Discurso no Senado Federal

NOTICIA PUBLICADA NO JORNAL GAZETA MERCANTIL, SOBRE O LANÇAMENTO DE CAMPANHA NACIONAL DO MINISTERIO DA AGRICULTURA CONTRA O DESPERDICIO DE CULTURAS MECANIZADAS, PRINCIPALMENTE MILHO E SOJA. NECESSIDADE PREMENTE DE REPENSAR O SISTEMA DE TRANSPORTES DA REGIÃO CENTRO-OESTE, NA DIREÇÃO DOS TERMINAIS DE EXPORTAÇÃO.

Autor
Mauro Miranda (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/GO)
Nome completo: Mauro Miranda Soares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • NOTICIA PUBLICADA NO JORNAL GAZETA MERCANTIL, SOBRE O LANÇAMENTO DE CAMPANHA NACIONAL DO MINISTERIO DA AGRICULTURA CONTRA O DESPERDICIO DE CULTURAS MECANIZADAS, PRINCIPALMENTE MILHO E SOJA. NECESSIDADE PREMENTE DE REPENSAR O SISTEMA DE TRANSPORTES DA REGIÃO CENTRO-OESTE, NA DIREÇÃO DOS TERMINAIS DE EXPORTAÇÃO.
Publicação
Publicação no DSF de 28/02/1997 - Página 4744
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • DEFESA, IMPLANTAÇÃO, SISTEMA DE TRANSPORTES, REGIÃO CENTRO OESTE, DIREÇÃO, TERMINAL, EXPORTAÇÃO, PORTO, ESTADO DO MARANHÃO (MA), AUMENTO, CAPACIDADE, TRAFEGO, RODOVIA, LIGAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE GOIAS (GO), MUNICIPIO, ITUMBIARA (GO), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), VIABILIDADE, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO, REGIÃO.

O SR. MAURO MIRANDA (PMDB-GO - Pronuncia o seguinte discurso) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Ministério da Agricultura está lançando uma campanha nacional contra o desperdício de culturas mecanizadas, principalmente milho e soja. Para cobrir os gastos da campanha, os estados produtores receberão a importância de 22 reais por cada mil toneladas que esperam produzir neste ano. É o que está informando hoje a Gazeta Mercantil, que estima em 1,6 bilhão de reais o volume de perdas que acontecem na lavoura e no sistema de transportes. No Brasil, nós costumamos desprezar a importância econômica de fatos dessa natureza. Uma comparação que me ocorre, por exemplo, é que essa fábula de desperdício daria para construir uma ferrovia Norte-Sul inteira, concorrendo diretamente para a redução dos prejuízos que são causados pelo transporte rodoviário.

A promoção dessa campanha educativa é realmente uma boa notícia para o Centro-Oeste e para Goiás, onde os volumes de comercialização e de produção vêm crescendo a cada ano. Mas o noticiário de hoje traz uma outra informação que vai para o outro pólo dos fatos negativos. O custo rodoviário do frete de soja, que é a principal cultura de exportação de Goiás, está subindo 10 por cento este ano. O reajuste estaria sendo provocado pelo aumento nos preços dos combustíveis e pela própria evolução da demanda por transportes, já que a safra é maior que a do ano passado.

De acordo com os dados levantados pela Gazeta Mercantil, "o custo do transporte rodoviário equivale a 43,6 por cento do preço da saca negociada em Rio Verde, Goiás, e escoada para o porto de Paranaguá. Há um ano, essa porcentagem era de 40,7 por cento" . Com isso, segundo consultores especializados, "o preço do frete sobe e ajuda a achatar a cotação da soja". Para mim, essas disfunções que prejudicam a agricultura decorrem das próprias regras de mercado, numa conjuntura de transportes desfavorável. É impossível imaginar-se soluções de curto prazo, pelo menos para a atual safra.

No médio e longo prazos, porém, as alternativas mais recomendáveis estão claramente definidas. Elas obedecem a uma necessidade premente de repensar o sistema de transportes da região Centro-Oeste na direção dos terminais de exportação. Na direção dos portos do Maranhão, que vão encurtar o acesso à Europa e aos mercados asiáticos, a conclusão da ferrovia Norte-Sul é um objetivo que deve merecer todos os esforços do governo federal na sua capacidade de investir diretamente e de viabilizar a entrada de recursos externos.

Outro objetivo importante é a duplicação da rodovia Goiânia-Itumbiara, onde a via única já não suporta o crescimento crescente do volume de cargas. Este é um projeto que envolve o interesse de toda a sociedade goiana, e tem a simpatia pessoal do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Aliás, ele já prometeu recomendar a conclusão do projeto de engenharia até o final deste ano, e estamos confiantes nesse compromisso. A duplicação vai mudar o perfil econômico de uma das regiões mais progressistas e mais produtivas de toda a região Centro-Oeste, que é aquela que faz divisa com São Paulo. A rodovia é o nosso principal acesso ao porto de Santos e aos países do Mercosul.

Em relação ao corredor Centro-Leste de exportações, que é a grande artéria para levar os produtos do Centro-Oeste aos portos de Vitória, estamos amarrados aos efeitos da privatização da Rede Ferroviária Federal, que já foi concretizada. É de esperar que os debates sobre a privatização da Vale do Rio Doce não inibam as responsabilidades da empresa na correção dos trechos ferroviários que ela assumiu. Os gargalos principais estão na serra do Tigre e na travessia de Belo Horizonte. Faço parte de uma comissão especial do Senado que promove um amplo debate sobre as vinculações econômicas do Cerrado com os potenciais de desenvolvimento de todo o corredor Centro-Leste. Pretendo levar aos meus pares a sugestão de montar um sistema de cobrança permanente, através de relatórios periódicos fornecidos pela Vale, sobre os trabalhos em andamento na modernização da ferrovia.

Para o Centro-Oeste e todo o seu imenso potencial como das maiores fronteiras agrícolas do mundo, num futuro não muito distante, acho que nunca será demais insistir na necessidade de um grande projeto integrado e moderno de transportes intermodais que contemple ferrovias, rodovias e hidrovias. Nas audiências particulares, nas reuniões públicas e nas declarações de intenções, não se pode negar que o Presidente Fernando Henrique Cardoso tem sido sensível a este objetivo, que não é apenas regional, mas um grande objetivo nacional de redução de desníveis e de promoção de unidade econômica e federativa. É preciso, porém, avançar nas idéias e transformá-las em fatos, dando ao Presidente o suporte político da unanimidade regional, envolvendo governadores, senadores, deputados, líderes empresariais e formadores de opinião, num mutirão de vontades políticas em benefício do Centro-Oeste. Esta é a reflexão que quero deixar aos prezados colegas de toda a região Centro-Oeste nesta Casa. 

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/02/1997 - Página 4744