O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PPB-SC) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, mais uma vez o Estado de Santa Catarina é duramente atingido pela catástrofe climática das enchentes. Mais uma vez o povo catarinense sofre o revés de ter suas moradias destruídas, levadas pela torrente ou soterradas por desmoronamentos. Mais uma vez, os prefeitos de diversos municípios são obrigados a decretar estado de calamidade pública, diante das tragédias que se abateram sobre seus concidadãos.

           É verdade que este verão tem castigado também, com sua pluviosidade desmedida, as maiores cidades de nosso País. São Paulo e Rio de Janeiro, como nos mostraram a televisão e os jornais, atingiram por vezes o caos completo quando suas infraestruturas de esgotamento de águas pluviais se mostraram insuficientes para a água que caía. Foi grande sem sombra de dúvida, com inúmeras mortes e prejuízos materiais, o sofrimento imposto a cariocas e paulistanos pela incapacidade do Estado de fazer a infraestrutura urbana acompanhar o crescimento da população daquelas metrópoles. O pior é que essa incapacidade, primordialmente de ordem econômico-financeira, pela falência de nosso aparato estatal, apresenta-se quase sempre acompanhada da incúria administrativa e da desídia em relação à tomada de providências preventivas óbvias, nem sempre tão custosas quanto se alega, que poderiam pelo menos minorar os efeitos destrutivos dos aguaceiros.

           Não é meu desejo, contudo, tratar aqui dos enormes problemas daqueles centros urbanos inchados pela imigração interna, nem criticar irresponsavelmente seus administradores atuais ou seus predecessores. Sou mesmo da opinião segundo a qual as melhores soluções, tanto para a administração pública quanto para a economia e para a qualidade de vida, são as que podem ser encontradas na escala pequena, idéia que pautou meus mandatos na prefeitura de Florianópolis e no Governo de meu Estado.

           Quero, ao contrário, voltar os olhos de meus Pares um instante para a terra catarinense, que volta e meia é enlutada pelas conseqüências das chuvas. Não sei se, de fato, essas precipitações são causadas pela emergência dos fenômenos que os meteorologistas chamam El Niño e La Niña. O que sei é que Santa Catarina paga um custo pesado em vidas e bens cada vez que as cheias atingem o Estado.

           Este ano, por exemplo, cidades como Laguna e Herval do Oeste tiveram bairros quase inteiramente destruídos pela força incontrolada das águas. Doze horas de chuva quase ininterrupta entre os dias quatro e cinco deste mês desabrigaram inúmeras famílias nessas cidades e provocaram o desabamento de parte da casa pertencente ao ex-Governador Colombo Machado Salles, em Laguna, sólida construção de mais de cem anos. Além disso, o Hospital de Caridade de Laguna ficou sem energia elétrica, tornando ainda mais difícil o atendimento às vítimas da enchente.

           Sr. Presidente, o bravo povo catarinense já deu ao País reiteradas mostras de sua fibra, ao reconstruir, em curto prazo, casas e cidades arruinadas por enchentes semelhantes, ocorridas em anos passados. Sei que nossa gente não há de nos decepcionar, nesta nova ocasião. Mas não posso deixar de trazer aqui para esta tribuna minha solidariedade com as agruras por que passam meus coestaduanos e minha inquietação com a necessidade de se encontrarem soluções definitivas para esse problema.

           Muito obrigado.