O SR. JOEL DE HOLLANDA (PFL-PE. Pronuncia o seguinte discurso. ) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a medicina contemporânea vem lutando sem tréguas para combater o câncer, doença terrível que destrói o organismo humano e ceifa milhares de vidas todos os anos. Apesar dos grandes avanços da ciência médica em nosso século, o câncer continua a ser uma das maiores causas da mortalidade e da morbidade no mundo inteiro.

No Brasil, o órgão máximo de combate ao câncer é a Sociedade Brasileira de Cancerologia, organização não-governamental científica, sem fins lucrativos, reconhecida como de utilidade pública, que, há meio século, empunha a bandeira de luta contra esse terrível mal.

No próximo dia 27 de julho, a Sociedade Brasileira de Cancerologia - SBC - estará festejando seu cinqüentenário. É para prestar minhas homenagens pelo transcurso dessa data de tão alto significado para a medicina brasileira que ocupo, na tarde de hoje, a tribuna do Senado Federal.

Sr. Presidente, a SBC foi fundada no Rio de Janeiro, em 1946, por um grupo de médicos pioneiros da cancerologia brasileira, liderados pelos Doutores Mário Kroeff, Alberto Coutinho e Jorge de Marsillac. É a mais antiga entidade de cancerologia da América Latina e uma das que se mantém em atividade há mais tempo em todo o mundo.

Constituída por dois grandes grupos - o de sócios, obrigatoriamente integrado por médicos, e o de participantes, composto por entidades e por profissionais de outras áreas -, a SBC congrega médicos, outros profissionais de nível superior e instituições sem fins lucrativos interessados no desenvolvimento e na difusão de todos os ramos da Cancerologia.

A principal função dessa entidade é a formação profissional de médicos que desejam especializar-se em oncologia em nosso País. Para isso a SBC mantém programas educativos de âmbito nacional, por meio de um Programa de Educação Continuada dirigido a profissionais jovens e a estudantes de Medicina.

Além de cumprir com reconhecida eficiência seu objetivo maior de formar cancerologistas, a SBC incentiva também a pesquisa científica, a divulgação dos avanços alcançados na área, contribuindo decisivamente para o constante aperfeiçoamento e atualização dos especialistas brasileiros.

A SBC promove também, a cada três anos, congressos nacionais de grande porte, além de realizar reuniões e colaborar com diversos cursos e outras iniciativas das entidades filiadas que se dedicam a combater essa grave moléstia.

Nada melhor para ilustrar a relevância do trabalho desenvolvido pela SBC do que as duas importantes publicações periódicas mantidas pela entidade, publicações essas que são a expressão maior do pensamento cancerológico brasileiro. São elas: o jornal noticioso CÂNCER HOJE, publicado a cada dois meses e considerado o mais completo informativo sobre essa especialidade em toda a América Latina; e a revista científica trimestral Vitrô Cancerologia, que é reservada à divulgação de trabalhos científicos formais.

Srªs e Srs. Senadores, a SBC congrega cerca de quarenta entidades brasileiras de combate ao câncer, incluindo hospitais, serviços de prevenção, associações científicas, e dispõe de sede própria - a Casa do Oncologista Brasileiro - e de fundos próprios para se manter, independendo, portanto, de recursos públicos.

A Sociedade Brasileira de Cancerologia é o Departamento de Cancerologia da Associação Médica Brasileira, sendo responsável pelo concurso e titulação de especialistas em Oncologia, em nosso País.

A diretoria e secretaria executiva da entidade, em âmbito nacional, são eleitas pelo voto direto, a cada três anos, e a participação do quadro associativo na vida institucional do órgão é uma realidade que possibilita o melhor entrosamento e a harmonia entre os vários segmentos que o compõem.

Até 1997, os destinos da SBC estarão sob o comando do renomado patologista pernambucano Adonis Reis Lira de Carvalho, a quem caberá comandar, no início de agosto, em Salvador, o Simpósio Comemorativo do Cinqüentenário da entidade.

Esse importante evento, ao qual fui gentilmente convidado a comparecer, terá como Presidente de Honra o Vice-Presidente da República, Marco Maciel, autor da lei que define normas para uso de técnicas de engenharia genética em nosso País, que falará, naquela oportunidade, sobre um tema que lhe é muito caro: os aspectos éticos, filosóficos e legais da também da Biotecnologia, que tanta polêmica vem causando, nos dias atuais.

O alto e rápido desenvolvimento da tecnologia vem ampliando os horizontes do ser humano, abrindo um sem-número de possibilidades e criando novos problemas de ordem ética. Estou certo de que será de grande importância a discussão dos diversos aspectos desse desenvolvimento durante o próximo simpósio organizado pela SBC, para que a utilização da moderna tecnologia tenha em vista o benefício da humanidade.

Srªs e Srs. Senadores, a Sociedade Brasileira de Cancerologia posiciona-se entre as mais destacadas entidades internacionais da área e realiza um trabalho excepcional na luta contra esse magno problema médico-social que é o câncer, considerado uma das mais graves e terríveis doenças de nosso século.

Sem sombra de dúvida, foi muito importante o papel desempenhado pela SBC na formação e no aperfeiçoamento dos profissionais médicos que se empenham quotidianamente em derrotar essa enfermidade e salvar tantas vidas, em nosso País, onde o câncer se situa entre as quatro primeiras causas de mortalidade.

Na década atual, em sintonia com o princípio de integração que rege as ações dos governos dos países do Cone Sul e consciente da gravidade do problema do câncer em nível nacional e internacional, a SBC juntou-se às entidades co-irmãs das nações vizinhas, formando a Federação das Sociedades de Cancerologia do Mercosul e do Chile, federação essa que, sem dúvida, terá importante papel a desempenhar em nossa região.

Srªs e Srs. Senadores, o progresso no combate ao câncer é indiscutível, facilitando a prevenção e a detecção precoce da doença. Dentro desse contexto, torna-se importantíssima a preparação e a atualização constante de profissionais especializados, capazes de proporcionar atendimento de alto nível aos cancerosos, ampliando suas possibilidades de cura ou minorando seu sofrimento.

A Cancerologia brasileira, graças ao espírito de luta e à dedicação dos membros da SBC, tem participação expressiva no cenário continental e mundial, sendo sua importância reconhecida pelos mais diversos países onde o Brasil se faz presente com o comparecimento de renomados especialistas na área.

Sr. Presidente, ao falar sobre a Sociedade Brasileira de Cancerologia, não poderia deixar de fazer, neste momento, uma referência particular ao competente e brilhante cancerologista Dr. Jorge de Marsillac, o único dos três médicos que lideraram o grupo de criadores da SBC que ainda permanece vivo e um dos criadores dessa especialidade no Brasil. Ninguém melhor do que ele para simbolizar a longa luta tratada pelos médicos brasileiros para derrotar os diversos tipos de câncer que minam a saúde de tantos milhares de cidadãos em nosso País.

Ao concluir meu pronunciamento, desejo reiterar minhas homenagens à Sociedade Brasileira de Cancerologia, na pessoa de seu atual presidente, Dr. Adonis Reis Lira de Carvalho, pelo transcurso de seu qüinquagésimo aniversário de fundação, parabenizar os cancerologistas brasileiros pelo elevado nível de formação, e desejar pleno êxito ao Simpósio Comemorativo do Cinqüentenário da SBC, que se realizará em Salvador.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.