformas nos apartamentos dos Srs. Senadores.

Menciono esse fato porque fui abordada por uma jornalista que me garantiu ter recebido informações da Casa a respeito da reforma no apartamento que irei ocupar. Disse-me que o seu valor estava acima dos outros e que havia algumas exigências que fugiam do padrão. Como isso não é verdade, eu disse à jornalista que essas informações só poderiam ser dadas pelo Diretor-Geral, ou pelo Diretor de Patrimônio, como também pelo Diretor da Subsecretaria de Administração de Compras, que é responsável pelas licitações, pois não cabe a mim, como Senadora, preocupar-me com reforma de apartamento e muito menos com o que haverá dentro dele.

De algo tenho certeza absoluta: não estou morando em nenhum apartamento; estou hospedada em hotel e por isso estou recebendo auxílio, fato que posso provar. Não fiz nenhuma lista com exigências que fogem do padrão, até porque, segundo a Chefe do meu Gabinete, pessoa encarregada de cuidar disso, tudo é muito padronizado e há licitações.

O que não entendo é como os jornalistas conseguem certas informações, que deveríamos ter - e não temos - até para responder-lhes no momento em que nos interpelam.

Fiquei pasma, porque, segundo a jornalista, a única pessoa a ser averiguada, neste caso, seria eu. Não seria uma matéria geral, que tratasse da questão das reformas dos apartamentos, mas só daquele destinado à Senadora Benedita da Silva.

Porque faço política com transparência, considerei que este seria o lugar adequado para colocar as minhas verdades. Gostaria que a Casa pudesse tomar providências para passar informações corretas às mãos dessa jornalista, que é do Comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados.

Não sei se é uma questão política, por não acreditarem que não sou candidata.

A política, hoje, tornou-se algo extremamente difícil, uma vez que não há mais o debate, o confronto ideológico de propostas, mas, sim, de difamações. Portanto, talvez, os resultados das pesquisas viessem a fazer com que houvesse interesse em publicar determinados fatos.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como não é verdade, aqui estou para declarar que estou hospedada no Hotel Torre e que a reforma do apartamento que ocuparei ainda não foi concluída. Com mais detalhes, poderia dizer que o apartamento se encontrava fechado há mais de um ano, com um grande vazamento de gás e uma terrível infiltração. Também não havia um móvel sequer dentro dele, e não estava ocupado por ninguém. Na ocasião, cheguei até a dizer que havia sobrado para mim o "bagaço da laranja". Não sou, portanto, responsável pelos gastos. E o apartamento não é da Senadora Benedita da Silva, mas do Senado Federal.

Como Deputada Federal, tive a oportunidade de ocupar, por oito anos, um apartamento. No dia em que tomei posse nesta Casa, entreguei aquele imóvel que não precisou passar por reformas, em virtude de estar perfeito. Não estou aqui para dilapidar patrimônio público. Esse apartamento não é da Senadora Benedita da Silva e, por isso, não tenho que fazer nenhuma obra ou reforma.

Gostaria de deixar claro este assunto e de solicitar a essa jornalista que procure a Subsecretaria de Administração de Material e Patrimônio, procure o Diretor-Geral, a 1ª Secretaria da Mesa - inclusive temos a honra de ter presidindo a sessão o 1º Secretário - e pegue essas informações que fogem da competência e da função da Senadora Benedita da Silva.

O SR. PRESIDENTE (Odacir Soares) - Nobre Senadora Benedita da Silva, V. Exª será atendida.

A Presidência diligenciará no sentido de que a Diretoria-Geral encaminhe a V. Exª todas as informações relativas às obras realizadas no apartamento que ocupará.