Discurso no Senado Federal

REALIZAÇÃO, EM ROMA, DA CUPULA MUNDIAL SOBRE A NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO, PROMOVIDA PELA AGENCIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A AGRICULTURA E ALIMENTAÇÃO - FAO. REDUÇÃO, PELOS DIRIGENTES MUNDIAIS E BANCOS DE DESENVOLVIMENTO, DA AJUDA NECESSARIA AO INCREMENTO DA AGRICULTURA, PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS. RELATORIO DO BANCO MUNDIAL QUE DESTACA A CRISE DA PRODUTIVIDADE DE ALIMENTOS.

Autor
Benedita da Silva (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
Nome completo: Benedita Souza da Silva Sampaio
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • REALIZAÇÃO, EM ROMA, DA CUPULA MUNDIAL SOBRE A NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO, PROMOVIDA PELA AGENCIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A AGRICULTURA E ALIMENTAÇÃO - FAO. REDUÇÃO, PELOS DIRIGENTES MUNDIAIS E BANCOS DE DESENVOLVIMENTO, DA AJUDA NECESSARIA AO INCREMENTO DA AGRICULTURA, PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE ALIMENTOS. RELATORIO DO BANCO MUNDIAL QUE DESTACA A CRISE DA PRODUTIVIDADE DE ALIMENTOS.
Publicação
Publicação no DSF de 15/11/1996 - Página 18456
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • REGISTRO, CONGRESSO INTERNACIONAL, PROMOÇÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ALIMENTAÇÃO E AGRICULTURA (FAO), OBJETIVO, COMBATE, DESNUTRIÇÃO, ANALISE, ESTATISTICA, FOME.
  • ANALISE, CRISE, PRODUÇÃO, ALIMENTOS, MUNDO, CRITICA, GOVERNANTE, BANCO DE DESENVOLVIMENTO, REDUÇÃO, INVESTIMENTO, AGRICULTURA.
  • COMENTARIO, DIRETRIZ, BANCO MUNDIAL, INCENTIVO, PEQUENO PRODUTOR RURAL, REFORMA AGRARIA.
  • ANALISE, POSSIBILIDADE, BRASIL, AUMENTO, PRODUÇÃO, ALIMENTOS.

A SRª BENEDITA DA SILVA (PT-RJ) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, cerca de cem chefes de Estado e de Governo, delegações de 173 países e dezenas de Organizações Não-Governamentais do mundo todo, estão participando até domingo, em Roma, da cúpula mundial sobre nutrição e alimentação, promovida pela FAO, Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação.

Basicamente na Declaração de Roma e no Plano de Ação Mundial, que pode-se dizer já estão prontos, os países participantes se comprometerão a agir verdadeiramente buscando mecanismos efetivos capazes de combater pela metade, até 2025, o total de 84 milhões de desnutridos que atualmente povoam o planeta.

Aqui devemos fazer uma pausa para profunda reflexão: Em 1974, governos do mundo inteiro anunciaram, também em Roma, que "dentro de uma década nenhuma criança irá dormir com fome e nenhuma família terá medo de não ter pão pela manhã". Passadas mais de duas décadas, a realidade se apresenta muito mais sombria do que aquela sonhada no ano de 1974.

Conforme relatório do Banco Mundial, o mundo está em crise em sua produção de alimentos e a humanidade corre sério risco de enfrentar um "pesadelo inimaginável de uma fome universal" se não forem tomadas medidas urgentes. Este relatório estará sendo entregue durante a reunião de cúpula à FAO.

Entendemos que, de uma forma geral, os dirigentes e os bancos de desenvolvimento do mundo todo, não vêm dispensando a ajuda necessária ao incremento da agricultura, produção e comercialização de alimentos, já que, por exemplo, o próprio Banco Mundial reduziu sua ajuda, em menos de uma década, de US$ 6 bilhões para US$ 2,6 bilhões anuais. Além disso, os embargos econômicos e os juros das dívidas externas vêm contribuindo para aumentar significativamente o número de pobres, a cada dia, no mundo.

Os estudos feitos até agora sempre apontaram para uma maior produção de alimentos em relação à demanda. Porém, nos últimos três anos o consumo tem sido maior que a produção. Os estoques caíram a níveis muito baixos e as políticas orçamentárias dos países, de maneira geral, estão com a tendência de diminuir as dotações referentes à produção de alimentos.

A Declaração desse ano admite, finalmente, que mais de 800 milhões de pessoas sofrem o drama da fome. Numa mudança radical de posição, que marca uma nova política do Banco Mundial a ser aplicada, o relatório do Banco alerta que será preciso dobrar a produção mundial de alimentos nos próximos 30 anos para atender ao aumento da demanda provocado pelo crescimento populacional e o desenvolvimento econômico. É nesse sentido que o Brasil, rico em água - outro problema sério que começa a ser levantado em nível mundial - , em solo e excelente clima, deve se preparar para adentrar o próximo milênio: com sua política voltada para a produção e comercialização de produtos alimentícios, que garantam a nutrição e a qualidade de vida do povo brasileiro e, quem sabe, excedentes exportáveis que estarão valendo o preço de ouro, no mercado internacional.

Nesse sentido, o Banco Mundial aponta como soluções uma política agrícola clara e eficiente de apoio ao pequeno produtor rural - apontado na cúpula como sendo o maior responsável pela produção de alimentos - bem como uma reforma agrária que promova uma efetiva redistribuição de renda (diminuindo a fome, a pobreza, o desemprego e a marginalidade). Estas diretrizes já estão sendo reconhecidas como prioridades absolutas para um mundo que, assustado com o próprio egoísmo e complacência, já se mobiliza para derrubar argumentos hipócritas e encarar a verdade da fome mundial, de frente.

Era o que tinha a dizer!

Muito Obrigada!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/11/1996 - Página 18456