O SR. PEDRO SIMON (PMDB-RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Em primeiro lugar, o meu muito obrigado a V. Exª, Sr. Presidente. Conforme referi realmente no meu pronunciamento, quer nos acontecimentos iniciais, quando organizamos a Aliança Democrática e que V. Exª, mais o então Vice-Presidente da República e o Sr. Marco Maciel, de um lado, Tancredo, Ulysses e eu de outro lado, fazíamos aquele trabalho, quer posteriormente, como Ministro de V. Exª, então Presidente da República, V. Exª teve ocasião realmente de acompanhar os fatos todos. Muito obrigado pelo carinho, pelo afeto e pela amizade a mim demonstrados.

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, trago aqui a minha solidariedade a Odacir Klein.

Faço questão de dizer - e é minha obrigação - que na minha longa vida pública - lá se vão mais de 40 anos - não conheci ninguém mais digno, mais correto, mais competente e mais sério do que Odacir Klein.

Sr. Presidente, Odacir Klein é do interior do Rio Grande do Sul, de Getúlio Vargas, onde se elegeu Prefeito, renunciou à Prefeitura para se candidatar a Vereador e veio caminhando: Deputado Federal, Diretor do Banco do Brasil no Governo de V. Exª, Presidente do Banco do Rio Grande do Sul no meu Governo.

Mas, Odacir Klein é dessas pessoas que levam ao exagero a dignidade, a seriedade e a responsabilidade. Ele mede os seus passos, ele mede aquilo que faz, ele vai até a momentos de angústia para fazer aquilo que acha ser o absolutamente correto.

No meu Governo, no Banco do Rio Grande do Sul, foi fantástico! Pergunte para qualquer cidadão, do funcionário mais humilde até o dirigente mais rico, ao correntista mais singelo, todos dizem quem é Odacir Klein.

No Ministério dos Transportes, Odacir Klein era o homem que estava mostrando uma faceta importante. Vários empresários, inclusive de empreiteiras, diziam: - Que bom trabalhar com um homem como Odacir Klein! Saldanha, que é seu chefe de gabinete, Tarcísio Delgado, que ele colocou no DNER: - Que bom trabalhar com pessoas como essa, onde o que a gente fala é o que é, e o que está escrito é o que está escrito.

Na administração de Odacir Klein não se falou em comissão, não se falou em percentual, não se falou em licitação ilícita, porque ele é assim, essa é a sua maneira de ser.

Aconteceu uma fatalidade, Sr. Presidente, dessas que - Deus me perdoe - pode acontecer com qualquer um de nós. Odacir Klein pediu seu afastamento porque quis. O Presidente Fernando Henrique Cardoso, o Governador Antônio Britto, que veio de Porto Alegre a Brasília, e o Líder do nosso Partido na Bancada da Câmara, Deputado Michel Temer, fizeram questão de dizer que nada põe em dúvida que Odacir Klein podia continuar Ministro, porque ele continuava a merecer a confiança e a credibilidade por parte do Presidente e por parte de todos nós.

Ainda ontem, numa reunião com vários Senadores de vários Partidos, havia uma unanimidade no sentido de que Odacir Klein devia continuar. Ele quis sair, Sr. Presidente! Ele quis sair!

Conta-me o Governador Antônio Britto que o Presidente da República lhe fez um apelo: - "Você deve ficar!". Conta-me o Governador Antônio Britto que o Líder Michel Temer, que estava no gabinete do Presidente, fez-lhe um apelo: - "Você deve ficar!". Conta-me o Governador Antônio Britto que o Ministro Jobim, que estava ali ao seu lado, fez-lhe um apelo: - "Você deve ficar!"

Mas ele, dentro do seu estilo, da sua maneira de ser, disse: - "Não. Vim para ajudar o Governo. Estão levantando interrogações com relação a mim. Eu não vou ficar". E ele não quis ficar.

É difícil encontrar isso, Sr. Presidente, na hora de um Brasil tão confuso; mas Odacir Klein é exatamente isso. É por essa razão que levo a ele o meu abraço, o mais fraterno e o mais carinhoso. Levo a Odacir Klein a minha solidariedade, dizendo que ele continua a ser o mesmo Odacir.

Alguém dizer que Odacir ficou sem condições morais de continuar sendo Ministro!? ... Não reconheço em nenhum jornalista autoridade para isso; em nenhum jornalista, autoridade para falar das condições morais de Odacir Klein.

O Sr. Humberto Lucena - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. PEDRO SIMON - Pois não.

O SR. PRESIDENTE (José Sarney) - Senador Humberto Lucena, o Senador Pedro Simon está falando em comunicação inadiável, por 5 minutos. O Regimento só permite três comunicações dessa natureza e já excedemos a quarta.

Temos de iniciar a Ordem do Dia.

O SR. PEDRO SIMON - Sr. Presidente, quero apenas dizer que sou um advogado criminal, tendo participado de mais de 300 júris. Existe um livro chamado Dos Delitos e das Penas, do penalista Beccaria, no qual faz uma análise da alma humana. Odacir Klein - nota dez. Seu filho é um belo rapaz, homem de bem, tranqüilo e sereno. Aconteceu o acidente; o pai pediu, pelo amor de Deus, que o filho parasse o carro, e o filho não parou.

Falando com esse rapaz e vendo o que aconteceu com ele, que ficou transtornado e só apareceu altas horas da noite, estando a família angustiada pelo ocorrido, acredito que o mesmo, depois que aconteceu o fato, sentindo a angústia do que tinha ocasionado ao seu pai, que estava do lado, realmente deve ter sofrido algo tremendo, que a pessoa mais normal do mundo pode sentir em circunstância semelhante. No entanto, não é por ser filho do Ministro que devemos brincar no meio do sofrimento, porque todos nós estamos sensibilizados pela morte do atropelado, tristes com o ocorrido. Devemos ter respeito para com isso.

A minha palavra é para dizer: Odacir Klein, tu és o mesmo homem, não caístes, estás de pé, o que vale são as tuas qualidades, o teu caráter, e essas o Brasil inteiro conhece.

Muito obrigado pela tolerância de V. Exª, Sr. Presidente.