A SRª BENEDITA DA SILVA (PT-RJ. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não tenho me manifestado a respeito da CPI, porque não sou membro, e temos lá os nossos dignos representantes - o Líder do Bloco de Oposição, Senador José Eduardo Dutra, e o Senador Eduardo Suplicy.

Mas chamou-me a atenção o fato de que essa CPI está tendo repercussão internacional. E eu, que sempre ocupo a tribuna desta Casa, neste momento, estou fazendo isso - e não é apenas para aparecer na TV Senado - porque fiquei muito preocupada, já que estive, no final da semana passada, em Moçambique e na África do Sul, e lá o assunto de que se falava era única e exclusivamente a CPI.

Isso me preocupou, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, porque, em determinado momento, senti-me cobrada, pois o Senado Federal brasileiro também apoiou, de uma certa forma, essas irregularidades. A CPI hoje está constatando que elas tiveram o aval do Senado, já que os pedidos vieram dos Estados e nós aqui os aprovamos.

E lá fiquei pasma, porque eles perguntavam o que é um "laranja", já que eles não conhecem essa simbologia. Em vez de falar das questões que considero altamente relevantes, passei o meu tempo explicando o que é um "laranja".

Depois, eles me perguntaram por um tal de René, quem é esse René, mostrando-me que estão verdadeiramente acompanhando o que se passa aqui na CPI.

E eu me disse: Ora, estamos vendo o trabalho da CPI, um trabalho sério, relevante, mas ainda um pouco superficial para o aprofundamento que deve haver, até para se poder responder, aos que não são da Comissão e que ainda não têm uma síntese do Relatório, o que a CPI já conseguiu até agora apurar.

Fiz um pequeno levantamento, em meu gabinete, em que vejo o que a CPI já descobriu e o que falta descobrir.

Sr. Presidente, peço que seja transcrito, na íntegra, o levantamento que fiz. Que essa síntese possa servir para que os Srs. Senadores tenham um conhecimento mais aprofundado da matéria, pois, com toda a papelada existente, não teríamos tempo suficiente, tampouco nossas assessorias, para fazer uma síntese.

Ao chegar de viagem, li nos jornais que a CPI já constatou a implicação de alguns governos, do Sr. Wagner e de empresas pelas irregularidades com os títulos públicos. Também foi constatado que houve uma divisão entre 54 pessoas.

Antes que se descubra quem estava pilotando o avião que levou a pessoa que faria a divisão dos sete milhões, eu gostaria de saber como se dá todo esse processo que vem do Banco Central, chega ao Senado Federal, às nossas Comissões, e quais as decisões que teremos de tomar.

Os jornais estão dizendo que os doleiros foram para as fronteiras, lá fizeram a lavagem do dinheiro e que este voltou para as mãos de alguns políticos do País - notícia esta que nos compromete, na medida em que não identificamos esse compromisso.

Quero mais ainda, Sr. Presidente, que a CPI não seja uma "faca de dois gumes"; que não se volte contra nós uma CPI que tem o papel de aprofundar-se nessas questões importantes. Se, mais adiante, ela atingir algum de nós, tudo bem, mas, nesse momento, não podemos nos desviar do principal objetivo, que é o de colocar - e digo verdadeiramente - na cadeia quem cometeu essas irregularidades, inclusive induzindo outras pessoas a essas ações.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigada, Sr. Presidente.