Discurso no Senado Federal

GRAVIDADE DO ELEVADO INDICE DE DESEMPREGO NO DISTRITO FEDERAL. DECLARAÇÕES CONTRADITORIAS DO SECRETARIO ADJUNTO DE TRABALHO DO DF SOBRE A QUESTÃO. SUGESTÕES DE MEDIDAS PARA FOMENTO AO EMPREGO NO PAIS.

Autor
Valmir Campelo (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Antônio Valmir Campelo Bezerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF). POLITICA DE EMPREGO.:
  • GRAVIDADE DO ELEVADO INDICE DE DESEMPREGO NO DISTRITO FEDERAL. DECLARAÇÕES CONTRADITORIAS DO SECRETARIO ADJUNTO DE TRABALHO DO DF SOBRE A QUESTÃO. SUGESTÕES DE MEDIDAS PARA FOMENTO AO EMPREGO NO PAIS.
Publicação
Publicação no DSF de 07/08/1996 - Página 13520
Assunto
Outros > GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF). POLITICA DE EMPREGO.
Indexação
  • CRITICA, AUTORIDADE, GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF), ANALISE, PROBLEMA, DESEMPREGO, AUSENCIA, PROVIDENCIA, CORREÇÃO, ESTATISTICA, AUMENTO, DEMISSÃO, ESPECIFICAÇÃO, CRISE, COMERCIO.
  • NECESSIDADE, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO, REFORMA TRIBUTARIA, REFORMA AGRARIA, REDUÇÃO, TAXAS, JUROS, ATRAÇÃO, INVESTIMENTO, CAPITAL ESTRANGEIRO, PRIVATIZAÇÃO, MODERNIZAÇÃO, PARQUE INDUSTRIAL, SOLUÇÃO, DESEMPREGO.

O SR. VALMIR CAMPELO (PTB-DF. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, mais uma vez ocupo esta tribuna para tratar de uma questão que está evoluindo vertiginosamente no Distrito Federal, ameaçando explodir em desordens, saques e violência sem precedentes.

Refiro-me, Srªs. e Srs. Senadores, à assombrosa cifra de 150 mil desempregados!

Segundo as estatísticas oficiais, esse número representa 18,1% da população economicamente ativa, o maior índice de desemprego do País.

Não bastasse a dramática constatação de que o número de mendigos nas ruas do Plano Piloto aumenta a cada dia, que os índices de criminalidade praticamente dobraram nos últimos meses, ainda temos que conviver com declarações estapafúrdias dos pseudos-iluminados da administração local.

Hoje mesmo, no caderno "Cidades" do Correio Braziliense, o Secretário Adjunto de Trabalho do Distrito Federal produz algumas pérolas das contradições que caracterizam o atual Governo do Distrito Federal.

Segundo aquela autoridade, "o nível de desemprego não se deve às demissões, mas, sim, ao crescimento da PEA (população economicamente ativa)".

Ora, Sr. Presidente, é claro que a população economicamente ativa de qualquer cidade só tende a crescer. Cada rapaz, cada moça que sai da universidade e que entra na idade adulta, demandando emprego, faz aumentar a PEA.

Não existe, portanto, nenhum fenômeno inédito no aumento da PEA no Distrito Federal como pretende o Secretário Adjunto do Governo petista. Não existe, tampouco, aumento exagerado de taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho. Em Brasília, as mulheres sempre foram maioria. O censo já comprovou isto e já mostrou que a mulher brasiliense sempre participou ativamente do mercado de trabalho.

Ademais, o Secretário Adjunto de Trabalho, na verdade, está mesmo é desatualizado e padece da mesma deficiência que atinge a maioria dos seus colegas: o desconhecimento da realidade de Brasília.

Senão, vejamos: o Secretário Adjunto afirma, por exemplo, que o desemprego no Distrito Federal não se deve às demissões.

Não é verdade! O comércio de Brasília enfrenta a maior crise da sua história e está demitindo muito acima do normal.

Segundo o Sindicato dos Empregados de Segurança e Vigilância do Distrito Federal, mais de 2.200 vigilantes foram demitidos nos últimos 12 meses, 200 apenas no mês de junho último.

No setor de asseio e conservação, 15 mil pessoas perderam o emprego nos últimos 12 meses, com mais de 1.500 demissões no mês de julho.

Segundo a Fibra, Federação das Indústrias de Brasília, o índice de inadimplência no setor industrial chegou a 50% no segundo trimestre deste ano.

Para o empresário Sérgio Koffes, Presidente da Federação do Comércio do Distrito Federal, o arrocho salarial em cima do funcionalismo público, aliado às estratosféricas taxas de juros, são os principais responsáveis por essa crise sem precedentes no comércio de Brasília.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todos sabemos que a crise do desemprego atinge o País como um todo.

Todos sabemos também que a solução passa por uma ampla reforma, que inclui, sobretudo, a racionalização do nosso Sistema Tributário, a diminuição das taxas de juros, a adoção de uma efetiva política de empregos e, até mesmo, a tão decantada reforma agrária.

A solução definitiva da questão do desemprego só virá com a política geral de desenvolvimento, capaz de motivar grandes investidores estrangeiros a aplicarem no Brasil. Os passos iniciais dessa política estão sendo consolidados com a estabilização da moeda e a racionalização da máquina do Estado, que precisa efetivamente ser enxugada.

Urge, também, acelerarmos o processo de privatização das estatais, criando condições para que o Estado abandone, paulatinamente, a atividade econômica, dando lugar a uma verdadeira economia de mercado.

Precisamos, igualmente, partir para a modernização das nossas indústrias, reconhecidamente defasadas tecnologicamente.

No irreversível processo de globalização em que estamos vivendo, providências como as que acabo de enumerar são básicas e essenciais.

De uma forma ou de outra, Sr. Presidente, o Brasil vem adotando, ainda que muito lentamente, todas essas providências e inovações. Essas mudanças, na verdade, independem da vontade de governos ou grupos. É o próprio movimento da História que se impõe.

Estamos convivendo, portanto, com problemas que afetam todas as nações do mundo.

A França, a Argentina, os Estados Unidos enfrentam problemas de desemprego tão graves quanto o nosso.

O que causa espécie, no caso das escandalosas taxas de desemprego de Brasília, Sr. Presidente, é o imobilismo da administração atual.

Onde estão as propostas, os planos de criação de empregos tão amplamente divulgados pelo PT na época das eleições?

Não adianta desenvolver teses e mais teses acerca das causas do desemprego. O povo quer solução, quer emprego para seus filhos.

Tantas vezes já se falou de um plano racional de industrialização das Cidades Satélites e do Entorno de Brasília, mas nada saiu do papel até hoje.

Falta a ação do governo petista do Distrito Federal. Falta interesse pelas causas que realmente interessam à população.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/08/1996 - Página 13520