Discurso no Senado Federal

COMENTANDO ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL FOLHA DE S.PAULO, DE HOJE, DO SR. EDEMAR CID FERREIRA, INTITULADO 'PEQUENAS E SAUDAVEIS FORMIGAS'.

Autor
Hugo Napoleão (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Hugo Napoleão do Rego Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
BANCOS.:
  • COMENTANDO ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL FOLHA DE S.PAULO, DE HOJE, DO SR. EDEMAR CID FERREIRA, INTITULADO 'PEQUENAS E SAUDAVEIS FORMIGAS'.
Publicação
Publicação no DSF de 09/07/1996 - Página 11588
Assunto
Outros > BANCOS.
Indexação
  • TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, EDEMAR CID FERREIRA, ECONOMISTA, PUBLICAÇÃO, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REFERENCIA, FAVORECIMENTO, ATIVIDADE, BANCOS, PAIS, RESULTADO, ESTABILIZAÇÃO, MOEDA, EFEITO, PLANO, REAL.

O SR. HUGO NAPOLEÃO (PFL-PI. Para uma comunicação inadiável.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pela manhã, ao abrir o jornal a Folha de S.Paulo, li o artigo "Pequenas e saudáveis formigas", do Dr. Edemar Cid Ferreira, que é, sem dúvida alguma, uma contribuição efetiva para que se possa vislumbrar um futuro melhor no nosso País. Explico: com a passagem dos dois anos do Plano Real, objetivamente, buscou-se o decréscimo da inflação, a instituição de um crescimento sustentado, mas, acima de tudo, buscando melhoria do setor social do País, trazendo para ele um equacionamento, porque este, afinal de contas, é o ponto mais importante do real.

O artigo do Dr. Edemar Cid Ferreira mostra que o Brasil, de moeda estável, é um excelente mercado para a atividade bancária, menos arriscado do que foi para o Brasil da inflação galopante, afirmando tratar-se de um mercado diferente. Verdade seja dita, a inflação, durante o período anterior ao real, subiu de 100 para 1.000% ao ano. A opinião do próprio Ministro Pedro Malan, externada juntamente com a de alguns Senadores do Partido da Frente Liberal, na semana passada, nas presenças do Presidente do Banco Central, Gustavo Loyola; do Secretário da Receita Federal, Everardo Maciel; do Dr. Francisco Lopes, Diretor do Banco Central e do Dr. Murilo Portugal, Secretário do Tesouro Nacional, é a de que o Brasil, na fase anterior, equiparava-se perante o mundo à situação do Zaire, e isso não acontece, porque temos outros horizontes que estão bem espelhados no artigo do Dr. Edemar Cid Ferreira.

Ele diz que a desaceleração da inflação pegou de surpresa empresas ineficientes, que este raio que caiu sobre os bancos em crise não era nem é um prenúncio de dilúvio e citou o que aconteceu também nos Estados Unidos com as empresas de "saving e loans" - (S&L); no Japão com as companhias de financiamentos imobiliários ("jusen"); no Reino Unido com o banco Barings; na França com o Crédit Lyonnais; na Itália com o Banco di Napoli.

Segundo ele, no Brasil, esse frenesi que às vezes percorre o mercado pode dar uma demonstração de que se está em dificuldades, mas afirma que os bancos médios, grandes e pequenos estão saudáveis e vão muito bem em nosso País, pois há lugar para todos. Diz que uma das mais pérfidas conseqüências do turbilhão inflacionário, na área financeira, foi confundir cigarras e formigas para utilizar a imagem que o velho sábio Esopo criou seis séculos antes de Cristo. Antes do real - e por muitos anos - o alarde das cigarras encobriu o trabalho cotidiano e paciente das formigas.

As taxas reais de juros, por seu lado, afirma Dr. Edemar, alavancadas pela "cunha" dos depósitos compulsórios levaram à inadimplência de pessoas físicas e empresas - e isso também alvejou os bancos. Se a vida tornou-se difícil, a responsabilidade ficou maior, estando agora o dinheiro em outras mãos. Essa mudança de dinheiro tem um grande significado, porque os bancos não perderam o foco e não abandonaram a vocação tradicional de suas atividades e sabem ser parceiros de seus clientes.

Para essas instituições e para os seus clientes, inflação baixa e juros decrescentes são excelentes notícias.

O tamanho menor permite uma aproximação mais pessoal e uma parceria mais legítima entre o banco e seu cliente. A intimidade gerada, diz o Dr. Edemar Cid Ferreira, por esse relacionamento, cria uma transparência mais completa, e isso elimina desconfianças e fundamenta certezas advindas do conhecimento mútuo.

Apesar das nuvens que possam parecer pairar, este é o clima no qual prosperam as atividades bancárias neste Brasil de tanta variedade e tantas esperanças. Nenhum espectro, conclui o articulista, ronda o nosso sistema financeiro.

A meu ver, é importante, Sr. Presidente, porque isto é uma mensagem, um sinal claro e evidente de que estamos partindo para novos tempos, para o respirar de um destino mais tranqüilo, no qual os problemas sociais podem ser equacionados dentro de uma ambiência articulada e o Banco Central do Brasil não está ausente dessas questões, não está ausente do enfoque social do problema brasileiro e não está ausente da articulação e da preocupação que tem com o sistema bancário brasileiro. Não há que alegar que estamos navegando em mares incertos, ao contrário; o artigo do Dr. Edemar Cid Ferreira vem demonstrar, à saciedade, que estamos na busca de novos rumos, que não há absolutamente razão para temores ou receios, porque o sistema bancário brasileiro está calcado, agora e daqui para frente cada vez mais, em alicerces seguros.

Ao afirmar isso, Sr. Presidente, peço a V. Exª que esse excelente artigo do Dr. Edemar Cid Ferreira, publicado na Folha de S.Paulo de hoje, seja transcrito nos Anais desta Casa, como marca indelével a demonstrar que estamos diante do raiar de uma nova aurora.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/07/1996 - Página 11588