Discurso no Senado Federal

PONDERAÇÕES NO SENTIDO DE SE EVITAR AVALIAÇÃO INADEQUADA DOS TRABALHOS REALIZADOS PELOS DIRIGENTES DO BANCO DO BRASIL E DE SUA SITUAÇÃO FINANCEIRA.

Autor
Geraldo Melo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/RN)
Nome completo: Geraldo José da Câmara Ferreira de Melo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
BANCOS.:
  • PONDERAÇÕES NO SENTIDO DE SE EVITAR AVALIAÇÃO INADEQUADA DOS TRABALHOS REALIZADOS PELOS DIRIGENTES DO BANCO DO BRASIL E DE SUA SITUAÇÃO FINANCEIRA.
Publicação
Publicação no DSF de 31/07/1996 - Página 13367
Assunto
Outros > BANCOS.
Indexação
  • DEFESA, FUNÇÃO, BANCO DO BRASIL, APOIO, POLITICA, GOVERNO, EFEITO, PROGRESSÃO, ACUMULAÇÃO, PREJUIZO.
  • DEFESA, GESTÃO, PRESIDENTE, BANCO DO BRASIL, APREENSÃO, INCENTIVO, FALTA, CONFIANÇA, LOBBY, PRIVATIZAÇÃO, BANCO OFICIAL.

O SR. GERALDO MELO (PSDB-RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, desejo fazer uma observação em torno da questão do Banco do Brasil, que está sendo discutida aqui.

Em primeiro lugar, embora preze muito a questão do sigilo bancário, não tenho nenhuma preocupação com o meu próprio. De forma que, para mostrar a isenção com que vou prestar este depoimento, quero que a Casa saiba que sou ligado a uma empresa inadimplente perante o Banco do Brasil e que está sendo executada por ele.

Portanto, eu poderia ser movido por certo ressentimento e a minha postura poderia ser a de me servir da condição de Senador para agravar algum tipo de constrangimento que possa estar havendo nesse caso. Todavia, pelo contrário, eu desejava fazer uma ponderação, antes que a severidade ou o gosto pelo espetáculo, que V. Exª sabe que às vezes toma conta de muitas pessoas, e o descuido com relação ao conceito e à imagem dos outros permitissem que não levássemos em consideração esses pontos.

Primeiro, o Presidente do Banco do Brasil é um homem com carreira no serviço público brasileiro e, até onde sei, não há notícia de que tenha desonrado algum cargo que ocupou ou que dele tenha saído acusado de improbidade ou de incompetência.

Segundo, gostaria de lembrar que o Banco do Brasil não pode ser comparado de forma linear com qualquer outro banco, mesmo com um banco público que não tenha os mesmos atributos dele. O Banco do Brasil, além de ser uma instituição de crédito, foi usado até agora por todos os governos como um braço da ação de política econômica do Governo. Algumas vezes, o Governo Federal desenhava um programa a ser cumprido, executado pelo Banco do Brasil, mesmo que o custo e as condições desse programa não fossem adequados para uma instituição bancária. E o Banco do Brasil, como um braço operacional do Governo na realização de políticas econômicas, muitas vezes, teve que absorver custos que uma instituição gerida por critérios exclusivamente privados não precisaria absorver.

O terceiro ponto é que o prejuízo de que tanto se fala é fruto de uma decisão técnica. Definiu-se que operações em atraso a partir de determinada data deveriam ser levadas a prejuízo. Tudo isso sendo feito de uma só vez faz aparecer um prejuízo monumental, e esse prejuízo monumental não é, portanto, fruto da qualidade da gestão atual do Banco do Brasil, não é resultado de nenhum tipo de irresponsabilidade da direção do Banco do Brasil. Mas se aquilo que estava nas contas do Banco e não era considerado prejuízo, sem que nenhum fato novo tenha ocorrido, de um dia para outro, decide-se, por razões técnicas, lançar como prejuízo, aquilo realmente gera uma situação de contas em vermelho que não existia antes.

Estou fazendo essas ponderações apenas para evitar que o zelo, o exercício pleno, legítimo e adequado dos deveres e das prerrogativas desta Casa de fiscalizar os órgãos do Poder Executivo possa nos conduzir a praticar injustiças ou avaliar inadequadamente o trabalho que está sendo feito por essas autoridades.

Finalmente, eu queria pedir a atenção de V. Exª e da Casa para o seguinte: se o que se deseja é realmente criar uma situação para privatizar o Banco do Brasil, deve-se continuar nessa linha, mostrando um Banco cheio de problemas e dificuldades, com o valor das suas ações em decadência e com uma situação de desconfiança generalizada em torno da instituição. Não vão faltar as vozes para dizer que a solução, diante disso, é vender este ativo que é, na verdade, um ativo da sociedade brasileira.

Encerro minhas palavras com essa ponderação, que não é uma advertência, mas é alguma coisa que deixo, esperando que mereça uma reflexão séria a respeito do que acaba de ser dito.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/07/1996 - Página 13367