Discurso no Senado Federal

PREOCUPAÇÕES COM O DESEMPREGO NO DISTRITO FEDERAL. EDITORIAL DO CORREIO BRAZILIENSE DE HOJE, INTITULADO 'MENOS SUFOCO'.

Autor
Valmir Campelo (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Antônio Valmir Campelo Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESEMPREGO.:
  • PREOCUPAÇÕES COM O DESEMPREGO NO DISTRITO FEDERAL. EDITORIAL DO CORREIO BRAZILIENSE DE HOJE, INTITULADO 'MENOS SUFOCO'.
Publicação
Publicação no DSF de 08/06/1996 - Página 9535
Assunto
Outros > DESEMPREGO.
Indexação
  • LEITURA, EDITORIAL, PUBLICAÇÃO, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), REFERENCIA, AUMENTO, INDICE, DESEMPREGO, PAIS, RESULTADO, SOLICITAÇÃO, GOVERNO, ELABORAÇÃO, PROGRAMA, OBJETIVO, COMBATE, MISERIA, BRASIL, OFERTA, EMPREGO, POPULAÇÃO.

O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o que nos preocupa na manhã de hoje é a questão do desemprego em nosso País, particularmente, em Brasília, onde aproximadamente 150 mil pessoas estão desempregadas. São quase 18% da população sem trabalho em Brasília e, tampouco, o Governo do Distrito Federal possui um programa para combater o desemprego.

Sabemos dos problemas sociais de nosso País. Apesar disso, quero aqui cobrar uma política para combater o desemprego de Brasília.

Ao abrir os jornais de hoje, senti uma certa alegria. Deparei-me com o editorial do Correio Braziliense, intitulado "Menos Sufoco", referindo-se ao problema de uma possível retomada do desenvolvimento de nosso País, que passo a ler na íntegra:

MENOS SUFOCO

      Há sinais positivos de que o Governo desperta para a necessidade de reativar o crescimento da economia. A obstinação monetarista que até aqui marcou a luta pela estabilidade da moeda não foi seguramente inútil, mas o custo político e social tornou-se preocupante.

      Crescem as falências e, com elas, o desemprego. Retraem-se os investimentos e multiplicam-se as mazelas sociais. Empresários unem-se a trabalhadores, aderem a passeatas e protestos públicos, para pressionar o Governo e fazê-lo rever sua política de arrocho monetário, que, conjugada à abertura da economia, nocauteia a indústria nacional.

      O Governo, enfim, parece entender que é preciso mudar. Os sinais são vários. Além de declarações do próprio Presidente da República, prometendo ações mais efetivas na área social, há o incremento ao consumo propiciado pelas medidas anunciadas anteontem pelo Conselho Monetário Nacional. Não apenas.

      O novo Ministro do Planejamento, Antônio Kandir, mencionou também aprofundamento na luta contra a miséria e até o mais ortodoxo dos monetaristas do Governo, o Diretor da Área Externa do Banco Central, Gustavo Franco, declara que é hora de inverter prioridades: investir mais no crescimento econômico e menos no combate à inflação.

      Há muito tempo, é esse o apelo das forças produtivas do País. Foi para torná-lo mais veemente que empresários ocuparam as ruas de Brasília, em passeata de protesto, há três semanas. Na seqüência, trabalhadores fizeram o mesmo. O Governo, no entanto, defendia-se com uma só resposta: não podia fazer nada antes de obter as reformas no Congresso.

      Chegava-se então ao impasse: nem o Congresso processava as reformas, nem o Governo alterava sua política de arrocho monetário. E o resultado não podia ser outro: falências em série, desemprego, inquietação social, desgaste política. Não há dúvida de que o Plano Real operou a formidável façanha de reduzir drasticamente os índices de inflação. Houve ganho efetivo, sobretudo para as classes menos abastadas, que passaram a consumir mais.

      A retração econômica, no entanto, abreviou também esse efeito. Se nos países mais desenvolvidos e com menos contrastes sócio-econômicos o desemprego é fator de graves desequilíbrios, que dizer de um País como o Brasil, que exibe alguns dos mais perversos indicadores sociais de todo o mundo?

      A expectativa de queda da taxa de juros é ampla e geral - só não é irrestrita. E aí Gustavo Franco tem razão: "A redução das taxas de juros só poderá ser mais forte quando o governo conseguir controlar suas despesas". É o caso de perguntar: quando isso acontecerá?

      Com a política de arrocho, o Estado impôs ao setor privado ajustes que, até aqui, não teve a iniciativa de impor a si mesmo. Essa contradição dificulta a retomada do desenvolvimento e o reencontro do País com a prosperidade.

Sr. Presidente, este é o editorial de hoje do jornal Correio Braziliense. E aqui, mais uma vez, volto as minhas preocupações para o Governo, pedindo que elabore uma norma, um programa para combater o desemprego. Não é possível mais assistirmos, a todo instante, milhares e milhares de pais vendo os seus filhos passarem dificuldades, por falta de emprego que é a base de sustentação de uma família.

Era o que tinha a dizer na manhã de hoje.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/06/1996 - Página 9535