O SR. MAURO MIRANDA (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o povo goiano renova hoje o seu encontro anual entre o passado, o presente e o futuro. O dia 24 de julho é uma das datas mais caras para o calendário cívico do nosso Estado, quando o Governador e todos os serviços públicos do Estado se transferem para a antiga Capital, a histórica e nostálgica Vila Boa, hoje Cidade de Goiás, ou Goiás Velho, como preferem chamá-la carinhosamente os goianos de todas as gerações. É um dia de festa e de reencontro no ambiente rico de tradições e de fatos históricos cantados e consagrados em verso e prosa por Cora Coralina, doceira e poeta, uma das maiores expressões de saudade na cultura do Centro-Oeste.

Em dia de festa não poderiam faltar as inaugurações. E a agenda preparada pelo Governador Maguito Vilela e o prefeito Abner de Castro Curado não poderia ser mais expressiva para o significado da ocasião. Serão inauguradas a Faculdade Cora Coralina e diversas obras de infra-estrutura pública no município, na presença do Ministro da Justiça, Nelson Jobim, representante do Presidente Fernando Henrique Cardoso, que tem vínculos ancestrais com a cidade.

A cidade de Goiás foi o grande palco de luta nos primeiros movimentos pela redenção econômica do Estado. Foi lá que nasceu o maior vulto político de nossa História, o inesquecível Pedro Ludovico. Escolhido interventor no começo dos anos 30, ele fez de Goiás Velho o teatro de operações que mudou a fisionomia econômica e política do Estado, fazendo impor sua liderança inquestionável para buscar e obter o apoio federal na execução de suas grandes obras. A maior delas foi a fundação de Goiânia, inaugurada em 5 de julho de 1942. Mas foi ainda em Goiás Velho que ele recebeu Getúlio Vargas, em agosto de 1940, e fez um discurso histórico em defesa do desenvolvimento do Centro-Oeste.

Costuma-se dizer em Goiás que a História do Estado respira através do casario colonial e dos calçamentos irregulares da Vila Boa. Isso não é apenas uma imagem de retórica regionalista. É lá que estão de fato as raízes da cultura e da história de Goiás, com as terras e as pedrarias revolvidas pelos velhos garimpos e pela passagem dos bandeirantes.

A velha casa 5 do histórico Largo do Rosário ainda guarda as lembranças da primeira Imprensa Oficial do Estado. Ao lado da ponte sobre o Rio Vermelho fica a casa de Cora Coralina, como testemunho vivo de muitas décadas das saudosas tertúlias intelectuais e das serestas. Ainda é nesse ambiente bucólico que as pessoas enchem as calçadas nos finais de tarde, para as conversas sem começo nem fim que não existem na urbe moderna.

A data de hoje é uma homenagem dos goianos ao seu passado. Um passado que está resguardado pelo jeito de ser da velha Vila Boa e pela arquitetura colonial que é mantida como patrimônio histórico.

A transferência simbólica da capital para a antiga sede do Governo do Estado foi introduzida no calendário cívico de Goiás pelo então Governador Mauro Borges, filho de Pedro Ludovico, em 1961. Coube ao Governador Iris Rezende, em 1983, mudar de outubro para julho a data das comemorações, para coincidir com o aniversário de fundação da cidade. O Senado Federal, que também já abrigou Pedro Ludovico e Mauro Borges, pai e filho, como nomes dos mais ilustres da história desta Casa política, não poderia deixar de consignar em seus Anais a homenagem que procuro traduzir com as minhas palavras a nossa querida Vila Boa, Goiás.

É o meu depoimento, Sr. Presidente.

Muito obrigado.